09/03/2019

Little Anie - Cap. 83 | 1ª Parte


Little Anie 
Parte Um

Você tem aquele tipo de olhar nos seus olhos
Como se ninguém além de nós soubesse de nada
Caso esta seja a última coisa que eu vejo
Quero que saiba que é o suficiente para mim
Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisarei
Ilumine, querida
Ilumine-me
– Tenerife Sea | Ed Sheeran

Pov Arthur

Londres | Segunda-feira, 23 de novembro de 2015 – Seis e cinquenta e cinco da manhã.

– Mais para baixo... – Sussurrei quando despertei com os beijos de Lua na minha barriga e ela riu me dando um leve tapa e subiu os beijos para o meu pescoço.
– Bom dia. – Me disse.
– Bom dia, loira. Ainda parece ser muito cedo. – Comentei. Eu tinha a sensação do quarto ainda estar escuro, mas eu ainda não tinha aberto os olhos.
– Sim... eu tenho uma reunião agora bem cedo. – Lua respondeu e eu assenti. – Abre os olhos, Arthur. – Lua pediu apertando a minha cintura.
– Quero dormir, Lua...
– Você não tem nenhum compromisso hoje? – Lua indagou e eu abri os olhos.
– Não com a banda. Vou só levar Anie ao balé... e provavelmente vamos dar uma volta depois disso. Ela sempre pede. – Respondi e Lua mordiscou o meu queixo.
– Podemos almoçar juntos. – Sugeriu e eu pisquei longamente. Eu ainda estava com muito sono e parece que tudo estava acontecendo em câmera lenta.
– Eu ainda posso encontrar a minha mulher na hora do almoço? – Provoquei e outra vez Lua me deu um tapa.
– Para, Arthur. – Disse roçando os lábios na minha bochecha.
– Achei que tinha problema. – Continuei e me virei na cama, ficando sobre Lua. – Mas parece que não. – Acrescentei e beijei seu pescoço.
– Você sabe... que não. – Lua sussurrou tentando se soltar de mim; eu segurava suas mãos no alto da cabeça. – Se começarmos agora, não vamos parar... você sabe. – Ela me avisou e eu sorri ao levantar a cabeça e observa-la por alguns segundos.
– Se não tiver nenhum problema continuar... eu não vejo nenhum em parar agora. – Falei e Lua sorriu.
– Se eu me atrasar, teremos problemas... – Lua ressaltou e eu puxei seu lábio inferior e rocei meu membro em sua intimidade. Lua estava só de calcinha; ultimamente ela estava fazendo questão de dormir só assim, isso quando não resolvia dormir do jeito que veio ao mundo.
– Eu resolvo seus problemas... e aí? – Provoquei e Lua me encarou.
– Eu nem consigo pensar em resistir. – Confessou e nos beijamos. Acabei soltando seus braços e uma de minhas mãos rapidamente desceu para um de seus seios e Lua gemeu em meio ao beijo.

No sábado as coisas tinham ficado meio estranhas entre a gente, a sensação de estar pisando em ovos era gritante, tanto da minha parte quanto da parte de Lua. Na sexta-feira, quanto retornei para o quarto, ela já tinha adormecido. Eu nem tinha visto a hora passar e quando me dei conta, já eram quase onze horas da noite. Talvez esse foi o motivo de termos nos evitado o sábado inteiro. Eu acabei pensando que teríamos muitos problemas por conta disso e era a última coisa de que precisávamos. Em nenhum momento senti raiva da decisão que Lua já havia tomado, mas eu tinha medo de não conseguir deixar isso bem claro para ela. Mas no domingo quando finalmente nos olhamos nos olhos, eu tive a certeza de que não precisava esclarecer mais nada, porque Lua sabia que o meu amor por ela só aumentava. Não conseguíamos desviar nossos olhares, e eu nunca encontrei respostas que expliquem o porque esse sustento tem o poder de enxergar a nossa alma. Eu não consigo esconder as coisas de Lua e acontece o mesmo com ela. A conheço tão bem, que sempre sei quando algo a está incomodando. No domingo já não estávamos mais pisando em ovos e o alívio não poderia ser maior. Estar em paz com ela era tudo o que eu poderia desejar nesse momento. E fizemos amor... uma, duas, três vezes naquela manhã.

E agora, faríamos amor novamente. E eu não estava nenhum pouco apressado. Lua pareceu perceber e tentou logo de me livrar do meu short e da minha cueca. Não cessamos o beijo e sei que iriamos muito longe; a hora podia demorar a passar. Desci os beijos para o seu queixo, depois para o pescoço e em seguida para os seios. Eu não podia deixar de acaricia-los com a boca e nem com as mãos. Eu conhecia exatamente os locais que Lua mais sentia prazer e jamais negaria isso a ela.

– Toda vez... vez que faz assim... minha vista... fica turva... – Lua disse e puxou meus cabelos. – Adoro quan-do faz assim. – Confessou ainda entre gemidos.
–  Eu sei. – Assegurei e desci os beijos para a sua barriga. Minhas mãos desceram apressadas para o seu quadril e levaram a única peça de roupa que Lua ainda vestia. – Mas não estou com pressa. – Acrescentei quando fiquei sobre ela e Lua abriu as pernas para que eu me encaixasse ali.
– Ai... você faz isso de propósito. – Murmurou me puxando para um beijo. Embora eu adorasse demais provoca-la, eu já estava bastante excitado e pronto para relembra-la de que sim, só eu podia provoca-la dessa maneira. Embora eu tivesse certeza de que ela sabia exatamente disso.
– Eu posso, meu amor. E sei que você também gosta. Sussurrei puxando o lóbulo de sua orelha. Se fosse pecado sentir vontade de morder alguém, eu teria esse pecado. Porque eu não sei de onde vem tanta vontade de morder essa mulher, mas não para machucar, só para provoca-la mesmo. – E eu vou fazer isso bem devagar, Lua. Como das últimas vezes. – Deixei claro.
– Eu tenho... certeza que sim, Arthur. – Lua afirmou. Segurei em sua cintura e a puxei um pouco mais para baixo e depois levei uma das minhas mãos até meu membro, mas Lua acabou segurando-a. – Deixa que eu... faço isso, amor. – Falou baixinho e eu assenti antes de acrescentar:
– Eu disse devagar, Lua. – Sussurrei em seu ouvido e senti quando ela concordou, me colocando em sua entrada bem devagar. – Nós podíamos fazer isso todos os dias. – Comentei baixinho enquanto me movimentava e Lua sorriu.
– Todos... os dias... – Lua repetiu. E não era uma pergunta.
– Sim. Só se você quiser também. – Deixei claro e Lua me abraçou enquanto eu me movia para dentro e para fora.
– Você vai ser... carinhoso todos... os dias? – Lua perguntou entre gemidos e eu lhe beijei a testa antes de responder.
– Todas as vezes, querida. – Assegurei.
– Vou sentir sua... falta, Arthur.
– Ainda estou aqui, Lua. – Falei. Sabia que ela estava falando de quando os shows começassem mês que vem.
– Eu odeio essa parte. – Confessou.
– Eu sei. Também odeio o seu chefe. – Contei e Lua me encarou. – O que foi? Está muito devagar pra você? – Provoquei.
– Está me torturando. – Lua arranhou as minhas costas. – Mas você é muito cínico me fazendo essa pergunta. – Acrescentou.
– Eu sou gostoso, Blanco. – Falei convencido e Lua me apertou, me fazendo gemer e enterrar o rosto em seu pescoço. Às vezes eu esquecia de que ela sabia me provocar também.
– Você é cara de pau. – Ela riu, mordendo a minha orelha em seguida. – E está gemendo. Porque assim como eu, você não aguenta provocações. – Enfatizou.
– Somos bons nisso também, Lua. – Assegurei e ela concordou.
– Devagar é bem mais intenso. – Lua comentou suspirando. Se lá fora fazia frio, eu podia dizer que aqui dentro, eu e Lua estávamos queimando.
– Sim. E é por isso que eu gosto. Gosto de sentir você assim... é bem mais gostoso... e... – Fechei os olhos sem conseguir terminar de falar.
– E... – Lua repetiu para que eu continuasse, mas eu havia perdido a voz quando senti meus pelos se eriçarem.
– Gosto de amar... você assim, loira... gosto de ser... carinhoso... com você. Você sabe, Lua. – Eu sei. – Lua garantiu e me beijou daquele jeito carinhoso dela, que não deixava de ser sensual. – Eu gosto quando é carinhoso. Apesar de eu ficar pedindo para ir mais rápido. – Ela sorriu.
– Você adora pedir isso. Eu sei... que é só para me contrariar.
– Só um pouquinho. – Lua confessou.
– Espero que eu seja sempre o suficiente pra você. Porque você é tudo o que eu preciso, Lua. E eu sei que isso não vai mudar.
– Você é mais do que suficiente pra mim, Arthur. Sempre foi. – Lua contou me olhando nos olhos. – E isso não vai mudar. – Acrescentou.
– Te amo, te amo. – Falei antes de beija-la. Lua estava tão perto quanto eu de chegar ao ponto de ver tudo escuro e ao mesmo tempo, brilhando. Nunca saberíamos explicar como isso acontecia. Era da natureza do prazer humano.
– Te amo, te amo. – Ela me disse depois que encostei a testa na dela tentando recuperar minha respiração.
– Acho que alguém está muito atrasada. – Comentei distraidamente enquanto saia de dentro dela.
– Eu tenho certeza disso. – Lua concordou. – E também não quero sair dessa cama.
– E eu não quero que você saia dessa cama. – Falei me virando e puxando Lua para perto de mim. – Como a gente faz?
– Se eu falar o que estou pensando. Não vamos sair daqui. – Contou.
– Uhm... tenho certeza de que é uma ótima ideia. – Beijei seu pescoço. – Mas eu sou um bom marido. Vou deixar você sair daqui. – Falei divertido.
– A gente se encontra na hora do almoço?
– Como você quiser. – Respondi e Lua me deu um selinho antes de levantar e ir para o banheiro. – O que você acha de falarmos sobre a decoração do novo apartamento? – Falei um pouco alto.
– Posso fazer do jeito que eu quiser? – Lua perguntou de volta e eu rir.
– Claro que pode, Lua. Eu já te falei isso. – Respondi de volta.
– Eu poderia começar a ver algumas coisas. Temos todas as medidas. Mas falamos nisso depois. – Me disse e eu concordei.
– Tudo bem. – Respondi e Lua ligou o chuveiro. Continuei deitado na cama, mas provavelmente eu não voltaria a dormir.

Lua não demorou muito no banho e faltava quinze para as oito da manhã. Ela saiu quase correndo do banheiro e foi para o closet e isso me fez rir.

– Que hora é a reunião? – Indaguei.
– Oito e meia. E eu não estou nem afim de escutar o Ryan reclamando sobre o meu atraso. – Lua disse e veio até a cama para que eu fechasse o feixe do sutiã dela.
– Sou especialista em abrir. – Comentei divertido. A lingerie era cinza de renda.
– Eu sei, Arthur. Depois conversamos sobre isso também.

Lua me olhou por cima do ombro e sorriu. Lhe dei um tapa no bumbum quando ela se afastou indo para o closet novamente. Saiu de lá vestida numa calça comprida jeans azul escuro, um body cinza, um blazer também azul escuro, um sapato de salto azul e uma bolsa. Os cabelos já estavam penteados, e ela já estava de batom.


– Uau! – Exclamei. E Lua se aproximou. – Tá vendo por que tenho ciúmes? – Indaguei. E Lua roçou os lábios nos meus.
– Não precisa. – Pontuou.
– Você está tão linda. – Elogiei.
– Obrigada. – Lua agradeceu e me beijou. – Te vejo na hora do almoço?
– Sim.
– Me liga, que eu te encontro. Está bem? – Lua disse e eu assenti.
– Não posso ir te encontrar lá dentro?
– Melhor não. Eu não quero que você encontre o Ryan. Essa é a verdade. – Ela confessou.
– Não estou nenhum pouco com medo daquele otário.
– Eu sei que não. E a questão é exatamente ao contrário. Você está com raiva. E eu te conheço com raiva. – Lua esclareceu. – Me liga. – Enfatizou. – Bom dia.
– Você não vai tomar café? – Perguntei me sentando na cama.
– Não vai dar tempo. Tomo alguma coisa no escritório.
– Tudo bem. Espero que se lembre de tomar mesmo. Bom dia e bom trabalho. – Falei e Lua me jogou um beijo.

Levantei da cama quando Lua fechou a porta do quarto e vesti a minha cueca. Depois abri as cortinas e a janela e fui para o banheiro. Anie não demoraria a acordar. Eu estava tomando banho quando a ouvir chamar por mim.

– Papai... papai?
– Estou no banheiro, filha. Me espere aí. – Pedi.
– Vai demolar?
– Não, meu amor.
– Táá... eu vou ligar a televisão.
– Só até eu sair do banho. – Avisei.
– Então demola. – Anie riu e ouvi quando ela saiu correndo. Não respondi mais nada e terminei de tomar meu banho.

*

– O senhor nem demolou!
– Haha sua espertinha! Vamos tomar café, isso sim. Vou só vestir uma roupa.
– Tem aula de balé hoje?
– Tem, meu anjo. Vou levar você.
– Não vai tabalhar?
– Não, filha. Hoje não.
– Quelo terminar de assistir o meu desenho do gatinho.
– Você termina de assistir na sala. Vou vestir uma roupa. – Avisei novamente e fui para o closet.

Vesti apenas uma camiseta cinza e uma calça de moletom preta. Anie ainda estava de pijama; da minnie. Hoje o dia estava frio.

– Vamos? – Chamei pegando o controle da televisão e Anie fez um bico.
– Quelo comer panquecas! – Exclamou ficando de pé na cama. – Com chocolate! – Completou começando a pular sobre o colchão.
– Tá, vem aqui. – A chamei. – Vamos pedir pra Carla. Vem, filha...
– Gosto de pular na cama, é legal, papai!
– Eu sei, sua sapeca. Vem... – Chamei novamente e Anie se jogou em meu colo. – Você nem me deu bom dia.
– Bom dia, papai.
– Bom dia, meu amor. – Sorri lhe dando um beijo na bochecha.
– Eu sou o seu amor.
– Sim. Muito meu amor. – Afirmei carregando Anie no colo e saímos do quarto.
– Só eu!
– Você é uma ciumenta. Isso sim! – Respondi lhe dando um cheiro no pescoço.
– Eu não.
– Você sim.
– Nããããoo... não sou, papai.
– Ééééé siiiim... – Continuei implicando com ela até chegarmos a cozinha. – Bom dia, Carla.
– Bom dia, Arthur. Bom dia, linda.
– Bom dia. – Anie sorriu.
– Está com frio?
– Eu tô. Muito flio! – Anie respondeu e eu e Carla rimos.
– Essa neném quer panquecas. – Contei a Carla e ela assentiu indo pegar a frigideira. E eu deixei Anie sentada em um dos bancos da bancada e fui pegar o meu café.
– Lua foi trabalhar?
– Sim. Ela saiu atrasada. – Respondi.
– Não a vi. Mel também acordou atrasada. – Carla me contou. – O frio parece ter atrasado muita gente hoje.
– Não foi o frio que atrasou a Lua. – Contei rindo e Carla negou com a cabeça, também rindo. – Você fez bolo? – Perguntei.
– Sim. De maracujá. Achei que Lua tomaria café.
– Vou comprar sementes de maracujá pra plantar. Lua dá muita despesa com maracujá. – Brinquei. Parece que para ela não existia outra fruta.
– Deixa ela ouvir você falando isso. – Carla me avisou rindo.
– Cadê a Carol? – Anie perguntou e olhou por toda a cozinha.
– Carol foi dar um jeito na sua brinquedoteca. Lua disse para separar alguns brinquedos que você não brinca mais. – Carla avisou. – Você vai querer panquecas com quê?
– Iogurte! – Anie exclamou. – Posso ir ver?
– Depois que tomar seu café, filha. – Respondi.
– Tá bom.

Anie não era apegada as coisas, embora gostasse de ganhar muitos presentes, ela nunca fazia birra na hora de doar as coisas que ela não usaria mais. Ela tinha muitos brinquedos, porque ganhava de todo mundo e quase o ano inteiro. Harry adora presenteá-la. Sapatos ela perdia muito rápido, e eu e Lua estávamos sempre comprando novos para ela. Anie ama tênis e isso com certeza ela herdou da mãe.

– À tarde, Carol vai arrumar o quarto.
– Sim. Vi que está uma bagunça e tanto. E Lua organizou no sábado e hoje ainda é segunda-feira. – Comentei. – Não sei de quem Anie herdou esse espirito de bagunça.
– Hahahaha com certeza não foi da Lua. – Carla afirmou.
– Uhm... se ela estivesse aqui, falaria que foi de mim. – Assegurei. – Eu nem sou tão bagunceiro. Só esqueço as vezes a toalha molhada na poltrona ou na cama. Deixo as roupas jogadas no chão quando tiro, ou desarrumo a minha gaveta e deixo minhas roupas na parte da Lua. Só... – Dei de ombros.
– Você ainda diz só? – Carla me perguntou rindo.
– Eu acabei. – Anie me mostrou o copo e o prato.
– Tudo bem. – Falei descendo ela do banco e a pequena saiu correndo.
– Sabe que isso deixa ela muito irritada.
– Hahaha adoro irrita-la. Ela fica querendo me matar. – Comentei. – Mais tarde vou almoçar com ela e depois volto pra cá pra levar Anie no balé.
– Já decidiram se ela começa ano que vem na escola?
– Não. Ainda nem conversamos sobre isso. Mas Lua quer muito. Até setembro ela já vai ter feito quatro anos. Já da pra ir. – Falei. – Isso me deixa ansioso. – Confessei e Carla sorriu.
– O tempo está passando muito rápido mesmo. – Ela observou. – Já estou aqui há quase seis anos. – Carla acrescentou.
– Verdade. – Afirmei. – Seis anos de casamento é bodas de quê? – Indaguei. – Devo fazer uma surpresa pra Lua... Mas ela só quer fazer renovação de votos de dez anos de casados.
– Uuhm... deixa eu ver se lembro... – Carla ficou pensando por alguns minutos. – Creio que seja de perfume ou açúcar. Lembro que é algo relacionado a memórias e prazer.
– Hum... melhor bodas então. – Comentei divertido.

Londres | Escritório de advocacia – Doze e cinquenta e oito.

Quando saí de casa, liguei para Lua e ela disse que eu já podia ir. Ela tinha vindo de táxi. E pediu que quando eu chegasse ao escritório, era para eu ligar, que ela viria me encontrar. Lua literalmente não queria que eu entrasse lá.

Tive que esperar Anie almoçar e adormecer, ela sempre dorme depois do almoço. Depois fui me arrumar, o tempo seguia frio. Vesti uma camiseta preta, um blazer marrom com detalhes de coro da mesma cor, uma calça jeans e um tênis marrom e um relógio de coro também marrom.


Eu já tinha chegado em frente ao escritório. E peguei o celular para ligar para Lua. Liguei quatro vezes e ela não me atendeu. Desliguei o carro e abri a porta. É claro que eu não estava com a intenção de arrumar nenhuma briga com Ryan, a não ser é claro, se ele resolver me provocar falando da minha mulher. E eu sabia que o receio da Lua era esse, nós sabíamos que ele falaria e que eu não deixaria passar. Segui para a entrada do escritório, mas pediria a Hanna que avisasse a Lua que eu já tinha chegado.

– Boa tarde, Hanna. – Falei colocando meus braços sobre a bancada.
– Boa tarde, Arthur. – Ao mesmo tempo que ela sorria, ela parecia apreensiva.
– Lua está aqui certo? Ela pediu que eu ligasse, já fiz isso quatro vezes e nada dela atender. – Expliquei. – Você pode avisa-la? Ou eu mesmo posso encontrá-la. – Acrescentei e Hanna me encarou.
– Parece não ser uma boa ideia. Vou avisa-la. Só um momento. – Me pediu para aguardar e pegou o telefone.
– Olá, Arthur. – Olívia parou ao meu lado e entregou algumas pastas para Hanna.
– Olá. – Respondi.
– Não encontro o Ryan em nenhum lugar. Entregue a eles essas pastas. São alguns relatórios do outro escritório. – Ela explicou a Hanna.
– Ele saiu para o almoço. Já deve estar voltando. – Hanna comentou e Olívia saiu depois de me dar um tchauzinho.
– Ainda bem que ele não está. – Comentei vagamente. – Lua não atendeu aqui também? Estou com fome já.
– A reunião foi longa. – Hanna começou a contar. – Começou atrasada. E olha que Lua pensou que ela chegaria atrasada.
– Verdade. Ela nem tomou café.
– Mas o Adam se atrasou mais. Oi, Lua. O Arthur está aqui. Impaciente.
– Estou com fome. Só isso.
Tudo bem. Aviso sim. – Ela disse e desligou o telefone. – Só mais dez minutinhos. – Hanna falou.
– Tudo bem. – Concordei. – Seu chefe não deve ter gostado nadinha. Lua comentou que não estava afim de ouvir ele falar pra ela sobre isso. Ainda bem que não foi ela. – Comentei.
– Ele está pegando no pé dela mais que o normal. – Hanna me contou.
– O que não é novidade. – Retruquei. – Já estou sabendo. Inclusive, ela queria que eu prometesse que não iria me meter nisso. Como se eu fosse deixar ele desrespeitar a minha mulher.
– Parece que ele não demorou no almoço hoje mesmo. – Hanna murmurou e eu olhei por cima do ombro.
– Ora, ora... se não é o Arthur novamente. Parece que você está gostando bastante de frequentar o meu escritório.
– Hahaha... não por você. Mas é que tem alguém nesse escritório que eu amo bastante. Então... eu venho, mesmo tendo o desprazer de te encontrar sempre.
– O que você acha de esperar a Lua lá fora, Arthur? Ela disse isso na ligação. – Hanna estava nervosa.
–  Eu não me incomodo de esperar aqui. Só mais alguns minutos. – Afirmei.
– Assim a gente pode conversar, o que acha?
– Apesar de eu ter muita coisa pra te falar, eu costumo respeitar o local de trabalho da Lua. A quem a pessoa e o local, você deveria respeitar também. – Falei começando a me irritar.
– Eu trato muito bem minhas funcionárias. Por que está dizendo isso? Ela reclamou do tratamento? – Ele se pôs ao meu lado.
– Você só pode estar de brincadeira. – Ri sem vontade, mas com uma vontade absurda de socar a cara desse filho da puta.
– Quando falam de mim, preciso saber...
– Quem perderia tempo falando de você? – Indaguei sem paciência alguma.
– As mulheres costumam...
– A minha não.
– Sabe, vocês são muito seguros. Mas... você tem amigos né?
– Não que seja da sua conta. – Retruquei. – Eu estou me controlando pra não te socar, cara. – Contei.
– Lua trabalha pra mim há muito tempo.
– É o tempo que eu não te suporto também. – Falei. – O que você quer com a minha mulher? Será que não cansa de escutar que ela não quer nada com você? Eu estou aqui me segurando para não quebrar a tua cara, porque as coisas que ela me disse, que você disse a ela, não tem como um marido não fazer nada. Você é escroto demais, cara.
– Hahaha... Ela me disse que sabia resolver as coisas dela. Mas me parece que não.
– Creio que ela tenha resolvido. Mas você parece surdo! – Alterei meu tom de voz.
– Você não deveria ficar todo irritado comigo. Lua é gostosa mesmo... – Ele mal foi fechando a boca e eu dei um soco na boca dele. – VOCÊ TÁ LOUCO? – Ryan me empurrou e eu ouvir Hanna gritar para que eu parasse.
– LOUCO É VOCÊ DE FALAR ASSIM DA MINHA MULHER NA MINHA FRENTE! – Gritei de volta.
– NÃO É PRA MIM QUE ELA CHAMA DE AMOR QUANDO NÃO ESTÁ FALANDO COM VOCÊ! – Ryan exclamou. – VOCÊ DEVERIA ABRIR O OLHO. PORQUE PARECE QUE NÃO ESTÁ DANDO CONTA DO RECADO EM CASA. – Ele continuou gritando e embora eu soubesse quem Lua chamava de amor quando não era pra mim, o simples falto dele insinuar infidelidade da parte dela, fez com que eu perdesse o pingo de controle que eu ainda tentava manter. Corri para cima dele e caímos no chão. Ryan começou a tentar me empurrar com os pés, embora ele fosse mais alto do que eu, ele parecia bem fora de forma.
– VOCÊ NÃO CONHECE A MINHA MULHER, RYAN!
– NEM VOCÊ DEPOIS DO QUE EU OUVI! – Ele me acertou um soco na boca e eu acabei o pegando pela gola do terno e socando-o contra o chão. Hanna não parava de gritar para que parássemos de brigar. Algumas pessoas começaram a parar para ver a briga.
– EU ACHO MELHOR VOCÊ COMEÇAR A RESPEITAR A LUA. EMBORA EU DESEJE COM TODA A FORÇA QUE ELA NUNCA MAIS PONHA OS PÉS AQUI. – Dei um soco no rosto dele novamente. – EU SEI QUE NÃO DEVO ME METER NO TRABALHO DELA. MAS O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO E FALANDO DA MINHA MULHER, NÃO FAZ PARTE DO TRABALHO DE VOCÊS. ENTÃO EU POSSO ME METER! – Concluí dando outro soco na boca dele.
– NÃO ESTOU FALANDO NENHUMA MENTIRA! – Ele retrucou entre gritos. E tentou me dar um soco no rosto, mas eu acabei desviando.
– EU NUNCA VOU DEIXAR NENHUM ESCROTO DA TUA MARCAR FALAR O QUE QUISER DA MINHA MULHER. EU NÃO SEI O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, QUE NÃO ENTENDE QUE ELA É COMPROMETIDA E QUE NUNCA VAI QUERER NADA COM VOCÊ! VOCÊ NÃO SABE RESPEITAR UMA MULHER, E NEM PARECE QUE CONHECE TODOS OS DIREITOS QUE ELAS TÊM. NÃO SÓ PORQUE SÃO MULHERES, MAS PORQUE VOCÊ COMO UM ADVOGADO, DEVE TER ESTUDADO SOBRE LEIS!
– EU NÃO FIZ NADA COM A LUA, SEU OTÁRIO! E ME SOLTA! COMO VOCÊ DISSE, SOU ADVOGADO E VOCÊ ESTÁ ME AGREDINDO NO MEU LOCAL DE TRABALHO.
– VOCÊ COMO ADVOGADO, DEVE TER CONSCIÊNCIA DE QUE ASSEDIOU E DESRESPEITOU UMA FUNCIONÁRIA SUA. QUEM É O OTÁRIO AGORA? – Nós dois gritávamos, e como eu estava por cima, eu desferia mais socos nele.
– ME SOLTA, ARTHUR!
– ENQUANTO VOCÊ LEMBRAR DESSES SOCOS, ESPERO QUE VOCÊ PENSE BASTANTE ANTES DE IR ATRÁS DA MINHA MULHER PARA IMPORTUNA-LA E DESRESPEITA-LA.
– EU NÃO DESRESPEITEI ELA, SEU IDIOTA. EU SÓ FALEI A VERDADE.
– VOCÊ NÃO PRECISA DIZER NADA A ELA. EU DIGO. DIGO TODOS OS DIAS. VOCÊ ESTÁ ME OUVIDO?
– POR QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO QUE ELA TRANSE COMIGO? ISSO NÃO É DE HOJE. EU TAMBÉM NÃO GOSTO NENHUM POUCO DE OLHAR NA SUA CARA.
– HAHA COM CERTEZA, ESSE MEDO EU NÃO TENHO. PRIMEIRO QUE, NEM SE VOCÊ FOSSE O ÚLTIMO HOMEM E SEGUNDO, EU CONHEÇO A MINHA MULHER O SUFICIENTE PARA NÃO DESCONFIR DA FIDELIDADE DELA. COMO VOCÊ TENTOU INSINUAR!
– E POR QUE VOCÊ FICOU NERVOSINHO?
– VOCÊ AINDA TEM A CARA DE PAU DE ME PERGUNTAR ISSO? SÓ PODE TÁ GOSTANDO DE APANHAR MESMO. – Dei um soco no nariz dele quando ele riu debochado.
– MEU NARIZ TÁ SANGRANDO SEU IDIOTA. SAÍ DE CIMA DE MIM!
– VOCÊ TÁ ME OUVINDO? – Insisti. Eu não queria saber da porra do nariz fodido dele. – EU NÃO QUERO SABER DA PORRA DO TEU NARIZ, SEU MERDA. EU SÓ QUERO QUE VOCÊ RESPEITE A MINHA MULHER. PORQUE EU SEI RESPEITA-LA E NÃO ESPERO MENOS DE VOCÊ E DE NENHUM OUTRO E TORÇO PARA QUE VOCÊ NÃO SE ESQUEÇA DISSO! PORQUE SE TIVER UMA OUTRA VEZ, E REZA PARA NÃO TER, VAI SER BEM PIOR, SEU ESCROTO! – Falei sacudindo-o novamente. – EU NÃO IA FAZER ISSO, MAS VOCÊ PEDIU E NÃO FOI SÓ UMA VEZ! – Acrescentei.

Pov Lua

Hanna tinha me ligado avisando que Arthur já estava me esperando. Pedi que ela o avisasse para me esperar mais uns dez minutos. Eu estava resolvendo alguns assuntos com Adam, e acabamos precisando de mais minutos. Mas logo depois, o telefone da minha sala não parou de tocar e eu já estava ficando irritada com aquilo. Quando atendi, Hanna estava bastante desesperada e nervosa. Ela não acartou me dizer o que estava acontecendo e os gritos do outro lado da linha, me fizeram reconhecer a voz de Arthur e o meu corpo inteiro tremeu. Eu não precisei que Hanna me dissesse mais nada. Arthur e Ryan estavam brigando.

Acho que nunca desci aquelas escadas tão rápido na minha vida. E eram quatro andares. Na verdade, eu nunca tinha usado aquelas escadas na vida. Mas o elevador ia demorar, e eu só conseguia pensar na confusão que estava formada no térreo.

Eu tinha pedido para que Arthur me esperasse no carro, porque parece que eu estava adivinhando o que poderia acontecer. Eu sabia que se Ryan o visse, iria provoca-lo e sabia com ainda mais certeza, de que Arthur não ia ficar quieto. Ele já tinha ficado irritado com o que Ryan tinha feito comigo semana passada e eu nem contei a ele da sexta-feira. Adam gritava atrás de mim para que eu tomasse cuidado. Eu não estava nem prestando a atenção aos degraus de tão rápido que eu estava descendo-os.

– ARTHUR! – Gritei. – SOLTA ELE. POR FAVOR! – Pedi. – PARA! –  Minha voz estava trêmula e ele acabou me ouvindo. – Por que você fez isso? –  Perguntei puxando-o pelo blazer. –  Meu Deus. Eu te pedi. – O lembrei.
–  Ele que começou. Perdi o controle. – Arthur tentou explicar, mas Ryan voltou a gritar. Tinha muita gente em volta, o escritório tinha parado e ninguém tinha feito nada para separa-los.
– VOCÊ VAI SE ARREPENDER! – Ryan ameaçou, mas Arthur não estava nenhum pouco intimidado.
– E NÃO ME ARREPENDO. SOCO A CARA DELE DE NOVO SE ELE ABRIR A BOCA PRA FALAR DE VOCÊ.
– Para, Arthur! Para, por favor. – Pedi novamente. Eu estava nervosa e o sangue na roupa de Arthur dava a entender que foi uma briga muito feia. – Ai meu Deus! A sua boca. – Falei tentando limpar o sangue. Minhas pernas ainda tremiam. Mas Arthur virou o rosto. – Você não vai retrucar mais nada. – Falei entre dentes. E Arthur começou a resmungar. – Eu te pedi.
– Eu não prometi nada. – Arthur me lembrou e era verdade. – E foi ele que começou. Eu estava de boa aqui te esperando.
– Você me paga, AGUIAR! – Ryan se levantou com a ajuda de Adam. E eu me assustei com o rosto dele completamente ensanguentado. – E eu não vou te avisar quando irei cobrar esses socos, seu otário.
– Nojento. Escroto. Eu não tenho medo de você. – Arthur respondeu e eu o segurei.

Sabia que ele não iria me empurrar. Eu não estava nem aí para o estado do Ryan e sabia que a ameaça dele não tinha nada a ver com processo ou denuncia de agressão. Ele tinha consciência de que se entrasse nisso, eu iria defender o Arthur e provavelmente, Ryan perderia a causa. Porque ele sabia o que tinha feito. Meu medo era outro, Ryan tinha uma arma.

As pessoas começaram a se dispersar e eu pude soltar o braço do Arthur. Ele passava as mãos no cabelo sem parar. Estava sujo de sangue e muito suado.

– Desculpa. Eu me controlei até o último segundo. Eu juro. Mas ele falou de você de um jeito que eu nunca aceitaria. – Arthur confessou agora com a voz mais baixa. – Hanna está de prova, se isso adiantar alguma coisa.
– Pedi pra me esperar no carro, Arthur. Parece que eu sabia que isso poderia acontecer. Você devia ter me ouvido. – Falei com a voz embargada.
– Eu não quero que você fique com raiva. – Arthur me pediu sincero. – Perdi o controle mesmo. Mas não me arrependo. Ele mereceu. Se ele fosse um homem decente, nunca falaria de você daquele jeito. Não consigo entender porque você ainda quer trabalhar pra ele. Você sabe que oportunidades pra você nunca irão faltar. Você é uma profissional melhor que ele. – Arthur deixou claro.
– Não estou com raiva de você. Estou nervosa. – Admiti. Minhas pernas ainda tremiam e eu não sei porque estava com tanta vontade de chorar.
– Sei que você não vai mais querer almoçar... – Arthur suspirou. – Nem eu. Vou pra casa. Você vem?
– Acho que não consigo sair do lugar. – Confessei e Arthur procurou a minha mão e depois olhou para Hanna.
– Você faria o favor de pegar as coisas dela? – Perguntou e Hanna assentiu.
– Arthur? – O chamei e ele me olhou. – Ryan tem uma arma, Arthur.
– E daí? Eu não tenho medo dele, Lua. Ryan é um frouxo. Pensa que é o fodão, mas não sabe brigar de homem pra homem. Por isso fica assediando vocês, porque acha que não vai acontecer nada com ele. Só que dessa vez ele mexeu com a mulher errada, a minha. – Arthur esclareceu e me puxou para perto dele. Os meus pés pareciam estar colados no chão.
– Eu não quero que aconteça nada com você. É por isso que fiquei pensando se contava...
– É claro que tem que me contar. E não precisa sentir medo. Sei me cuidar, Lua. – Garantiu.

Eu tenho horror a armas. E sabia que Ryan tinha uma, porque por diversas vezes a vi na sala dele. Eu nunca quis que Arthur tirasse o porte de armas, morro de medo de ter isso em casa. Temos uma filha pequena e pra mim, uma arma em casa pode criar oportunidades para acidentes que não desejamos.

*

Saímos do escritório depois que Hanna trouxe as minhas coisas e fomos direto para casa. Não falamos nada o caminho todo. Tinha parado de sair sangue da boca de Arthur, mas o blazer dele estava todo sujo de sangue e isso estava me deixando agoniada. Os dedos dele estavam feridos. E eu não conseguia parar de pensar na cena que tinha visto.

Quando chegamos em casa, estava tudo silencioso. Anie provavelmente ainda estava dormindo. Subi para o quarto com Arthur atrás de mim. Quando entramos, ele trancou a porta e depois seguiu para o banheiro.

– O que ele disse pra você perder a cabeça assim? – Perguntei parada na porta do banheiro.
– Ele é um canalha, Lua. Sabe que sou seu marido e fica te chamando de gostosa. Com aquela cara cínica dele. – Arthur começou a falar. – Eu queria ter batido mais nele mesmo. Não me arrependo. Eu não ia era ficar escutando ele falar isso de você e rir pra ele concordando. Sei que você é gostosa mesmo, te falo isso sempre. Mas temos uma relação que nos permite isso. E ele é só um idiota que fica dando em cima de você e ainda vem falar isso na minha frente. Ele fica gritando lá que é advogado, mas não respeita nem os funcionários dele. Não tem moral nenhuma. Só tenho mais nojo dele a cada dia. Perco mais a cabeça quando falam de você, do que quando sei que estão falando de mim.
– Não quero que fique brigando desse jeito. Eu não gosto, Arthur. Sei que você me defende, e obrigada. Mas não briga assim, por favor... tenho medo e estou com mais medo agora que ele faça algo contra você.
– Estou preocupado é que ele tente algo contra você pra me atingir. Porque ele sabe que se mexer com você, é mil vezes pior do que se ele estivesse mexendo comigo. Ele escutou sua conversa com Harry? – Arthur indagou e eu assenti quase que automaticamente.
– Por que? – Perguntei em seguida.
– Tentou fazer com que eu acreditasse que você tinha outro.
– Então isso te fez perder a cabeça?
– Não. Eu sabia que era o Harry. Bati nele depois que ele te chamou de gostosa. E continuei batendo quando ele me perguntou se eu tinha medo que você transasse com ele.
– Você sabe que isso nunca vai acontecer. – Assegurei.
– Eu sei. E por isso bati nele, agora ele sabe e espero que nunca esqueça. – Arthur me disse e jogou água no rosto. – Mas eu já queria acertar essa conta com ele desde quando você me contou o que tinha acontecido.
– Não falei nada pra você de sexta, porque tínhamos coisas mais importantes... contei para o Harry.
– Talvez se eu soubesse, ele teria apanhado mais. – Arthur afirmou. – Confio em você, Lua. – Ele acrescentou.
– Eu sei. – Falei e me aproximei dele. – Não quero que você faça mais isso, Arthur. Porque eu sei que você não é assim.
– Eu não vou ficar sem fazer nada vendo outro homem desrespeitar você. Sendo que eu faço de tudo para que eu mesmo não tenha esse tipo de atitude com você e nem com nenhuma outra mulher ou pessoa e você sabe disso. Não sou agressivo mesmo. Mas ele mexeu com você. – Arthur disse calmo e depois se olhou no espero. – Esse desgraçado feriu minha boca. – Pela primeira vez ele tinha reclamado.
– E você feriu a cara dele inteira. – Falei saindo do banheiro.
– O bom é que ele lembrará disso por um bom tempo quando se olhar no espelho. – Arthur comentou divertido. – Vou tomar banho pra gente almoçar.

Me avisou, mas eu não falei mais nada. Voltei para o quarto e comecei a tirar a minha roupa. Também tomaria um banho antes de ir almoçar. Anie ainda dormia. Arthur não demorou no banho e quando voltou, estava com uma toalha enrolada na cintura.

– Espero que você não tenha deixado as roupas jogadas no chão. – Falei baixo.

Arthur me olhou de lado e riu. Ele tinha deixado as roupas jogadas no chão. Me levantei e fui para o banheiro e as roupas estavam lá. Senti vontade de gritar para que ele viesse pega-las, mas eu sabia que só iria me estressar com ele. Peguei as roupas e joguei no cesto de roupa suja. Eu não sei o que ele achava custoso em colocar as roupas no cesto quando tirava. Isso eu nunca entenderia. Até a Anie coloca as roupas no cesto e ele não.

Liguei o chuveiro e peguei meu shampoo. Eu já estava terminando de tomar banho quando Arthur entrou no banheiro rindo e provavelmente, procurando as roupas que ele tinha deixado jogadas no chão.

– Você ajuntou?
– É claro, né Arthur? Sabe que isso me dá agonia. – Respondi e ele me jogou um beijo antes de sair do banheiro.

Terminei de tomar meu banho e sequei meu cabelo com o secador antes de sair do banheiro. Arthur estava sentado na cama e tinha passado alguma coisa na boca. Se a situação não fosse séria, eu estaria rindo da irritação dele de estar com a boca doendo.

– Parece que você faz de propósito. – Comentei.
– O que já?
– Roupa e toalha, Arthur. Faz uns oito anos que te falo a mesma coisa. – Reclamei. A toalha estava em cima da cama.
– Mas eu ainda não saí do quarto. – Ele justificou, mas ouvi quando se levantou da cama.

*

Lily tinha ligado avisando que não teria aula de balé hoje, só na quarta-feira. Ainda bem, porque provavelmente eu teria que sair de casa e não estava nenhum pouco disposta. Anie parecia menos ainda. Ela tinha voltado a vestir o pijama e estava jogada no sofá assistindo o desenho da moranguinho. Arthur já tinha me dito que não ia leva-la a aula, e eu acho que ele tinha ido dormir. Estava um saco reclamando que não podia falar muito que a boca dele estava doendo; os lábios estavam vermelhos e inchados e ferido. Voltou a xingar o Ryan e eu pedi que ele fosse tentar dormir, pra vê se se acalmava. Do jeito que eles tinham se esmurrando, eu não duvidava de que ele estava sentindo dores mesmo.

– Acabou o desenho da molanguinho. Pode colocar de outo agola? – Anie me perguntou.
– Qual você quer?
– Da barbie seleia. Filme das seleias.
– Tem vários filmes de barbie sereia, filha.
– Da seleia azul e lilás.
– Tá. Vou ver se encontro uma sereia com essas características. – Respondi tentando não rir. Eu não sabia de que sereia Anie estava falando. Arthur que assistia a maioria desses filmes com ela. Demorei procurando, até que encontrei uma barbie seria com golfinhos.
– Essa com golfinhos?
– É. Eu gosto desse também. Obligada.
– De nada, meu amor. Você não quer comer nada?
– Só se for de flutas com celeal e leite.
– Que exigente! – Exclamei me levantando do sofá e Anie se encolheu adivinhando que eu lhe faria cócegas.
– Aaai... aaiiii... paaraaa, mamãe. – Ela começou a gritar e rir alto. Segui para a cozinha rindo também.

*

– Você diz que eu e a Anie fazemos muito barulho, mas vocês duas são piores do que eu e ela. – Me espantei, porque não tinha visto Arthur chegar na cozinha.
– Que susto. Achei que ainda estava dormindo.
– Estava até vocês começarem a gritar.
– Você deve ter sonhado, querido.
– Hahaha a tá, Lua. – Arthur revirou os olhos. – Faz um pouco pra mim também. Estou com fome, mas nem consigo abrir a boca. Achei que não tinha machucado tanto. Mas tá dolorido.
– Que pena, nem vou poder morder por uns dias. – Comentei cortando mais frutas. E Arthur riu.
– Que pena mesmo. Eu adoro quando você morde. – Confessou sorrindo maroto.
– Eu sei. Vou sentir falta também. – Admiti. – Adoro morder. – Sussurrei colocando a tigela com frutas e cereal na frente dele.
– Culpa do seu chefe idiota. – Arthur ressaltou. – Nem posso beijar você direito agora.
– Da próxima vez que brigar, protege a boca. – Falei saindo da cozinha.
– Ai como você tá engraçadinha. – Arthur revirou os olhos. Fui levar a merenda para a Anie e depois voltei para a cozinha. – Achei que você tinha me pedido para não fazer mais isso.
– Uhm... que bom que você não esqueceu. – Pisquei um olho.
– Não prometi nada. – Ele ressaltou.
– Você me deixou nervosa. Ainda estou preocupada.
– Também estou preocupado. Mas não porque ele tem uma arma, mas porque você vai continuar trabalhando pra ele. – Arthur explicou.
– Você sabe que eu sei me defender também. E ele sabe que comigo não vai conseguir nada. – Deixei claro.
– Ele pode até saber, mas continua insistindo e isso me dá raiva.

Arthur começou a comer e a reclamar. Senti vontade de rir, mas estava com dó dele.

Pov Arthur

Londres | Quarta-feira, 25 de novembro de 2015 – Três e vinte e três da tarde.

Eu estava me arrumando para levar Anie na aula de balé. E de lá nós íamos passar na produtora. Eu iria pegar as entradas da Lua e da Mel para o nosso show no próximo dia dezoito aqui em Londres. Lua tinha me dito que faria de tudo para ir. E eu estava contando com isso, tinha uma surpresa para ela. O show cairia numa sexta-feira.

Anie estava toda de rosa e com duas tranças no cabelo que ela tinha pedido para Carol fazer. Peguei a mochila dela com uma toalhinha e a garrafa de água que Carol tinha separado e saímos de casa.

Hoje é quarta-feira, e Lua está no trabalho. Ontem eu perguntei se ela tinha encontrado com Ryan e ela me disse que ele não tinha ido trabalhar. Eu não queria que ele voltasse a tentar intimidar Lua ou fazer qualquer tipo de comentário que viesse a deixa-la constrangida. Eu sei que Lua ama esse trabalho que só tem um defeito, que é o Ryan como chefe. E que apesar de ter muitos escritórios em Londres, o dele é o mais bem falado e procurado. Todos os contados de Lua estão ali. Ela pode muito bem pensar em ter o próprio escritório dela se quiser, mas sei que ela nem pensa nisso. Outras oportunidades estão em cidades que não pensamos em morar. Eu não suportaria viver em outra cidade longe dela e da minha filha. Ou vê-la só aos finais de semana. Talvez isso seja uma coisa que eu nunca aceite.

Estávamos a caminho da escola de balé e Anie estava muito empolgada e contando sobre como estava gostando de dançar. Hoje Lily disse que gostaria de conversar com os pais ou responsáveis.

– Papai?
– Oi, meu anjo.
– Até quando eu vou dançar?
– Até quando você quiser, filha. – Respondi e olhei pelo espelho.
– Então eu vou queler por um montão de tempo.
– Tudo bem.
– E depois a gente vai pra onde?
– Vamos na produtora. Vou pegar um negócio lá e depois podemos comer chocolate.
– É? De verdade?
– Sim. De verdade, Anie.
– O meu titio Harry vai tá lá?
– Sim, Anie.
– Tá. Eu quelo ver ele. Eu nunca mais vi ele. – Anie balançou os pezinhos.

Chegamos na escola e eu saí do carro e depois tirei Anie da cadeirinha. Entramos no local e ela saiu correndo para se juntar ao grupinho de crianças que já tinha chegado. Algumas mães já estavam ali e novamente, só eu de pai e todo mundo ficava me olhando.

Quando a aula terminou, Lily nos chamou para conversar e era sobre a apresentação de natal. Novembro estava acabando e eles começariam a ensaiar semana que vem. A apresentação será dia vinte e três de dezembro, numa quarta-feira. Ela pediu que confirmássemos na próxima aula, quem iria participar, porque alguma criança poderia viajar nessa época. Eu estaria fazendo shows e provavelmente, passaríamos o natal em casa ou na casa dos pais da Lua. Lily disse que faria um sorteio para saber que figurino cada criança usaria. Seriam quatro figurinos diferentes e quatro ou mais crianças para cada um. A turma da manhã se juntaria com a turma da tarde.

Quando entramos no carro de volta, Anie quis sentar no banco da frente e eu acabei deixando. Conectei o celular no carro e liguei para Lua. Chamou duas vezes até ela atender.

LIGAÇÃO ON

– Oi. – Ela falou.
– Nossa, você já atendeu melhor uma ligação minha. – Comentei e Lua riu.
Oi, mamãe. – Anie falou aproximando a boca do celular. Como se fizesse alguma diferença ela falando perto ou longe.
Oi, meu amor. Onde vocês estão? – Lua perguntou.
– No carro, indo pra produtora. Acabei de sair da escola de balé com a Anie.
– O que a Lily falou?
– Sobre a apresentação de natal.
Quelo dançar, mamãe. – Anie pediu. – Por favor.
– Tudo bem, filha. Só preciso saber sobre o que é. É sobre o que, Arthur?
– Sobre o natal, Lua. – Respondi rindo e eu tinha certeza que se Anie não estivesse ali, Lua me xingaria.
– Sério? – Indagou irônica. – Você entendeu a minha pergunta.
– É sobre a magia do natal. O nome é bem original.
– Você é ridículo, Arthur.
– Foi só um comentário, querida. – Falei parando no sinal e um vendedor de flores apareceu. – Tem amarela? – Perguntei um pouco baixo e ele disse que não. Que só tinha branca e vermelha. Comprei duas brancas, Lua preferia as amarelas. Dei uma para Anie. – Shhh... – Pedi e ela sorriu me jogando beijos.
Obligada, papai. – Anie agradeceu e eu lhe joguei um beijo.
– O que vocês estão aprontando? – Lua perguntou curiosa.
– Nada. A gente não apronta nada.
– Aham... tá bom. Tenho até medo. – Ela comentou. – Anie está com você no banco da frente?
– Sim. Já estávamos quase chegando na produtora. Na volta ela vai na cadeirinha.
– Acho bom, Arthur. – Lua chamou a minha atenção.
– Lily falou que vão sortear os figurinos que cada criança irá usar, porque se deixar para os pais ou as crianças escolherem, pode ficar desproporcional o número de crianças para cada figurino. Eu acho que foi basicamente isso, Luh.
– Tudo bem... você vai leva-la na sexta-feira.
– Não. Tenho compromisso. A Carol que vai.
– Tá. Ela vai sair. Posso sair mais cedo do trabalho na sexta. O que você foi fazer na produtora?
– Vim pegar um negócio.
– Segredos, Aguiar?
– Surpresa, Blanco. – Respondi.
– Hum...
– Vou desligar, meu amor. Se despede da mamãe, filha.
Tchau, mamãe.
Tchau, meu amor. Te amo.
Te amo.
– Um beijo, loira.
– Beijos, amor.

LIGAÇÃO OF

– Vem, filha. – Peguei ela no colo e saímos do carro. Depois coloquei Anie no chão e entramos no prédio. – Bom dia. – Falei para a atendente.
– Bom dia, Arthur. Olá, Anie. – Ela sorriu simpática.
– Oi. – Anie respondeu e correu quando avistou, Harry.
– Cuidado. – Pedi e foi em vão. Porque ela não parou de correr e Harry a segurou no colo.
– Oi, meu amor. Nunca mais tinha visto você, pequena. Mas você cresceu, hein?
– É. Eu clesci. Tava com saudades, titio. – Anie o abraçou forte.
– E você vem linda assim de onde?
– E aí, dude. – Demos um aperto de mão.
– Está tudo certo. – Harry respondeu.
– Da minha aula de balé, titio. Eu vou sair em outa dança. – A pequena contou.
– A é? E quando será isso? – Harry indagou curioso.
–  O meu papai que sabe.
– Em dezembro, é do natal. Cadê o John?
– Está falando com o Chay. Veio pegar as entradas?
– Sim. Pra Lua e pra Mel. Você pegou alguma?
– Sim. Pra Britney e umas amigas dela.
– Quelo chocolate, papai. O senhor plometeu. – Anie me lembrou e Harry deu um beijo na bochecha dela antes de colocá-la no chão.
– Eu não esqueci, amor.
– Já está no segundo lote e fez só uma semana. – Harry disse empolgado. E eu sorri.
– Estou sonhando com o Royal Albert Hall lotado outra vez. Comentei com a Lua sobre isso.
– Eu também e estou ansioso para que comece logo. – Ele contou.
– Eu ganhei uma flor do meu papai. Mas eu deixei no carro.
– Ah foi?
– Foi. – Anie confirmou e eu a peguei no colo.
– Só vou sentir muita falta do meu cheirinho com essas viagens. – Comentei cheirando o pescoço de Anie e ela se encolheu em meu colo.
– Não quelo que o senhor viaje de novo. – Ela me abraçou pelo pescoço.
– Não é? Vamos comprar chocolate. Sua mãe vai querer me matar. – Lembrei.
– Eu não vou contar.
– Eu sei que não, sua espertinha.
– É só hoje.
– É só hoje mesmo. – Afirmei. – Nem sei porque toquei nesse assunto com você. – Comentei vagamente enquanto seguíamos para a lanchonete. E Harry riu.
– Vou acompanhar vocês, mas você vai apanhar sozinho. – Harry me avisou divertido.
– Engraçadinho. Nessas horas que vemos os amigos.
– Dramático. – Ele retrucou. – A gente nem sabe se tem alguma coisa de chocolate.
– Sempre tem musse. Anie ama.
– De chocolate. – Ela fez questão de ressaltar.
– Vai querer, Harry?
– Vou. Já disse. – Ele assegurou e eu deixei Anie sentada na cadeira e fui pedir três musses de chocolate.

Comemos e Harry pegou o celular e tirou algumas fotos de Anie, que estava com a boca suja de chocolate e depois eu fui pegar as entradas com John e saímos. Anie foi na frente e ficou pulando de um degrau para o outro. Quando chegou no degrau maior, ela ficou parada decidindo se iria pular ou não e eu aproveitei para tirar uma foto: Pular ou não pular? Coloquei na legenda e postei no instagram. E depois segurei na mão dela para que ela pulasse sem medo.


– Obligada, papai. – Ela agradeceu e saiu correndo quando Harry passou por ela e puxou uma das tranças.

Londres | Sete e meia da noite.

– Boa noite. Lua entrou no quarto e colocou a bolsa em cima da poltrona. – Nem é sexta-feira e o trânsito está horrível. Fiquei quarenta minutos sem sair com o carro do lugar. Você pegou a Oxford Street? – Ela disse tirando a blusa. – Estou com calor.
– Boa noite. – Falei rindo quando ela jogou a blusa no meu rosto. – Peguei, mas era umas cinco e pouquinho. Na volta eu não vim por lá. – Respondi. – Você não vai me beijar?
– Já pode?
– Nossa, que engraçadinha. – Ironizei.
– O que vocês aprontaram hoje? – Lua perguntou se aproximando de mim. – Recebi uma foto. Até coloquei na legenda: Encontrei traços de chocolate haha e nem preciso perguntar quem deu a ela. E postei no instagram.


– Uhm... já até sei que foi do traíra do Harry. – Falei beijando o pescoço dela.
– Eu podia bater nos dois.
– Você não vai fazer isso. – Falei pegando rapidamente as duas mãos dela. E Lua caiu sobre mim. – Deixa eu terminar de tirar essa roupa?
– Hahaha... hoje não tem nada, Arthur. – Ela me avisou. – Eu tô muito exausta, de verdade.
– Imagino, loira. Só quero te ajudar mesmo. – Falei puxando seu lábio inferior.
– Imagino. – Lua murmurou.
– Olha o que eu tenho pra você. – Falei colocando Lua do lado e pegando a rosa com a entrada do show.
– Nossa... então era isso...
– O quê?
Shhh...
– Aah... sim. Dei uma pra ela também. – Contei.
– Obrigada, meu amor. – Lua pegou a rosa e a entrada. – Te amo tanto... que até esqueço que você esquece a toalha molhada pelo quarto. – Disse sorrindo e eu a puxei para o meu colo.
– Te amo tanto que até esqueço que você é um cavalinho às vezes.  – Retruquei divertido.
– Não sou cavalinho, Arthur... – Lua roçou os lábios nos meus.
– Você é o meu amor, loirinha...
– Você foi pegar as entradas?
– Sim. Você e pra Mel. Você disse que ia.
– Sim. Farei de tudo para ir. – Lua garantiu outra vez. – Dia dezoito. Quando é a apresentação da Anie?
– Dia vinte e três.
– Você vai estar aqui?
– Sim. Os shows de dezembro estão marcados para o dia dezoito, vinte, vinte e um e vinte e dois. Depois, só dia vinte e sete e vinte e oito e em janeiro.
– Dia vinte é aonde?
– Manchester e depois Birmingham e depois Londres novamente... e eu não lembro mais. – Ri.
– Você vai ter que viajar sábado?
– Sim. Dia dezenove. Fica tranquila, vamos ficar em hotel.
– Estou tranquila.
– Ciumenta. Isso sim. – Provoquei. – Pelo menos vou ver minha mãe antes do natal.
– Contando que a Isadora não esteja lá. – Lua retrucou.
– Uhm... sabia. – Comentei.
– Sabe mesmo. Sei que sabe. – Ela ressaltou.
– Você pode vim comigo... – Sugeri.
– Eu não. Não sou esse tipo de mulher que vive grudada no marido. – Comentou olhando para a pulseira do show.
– Eu sei que você não é esse tipo de mulher. – Falei tentando morder a bochecha dela, mas Lua se afastou. – É só pra gente ficar junto.
– De lá você vai pra Birmingham e eu não vou ficar viajando com Anie assim...
– Entendo, loira. – Assegurei.
– Vou tomar banho. – Lua tentou se levantar.
– Paaaraa... – Falei.
– Mas eu não estou fazendo nada. – Ela me olhou.
– Você é a coisa mais linda irritada. – Comentei novamente. – Vamos fazer amor?
– Eu já disse que hoje não, Arthur. – Lua disse tentando segurar o riso. E eu acabei deitando-a na cama e ficando por cima.
– Amor, loira. Bem devagar... – Comecei beijando o pescoço dela.
– Devagar?
– Sim. E você nem precisa fazer nada. Eu faço tudo o que você quiser. – Falei e encarei Lua que estava me encarando de volta.
– Igual hoje de manhã?
– Sim. Só que ao contrário. – Afirmei e Lua riu. – E então?
– Se for devagar... eu acho que quero?
– Você acha? – Provoquei mordendo o queixo dela.
– Eu quero. – Lua sorriu e me puxou para o beijo.
– Mas você tem que me beijar com carinho também.
– Você tem que ficar bom logo dessa boca, Arthur. – Lua respondeu tentando parecer séria, mas acabou rindo diante da minha reação.
– Você já foi mais carinhosa. – Pontuei. – Quando eu ficar bom você vai ver só. – Avisei num tom ameaçador e Lua continuou rindo.
– Mas eu te amo, neném. – Lua acariciou o meu rosto. – Você sabe.
– Eu sei. Por isso implico com você. – Admiti e começamos a nos beijar.

Pov Lua

Eu sabia que tinha que ter ido tomar banho logo quando cheguei do trabalho. Mas o convite do Arthur foi irrecusável. E agora tínhamos que jantar e ele não queria me deixar levantar da cama. Eu sabia que era só implicância da parte dele, porque tinha me convidado para tomar banho depois que fizemos amor, mas eu estava sem a menor disposição de levantar da cama, então ele foi sozinho e quando voltou para a cama, não quis mais me deixar levantar. Fica me puxando pela cintura.

– Aaarthuur... eu tô com fome. É sério. – Fiz bico e ele me beijou.
– Por que você é tão linda? – Me perguntou.
– Não muda de assunto. Eu vou fazer greve se você não me deixar levantar... – Ameacei e Arthur riu.
– Faz nada. Nem você aguenta.
– Aguento sim.
– Aguenta nada. Você não resiste. – Arthur disse convencido. – Vai logo... só porque parece que eu tô adivinhando que a Anie tá para aparecer aqui. – Comentou. – Estou com fome também... você me faz gastar muitas energias.
– Você que tirou todas as minhas energias. – Retruquei ficando de bruços e Arthur se debruçou sobre mim.
– Você é uma dengosa, isso sim. – Ele beijou meu ombro. – Te amo muito, Lua. Meu Deus, como eu te amo.
– Eu também te amo. Mas eu tô com fome já. – Contei e ele riu alto saindo de cima de mim. Me sentei na cama e Arthur apertou a minha cintura.
– Vou te esperar lá na sala. Ou a gente vai voltar para essa cama. – Ele comentou e eu o olhei por cima do ombro.
– É você quem não resiste. – Pontuei.
– Não resisto mesmo. E nunca falei ao contrário. – Arthur levantou da cama. – Não demora, loira.
– Eu vou demorar o tempo que eu quiser. – Retruquei e Arthur riu.
– Revoltada. – Enfatizou e se abaixou para beijar a minha testa. Depois ficou me olhando por um bom alguns segundos. – Aconteceu alguma coisa?
–  Não.


– Você ficou chateada? – Arthur beijou a minha bochecha e eu neguei com a cabeça. – Você sabe que eu te amo, neném. – Ele me deu um selinho. – Você tem tpm duas vezes no mês agora? – Perguntou divertido.
– Claro que não.
– Vai logo tomar banho... você tá muito dengosa. Quer que eu te leve no colo é?
– Não.
– Hum... depois a gente conversa sem dizer nada de novo. – Arthur me fez rir com esse comentário.
– Vai logo que eu quero tomar banho. – Mandei e ele saiu do quarto me jogando um beijo no ar.

Me levantei da cama e peguei a rosa que estava sobre a cama e acabei tirando uma foto. Eu não conseguia nem fazer uma surpresa pra ele, quem dirá ser romântica todos os dias. Fico me perguntando se ele sente falta disso.

Eu ganhei uma rosa.


Foi a legenda que coloquei na foto que acabei postando no instagram antes de ir tomar banho.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Boa noite, leitores. Não irei me estender tanto nessa nota e peço desculpas pela demora na atualização. Quero deixar avisado, que minhas aulas voltam nessa segunda-feira. Ou seja, não terei como atualizar mais nada esses meses. Não irei me comprometer em postar uma vez ou outra, porque não sei se terei tempo. Não queria que esse capítulo agora fosse o último dessa sequência, eu queria deixá-los com gostinho de quero mais e muito curiosos com o que aconteceria com o casal, mas (in)felizmente (para alguns), não consegui. Eu fiz de tudo para atualizar o máximo que consegui a fanfic. E espero que entendam. Me senti muito grata a cada comentário desde dezembro até aqui, quando voltei a postar com mais frequência. Vocês não desistiram, então, eu também não irei desistir. Mas agradeço por todo carinho ao longo de toda a fanfic. Vocês são as melhores pessoas/leitores por ainda estarem aqui, sempre me compreendendo. Porque a fic está sendo postada desde abril de 2015. Quase 4 anos, gente! Sabemos que não é pouco tempo e tem gente acompanhando desde dessa época. Meu muito obrigada mesmo.

MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS DO CAPÍTULO ANTERIOR! <3 ESTOU AMANDO DEMAIS ESSA INTERAÇÃO DE VOCÊS. POR FAVOR, CONTINUEM!

COMENTEM!

PS¹: O que acharam do capítulo? MDS! Que briga hein?! OMG!

Pra falar a verdade, não quero falar do capítulo. Eu quero que vocês me falem o que acharam. (vou sentir saaauudaaadeees)

PS²: O que acharam dos looks?

PS³: E os links dos posts do insta? (Anie é muito amorzinho, mds. Que neném linda <3)

PS4: Esse casal é fogo mesmo hein? OMG!

Um beijo gente. Eu vou sentir muitas saudades. Mas eu volto.

COMENTEM!

Até breve.

7 comentários:

  1. Aaaahh g-zuis que capítulo maravilhosooooo. Anie um amor como sempre, as crianças de hoje em dia estão tão expertas e inteligentes. Que briga foi essa Brasiiillll, quero um marido como o Arthur que sabe defender a mulher q ama. Achei bem feito para o Ryan, ainda merecia mais, só estou com medo dessa questão da arma. Tadinha da lua, ficou tão preocupada com o arthur. Esse casal é fogo viu, estão em um clima maravilhoso então é bom aproveitar rsrsrs e os looks estão uma coisa linda. Pena que vc ja vai voltar as aulas, mais obrigada milly por essa temporada de capitulos encantadores. Xx adaline

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  2. Que capítulo maravilhoso! Nossa como Ryan é escroto, ainda bem que o Arthur deu uma lição nele. Amo esse casal, a cumplicidade e safadeza deles kkk. Anie é tão fofa. Vou ficar saudades da web nesse tempo que você não vai posta.
    Lily

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  3. Milly ameiiiiii esse capítulo,simplismente um arraso!!!
    Nossa se eu já amava o Arthur antes agora então nem se fala, adorei que ele colocou o Ryan no lugar dele, mas tenho que admitir que estou apreensiva em relação ao Ryan se vingar do Arthur.
    Milly o que são esses hots kkk estou no chão *___* estou amando esse fogo deles kkk ainda bem que eles não ficaram com a relação estremecida depois da conversa, muito pelo contrário, parece que fortaleceu mais ainda kkk
    Anie uma coisa mais fofa como sempre, sou apaixonada por essa criança *___*
    Milly super entendo o seu motivo de ficar afastada nesse período de estudo, eu também estou na corria e sei como é. Você sabe que eu vou esta esperando de camarote a volta da web kkkk sei que quando voltar vai continuar arrasando como sempre!!! ^___^
    Caroline

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  4. milly eles vão ficar muito tempo separados? ou é uma separação só pra acalmar os ânimos, pensar melhor a respeito de tudo

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  5. O Arthur é o marido que todo mundo quer.. quem dera ganhar uma rosa sem nenhum motivo especial, sonho de consumo!!

    By: Camys

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  6. Amei o capítulo! ��

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  7. Capitulo Maravilhosoo, na verdade todos são, Amo esse casal.
    Ryan mereceu tudinho e mais um pouco, só espero que ele não apele por ter essa arma!

    Feh

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