O tempo cura tudo - 23º Capítulo

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POV NARRADOR

Pensamos por vezes que dar tempo às coisas faz com que esqueçamos vários problemas acontecidos no passado. Podemos até não nos lembrarmos durante um tempo, mas a verdade é que esquecer, ninguém esquece. 
Mas existe um sentimento forte: o amor. Que faz com que por vezes deixemos as coisas andar para que a nossa vida melhore. Para que sejamos mais felizes.

- Está tudo pronto. – afirmou Lua depois de fechar a ultima mala. Para três pessoas, vão cinco malas.
- Eu te disse que não precisava dessa
- Arthur, nós levamos um bebé com agente que precisa de levar tudo o que tem nessa casa.
- Mas não precisava de tanta roupa.
- Agora já está! – insistiu ela

Saíram do apê, deixando a vizinha do ultimo andar muito alheia ao que se passava. Ela sabia da situação do casal e estava admirada por os ver sair juntos, com malas e com o pequeno Gui no colo. 
Já no carro, depois de tudo arrumado, Arthur se meteu no caminho. Até à casa de praia são duas horas de carro, caso não haja trânsito, mas isso é impossível numa sexta-feira de manhã.

- Tive pensando… lá podíamos assistir filmes, passear na praia à noite e até mergulhar. Podíamos jantar fora amanhã e dar uma volta pra conhecer aquela zona. Caso o mar não tiver bom, ficamos na piscina.
- Você sabe que ficando em casa, agente podia fazer as mesmas coisas, não sabe?
- Porque você implica tanto com o facto de eu querer um fim de semana em família?
- Em casa também teríamos um final de semana em família! – ele levantou a voz
- E porque não variar?
- Porque você sabe muito bem que não estamos nadando em dinheiro. Você não está trabalhando, temos uma criança pra cuidar e sustentar e só o meu trabalho não chega!
- Quando você não trabalhava e tinha os seus vícios e eu tinha montes de dividas, apenas com o meu salário dava para tudo! – dessa vez Lua falou também mais alto
- Até quando você vai me jogar isso na cara? – ele parou de repente o carro, uma travagem meia brusca. Olhou para ela com cara de ódio, e ela se encolheu com medo da seguinte reaçao dele. Guilherme se assustou com tudo isso e começou a chorar. Felizmente pararam numa estrada, digamos, deserta, que deu para Lua sair do carro e ir para o banco de trás, cuidar do pequeno. Arthur continuou andando com o carro. Passaram trinta minutos sem trocar alguma palavra. – Já volto! – parou o carro na berma da estrada para parar num bar. 
- Acha que exagerei com o seu pai? – Lua estava com o Guilherme no seu colo. Ele a olhava com um olhar atento e curioso – Eu sou idiota né? Como é que eu quero recuperar ele com este humor? Eu sei que humor de grávida é difícil… mas eu não estou grávida faz dois meses. Acho que isto é carência! – suspirou Lua

Arthur voltou do bar com duas garrafas de água. Uma para ele e outra ele deu à Lua.

- Obrigada. – olhou nos olhos dele, porem ele desviou. Continuou a caminho da tal casa de praia. – Desculpa. Eu não queria ter de falado daquele jeito. Mas você provocou.
- Eu nem vou falar mais nada. Faça o que quiser! – disse serio e bem frio

Lua começava a ficar confusa. Ainda à dias atrás, ele queria conquistar ela, e agora a trata assim? O que mudou? O que houve para as coisas mudarem de lugar? Antes era Lua quem desprezava ele e agora houve uma troca de posições. Lua tenta fazer o melhor pra eles dois, enquanto ele pouco se importa com ela.
Demorou, mas finalmente chegaram. Arthur tirou as malas do carro e levou quatro, enquanto Lua levou apenas uma e o Guilherme também.
Um homem de estatura baixa e meio gordo se aproximou deles. Assinaram uns papéis, entregaram o dinheiro do aluguer por dois dias e o homem lhes entregou a chave de casa. 

- Vamos? – Lua mantinha um sorriso largo. Arthur continuava contendo o seu sorriso também. Agora ele estava entusiasmado, mas era orgulhoso demais para demonstrar isso.
- Sim… - ele arrastou as malas até à casa. Ela era mesmo pertinho da praia. Tinha um rede na parte de fora e uma varanda de madeira. Uma verdadeira casinha de praia. Entraram. Lá dentro havia uma cozinha pequena, mas acolhedora com um balcão de mármore. A sala era grande, de madeira, com um sofá, tv, uma mobília qualquer e a mesa com cadeiras. Havia um banheiro e umas escadas para o andar de cima, onde estavam os quatros. Haviam dois quartos. Um com duas camas de uma pessoa e outro quarto com uma cama grande de casal. 
- Vamos arrumar as coisas?
- Pode ser. – ele olhou em volta – Não tem onde o Guilherme dormir. Não tem berço aqui. É melhor vocês dois ficarem aqui. Eu durmo no outro quarto.
- Porque isso? – Lua segurou a mão dele – Sempre dormimos juntos com o Guilherme entre nos
- Você sabe perfeitamente que não é bom isso. Não é acolhedor para ele.
- Arthur, o que se passa? Você cansou de mim? Quer acabar tudo é? – o encarou
- Acabar? – ele riu irónico – O que é que agente tem para acabar Lua? o que temos? Um filho? Quer acabar com ele é?
- Arthur! – ela a repreendeu – O que te fez mudar assim do nada? Eu não te estou conhecendo… você não é mais aquele Arthur que…
- Aquele que corria que nem cachorro atrás de você? – ele a interrompeu – Cansei Lua! cansei. Você fez de mim um gato de sapato. Você se aproveitou de mim e do meu amor e que recompensas você me deu? – Lua engoliu seco – Patadas. Indirectas e se fartou de me jogar coisas na cara estes dias. Eu cansei, juro que cansei.
- Eu não queria te fazer isto… - ela tinha os olhos cheios de lágrimas – Eu não queria te tratar desse jeito. Eu queria que nós fossemos como antes, mas você não ajudou. Você é que começou a estragar tudo
- E ela continua a jogar as coisas na cara… - ele estava ainda mais irritado. Passou a mão sobre a boca e levou de seguida a mão ao cabelo. – Deixa as coisas como estão. É melhor.
- Não, não é. Eu não quero ficar sem você
- Eu estarei aqui sempre que precisar. Mas uma coisa é te ajudar, outra coisa é você fazer de mim o teu criado
- Arthur, não complica. – pediu – Vamos aproveitar este final de semana. Vamos curtir isto em família e pode ser que quando agente chegar a casa, estejamos mais próximos e quem sabe recomeçar.
- Acho que a nossa relação não vai passar de uma coisa.
- O que?
- Sexo! – disse, fazendo a garota chorar com vontade. Ele foi embora, meio que se arrependendo do que disse e levou a mala junto. 

Amanhã não sei se posto. Os meus trabalhos estão começando. Se eu não postar, Sexta eu posto ;)


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