Little Anie | 2ª Parte
Você está tão maravilhosa em seu vestido
Eu amo o seu cabelo assim
A forma como ele cai de lado em seu
pescoço
Pelos seus ombros e costas
Estamos rodeados por todas essas
mentiras
E pessoas que falam demais
E todas as vozes que nos rodeiam aqui
Elas simplesmente somem enquanto você
respira
Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado
Tenerife Sea – Ed Sheeran
Pov Lua
Londres | Sexta-feira, 27
de novembro de 2015 – Seis e quarenta da manhã.
Acordei
e Arthur estava virado para o outro lado da cama. O que me surpreendeu foi ele
não ter tentado me empurrar da cama mesmo que sem intenção. Toda vez que ele
dorme de costas para mim, ele rola a cama inteira. Passei as mãos pelo rosto e
bocejei antes de pegar o celular para ver as horas – eram seis e quarenta e
dois. Deixei o celular de lado e me virei depositando um beijo nas costas de
Arthur antes de levantar da cama, ele tem o sono pesado, nem se mexeu. Levantei
da cama e fui até o closet separar minha roupa para ir ao trabalho. E em
seguida fui para o banheiro.
Hoje
é sexta-feira e desde segunda-feira que Ryan não aparece no trabalho. Confesso
que estou um pouco nervosa com a possibilidade de encontrá-lo hoje. Eu não faço
ideia de como será nossa reação e nem se ele vai querer me chamar para falar do
ocorrido. Arthur nem poderia sonhar com essa possibilidade.
Eu
não sei como aconteceu, mas desde quarta-feira à noite eu estou recebendo
ligações de escritórios de Nova Iorque. Embora eu já tenha negado algumas
propostas, outras não param de chegar. Alguns até dizem que ficaram sabendo que
meu relacionamento profissional com Ryan está quase insuportável. Eu prefiro
ignorar a parte do meu cérebro que fica me lembrando de que eu tenho que contar
isso para o Arthur.
Terminei
de tomar meu banho e corri para o closet. Vesti minha roupa e penteei meus
cabelos, eu já tinha escovado meus dentes, mas voltei para o banheiro para
fazer uma maquiagem básica. Embora eu tivesse me acordado no horário em que
provavelmente eu não me atrasaria, as horas tinham voado e já eram sete e
trinta e cinco. Me passei perfume e corri para pegar a minha bolsa.
Arthur
ainda estava dormindo, mas sempre antes de sairmos de casa, nos despedíamos. Me
aproximei da cama e me sentei na mesma.
–
Arthur... – O chamei baixo, passando uma das mãos pelos seus cabelos. Arthur
tem o sono pesado e raramente acorda quando chamamos ele baixo, diferente de
mim. – Acordar, amor. – Aproximei os lábios do ouvido dele. – Eu já estou
saindo, Arthur. – Avisei apertando um de seus braços. Ele se mexeu e tentou se
virar, me afastei permitindo que Arthur se virasse. – Bom dia. – Sorri de lado
lhe jogando um beijo.
–
Bom dia. Que horas são, loira? – Ele passou as mãos pelo rosto.
–
Quase oito. – Respondi e Arthur me olhou sem acreditar.
–
Mas já?
–
Sim. Eu achei que acordaria com seus beijos, mas se fosse esperar por isso... –
Contei e Arthur riu.
–
Desculpa. – Arthur me puxou para um beijo. – Hoje eu me atrasei.
–
Bastante. – Pontuei e lhe dei um selinho. – O que você vai fazer hoje?
–
Primeiro eu vou fazer xixi.
–
Idiota! – Falei revirando os olhos e Arthur riu me puxando novamente.
–
Estressadinha. – Pontuou beijando o meu pescoço. – Eu vou levar a Anie ao
cinema. Ela ficou me pedindo ontem.
–
Ela tem balé hoje.
–
Eu sei, Luh. Vou levar ela antes da aula ao cinema e depois da aula a gente
volta para casa.
–
Tudo bem. – Respondi com uma das mãos apoiadas em seu peito. – A gente se ver a
noite.
–
Tá. – Arthur concordou. – Podíamos sair. O que você acha? A gente nunca mais
saiu assim e hoje é sexta-feira.
–
Pode ser, Arthur. Eu também estou com saudades de sair... assim... – Falei
piscando um olho e Arthur riu outra vez.
–
Ai, Lua... quando eu digo que você não existe, eu não estou exagerando, loira.
– Ele confessou.
–
Eu sei. Sou exclusiva. – Me gabei e Arthur concordou. – Agora eu preciso ir
para o trabalho.
–
Ok. Mas eu quero um beijo antes. Como eu vou ficar o dia todo longe de você e
não te beijar agora?
–
Como? – Provoquei e Arthur me puxou para um beijo.
–
É isso que eu não quero saber. – Respondeu antes de me beijar daquele jeito que
ele sabe que não pode fazer às sete e quarenta e cinco da manhã de uma
sexta-feira.
–
Assim não... – Sussurrei após o beijo e Arthur tentou iniciar outro beijo
quando me afastei.
–
Por que? – Um riso de provocação brincava naqueles lábios que eu estava com
vontade de morder. – Você não resiste?
–
Você sabe que assim não. – Confessei e Arthur sentou-se na cama e segurou uma
das minhas mãos.
–
Você é linda. – Me elogiou e eu sorri sem mostrar os dentes.
–
Obrigada, meu amor. – Agradeci e Arthur se aproximou ainda mais de mim e me
abraçou.
–
Eu te amo. Você sabe. – Ele sussurrou em meu ouvido.
–
Eu sei... eu também amo você e você sabe.
–
Eu sei. – Arthur sorriu e mordeu o lóbulo da minha orelha.
–
Eu preciso ir para o trabalho, Arthur. – O avisei.
–
Tááá... – Ele concordou e me soltou. – Bom trabalho, querida.
–
Obrigada. – Falei e me levantei, peguei a minha bolsa e joguei um beijo no ar
para Arthur antes de sair do quarto.
Passei
pelo quarto da Anie e dei um beijo na pequena antes de ir para o trabalho. Ela
dormia profundamente e estava com um pijama muito fofo de cachorrinho. Desci a
escada um pouco apressada e peguei a chave de um dos carros do Arthur que eu
tinha deixado na mesinha perto do sofá – eu já considero ter ganho esse carro
dele – e saí de casa. No caminho eu compro um café.
Londres | Escritório de
Advocacia – Oito e meia da manhã.
–
Bom dia, Hanna.
–
Bom dia, Luh. Tudo bem?
–
Tudo bem, querida. E com você?
–
Estou bem. Espera só um momento. – Ela pediu se virando para o armário – Eu
preciso te entregar uns documentos.
–
Tá ok. – Respondi e coloquei a minha bolsa sobre o balcão. – O Adam ainda não
chegou?
–
Não. Mas deve está quase chegando.
–
Eu preciso falar com ele a respeito daquele caso que ele está me ajudando. Eu
recebi um novo email e quero conversar com ele.
–
Mas vai dar tudo certo, Lua. Vocês vão conseguir. Já vi vocês resolvendo
assuntos mais complicados. – Hanna disse e voltou-se para mim com os papeis em
mãos. – Estão aqui. – Ela os colocou sobre o balcão.
–
Obrigada, Hanna.
–
De nada, querida. Sabe, Luh... Hoje eu, o Adam e a Rose marcamos de sair. Você
não quer vim com a gente? Chama o Arthur também. É sexta-feira. – Hanna
comemorou.
–
Ele já me chamou para sairmos hoje, mas a gente pode se encontrar. Por mim não
tem problema, mas tenho que avisá-lo antes.
–
Tudo bem. Ainda vamos decidir para onde iremos. Vamos almoçar juntos?
–
Creio que sim. – Respondi pegando a minha bolsa.
–
Então decidimos na hora do almoço. – Ela pontuou e eu concordei.
–
Depois nos falamos mais. Beijos.
–
Beijos, Luh.
Me
despedi de Hanna e segui para o elevador.
Pov Arthur
Depois
que Lua saiu do quarto, eu fiquei mais alguns minutos deitado e depois me
levantei. Eu nunca consigo ficar na cama por muito tempo. Anie ainda dormia, e
isso me deixou surpreso. Ela raramente passa das oito horas. Fiz minha higiene
matinal e depois fui tomar meu café.
Anie
acordou perto das nove horas da manhã e estava extremamente dengosa. Quando ela
acorda assim, o dia será longo.
–
O que você quer comer, filha?
–
Sorvete! – A pequena exclamou levantando o dedinho indicador.
–
Não pode tomar sorvete agora, Anie. Depois do almoço pode, mas agora não.
–
Milkshake então!
–
Filha, não tem milkshake em casa. Para com isso, Anie. É muito feito, você sabe
que eu não gosto. – Avisei e ela me olhou emburrada e cruzou os braços.
–
Então eu não quelo comer nada. – Pontuou toda decidida.
–
Eu só quero ver se você vai ficar sem comer o dia inteiro. – Respondi e fechei
a geladeira.
Estávamos
sozinhos em casa. Mel sempre sai antes da Lua para o trabalho, e Carla e Carol
tinham ido ao supermercado.
–
Eu vou dizer pra minha mamãe então. – Ela passou por mim e seguiu para a sala.
–
A tá. Como se eu tivesse medo da sua mãe. – Ri. Porque sabia que isso a
deixaria muito irritada.
–
Eu não fui englaçada! – Anie chamou a minha atenção.
–
A graça está no humor de quem tem.
–
O que? – Ela me perguntou confusa.
–
Você não vai assistir desenho se não tomar café.
–
Mas não tem o que eu quelo!
–
Para de querer complicar as coisas, você só toma mingau, vitamina ou chocolate
de manhã. Por que quer sorvete e milkshake se sabe que não pode?
–
Porque eu tô com vontade de comer!
–
É tomar, filha. Se toma sorvete e milkshake e você não vai tomar.
–
Então eu não vou comer.
–
Sua mãe não vai gostar nadinha disso. – Ameacei.
–
Eu não vou contar. – Anie rebateu rapidamente.
–
Mas eu vou. – Afirmei.
–
Não vai não. Ela vai me bligar. Você não gosta quando ela me bliga, papai.
–
Não gosto quando você não faz nada e agora você está sendo muito birrenta. E
isso é feio.
–
Não é não.
–
É sim.
–
Mas eu quelo então batata-flita. Tem batata-flita! Eu sei.
–
Mas você não vai comer batata agora, Anie. Para! Vem, você vai comer panqueca.
Está uma delícia e tem a geleia de uva que você adora.
–
Mas eu não quelo panqueca.
–
Eu não vou levar você no cinema então.
–
Quando?
–
Se você comer panqueca sem discursão eu te digo.
–
Não. Diz agola então.
–
Só se você comer.
–
Você não vai me enlolar?
–
Não. Quando foi que eu já enrolei você? – Perguntei voltando para a cozinha e
Anie me seguiu.
–
Agola você quer me enlolar, papai.
–
Eu não. De onde você tirou isso? – Indaguei e Anie riu tentando subir no banco
da bancada.
–
Deixa eu te ajudar, senão você vai acabar caindo. – Avisei e carreguei ela.
–
Quando é que eu vou aplender a subir sozinha, papai?
–
Quando você crescer mais, filha.
–
Tudo só quando eu crescer. Que chato isso!
–
Mas é assim com todo mundo, querida. Você vai se estressar com isso também?
–
Eu não sou estlessada.
–
A não, imagina. – Ironizei e fui pegar o chocolate para fazer para ela, as
panquecas e a geleia.
–
Onde que a Carol foi com a Carla?
–
Ao supermercado, querida.
–
Que holas que elas voltam?
–
Daqui a pouco elas estão chegando.
–
O senhor mandou complar biscoito?
–
Eu não, mas elas devem trazer. – Respondi. Esse mês a conta das compras no
supermercado é da Lua.
–
Que holas que minha mamãe vai voltar?
–
De tardezinha. Toma. – Falei colocando o copo com chocolate na frente dela e
peguei duas panquecas e comecei a passar a geleia de uva.
–
E quando é que a gente vai no cinema?
–
Você ainda não comeu. – Lembrei e entreguei uma panqueca a ela.
–
Mas eu já vou comer. – Anie pontuou.
–
Então coma.
Londres | Leon – Hora do
almoço.
Decidimos
vir almoçar no Leon. Adam disse que está em uma fase saudável e isso me fez
cair na gargalhada. E também é um dos restaurantes mais próximos de
Westminster. Como só temos uma hora de almoço, é mais vantajoso almoçarmos aqui
por perto mesmo.
–
Como vocês não acreditam?
–
Porque me contaram que hoje a noite você não vai fazer nada saudável.
–
Ei, mas eu estou fazendo agora na hora do almoço. Isso é importante, Blanco. –
Ele respondeu enquanto procurávamos um lugar mais sossegado para sentarmos. –
Por falar nisso – Ele começou e puxou uma cadeira para a esposa se sentar. –
Você e o Arthur virão com a gente né?
–
Vou falar com ele ainda. Mas creio que vamos encontrar vocês sim.
–
Está bem. – Adam concordou.
–
Mas ainda não decidimos onde vamos. – Rose comentou pegando o cardápio.
–
Eu falei com a Lua que decidiríamos agora na hora do almoço. – Hanna disse.
–
Pode ser no Sky Pod.
–
Se tiver guinness eu vou. – Comentei divertida.
–
Querida, lá tem o que você quiser. – Hanna brincou.
–
Eu quero é aqueles drinks. Eu estou precisando na verdade. – Rose ressaltou.
–
Eu já disse que não vou levar gente bêbada para casa.
–
Hahaha... Arthur também me diz isso, mas ele sempre acaba perdendo no par ou
ímpar. – Comentei e Adam me encarou.
–
Não tem par ou ímpar. Rose quer roubar como você faz. – Me acusou e Rose lhe
deu um tapa.
–
Ei! – Exclamei. – Eu não roubo. Levo a sério esse jogo. – Ressaltei.
–
A tá.
–
Eu também não roubo. Você que me enrola.
–
Eu não faço isso, querida. – Adam se defendeu.
–
Tá bom, Adam. – Rose revirou os olhos.
–
Ainda bem que eu não preciso ter esse tipo de discussão e nem nenhuma outra. –
Hanna comentou distraidamente folheando o cardápio. – Por que escolhemos esse
restaurante mesmo? Eu nem estou de dieta.
–
Porque vocês são minhas amigas.
–
Nesse cardápio só tem salada. Eu não tenho essa classe para comer assim, Adam.
– Ela reclamou. – Eu admiro quem consegue, mas eu preciso comer proteína animal
tipo carne assada mesmo.
–
Você precisa mudar sua alimentação, querida. – Adam começou, mas era só para
provocá-la mesmo.
–
Tá, e você diz isso porque está mudando a sua hoje? Isso nem vai durar vinte e
quatro horas, Adam.
–
Não mudei hoje. Fazem dois dias. – Ele deixou claro e nós começamos a rir.
O
garçom logo voltou para a nossa mesa e nós fizemos os pedidos. Todos os pratos
tinham cara de vegetarianos, mas eu não tinha nenhum problema com isso,
contando que eu almoçasse.
–
Gente, vocês comem como se estivesse gostoso. Semana que vem a gente vai em
outro lugar.
–
Meu Deus! Mas você reclama, Hanna. Come logo isso. – Falei empurrando o prato
de volta para ela.
–
Tem só beterraba e cenoura no meu. Eu não quero. Eu não sou coelho.
–
Fala baixo, Hanna. – Rose pediu tentando não rir.
–
Você parece a Anie reclamando para não comer legumes. – Contei.
–
Mas nem tem graça comer só isso. Eu vou ficar com fome o resto da tarde.
–
Droga! Eu deixei meu celular em casa. – Falei depois de procurar na bolsa. Eu
já estava terminando de almoçar e lembrei de ligar para casa.
–
Você quer o meu? – Hanna ofereceu.
–
Não. Eu só ia ligar para casa. Mas depois eu falo com Arthur.
–
Tudo bem então...
–
Já está quase na hora de voltarmos. – Rose viu no relógio.
–
E eu nem almocei direito.
–
Mas que chata! – Adam reclamou. – Se continuar assim, hoje a noite você não vai
com a gente.
–
Mas pra beber eu nem reclamo. – Hanna comentou divertida e nós caímos na
risada.
Londres | Escritório de
Advocacia – Duas e dez da tarde.
Quando
cheguei ao escritório, vim direto para a minha sala. Soube que Ryan estava na
sala dele. Eu queria ligar para Arthur para saber como estavam as coisas em
casa, embora soubesse que com certeza estaria tudo sob controle.
Deixei
a minha bolsa sobre a mesa, peguei o telefone e disquei o número do Arthur.
Liguei duas vezes até que ele atendeu a ligação.
LIGAÇÃO ON
–
Quem é?
–
É a Lua, Arthur.
–
Mas esse número não é seu, loira.
–
Eu esqueci meu celular em casa. – Contei. – Você não encontrou?
–
Eu não – ele começou a rir. – Eu não estava procurando.
–
Idiota. – Xinguei revirando os olhos como se ele estivesse me vendo.
–
Te amo também, querida. – Ele retrucou. – Aconteceu alguma coisa?
–
Não. Liguei pra saber como estão aí...
–
Vivos. – Ele disse divertido outra vez. – Parei, Lua.
–
Acho bom mesmo. – Avisei.
–
Anie está daquele jeito dela que você conhece. Mas estamos nos entendendo. Ela
implicou demais no café da manhã. Queria sorvete e batata-frita.
–
Você não deu né?
–
Claro que não, Lua.
–
Ah bom. Só liguei pra saber se estava tudo bem. Você achou o meu celular?
–
Onde você deixou? Eu não estou procurando.
–
Deixei no criado-mudo.
–
Vou ver. – Ele me disse e eu fiquei esperando. – Tá aqui, loira.
–
Tá bom. Vou desligar, tá?
–
Tá.
–
Você ainda vai levar a Anie no cinema?
–
Vou. Mas só mais tarde e depois vou levar ela pra aula de balé.
–
Tá bom, lindo.
–
Um beijo, baby.
–
Um beijo.
LIGAÇÃO OF
Pov Arthur
Lua
tinha acabado de me ligar para saber como estavam as coisas em casa. Ela
raramente fazia isso durante a semana porque sempre sabe que está tudo bem. Me
disse que tinha esquecido o celular em casa e me pediu para procurar. Acabei
encontrando no criado-mudo como ela havia me dito e quando desbloqueei a tela,
apareceu inúmeras ligações de um número que não era aqui de Londres. Achei
estranho, mas acabei deixando o celular de volta no criado-mudo. Não
costumávamos mexer no celular um do outro, embora soubéssemos as senhas.
Anie
apareceu no quarto depois de alguns minutos, eu já estava assistindo uma série.
Ela ainda estava de pijama e segurava um álbum e uma caneta nas mãos.
–
Que holas que vamos no cinema?
–
Só mais tarde, meu anjo. Senta aqui comigo.
–
Não vai me enlolar, papai? – A pequena perguntou enquanto colocava o álbum e a
caneta sobre a cama.
–
Não, filha.
–
O que você tá assistindo?
–
Uma série muito legal. – Respondi ajudando-a a subir na cama.
–
Eu plefilo meus desenhos.
–
Eu sei, meu amor.
–
Qual é o filme que vamos assistir, papai?
–
O novo filme do Peter Pan, o que você acha?
–
Eu gosto! – Anie exclamou contente. – E depois eu vou para o balé?
–
É. – Respondi.
–
Tá. Então eu vou voltar a esclever.
–
O que você tá escrevendo? – Falei olhando para o álbum e só enxerguei muitos
riscos.
–
Uma carta pra minha mamãe.
–
A é? Ela vai adorar. – Afirmei sorrindo e Anie concordou.
–
Como é que escleve que eu amo ela, papai?
–
Como? É o i, o l, o, v, e.... aí você escreve o y, o,
u e depois o m, o, m, m
e por último o y. – Falei enquanto
escrevia as letras soletradas. – Eu amo você, mamãe.
–
Aaah intendi! – A pequena disse pegando a caneta da minha mão. – Só
faltava essa parte.
–
Agora não falta mais.
–
Não. Obriglada, papai.
–
De nada meu amor.
Londres | Sexta-feira, 27
de novembro de 2015 – Duas e quarenta e três da tarde.
–
Nossa! Que bailarina mais linda da vida do papai. – Elogiei pegando Anie no
colo.
–
Gostou da minha roupa de bailalina vermelha, papai? – Anie me perguntou
enquanto olhava para a própria roupa.
–
É linda, filha. – Afirmei. – Vamos só pegar um casaco, porque você pode sentir
frio, amor.
–
Tá. Mas um que combine com a minha roupa.
–
Táá... vou pedir para a Carol procurar então.
–
Eu ploculo! – Anie se ofereceu.
–
Nem pensar! Não estou afim de ouvir a sua mãe falar a noite toda que eu deixei
você bagunçar as suas roupas.
–
Mas eu não bagunço. Eu já sei plocular. – A pequena se defendeu.
–
Eu conheço a filha que tenho, Anie. Não imsista. – Falei e fui chamar a Carol
para pegar um casaco para Anie e a pequena acabou indo para o quarto para
escolher qual queria.
Quando
desceu a escada, ela carregava uma bolsa da mesma cor do casaco e da saia –
vinho. O collant era vermelho, a meia e a sapatilha eram brancas. Carol tinha
feito um coque na cabeça de Anie. Peguei minha carteia e a chave do carro e
saímos. Quando cheguei à garagem, percebi que Lua continuava usando o meu carro
e o dela estava ali, provavelmente sem gasolina.
Fomos
rumo ao shopping, eu já tinha reservado as entradas do cinema pela internet,
chegando lá era só retirar.
–
Pode complar pipoca e refligelante?
–
Pode. Refrigerante pequeno.
–
Não. Do outo, papai.
–
Não. Eu não dei opções, Anie.
–
Bombom?
–
Sem bombom. Você nem come bombom no cinema, filha. Que coisa!
–
Antes não, mas agola eu quelo. Você viu a minha bolsa?
–
Vi. É linda. – Respondi.
–
Foi minha mamãe que complou.
–
Eu imaginei. – Sorri ao olha-la pelo retrovisor.
–
Porque tem uma bailalina na flente. E é muito bonita. – Anie me explicou.
–
Sim. É mesmo. – Concordei.
–
Já vamos chegar?
–
Sim. Só mais uns dez minutinhos.
–
Tô siosa pra assistir o filme do
Peter Pan.
–
Eu também. Eu até gosto.
–
Porque é muito legal, papai.
–
É mesmo.
–
Que ele voa e que tem a sininho que é beeeem pequenininha. Eu sou mais gande
que ela.
–
Verdade. Você é mais grande que ela. – Concordei tentando segurar o riso.
–
Já vamos chegar?
–
Sim, filha. Já estamos chegando no estacionamento.
–
Então tá.
*
–
Ooolha, papai! Tem um monte de filme de clianças!
–
Sim, meu anjo. Mas só vamos assistir um, Anie. Porque você ainda tem aula de
balé daqui a pouco. – Expliquei segurando na mão da pequena.
–
Tá bom... então por isso que eu vesti a minha roupa dessa né?
–
Sim, filha. Foi por isso mesmo. Vamos comprar a pipoca?
–
Vamos! Quelo uma gaaandona!
–
Eu também vou querer uma grande. – Respondi.
Quando
saímos do cinema, faltava quinze minutos para começar a aula de balé da Anie.
Ainda bem que a escola não ficava tão distante dali. Hoje que teríamos que dar
a resposta quando a autorização a respeito dos nossos filhos saírem na
apresentação de natal.
Anie
estava muito empolgada que tanto eu quanto Lua tínhamos deixado ela participar
– como é que se nega algo assim? As crianças estavam bem falantes hoje e todas
as mães estavam aguardando o final da aula para que pudessem assinar a
autorização, assim como eu. Não sei se já iam falar das roupas, eu esperava que
não, nessa parte é melhor a Lua está aqui mesmo.
Quase
no final da aula o meu celular começou a tocar, e era a Lua porque é o mesmo
número de mais cedo.
LIGAÇÃO ON
–
Oi, loira. – Falei e ela riu do outro lado da linha.
–
Já decorou o número? – Ela indagou ainda rindo.
–
Não. Salvei aqui como: Lua esqueceu o
celular.
–
Ai que mentira, Arthur! – Lua exclamou e agora foi a minha vez de rir. – Você
já está com a Anie na aula?
–
Sim, querida. Você não quer vim para cá não?
–
Eu ainda estou no escritório, Arthur. Por que já?
–
Eu não levo jeito com esse negócio de roupa, nem vou saber te dizer tudo que
trataram aqui. Depois não reclama.
–
Não vou reclamar seu dramático.
–
Eu te conheço, Lua. – Ressaltei.
–
Por que? Lily disse que já vai falar das roupas?
–
Não, mas eu acho que vai. Semana que vem já é dezembro.
–
É verdade.
–
Tá vendo? Estou sempre certo!
–
Eu não disse isso.
–
Eu estou falando sério, amor.
–
Vai dar tudo certo, Arthur. Eu confio em você.
–
Lua.
–
Quando eu chegar em casa você me conta o que decidiram. E ah, eu preciso falar
uma coisa com você.
–
Eu também tenho uma coisa pra falar com você. – Falei lembrando das ligações no
celular dela.
–
Então está tudo bem. Quando chegarmos em casa a gente conversa.
–
Depois não reclama do que for decidido aqui. – Avisei.
–
Eu não vou reclamar, Arthur.
–
Vou desligar. A aula já vai acabar.
–
Está bem, querido.
LIGAÇÃO OF
Menos
de três minutos depois de eu ter encerrado a ligação, a aula acabou. Lily nos
avisou de que conversaríamos a respeito da última apresentação do ano e contou
que já tinha decidido o nome da apresentação e separado alguns figurinos.
A
professora nos entregou um papel para que colocássemos o nome das nossas
respectivas filhas e logo abaixo o nosso nome, autorizando assim, as crianças a
participarem da apresentação.
Depois
que fizemos o que ela havia nos pedido, ela recolheu os papeis e começou a
falar como se daria a apresentação, desde os ensaios, o nome da apresentação,
como seria dividido, passando pelos figurinos, quem os faria, quanto sairia... em
seguida algumas mães falaram suas opiniões, mas eu decidi ficar quieto.
Lily
disse que o nome da apresentação será: A
Casa da Mamãe Noel. E que os figurinos serão dividos em: Mamães Noéis,
Elfos de natal, presentes, renas e biscoitos de natal. Fiquei imaginando a
roupa do biscoito e da rena, se a Anie for um desses, eu vou rir muito.
Mas
a professora nos disse que será sorteado. Desse modo ninguém escolhe nada, e é
até melhor mesmo. São vinte e cinco crianças, juntando com a turma da manhã; no
caso, a antiga turma da Anie.
São
doze crianças a tarde e treze de manhã, Lily nos disse que já fez o sorteio na
turma da manhã e que já tinham: três
mamães noéis, duas elfos, dois presentes, três renas e três biscoitos. E o
modo como ela falou nos fez rir. Ou seja, ainda restavam ser sorteadas: duas mamães noéis, três elfos, três
presentes, duas renas e dois biscoitos.
Lily
trouxe a caixinha com os papeizinhos com os nomes dos figurinos e fomos
pegando. Tirei o da Anie de Elfo de natal. Eu nem fazia ideia de como seria a
roupa. E a professora nos avisou de que na próxima semana, mais precisamente na
segunda-feira, a pessoa que irá fazer as roupas, virá tirar as medidas das
crianças. Concordamos e ela nos disse por último de que nesse dia será nos
mostrado o desenho dos figurinos. Concordamos novamente e nos despedimos.
*
–
Qual é que eu vou sair? – Anie me perguntou curiosa quando entramos no carro.
–
De elfo. – Respondi enquanto olhava pelo retrovisor se vinha algum carro.
–
O que é elfo, papai? Eu não me lembo.
–
São coisinhas pequenas, mágicas que se parecem com as fadas, filhas. Mas esse é
de natal, e no natal eles ajudam o papai e a mamãe noel. É isso, meu amor. Você
entendeu?
–
Eu intendi agola. – Ela afirmou balançando as perninhas. – Pra onde que a gente
vai agola?
–
Pra onde? Pra casa, filha. – Respondi rindo. – Pra onde mais você quer ir?
–
Quelo ver minha mamãe.
–
Eu também.
–
Ver a sua mamãe?
–
Não. Ver a sua mamãe. – Respondi rindo outra vez e Anie me acompanhou.
–
Aaah tá bom. Mas ela ainda não tá em casa.
–
É. Eu também acho que não está.
–
Ela já sabe que eu vou sair de elfis?
–
É elfo, querida. Sua mãe ainda não sabe.
–
Mas foi o que eu falei. – Anie se defendeu.
–
Tudo bem, tudo bem...
–
Quelo dar minha carta que eu esclevi. O senhor lemba?
–
Eu lembro, filha. Sua mãe vai adorar. – Afirmei.
–
Que holas que ela vai chegar então?
–
Ela não vai demorar muito. Já são quase seis e meia da tarde.
–
Tudo isso? – Anie me perguntou surpresa como se ela realmente entendesse se
seis e meia era muito cedo ou muito tarde.
–
Tudo isso. – Confirmei.
*
Quando
chegamos em casa Anie foi direto contar a Carol do que ela irá sair na
apresentação e eu tenho certeza que ela falará elfis em vez de elfo.
Notei que Lua já tinha chegado em casa porque o carro estava na garagem. Subi a
escada e fui para o quarto e pelo barulho da água, ela estava tomando banho. A
bolsa estava sobre a poltrona como de costume e os sapatos arrumados ali perto.
As roupas não estavam jogadas pelo quarto como eu costumava fazer e isso me fez
ir rindo até o banheiro. A porta estava destrancada.
–
Achei que você fosse chegar mais tarde. – Comentei abrindo a porta.
–
Acabei de chegar. – Lua respondeu terminando de lavar o cabelo.
–
O que você queria me falar? – Indaguei curioso me aproximando do box e
abrindo-o.
–
Nossa, mas você chegou curioso né? Eu hein! – Lua comentou tentando conter o
riso quando revirei os olhos.
–
Um pouco.
–
O que decidiram lá? – Agora foi a vez dela de se aproximar de mim.
–
Ai, ai... – Comentei vagamente.
–
O que foi, querido? – Lua me provocou.
–
Eu não tenho medo de me molhar, você sabe. – Afirmei e ela riu.
–
Que bom. Porque eu gosto quando nos molhamos. – Lua se aproximou mais ainda e
envolveu o meu pescoço com os braços. Desci minhas mãos para a sua cintura.
–
Começamos cedo pelo visto. – Comentei.
–
Eu adoro isso. – Ela disse antes de me beijar.
–
Uuhm... – Gemi apertando a cintura dela. – A gente não vai parar, loira.
–
Hahaha... quem é que não resiste mesmo? – Lua sussurrou com os lábios
encostados nos meus.
–
Eu sempre sei quando você só está me provocando. – Falei me afastando e apertando
em seguida seu nariz. Lua riu tentando me abraça. – O que você queria me
contar, loira?
–
Hanna nos convidou para sairmos hoje com ela, Adam e Rose. Eles irão ao Sky
Pod. Fiquei de falar com você, porque já tínhamos conversando que sairíamos só
nós dois hoje. – Lua me explicou.
–
Ainda podemos jantar só nós dois e depois encontramos com eles. O que você
acha? – Sugeri indo pegar a toalha para ela.
–
Por mim tudo bem. – Lua concordou. – E você?
–
Eu o quê? – Perguntei saindo do banheiro.
–
Me espera! – Lua exclamou.
–
Mas eu estou aqui no quarto.
–
Você me deixa falando sozinha. Sabe que eu não gosto. – Ela reclamou. – Falando
nisso... cadê a Anie?
–
Está lá embaixo. E está ansiosa para te dar um negócio que ela fez hoje. – Contei.
–
O que é? – Lua perguntou curiosa.
–
Ela vai te contar.
–
Aaathuur!!!
–
Não vou falar nadinha. – Respondi e Lua entrou no closet. Fiquei parado na
porta.
–
O que decidiram lá na reunião então?
–
Desde o horário do ensaio até quem vai fazer as roupas. Segunda-feira a costureira
já até vai tirar as medidas. – Comecei. – O da Anie é de elfo. Não me pergunte
como é, não faço ideia.
–
O tema é de quê?
–
De natal, meu amor. – Respondi paciente e Lua me encarou com as mãos na cintura
assim que vestiu a calcinha.
–
O nome, Arthur. Não me irrita. – Pediu e pegou um sutiã.
–
Tá, irritadinha... – Provoquei e Lua parou de vestir o short e me encarou. – A Casa da Mamãe Noel. Pronto, esse é o
nome, Lua. Aí vai ter elfo, mamãe noel, presentes, biscoito de natal e renas.
–
Hahaha vai ser engraçado isso. – Lua riu vestindo uma blusa.
–
Fiquei imaginando a roupa da rena e do biscoito. – Contei divertido.
–
Ela não mostrou? – Lua perguntou passando por mim.
–
Não. Só na segunda-feira. Você vai?
–
Posso sair mais cedo, Arthur.
–
Mamãe! – Anie exclamou entrando no quarto.
–
Oi, meu anjinho. Eu estava com saudades, bebê. – Lua pegou a filha no colo e a
encheu de beijos. Anie começou a rir. – Você está correndo por aí com essa meia?
Olha, você pode cair. – Lua avisou.
–
Vou tomar banho. – Avisei e caminhei para o banheiro.
Pov Lua
–
Eu só corri agola. Eu tilei meu sapato e a minha saia no quarto. – Anie me
respondeu. Ela estava só de collant vermelho. Coisa mais fofa da minha vida.
–
Seu pai me disse que você fez birra no café da manhã? Isso é tão feio, filha.
Já conversamos sobre isso. Você lembra? – Perguntei me sentando na cama com
Anie em meu colo.
–
Eu não lembo. Por que meu papai contou?
–
Porque eu perguntei.
–
Como você sabia, mamãe?
–
Eu não sabia. E não muda de assunto.
–
Só quelia sorvete ou batata-flita, mas meu papai não deixou.
–
É claro que ele não ia deixar. – Falei e Anie ficou me encarando.
–
Eu vou sair de elfis. – Ela me contou. E eu sorri.
–
É elfo, amor. Seu pai já me contou.
–
Mas ainda não sei como que é a roupa. Como é que selá?
–
Não faço ideia, filha. – Respondi.
–
Eu assisti o filme do Peter Pan com o meu papai hoje.
–
Foi? E o que você achou?
–
Muito legal. Eu gostei. O Peter Pan de lá é de verdade junto com a sininho. Eu
não sabia que eles existam assim. – Anie me contou surpresa.
–
Nossa, que legal mesmo. Eu também não sabia que eles existiam assim. – Afirmei.
–
Nem meu papai sabia. Ele me disse. Mamãe?
–
Oi, meu anjo. – Respondi ajeitando Anie em meu colo.
–
Eu fiz uma carta pra senhola.
–
Você fez?
–
É. Eu esclevi. Eu vou buscar. – Anie desceu do meu colo. – Eu deixei lá no meu
quarto.
–
Você escreveu uma carta pra mim, meu amor? – Perguntei emocionada.
–
Eu esclevi. – A menina afirmou balançando freneticamente a cabeça. – Eu já
volto, mamãe. – Me avisou antes de sair correndo.
–
Não corra, Anie! – Pedi falando um pouco mais alto.
Arthur
saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura e balançando os cabelos
molhados pelo quarto. Esse homem não tem mais jeito.
–
Você não me disse o que era. – Comentei um pouco baixo.
–
O que era o que, Luh?
–
O que a Anie tinha feito.
–
Ah! Ela já te contou? – Ele perguntou sorrindo.
–
Já. O que ela escreveu? – Perguntei tentando imaginar.
–
Muitos riscos... e mais alguma coisa que ela me pediu ajuda. – Arthur me
respondeu sorrindo e foi para o closet. – Você já está quase chorando e ainda
nem leu.
–
É que eu sou sensível. – Admiti.
–
Só com a Anie, porque comigo... – Ele comentou.
–
Você só me irrita, por isso. – Retruquei.
–
A tá.
–
Olha aqui, mamãe. – Anie estendeu o papel em minha direção. – Eu que esclevi.
–
Deixa eu ler...
–
Deixa que eu leio, mamãe. Tá?
–
Então está bem. Você lê. – Concordei e Anie abriu a carta e apoiou os bracinhos
na minha coxa.
–
É que eu aplendi a esclever hoje.
–
Oh meu Deus! – Exclamei com vontade de apertá-la.
–
Eu já vou começar a ler...
–
Tudo bem, eu estou te escutando, meu amor. – Respondi tirando alguns fios de
cabelo do seu rosto.
–
Eu esclevi assim... que você é a mamãe
mais linda do mundo, obligada por ser minha mamãe e eu amo você, mamãe.
Acabou a carta. – Anie me mostrou. – Meu papai que me ajudou a esclever a parte
que eu amo você, mamãe.
Realmente
só tinham riscos e a parte do eu amo
você, mamãe. Que ela mesmo fez questão de escrever. Senti quando uma
lagrima passou pelos meus lábios e Anie me encarou.
–
A senhola não gostou? – Me perguntou preocupada e fazendo um biquinho.
–
Eu amei, meu anjo. É a coisa mais linda. Obrigada, filha. – Segurei em seu
rosto e lhe enchi de beijos e depois a abracei. Anie me abraçou de volta.
–
Aposto que já viu a carta. – Arthur voltou para o quarto e sentou-se ao meu
lado na cama.
–
Eu amo muito você, pequena. – Falei ainda abraçada a ela.
–
E eu amo vocês duas. – Arthur nos abraçou.
Pov Arthur
Londres | Sete e vinte e
dois da noite.
–
Você nem me disse sobre o que queria conversar comigo. – Lua entrou no quarto.
Ela tinha ido dar a janta a Anie que implicou que não queria jantar, assim como
fez no café da manhã comigo. E como eu já tinha passado por isso, agora era vez
dela.
–
Aah... – Lembrei saindo do closet. Eu tinha ido pegar uma calça comprida. –
Você já viu seu celular?
–
Não. Aconteceu alguma coisa com ele? – Lua perguntou de cenho franzido e eu
apontei para o criado-mudo onde o celular estava.
–
Não. Ele está no mesmo lugar que você deixou. – Respondi e Lua o pegou e depois
me olhou sem entender.
–
E daí?
–
Vi várias ligações quando peguei hoje de manhã e não eram daqui. Fiquei sem
entender. Você sabia? – Perguntei passando por ela e deixando a calça comprida
sobre a cama.
–
Você atendeu? – Lua indagou desbloqueado a tela do celular.
–
Claro que não. Só vi. Não mexi em mais nada. Que pergunta! – Exclamei revirando
os olhos.
–
Essas ligações são de alguns escritórios de Nova Iorque...
–
O quê? – Interrompi ela e ergui uma sobrancelha. – Por que estão ligando pra
você?
–
De algum modo ficaram sabendo do que aconteceu no escritório e fazem três dias
que estão me ligando sem parar me oferecendo emprego.
–
Em Nova Iorque?
–
Logicamente, Arthur. – Lua respondeu óbvia.
–
Ah, você não está falando sério, Lua. – Ri sem vontade. – É claro que você não
vai. – Acrescentei.
–
É claro por quê? – Lua me perguntou séria. Ela odeia quando eu começo um
discurso autoritário.
–
Como vamos viver em cidades diferentes e nos vendo só aos finais de semana?
Você sabe que isso é uma das coisas que eu não aceito. Já conversamos sobre isso,
Lua. Eu não pretendo me mudar e eu acredito que nem você. – Contei. – E estamos
falando aqui de país. É bem mais complicado. – Finalizei.
–
Uma das ofertas sugere que eu vá obrigatoriamente apenas três dias na semana
para o escritório. – Lua me disse e eu ri outra vez.
–
Você não está falando sério, Lua. Só pode está brincando com a minha cara.
–
É sério.
–
É claro que não, Lua. – Pontuei e ela foi para o banheiro. – A gente ainda não
terminou esse assunto.
–
Só você tá querendo decidir a minha vida profissional. Eu fico impedindo você
fazer as suas viagens? – Ela parou na porta do banheiro e me encarou com uma
das mãos na cintura. Lua não estava afim de brigar, eu podia notar.
–
Não estou impedindo. – Me defendi.
–
É claro que você não vai. Isso é o
que, Arthur? Eu definitivamente não quero brigar com você hoje. – Deixou claro.
–
Eu estou percebendo. – Respondi.
–
Então acabou a conversa.
–
Lua.
–
A gente sempre vai se desentender quando o assunto for o nosso trabalho. Isso
já fazem uns sete anos, Arthur. Você ainda não percebeu? – Ela me perguntou
completamente paciente que eu podia apostar que ela estava rindo da minha cara
por dentro.
–
Me diz que você não está pensando em nenhuma dessas propostas, por favor? Já é
torturador demais aturar o Ryan, agora você vem com essa notícia de propostas
em outro país, sendo que eu nem imaginava que você estava pensando em sair do
emprego. Você tá me entendendo, Lua? – Tentei calmamente explicar para ela o
meu nervosismo. – Sempre que comparamos os nossos empregos eu saio perdendo,
Lua. Você sabe. Não posso impedir você de fazer uma coisa que eu sempre faço.
Mas agora é diferente, estamos falando de viagens fixas toda semana. Temos uma
filha, Lua. Não me diz que pra você vai ser fácil. Eu não vou acreditar!
–
Ela vai comigo.
–
Não! – Exclamei. – Agora você entende? Não vou abrir mão da minha filha. –
Deixei bem claro.
–
E você quer que eu abra? – Ela disse rindo sarcástica.
–
Você tá me provocando, Lua. Só pode. – Passei as mãos pelo rosto e ela
continuou rindo.
–
Eu podia continuar te torturando...
–
Eu sabia. Eu sabia.
–
Ei?! Eu não estou brincando quanto as propostas. Elas são reais. Só não te
contei a parte que eu estou recusando todas. Não quero sair de Londres, Arthur e
muito menos deixar a minha família. Você que é bobo de acreditar nisso.
–
Mas você estava toda séria. Meu Deus, Lua! Às vezes você me faz quer gritar contigo.
E eu odeio gritar com você.
–
Você tem que relaxar mais, querido.
–
Nossa, Lua! – Exclamei aliviado. – Não faz mais isso comigo. Você testa muito a
minha paciência. – Contei e ela riu vindo me abraçar.
–
Eu percebi. – Comentou beijando minhas bochechas e depois os meus lábios. – E
você acha que eu vou embora assim fácil e deixar a minha filha e você para
trás? Hein? Hein? – Perguntou divertida.
–
Meu medo nem era esse... meu medo era você querer levar a nossa filha. –
Admiti. – Nossa, Lua... eu não ia deixar. Você sabe!
–
Para de falar bobagem, Arthur. – Ela me pediu.
–
Não é bobagem. Você gosta de brincar comigo. Sabe que isso me deixa doido. –
Falei e ela riu outra vez. – Para de rir! – Exclamei dando um tapa em seu
bumbum.
–
Aaii... para! – Lua ainda ria. – Me beija então?
–
Eu nem devia beijar você. Depois disso você não merece nada de beijo. – Falei
sério, mas Lua roçou os lábios nos meus. – Mas eu não resisto. – Acrescentei e
ela riu.
–
Eu sei que não. Por isso eu provoco. Você gosta também. – Ela disse toda
convencida e eu fiquei apenas encarando-a. – Paaaaraaa de me olhar assim.
–
O que é? Tem medo de não resistir também? – Provoquei.
–
Não. Mas quando você me olha assim parece que quer ler meus pensamentos. – Me
disse e agora foi a minha vez de rir.
–
Eu não tenho esse superpoder, querida. Não se preocupe.
–
Idiota! – Ela exclamou indo para o banheiro e eu rir tirando o meu short para
vestir a minha calça comprida.
*
–
Que roupa você vai? – Lua me perguntou assim que saiu do banheiro e eu apontei
para a camisa branca e o casaco cor de vinho que estavam sobre a cama e depois
para a calça comprida que eu já estava vestido. – Nossa que gostoso. E meu. Que
isso fique bem claro. – Ela comentou e passou por mim indo para o closet.
–
Depois eu que sou autoritário. – Comentei me sentando na cama para calçar meus
sapatos.
–
Mas você é. E isso é até engraçado... – Ela disse voltando para o quarto.
–
Engraçado por que, Lua? – Indaguei.
–
Porque na maioria das vezes você é muito de boa, Arthur. Às vezes eu tenho
vontade de rir quando te dá esses ataques tipo o que aconteceu ainda agora.
–
Eu sempre tive a sensação de que você se divertia com isso mesmo. – Falei e Lua
me jogou um beijo.
–
Fecha aqui pra mim. – Me pediu segurando o sutiã. – Só às vezes que eu rio, meu
amor. – Ela deixou claro.
–
Você me deixa nervoso. Já te disse isso, mas parece que você adora fingir que
não sabe.
–
Ai, Arthur... Você não entenderia.
–
Não mesmo. – Concordei. – Você complica muito as coisas pra mim. – Acrescentei
e vesti meu casaco.
–
O que você acha desse macaquinho?
–
Vai ficar lindo em você, querida.
–
Vou vestir ele. – Lua disse. O macaquinho era branco de alcinha e tinha um
cinto no meio.
–
Não vou tirar os olhos de cima do que é meu. – Brinquei e Lua sorriu sem
mostrar os dentes.
–
É bom que não tire mesmo. Não vou gostar nadinha de ver que você está olhando
para uma vadia qualquer. – Pontuou séria e eu me aproximei dela.
–
Para quem eu olharia depois de ter você, querida?
–
Eu não sei, Arthur. Estou apenas supondo. Mas é bom que você não se esqueça
desse aviso. – Enfatizou.
–
Você não vai sentir frio? – Tentei mudar se assunto.
–
Vou levar um casaco. – Lua me respondeu.
–
Mas as pernas continuarão de fora. – Provoquei e ergui uma sobrancelha. Lua
concordou com um balançar de cabeça.
–
Sim. Pra você tocar.
–
Aah... Você sabe que eu vou tocar em tudo mesmo.
–
É. Eu sei. – Ela piscou para mim e se aproximou ainda mais, praticamente
colando o corpo ao meu. – Aonde vamos jantar hoje?
–
Aonde você quiser. – Respondi.
–
Pode ser aqui no quarto mesmo?
–
Haha... claro que sim. Mas aí ninguém vai pra balada depois. – Contei
pincelando seu nariz.
–
Uhm... tentador... mas pena que eu quero ir pra balada hoje.
–
Sei bem, Blanco. Conheço a mulher que eu tenho. – Afirmei e Lua riu me dando um
beijo rápido e depois se afastou calçando os sapatos; esses eram dourados, bico
fino e de salto. Ela já tinha separado uma pequena bolsa de lado branca e foi
para o banheiro novamente. – Vê se não demora tanto, quero jantar antes das
nove, Lua.
–
Se você reclamar mais uma vez, eu vou demorar mais só de propósito. – Lua me
avisou. E eu sabia que ela faria exatamente isso.
Londres | Restaurante –
Oito e quarenta e nove da noite.
Chegamos
ao restaurante e fomos atendidos rapidamente. Pedimos fricassê de frango e
batata recheada e eu pedi um chardonnay para irmos esquentando logo.
A
comida estava deliciosa e a minha conversa com Lua estava bastante descontraída.
Se tivéssemos tempo e disposição eu faria questão de sair com ela para jantar
todas as noites. Porque esse programa é sempre maravilhoso.
–
Você está tão linda, querida. Sinto a necessidade de te elogiar mais de uma vez
no dia. – Confessei e Lua sorriu completamente sem graça.
–
Eu ainda fico sem graça quando você me diz isso, Arthur. – Ela respondeu e eu
me aproximei um pouco mais até tocar em seu rosto.
–
Te amo tanto, Lua. Eu sou muito apaixonado por você. Eu te olho todos os dias só pra reafirmar a
certeza que eu sempre tive de que sou um homem de muita sorte por te ter na minha
vida. – Contei e Lua apertou levemente a minha coxa. – Quando você me provoca
dizendo que vai alisar o cabelo ou que vai pintar e pede a minha opinião mesmo
sabendo que eu nunca vou dizer pra você fazer isso porque eu amo você exatamente
assim. E eu sou muito louco por você. E toda vez que você vem com essa conversa
eu fico desconfiado de que você vai acabar fazendo isso mesmo.
–
Tenho vontade de pintar o cabelo, mas fico receando de eu mesmo não gostar do
resultado. – Lua confessou.
–
Nossa... nem consigo imaginar. Pra mim você vai ser sempre a minha loira. Você sabe
que isso é único.
–
Eu sei, lindo. Eu também sou louca por você e morro de ciúmes mesmo. Porque você
é meu e mesmo assim eu tenho medo de te perder.
–
Já te disse tantas vezes que não precisa ter esse medo. – Acariciei seu rosto. –
Que eu nunca vou querer deixar você, mesmo você me fazendo perder o controle muitas
vezes na semana. – Contei e nós rimos.
–
Para... eu sou muito tranquila.
–
A tá, loira. Você sabe que é exatamente ao contrário. É a mulher que se irrita
com mais facilidade que eu já conheci na vida.
–
É que as vezes muitas coisas me irritam.
–
Pra mim não importa o que digam, contando que não te ofendam. Você sabe o
quanto eu perco o controle quando mexem com você. Mas na nossa relação pra mim,
nada vai importar mais do que o que eu conheço de você. – Deixei claro passando
o polegar sobre seus lábios.
–
Por que você tá falando isso? – Lua me perguntou.
–
Porque quando eu te olho nada mais importa do que você, Lua. – Respondi e Lua
me beijou. – Eu não mudaria nada em você. Nada. Mesmo você se questionando
tantas vezes... mas eu já te disse exatamente tudo em você que me faz te amar
ainda mais todos os dias.
–
Eu também não mudaria nada em você e já te disse que você é bem mais do que um dia
eu pudesse pensar em sonhar. E eu te amo, te amo tanto neném... – Lua me
abraçou. – Só sou um cavalinho às vezes, como você mesmo diz. – Nós rimos.
–
E é, mas é o meu cavalinho. – Afirmei. – Aah, loira... –Beijei seu pescoço. –
Eu não te troco por nada. – A apertei mais forte.
–
Não?
–
Nunca. – Pontuei.
Continua...
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Olá, leitores? Olha só
quem resolveu dar o ar da graça por aqui hahaha só para não perder o costume de
aparecer aqui de surpresa – e de madrugada, 2h37. Gostaram? Eu já estava morrendo de
saudades!!! <3
Espero
que gostem desse capítulo que veio como presente de páscoa e que comentem a respeito do que acharam – fiquei triste com feedback do último capítulo
postado :´(
Foi
escrito com muito carinho e grande do jeito que vocês gostam <3 – demorei uma semana
para postar. Não foi fácil, @Brenda
tá de prova. A meta eram 2 capítulos, mas eu mal consegui postar esse :´(
No
mais eu não tenho muito o que falar, eu sempre acabo deixando bem claro nos n/a’s
ao decorrer de Little Anie que eu espero um retorno de vocês para que eu possa
continuar a escrever e atualizar a fanfic.
Feliz Páscoa!
E
até breve... beijos!

Que capítulo maravilhoso! Já estava com saudades ��
ResponderExcluirEu amoooooo, parabéns pelo talento amo essa fanfic
ResponderExcluirTava com sdds já é já espero pelos próximos ansiosa ����������������
Amei o capítulo, eles são tão fofos juntos. Lua bem que podia sair desse escritório logo, nem se for pra trabalhar pra ela mesma, certeza que cliente vai ter. Anie como sempre iti malia. A ansiedade só não é tanta para os próximos, pq tem separação 😭😭
ResponderExcluirMas a escrita continua incrível, parabéns Milly
Que capítulo lindo! Amo Quando Lua e Arthur estão nesse clima de romance. Anie é a coisa mais linda. Amei os looks!
ResponderExcluirLily
Nossa Milly,sensa sensacional esse capítulo. Mesmo a separação deles chegando já estou ansiosa pelos próximos!!!
ResponderExcluirAna Júlia
Maravilhoso, Milly!!! Sensacional como sempre! Ansiosa para o proximo!
ResponderExcluirAin que fofa a anie, toda amor escrevendo cartinha para a lua, mesmo sem saber. Quero uma filha assim ♥ esse casal é uma loucura #Amooooooo. Essa web deveria vira novela ou um filme. Xx adaline
ResponderExcluirLua toda derretida com a cartinha da Anie que amooor, Anie é uma fofura mesmo.
ResponderExcluirLua enganou Arthur direitinho kkkk mas ela tinha mesmo que sair daquele escritório sem precisar se mudar!
A cada capítulo eu amo mais essa históriaaaa!!!!
Feh