O tempo cura tudo - 30º Capítulo

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POV NARRADOR

E com o passar do tempo, o Guilherme foi crescendo. Aprendeu a dar os primeiros passos, teve os primeiros dentes e ainda disse pela primeira vez “ba” que significava bolacha e bola; “mamamamamamama” que era mamãe e ainda “papapapapa” que significava papai. Ele dizia dessa forma porque é natural dos bebés pois sentem as palavras nos lábios e como são pequenos, repetem sem saber.
Lua se emocionava toda a vez que ele dizia “pa” ou “papapai”, porque adorava ver o Arthur aqui do lado dele escutando tais coisas. É um orgulho para uma mãe ouvir um pequeno filho citar tais coisas.

- Bababa – dizia ele no meio do banho. Lua adorava tomar banho com ele. Enchia a banheira de água com alguma espuma e espalhava uns bonequinhos lá dentro, como barquinhos ou bolinhas insufláveis. Ele esticava a mãozinha pra ir buscar a bolinha que flutuou mas estava longe de mais e então choramingava
- Toma meu bebé. – Lua ria, passando a bolinha para ele. Ele tinha 11meses, acabados de fazer e ainda tinha alguma dificuldade em pegar as coisas grandes. Mas ele segurava a bola com as suas mãos, apoiada no peito e depois levava para a boca – Nananinanão! – Lua detestava quando ele agarrava de tudo e levava para a boca. Mas as crianças são assim

Desde que Arthur foi embora, que Lua toma cuidado a tudo o que o Guilherme faz. Se ele cai no chão e se machuca, Lua chora junto com ele ou até mais. Ela detesta ver o filho chorando e faz de tudo para lhe ver feliz.
Por vezes, logo pela manhã, Guilherme pula do berço e corre para o quarto de Lua. ele coloca a cabeça para dentro do quarto e faz “cucu”, depois Lua vem correndo. Mas em certas vezes, depois de Lua sair do quarto, ele ainda fica olhando como se percebesse que mais alguém deveria sair de lá: o seu pai, Arthur.
Ele apesar de ser pequeno, sente falta daquele que sempre esteve ao seu lado. O que é normal. Quem sabe um dia, tudo volte a ser o que era de antes.

Lua continuava trabalhando naquela empresa, como gerente e mantinha a sua relação com Lucas, de 4 meses já. eles já faziam tudo como se fossem casados ou até mais que casados, porém, Lua não se sentia feliz com certas coisas.

- Quem era ao celular? – Lua perguntou, depois de ser acordada. Eles tinham passando o dia no parque e acabaram no apê de Lucas, acabando por adormecer os dois. Mas uma ligação rápida e estranha a acordou
- Era da empresa…
- Num feriado? – desconfiou ela
- Normal… - ele se levantou – Não tá na hora de você ir embora?
- Acha? – ela se levantou da cama e amarrou o cabelo. Pegou o Guilherme ao colo, que dormia e de seguida pegou a bolsa jogada na cama – Vou indo então, já que tem coisas a fazer. – ela se dirigiu até à porta ele a acompanhou
- Não quero que fique assim… - ele segurou o braço dela
- Quer que eu fique como? Feliz, por saber que o meu namorado me engana? Pow Lucas, eu sei que não era pessoa de empresa nenhuma. Não está lá ninguém agora!
- Mas quem disse que precisa de lá estar?
- Aff, esquece Lucas. Até amanhã, se der. – deu um beijo no rosto dele e foi embora
- Não me deixa nem te dar um beijo?
- Não é preciso! – respondia enquanto andava
- Deixa eu dar um beijo ao menos na testa do Gui?
- Você não é pai para dar beijos na testa. – disse friamente

Lua detestava quando ele tinha aquelas ligações misteriosas. Ela já tentou verificar o celular dele, mas tem código o que torna isso meio impossível.
Não era só essas coisas que faziam Lua desconfiar. Tinha dias que ele fazia surpresas sem ter data para comemorar ou então em conversas serias que os dois tinham, ele começava um beijo que por ai ia…
Tudo bem que não é preciso ter razão para fazer uma surpresa, não precisa de data ou motivo. Mas é estranho o facto de em menos de uma semana, existir três surpresas: uma jóia, uma roupa nova para o Diego ou um jantar para os três como também um aumento no salário.

- Pra mim, ele esconde algo. – dizia a colega de trabalho da Lua. as duas trabalham juntas e desabafam muitas vezes juntas – E sabe quem pode saber de algo?
- Quem? – perguntei. Ambas sussurrávamos
- Aquela ali – apontou para a nossa outra colega de trabalho, digamos, nerd, que é a que trabalha aqui a mais tempo. Olhamos as duas, discretamente, para ela
- Você acha?
- Claro!
- Mas nem morta se eu ponho conversa com ela. Ela é sinistra… coisa de… sei lá!
- Demonio?
- Não exagera – eu ri – Mas ela é estranha.
- É normal. Mas ela parece que tem algo a esconder. Cada vez que eu lhe pergunto as horas ou algo assim, ela responde quase tremendo e sai correndo. Parece que tem medo de mim
- Deve ser assim a maneira de ela ser
- Mas e hoje? Vamos sair?
- Vamos! – concordei – Não posso é ficar até tarde por causa do Guilherme
- Não seja por isso. Vamos jantar à minha casa
- Ahh não, mas sendo assim vamos à minha. Que tal?
- Mas eu é que convidei…
- Não tem problema – eu ri – Vamos logo depois do trabalho?
- Claro! – concordei

Clara era uma garota bem bacana. Havia entrado à pouco tempo aqui na empresa e percebeu desde logo o lance que eu tinha com o Lucas. Não que nós estejamos a esconder, mas queremos deixar o ambiente profissional e por isso não nos beijamos no local de trabalho.

Quando a Clara chegou ao apê, mostrei os cómodos de lá e depois fomos para a sala. Brincamos com o Guilherme, que simpatizou logo com ela e ficamos conversando.

- O Lucas não é o pai do bebé, certo?
- Certissimo! Não é mesmo – eu ri
- Porque ri?
- Porque o pai é mais… - eu queria falar, mas quando ia citar o adjetivo, parei para pensar.
- Mais…?
- Bonito… - deixei escapar. Baixei o rosto por me ter lembrado de novo do Arthur e aquela saudade bateu de novo
- Eram namorados?
- Eramos… até bem à pouco tempo. Mas acabou e o Lucas é o meu novo rumo – suspirei e ela entendeu isso
- Quer conversar? – perguntou, querendo ajudar – Me parece que ele é importante na sua vida, caso contrário, não teria fotos dele ainda aqui em casa. – na mesa de vidro da sala, tinha uma espécie de prateleira de vidro com livros que eu costumo ler à noite. Ao lado deles, tinha uma foto do Arthur que eu usava para marcar a página
- Digamos que o Arthur foi o namoro de adolescência que marcou a minha vida. Marcou muito a minha vida – dizia, relembrando com um sorriso nos lábios – Me lembro muito de quando agente se conheceu.

FLASH BACK

Eu era aquela espécie de garota rebelde. Ou melhor, eu queria demonstrar isso, mas eu não realidade não era assim. Eu era frágil, envergonhada, super tímida perante os outros e nunca demonstrava os meus sentimentos.
Arthur sempre foi um pouco mais diferente de mim. Era o garoto simpático do colégio, que tinha um monte de amigos. Mas quando ele tinha namorada, ele focava nela e apenas nela. Diziam que ele tinha os melhores beijos e era muito romântico com as meninas.

- Arthur Aguiar? – chamou a professora enquanto se certificava que todos os alunos estavam na sala
- Presente! – ele levantou a mão. Ele estava no canto de trás da sala, com o seu grupo de amigos.
- Ahh, mas nem pense que eu lhe vou deixar ai. Tenho a certeza que vai conversar as aulas inteiras. Passe para aqui pra frente, ao lado da menina… -
- Lua. Lua Blanco. – disse num tom autoritário.
- Muito bem. Você vai se sentar ao lado da Lua Blanco. – disse ela. Os meninos, amigos dele, começaram a rir e ele deu uma pequena risada também que eu vi. Ele sentou ao meu lado e eu não disse nada, até ele se apresentar
- Oi. – deu um sorriso bem largo – Sou o Arthur Aguiar. Vamos ser colegas né?
- Parece que sim. – dei um sorriso também

FLASH BACK OFF

- Nunca pensei que íamos passar de colegas a amigos e até a namorados. Chegamos até a ter um filho. O nosso primeiro beijo foi especial. Ficamos bem amigos depois de eu sofrer com o falecimento do meu avô. Ele me ajudou muito e nas aulas era ele quem sempre me animava. As pessoas falavam “vai dar namoro, vai dar namoro” e agente sempre dizia que não. A amizade estava em primeiro lugar
- Eram melhores amigos?
- Não… isso não. Éramos apenas amigos especiais. Certo diz, fomos passear a um parque que tinha uma lagoa enorme. Ele queria andar à volta dessa lagoa com um pé na frente do outro. Eu disse que tinha medo de me desequilibrar, então ele disse pra eu ir à frente. Eu fui. Estávamos andando, até ele começar a me jogar água. Pedi mil vezes para ele parar, mas ele nunca parava. Quando eu me fui vingar, cai na água. Ele veio logo atrás de mim. Ficamos lado a lado rindo como dois tolinhos. Fomos rindo, nos olhando… olhando e rindo, até que nos beijamos. Não foi ele que deu o primeiro passo e eu também não fui. Foi tipo… os dois ao mesmo tempo. Foi muito legal… - eu dei risada ao me lembrar
- Você fala como se estivesse com saudade… vocês não se falam?
- Não é bem isso… é uma longa historia. – eu suspirei e sem querer, deixei uma lágrima cair

Hey, amanhã eu posto a mini web ;)

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