Little Anie - Cap. 94 | 2ª Parte

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Little Anie

Parte Dois


Amor é quando alguém o abraça e acalma quando as lágrimas caem dos teus olhos, é quando alguém fala todas as coisas boas sobre você, quando tudo que você vê são as ruins, é quando alguém se certifica de que você está bem, é quando alguém pensa em você todos os dias e todas as noites, é quando alguém está, constantemente, se dedicando a você.

Isso é amor.

                                 – wisdom


Pov Arthur


Londres | Sábado, 14 de outubro de 2017.


– Bom dia! – Falei assim que Lua acordou. Anie, por incrível que pareça, não se mexeu tanto na noite passada.

– Bom dia, querido. – Ela bocejou.

– Dormiu bem?

– Sim. Eu estava tão cansada. – Me contou ao se espreguiçar. Sorri.

– Você acordou tão linda. – Elogiei e não é nenhum exagero. Lua tem ficado ainda mais linda com o passar dos dias.

Aah, amor… – Ela sorriu sem graça. Levei uma das mãos até seus cabelos. Gosto deles com volume e é exatamente assim que ela tem acordado todos os dias.

– Não estou mentindo. Dizem que a menina rouba a beleza da mãe… – Comecei e acabamos rindo. – Não foi o que aconteceu na gravidez da Anie, você continuou linda. Mas nessa… não sei explicar.

– Você é só um marido gentil.

– Não é só isso. Eu também sou um marido muito apaixonado. – Respondi e ela riu.

– Você me deixa mal-acostumada, eu já te disse isso.

– Hahaha… eu tenho todo o direito de mimar a minha garota. Estou errado?

– Não.

– Nesse caso, podemos dizer que os meninos deixam as mamães ainda mais lindas?

– Pode ser… sendo seu filho, tenho certeza de que será tão gentil quanto você. Na verdade, não vou aceitar menos. – Me disse.

– Nem eu, Lua. – Garanti. – Vamos criar o nosso filho do jeito que você quer, meu amor. Ele será um garoto educado, gentil, carinhoso, paciente…

– … amoroso, incrível, inteligente, parceiro e tantos outros adjetivos igual ao pai dele. – Lua completou e eu fiquei emocionado. Sei que ela me admira, embora eu não seja perfeito, mas querer o nosso filho parecido comigo me deixa muito feliz.

– Você vai me fazer chorar. – Avisei. Ela sorriu.

– Não deveria ser surpresa para você.

– E não é, e eu nem estou sendo soberbo – avisei –, só fiquei emocionado, Luh.

– Você é lindo. – Ela me disse e Anie se mexeu na cama, colocando as mãozinhas sobre um dos ouvidos.

– Eu queeloo dooormiiir… – Ela reclamou. Ri me virando na cama.

– Querida, se você estivesse no seu quarto, ninguém estaria atrapalhando o teu sono. – Respondi.

– Arthur, por favor. – Lua me repreendeu.

– Mamãe… eu só quelo dormir mais um pouquinho. – A pequena fez o drama dela.

– Estamos no nosso quarto, filha. – voltei a falar e Anie começou a choramingar.

– Não, vocês não vão começar com isso logo cedo. Pelo amor de Deus! – Lua exclamou e sentou-se na cama. – Se começarem, vão os dois sair desse quarto. – Finalizou.

– Não fica chateada, mamãe. – A pequena pediu.

– Não estou chateada. Vou tomar um banho. – Ela levantou-se da cama e caminhou para o banheiro.

– Você é uma chata. – Sussurrei e Anie fez uma careta.

– O senhor que começou a impicar comigo.

– Eu só estava conversando com a sua mãe. – Me sentei na cama. – Agora ela está chateada com nós dois.

– Comigo não. – Anie deixou claro.

– Mas comigo sim. – Retruquei e a pequena deu de ombros. – Vou lá pedir desculpas a ela. Você vai voltar a dormir?

– Sim. Tô com soninho.


Anie puxou o travesseiro da Lua e o abraçou. Disfarcei um riso e caminhei até o banheiro. A porta está entreaberta, Lua está escovando os dentes. Me aproximei dela.


– Desculpa, eu não quis te chatear.


Ela não disse nada até terminar de escovar os dentes.


– Estou sendo sincero.

– Eu sei, Arthur. Está tudo bem. Não fiquei tão chateada como você deve estar pensando. – Me disse e apoiou as duas mãos na bancada da pia.

– Não quero acabar com o teu sábado, Luh.

– E não vai, Arthur. Só me irrito quando você e Anie começam com essas implicâncias. Quando começa assim, não sei qual dos dois me dá mais trabalho. – Desabafou. Eu quis rir, mas sei que isso a deixará ainda mais irritada.

– Eu posso me redimir, se você quiser. – Sussurrei me aproximando dela. Mas Lua me parou.

– Eu não fiquei tão chateada assim. – Disse novamente. Ri.

– Quanta gentileza ao me dispensar. – Brinquei.

– Não com a nossa filha do outro lado da porta, Arthur. – Deixou bem claro.

– Anie voltou a dormir. – Contei.

– Mesmo assim.

– Ok, ok. Não vou insistir. – Me afastei. – Você já vai tomar banho? Senão, eu vou logo. – Falei.

– Pode tomar. – Respondeu e saiu do banheiro.


*


Anie ainda está dormindo. Eu e Lua já tomamos café da manhã. Estou na sala assistindo televisão e Lua está na cozinha conversando com as meninas. Bart está me fazendo companhia, deitado no chão, perto do sofá.


Lua quer almoçar fora, ainda não decidi onde vou levá-las. Pensei em irmos ao parque depois do almoço, Anie vai gostar de brincar. Depois voltaremos para casa. Lua parece disposta. Não voltou a falar sobre a viagem. Na verdade, nossa filha ainda não sabe que ela viajará amanhã à tarde. Talvez Lua conte ainda hoje.


– Arthur… – Ouvi Lua me chamar e logo ela apareceu na sala. – A Carla quer saber se você quer waffle. Ela testou uma massa nova, fora que o recheio está uma delícia.

– Obrigado, gatinha. Mas agora eu não quero, mais tarde eu provo. – Respondi.

– Sério? Pensei que fosse querer. Você ama waffle.

– Eu amo você. Gosto de waffle. – Falei e ela riu.

– Não dá para falar sério com você.

– Eu estou sendo super sincero. – Garanti e Lua se aproximou.

– Você está bem?

– Estou. Por quê?

– Você ficou chateado? – Ela me deu um beijo no pescoço.

– De maneira alguma. – Respondi e ela me encarou meio desconfiada. – Estou falando sério. – Afirmei.

– Você está quieto.

– Ora… – comecei a rir – Você reclama quando estou te irritando. Você tem que decidir.

– Você me entendeu. – Ela sentou na minha coxa. – É diferente.

– Não é nada diferente, Lua Blanco. Estou de boa aqui assistindo um programa na tevê. – Expliquei.

– E não quer waffle?

– No momento não.

– Isso é estranho. – Ela me deu um selinho. – Você já decidiu onde vai nos levar para almoçar? – mudou de assunto.

– Acho que prefiro fazer uma surpresa. – Falei.

– E depois?

– Podemos levar Anie ao parque, tenho certeza de que ela vai amar. E mais depois, voltaremos para casa.

– E?

– Faremos o que você quiser. – Falei mais baixo.

– Um banho de piscina. Nunca mais usamos a piscina, amor. – Disse bastante empolgada. – Gostei da ideia. – Sorri.

– Depois podemos fazer uma caminhada, o que você acha? Nem fomos ontem.

– Ontem você fez muita coisa, Luh.

– Verdade! Eu cheguei cansada. – Admitiu.

– Hoje você parece bem disposta. – Notei e Lua assentiu.

– Estou me sentindo bem.

– Quando você vai arrumar a mala?

– Hoje a noite ou amanhã de manhã. A viagem é às três e meia.

– Vai contar para a Anie quando?

– Só amanhã.

– Ela vai ficar chateada.

– Se eu contar hoje, vou acabar com o sábado dela.

– Sinto muito, mas hoje ela não dormirá com a gente. – Contei e Lua riu – E você também vai dizer não. – Avisei e ela encostou a testa na minha. – Eu amo a nossa filha, Luh… mas hoje, sinto muito. – Lua voltou a rir. – Você deve ter pensado o mesmo que eu, sua engraçadinha. Só não teve coragem de falar.

– Eu também amo a nossa filha, amor. – ela ainda está rindo. – Mas foi engraçado o jeito que você falou. – Me deu outro selinho. – Eu também quero dormir só com você.

– Eu não falei em dormir, amor. – Esclareci. Lua semicerrou os olhos.

– Ontem eu estava cansada…

– Por isso deixou Anie dormir com a gente? – Indaguei e ela assentiu.

– Se tivesse me falado, eu não teria insistido, você sabe. Mas você me fez criar expectativas.

– Então você ficou realmente chateado.

– Claro que não, Lua. Eu nem tenho mais idade para isso. – Respondi de maneira descontraída. – Sabe que se falar, a gente só faz o que você quiser. – Deixei claro outra vez. – Só precisa falar.

– Mas eu quero você… – Ela sussurrou no meu ouvido e desceu os beijos pelo meu pescoço.

– Eu sei que quer. – Apertei uma de suas coxas ao passo em que ela ia distribuindo os beijos pelo meu pescoço. – Mas se ainda sim hoje você quiser só dormir, é o que vamos fazer, Luh. – Falei. Lua roçou o nariz na minha bochecha.

– Mas não vou querer só dormir. – Contou.

– Vamos conversando… – Respondi e acabamos rindo. Lua tem mudado de humor com muita frequência. Então até à noite isso pode muito bem acontecer. – gestar um bebê não é nada fácil, querida. – Fiz carinho na barriga dela. – E você tem sido muito incrível. Tenho muito orgulho de você. – Falei sincero.

– Obrigada. Tem sido mais fácil porque eu tenho você, tenho o seu apoio. – Me disse também sincera. – E tem feito muito a diferença. Tem sido mais só nós dois e eu tenho amado isso, amor.

– Eu também, Luh. – Lhe dei um beijo nos lábios.

– Depois que eu voltar de viagem… – Ela se ajeitou em meu colo. – Eu vou procurar uma fisioterapeuta para começar a fazer os exercícios… não deixar para a última hora.

– Luh, você pensou em cesariana? Pensei que fosse tentar normal, meu amor.

– Ainda não decidi, Arthur. Vou conversar com a Eliza na consulta de sexta-feira.

– Não quero que pense que estou te pressionando, só quero saber mesmo. Vou te apoiar seja qual for a decisão. Não quero interferir, Luh. Sei que o bebê é nosso, mas essa questão do parto só você pode decidir. Você e a Eliza.

– Eu sei, Arthur. Obrigada por isso. – Ela fez carinho em meu rosto. – Só estou nervosa, um pouco nervosa.

– É normal, Luh. Mas eu tenho certeza de que dará tudo certo. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Você é capaz de fazer o que quiser.

– Você é o melhor marido do mundo.

– Sendo o melhor para você já me sinto feliz.

– Você viaja no domingo?

– Na sexta a noite, Luh. Temos show sábado, domingo e segunda. Mas não fica preocupada, vou com você à consulta.

– Volta quando?

– Na terça.

– Só?

– Sim. – Ela encostou a testa na minha.

– Vou dormir quatro noites sem você?

– Infelizmente, gatinha. – Lamentei. – Mas vou te ligar todos os dias e você também pode me ligar, sabe disso.

– Nosso bebê vai sentir a tua falta.

– E eu vou sentir falta dele. – Confessei e voltei a fazer carinho na barriga dela. – De você, da Anie, do Bart. – Acrescentei.

– Você vai estar aqui no dia da apresentação da Anie?

– Do balé?

– Dos dois. Da escola e do balé.

– Da escola sim, vai ser numa terça. Do balé eu não sei, Luh. Vai ser no sábado. Talvez eu esteja viajando. Será a primeira vez que perderei uma apresentação dela, não quero pensar nisso ainda. – Contei desanimado. Essa é a parte ruim das viagens. – Ela não vai querer entender. Vai ficar fazendo questionamentos.

– Vamos conversar com ela. – Lua garantiu. – Você não vai deixar de ser o melhor papai do mundo por isso.

– Espero, gatinha. – A olhei. Lua sorriu com carinho.

– Luh… – Ouvimos Carla chamá-la.

– Carla está esperando a tua resposta até agora. – Ri. Lua me deu um tapinha e logo se levantou do meu colo.

– Você que não quis. – Fez uma careta ao calçar a sandália. – Ela vai se sentir ofendida.

– Eu disse que vou querer depois.

– Você recusou uma receita nova de waffle, Aguiar.


Lua saiu falando até passar pela porta da cozinha. Comecei a rir.


Anie segue dormindo. Talvez esteja adivinhando que Lua vai viajar, está dormindo abraçada ao travesseiro da mãe e coberta com o lençol do lado que Lua se cobre.


Horas depois…


– Minha mamãe disse que vai ser surpesa, papai.

– Sim. Vou fazer uma surpresa para as minhas garotas. – Pisquei um olho.

– Me ajuda aqui. – Pediu ajuda com o sapato. Lua ainda está se arrumando. Anie já vestiu a roupa e agora quer calçar os sapatos. – Só não sei fazer esse laço ainda.

– Tudo bem, filha. Logo você  vai aprender. – Me abaixei para amarrar o cadarço do tênis dela.


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Amor, vem aqui. – Lua me chamou.

– Já vou. – Respondi.

– O que foi, mamãe? – Anie passou na minha frente e foi até o closet, onde Lua está.

– É o seu pai, filha. – Lua disse segurando o riso. Eu não consegui me segurar e comecei a rir.

– Eu sou o amor da sua mãe, querida. – Falei. Lua me encarou.

– Aah não, Arthur. Não vai começar! – Me pediu.

– Eu também sou, não é, mamãe?

– É claro que é, filha. Vocês dois são meus amores. O seu pai só quer implicar com você. – Disse e eu ri contra o pescoço dela. – Têm dias que você está impossível, Arthur. – Lua falou mais baixo. E eu pressionei um pouco o corpo contra o dela.

– Sente como encaixa direitinho? – Sussurrei. Anie tinha saído do quarto.

– Há uns doze anos, Arthur. – Respondeu e eu ri. – Engraçadinho… – Ela encolheu os ombros. – Dá um laço na parte de trás do meu vestido, por favor. – Me pediu. Me afastei, ainda rindo.

– Você está linda com esse vestido. – Deslizei a ponta dos dedos pelas costas dela até chegar ao laço. – Não sei se o meu laço será digno de tanta beleza e sensualidade.

– Hahaha… você não precisa exagerar tanto.

– Não é exagero. – Fiz o que ela havia me pedido. – Prontinho. Quer que eu também calce os seus sapatos?

– Você faria essa gentileza? – Me perguntou. O tom de voz era de sarcasmo, embora eu tenha falado sério, Lua pareceu duvidar.

– É claro que sim, meu amor. Já escolheu os sapatos? Eu faço o que a minha mulher mandar. – Falei baixo. Lua segurou o riso quando envolveu o meu pescoço com os braços.

– Não fala assim… você sabe que eu sou mandona mesmo sem essa liberdade. – Me disse no mesmo tom.

– Eu amo.

Arthur! – Ela riu. – Eu não sei viver sem você, sabia? – Roçou os lábios nos meus.

– Então somos dois. – A beijei.


Eu não mudaria nada do que já aconteceu na minha vida para chegar a esse momento que estou vivendo agora com Lua. Tudo serviu para nos fortalecer como casal. Se não fosse para ser, não teríamos reatado e não estaríamos à espera de mais um bebê, mais um fruto do nosso amor. Ele ainda nem nasceu e já tem nos mudado e ressignificado tanta coisa. E eu tenho ainda mais certeza de que ele continuará nos mudando para melhor.


Cessamos o beijo e eu me afastei um pouco.


– Já escolheu os sapatos? – Repeti a pergunta.

– Sim. Esse azul. – Ela apontou para o par de sapatos em frente às gavetas do closet.

– Que chique! – Elogiei. – Você está linda demais, Luh. – Completei. – Nem sei mais quais adjetivos usar. – Confessei em seguida.

– Obrigada, amor. Você não me deixa ter problemas de autoestima. – Disse e nós dois acabamos rindo.

– Que bom, meu amor. – Falei ainda rindo. – Prontinho. – Me levantei.

– Obrigada. – Lua me deu um selinho.


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– Só vou pentear os cabelos e fazer uma maquiagem, tudo muito rápido, prometo.

– Tudo bem. O tempo que você precisar. – Dei uma piscadela.

– Diz isso para a tua filha. – Ela olhou para trás, Anie acabou de entrar no closet.

– Eu já estou com fome. – Avisou.

– A mamãe já está quase terminando, filha. – Lua respondeu e pegou a escova para pentear os cabelos.

– Você já escolheu o que vai querer almoçar?

– Ainda não, papai. O senhor nem disse onde a gente vai. – Me lembrou.

– Uhm… verdade. Ainda é surpresa, meu amor. O papai quer surpreender as garotas dele. – Peguei a pequena no colo. – A cada dia que passa, você fica ainda mais linda, sabia? Igual a sua mamãe. – Lhe dei um beijo demorado na bochecha.

– Obligada, papai. Mas a minha mãe é muito mais linda. – A pequena respondeu e eu sorri. Lua encarou emocionada a nossa filha.

– Ooh, amor… você vai fazer a mamãe chorar. – Confessou. – Você é a neném mais linda e gentil que eu conheço. – Ela acariciou o rosto da nossa filha. – Eu te amo tanto, filha.

– Eu te amo mais, mamãe. – Anie se inclinou um pouco para a frente e depositou um beijo carinhoso na testa da mãe.

– Eu vou chorar, Arthur… – Lua me olhou. Se ela, ultimamente, está chorando por qualquer coisa, imagina com uma declaração da nossa filha? Me aproximei dela.

– Mas Anie não mentiu. Você é a mamãe mais linda que nós conhecemos. E nós te amamos muito, você sabe disso, baby. – A abracei porque ela começou a chorar.

– Mamãe, você não gostou? Não precisa chorar… – Anie fez carinho nos cabelos da mãe.

– A sua mamãe amou, filha. Ela só está emotiva. Está tudo bem. – Afirmei. – Não se preocupe. – Continue abraçando as duas.

– Mamãe… o bebê também vai ser gentil e a senhola vai amar muito ele.

– Filha, sua mamãe está elogiando você e não o bebê. Você também merece elogios. – Lhe dei um beijo na bochecha.


Algumas vezes Anie tem se referido ao bebê como se ele fosse o nosso filho preferido, e as coisas que ela faz não tem importância para a gente. E sempre que ouvimos isso dela tentamos lembrá-la de que ela é tão importante quanto o irmão.


– A mamãe ama você, filha. – Lua lhe deu um beijo carinhoso. – O papai tem toda razão, você merece elogios porque você é uma criança maravilhosa. A mamãe tem muito orgulho de você, de ser a sua mãe.

– Sabia que só às vezes é que eu tenho um pouquinho – ela mediu com os dedinhos – de ciúmes do bebê?

– A mamãe sabe, filha. E tudo bem, é normal você ter esse sentimento. Embora, eu prefira, e o seu pai também, que você entenda que nós dois amamos e amaremos vocês dois igualmente. Anie, não tem como amarmos mais um do que o outro.

– Não tem mesmo. – Afirmei. – Vocês dois são a nossa vida. Tudo de mais importante que temos. E será sempre assim.

– De verdade? – A pequena nos perguntou.

– Sim, meu amor. – Lua lhe deu um beijo carinhoso na bochecha.

– Com toda a certeza. – Sorri e também lhe dei um beijo. – Que tal agora deixarmos a mamãe terminar de se arrumar? Senão, vamos demorar ainda mais. – Pisquei um olho e Anie concordou. Saímos do abraço. Coloquei Anie no chão e saímos do quarto. Lua ficou terminando de se arrumar.


Um tempo depois | Restaurante


– Papai, a gente ainda não tinha vindo aqui. – Anie disse ao observar o lugar.

– Não. É um restaurante novo, filha. Inaugurou faz pouco tempo. – Expliquei enquanto caminhávamos à procura de uma mesa.

– A senhola já conhecia, mamãe?

– Não, meu amor. – Lua respondeu.

– Olha, – apontou para o espaço kids mais a frente – tem parquinho para as crianças, papai. Eu posso ir brincar? – Ela me olhou com o olhar mais pidão do mundo.

– Só depois que você terminar de almoçar. – Respondi.

– Mas papai, depois as outas crianças podem ir embora.

– E podem chegar outras. – Esclareci e chegamos a uma mesa desocupada. – O que você acha desse lugar, Luh?

– Pode ser. Parece ser mais tranquilo. – Respondeu enquanto olhava ao redor. Puxei uma das cadeiras para ela sentar. – Obrigada. – Sorriu e eu fiz o mesmo.

– Então que holas que vamos fazer o pedido?

– Ei, calma. Ninguém aqui está com pressa. – Falei e chamei o garçom. – Senta direito, filha. Onde você aprendeu a sentar com os joelhos na cadeira? – Indaguei e Anie sentou-se direito na cadeira.

– Mamãe, eu só quelia brincar… – Sim. Ela apelou para o drama.

– Mas você vai poder brincar, filha… depois de almoçar. – Lua acariciou-lhe o rosto.

– Boa tarde. Sejam bem-vindos! – O garçom nos disse e entregou o cardápio.

– Boa tarde! – Eu e Lua respondemos juntos.

– Fiquem à vontade.

– Obrigada. – Agradecemos e ele se retirou.

– O que você vai escolher, amor? – perguntei depois de alguns segundos, Lua já está folheando o cardápio.

– Tem bastante opção de peixe, Arthur. Acho que vou escolher peixe ao molho… – Respondeu ainda na dúvida. – Não quero comer nada que não esteja acostumada. – Completou. E eu entendo. Por conta da gravidez, Lua acaba passando mal ao comer pratos diferentes.

– E você, neném? – Perguntei para a Anie, que olhava o cardápio junto com a mãe.

– Ainda não decidi.

– Peixe ao molho tártaro e ervilhas, Arthur. – Lua decidiu. – E você, amor? Vamos escolher o seu?

– Sim, mamãe.

– Olha, tem bife com batata e purê de ervilha, que tal? É uma comida que você gosta, filha.

– Pode ser esse então, mamãe. – A pequena concordou. – E suco, mamãe.

– Sim. Vou escolher, filha. E você, Arthur?

– Vou pedir esse filé com patê, arroz e creme de ervilha, Luh. Parece ser bom. – Respondi. – Vão querer suco de qual saber?

– Eu quelo de molango com amola.

– E eu vou querer de uva.


Decidimos os nossos pedidos e eu chamei o garçom. Ele anotou os pedidos e saiu.


– Mamãe, eu posso brincar até a comida chegar?

– Não. Eu e o seu pai já falamos que só depois que você almoçar. Não tem acordo, dona Anie. – Lua deixou bem claro.

– Ainda vai demolar um monte. – A pequena reclamou.

– Só alguns minutos. – Lua pontuou.

– Vai passar bem rapidinho. – Acrescentei. Anie não disse nada, ficou apenas observando as outras crianças brincarem na área kids.

– O que você acha de nos contar sobre o que está achando dos ensaios das suas próximas apresentações? – Lua mudou de assunto.

– Da escola e do balé? De Halloween?

– Sim, filha.

– Legal, mamãe. Porque eu já sei todos os passos e são duas apresentações difelentes. Sabia que do balé é que é mais compicada?

– Você achou ela mais complicada?

– Sim, mamãe. Demolou mais pra eu aprender. Mamãe, da minha escola vai ser no dia do Halloween?

– Isso, filha. Dia trinta e um.

– A senhola e o meu papai vão?

– Claro que sim, meu amor. Nós estaremos lá. – Lua garantiu e Anie abriu um lindo sorriso.

– Eu vou ficar mais feliz.

– Oown… meu amor. – Lua a abraçou.

– E do balé também?

– Sim, Anie. – Lua afirmou mesmo sabendo que talvez eu não esteja presente. Anie nem sonha com essa possibilidade.

– Eu ainda nem vi a minha roupa do balé.

– Mas o seu pai já encomendou. – Lua me olhou e eu assenti.

– Sua professora mostrou, filha, não lembra? Ela mostrou as opções de fantasias para os pais e responsáveis que estavam presentes.

– Mas eu não escolhi, papai.

– Não foi escolha, filha. Foi sorteio. – A lembrei.

– O senhor lemba qual é?

– É de pirata, Anie. Tinham outras opções como vampiro, esqueleto, bruxa e abóbora.

– Sim. Sua professora enviou no grupo para os outros papais e mamães que não estavam presentes no dia.

– A senhola gostou?

– Sim. Eu achei diferente. Você vai ficar muito linda.

– Mas mamãe, é de Halloween. É de assustar! – A pequena lembrou. Eu ri. Lua também não conseguiu se conter.

– Tudo bem, tudo bem. Uma pirata muuuuuitooo assustadooooraaaa… – Lua respondeu, fazendo tanto eu quanto Anie rir.

– Por que no balé a gente nunca pode escolher a nossa roupa e é sempre sorteio? – Questionou.

– Porque vocês são crianças. Ainda não têm todo esse poder de escolha. Além do mais, vocês estão em uma escola e quem manda lá é a coordenação e os professores. Se eles decidem que será sorteio, temos que aceitar, pois é uma das regras da escola. Entendeu? – Expliquei.

– Então por que na minha outa escola eu posso escolher?

– Porque as regras da outra escola não são as mesmas da escola de balé. Na ACS Hillingdon as fantasias de Halloween são  livres, cada aluno pode ir fantasiado do que quiser e brincar à vontade. Na escola de balé, cada turma fará uma apresentação, por isso cada professora escolheu as fantasias e fez o sorteio.

– Aaaah… agola eu entendi mais um pouco, papai. – A pequena sorriu e me jogou um beijo, que eu também retribui.

– Amo você, minha coisa linda!


*


– Você acha que vamos conseguir caminhar à noite? – Lua me perguntou depois de comer um pouco da sobremesa. Anie está brincando há alguns minutos na área kids do restaurante. Estamos de olho nela.

– Hoje? – Indaguei e ela assentiu. – Se você estiver com disposição, querida. – Respondi. – Por quê? Já está cansada?

Uhm… não. Mas temos planos de curtir o restante da tarde na piscina, lembra?

– Sim. Mas se você estiver cansada, faremos isso amanhã. Você quem decide. – Esclareci.

– Estou um pouco sedentária. – Comentou.

– Você está grávida, Luh. É diferente. – Pontuei. Não que ela seja a pessoa mais ativa no que diz respeito à atividade física.

– Arthur, eu só estou fazendo uma singela caminhada.

– Mas você está fazendo. Você não pode se cobrar tanto, se é algo que você não tem costume de fazer. Ainda mais agora que está grávida. – Lembrei. – Esforço em excesso nunca é bom. – Completei. – Isso está te incomodando?

– Talvez eu esteja achando que estou um pouco acomodada. E que isso pode me prejudicar lá na frente, na hora do parto.

– Pensar assim só vai te deixar preocupada e ansiosa, eu te conheço. Relaxa. Faremos o que você conseguir fazer e sob supervisão médica. – Lembrei e toquei seu queixo com a ponta dos dedos. – Não tem porque correr, meu amor. – Lhe dei um selinho. – Você ainda tem alguns meses, dará certo. – Afirmei.

– Tem que dar certo, Arthur. – Me disse. – Vou me esforçar.

– Você já tem feito isso, amor. – Sorri com carinho. – Você já pensou se vai fazer hidroginástica na piscina de casa ou em um local específico?

– Acredito que na piscina de casa. Parece que assim será mais fácil. O que você acha?

– Em casa é mais fácil porque você não precisará se deslocar e se cansar ainda mais indo a outro lugar.

– Sim, penso exatamente dessa forma. Só vou pesquisar algum profissional que tenha disponibilidade para os dias que estou pretendendo fazer…

– E quais são os dias?

– Ao menos umas três vezes na semana, mas não quero fazer nada aos finais de semana. – Esclareceu. – Pode ser segunda, terça e sexta, por exemplo.

– Gostaria de estar com você. Mas esses dias são tão complicados para mim, Luh. Ainda mais com o início dos shows.

– Eu entendo, Arthur. Então você pode escolher um dia para me acompanhar. – Sorriu.

– Quarta ou quinta-feira, Luh. São os dias que eu posso te dar mais certeza. – Garanti.

– Então eu posso escolher as segundas, quartas e sextas-feiras. O que você acha? Nos outros dias que, eventualmente, você estiver em casa, nós podemos continuar com as nossas caminhadas, como já fazemos.

– Pode ser muito, meu amor. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Na reta final estarei todos os dias com você.


Conversamos por mais alguns minutos até Anie voltar para a nossa mesa. Chamei o garçom para pagar a conta e saímos do restaurante.


Em casa.


– Você vai nos acompanhar na piscina?

– Claro que vou, Luh. – Sorri.


Já chegamos em casa há alguns minutos. Anie está brincando com Bart, mas não esqueceu que prometemos a ela que hoje usaremos a piscina.


– Isso claro, se você quiser a minha companhia. – Acrescentei.

– É claro que eu quero, amor. – Lua se aproximou de mim e me abraçou. Depositei vários beijos em seu ombro. – Quero aproveitar cada segundo com você. – Completou.

Uuuhm… não quero lembrar que você viajará amanhã. – Lamentei. Porque vou sentir muita falta e ela sabe disso.

– Será só a tarde, Arthur. Ainda podemos aproveitar a manhã inteira. – Sussurrou em meu ouvido antes de me beijar nos lábios. – Só nós dois. – Prometeu.

– Vou cobrar. – Deixei bem claro e acabamos rindo.

–  Vamos subir. Preciso colocar um biquíni. – Lembrou.

– Vai chamar a Anie? – Perguntei.

– Ela está entretida demais brincando com o Bart. Eu acho que só contarei para ela da viagem amanhã mesmo. – Contou.

– Ela vai ficar chateada. – Lembrei. – Você a conhece. É uma mini você e você nem pode reclamar. – Falei enquanto subíamos a escada.

– Eu sei, Arthur. Mas se eu contar hoje, ela vai ficar triste desde agora. – Chegamos ao quarto. Me sentei na cama e Lua caminhou para o closet. – Agora… – Voltou a falar e em seguida deu uma pausa. Fiquei aguardando que ela completasse, mas acabei me levantando da cama e indo atrás dela.

– Agora o que, amor? – Perguntei entrando no closet.

– Eu não tenho nenhum biquíni maior. – Respondeu.

– Bom, se te conforta, não terá ninguém além de nós três naquela piscina, Luh. – Ergui uma das sobrancelhas.

– Eu sei, mas e se nenhum biquíni entrar em mim?

– Luh, isso é impossível. – Ri. Ela engordou, mas não tanto quanto está pensando. E eu não quero tocar nessa pauta.

– Eu engordei.

– Você está grávida. – Pontuei. – E não é errado o meu garotinho querer aparecer. – Acariciei a barriga dela por cima do vestido.

– Inclusive – ressaltou –, estou achando ele bastante exibido. – Olhou para a própria barriga.

– Hahaha… eu também tenho notado. – Confessei.

– Mais ainda depois que contamos a mais pessoas.

– Isso ele não puxou de mim.

– E nem de mim. – Disse e rimos.

– Eu amo vocês. Amo tanto. – Declarei e dei um beijo em sua barriga, depois em seus lábios. Nos afastamos e Lua voltou a procurar um biquíni. – Sabe, por mim, ficaríamos por aqui mesmo. – Comentei enquanto a observava. Ela riu, mas não me olhou.

– Não, nada disso. Você prometeu que usaríamos a piscina. – Me lembrou.

– Ainda podemos usar. – Pontuei.

– O que você acha desse? – Me mostrou um biquíni vermelho.

– Vai ficar lindo em você, querida. – Afirmei.

– Vamos ver. – Ela me encarou com a cara mais cínica possível.

– Hahahaha… depois você diz que eu que sou demais, não é mesmo? Mas é você quem fica me provocando.

– Eu não estou fazendo naaadaaaa… – Ela riu alto ao tirar o vestido e depois jogar em minha direção.

– Sonsa demaaaaaiiis…

– Ei, é você quem leva tudo para esse lado.

– Eu? Que lado? Para bom entendedor, meia palavra basta, Lua Blanco. – Deixei claro. Ela riu mais ainda. Tirou o sutiã e vestiu a parte de cima do biquíni e depois trocou a parte de baixo.

– E então?

– Linda, linda, linda! – Elogiei.

Uuuhmm… – Ela veio em minha direção para me abraçar, mas um pequeno ser, saltitante e falante, entrou no quarto.

– Por que vocês não me chamaram? Sabia que eu fiquei esperando até agola?

– Oh, querida… você estava brincando com o Bart. – Lua se afastou e voltou a procurar alguma coisa no closet.

– Mas mesmo assim, mamãe… mesmo assim a senhola podia ter me chamado. – Anie se aproximou da mãe e eu ri, deixando elas duas no closet. – A senhora já está arrumada?

– Quase. Só falta eu achar uma saída. – Lua explicou.

– Então tá bom. Eu vou espelar a senhola. Eu posso escolher o meu biquíni de celejinhas?

– Claro que pode, filha.

– Então tá… paaapaaaiii… – Começou a me chamar. – Paaapaaaaiiiii… – Passou correndo pela porta do closet. – Paapaiizinhooo… – Ela veio em minha direção. Voltei a rir e a puxei para o meu colo.

– O que foi, meu amor? – Perguntei dando um cheiro na bochecha dela. – O que a minha garotinha quer? – Acrescentei e ela riu jogando a cabeça para trás.

– Eu te amo, meu cheilinho. – Disse ao me abraçar. A abracei de volta.

– Eu também te amo, minha princesa.

– E o que você dois estão nesse chamego todo? – Lua voltou para o quarto e se aproximou de nós dois, mas não sentou-se na cama.

– É que eu sou a princesa do meu papai. – Anie respondeu.

– Ai, meu Deus, que princesa mimada. – Lua riu.

– Depois eu que sou o implicante. – Lembrei. Ela continuou rindo. – E a sua mãe é uma ciumenta.

– A tá. – Retrucou, mas sabe que é verdade.

– Eu só quelia dizer que amo o meu cheilinho. – A pequena disse e eu me derreti todo. Amo demais essa pequena. Abracei ela novamente e deitei na cama. Lua sentou-se do lado.

– Amor da minha vida! – Falei dando-lhe vários beijos na bochecha.

– Só eu, papai. – Anie me abraçou mais forte e sei que é para fazer ciúmes em Lua.

– É claro que sim, meu amor. – Arthur assegurou. Lua riu.

– É claro que sim, Arthur Aguiar? – Lua questionou me dando um tapa na coxa.

– Hahahahaha… sua mamãe está com ciúmes, pequena.

– Do meu cheilinho. – Anie continuou e eu ri. Porque ela sabe ser implicante igual eu.

– Vocês começam e depois os dois vêm atrás de mim porque não sabem fazer nada sozinhos. – Lua disse e levantou-se da cama. Eu e Anie rimos.

– Volta aqui, gatinha. – Chamei ela, mas Lua não me deu ouvidos.

– Maaamãããee… – Anie saiu do abraço e desceu da cama, indo atrás da Lua, fazer exatamente o que ela tinha acabado de nos dizer. Fui atrás delas. – A senhola disse que ia me ajudar com o meu biquíni de celejinhas…

– Mas não era você que estava com o seu cheirinho preferido? Peça a ele. – Lua respondeu.

– Lua Blanco, você sempre me fez acreditar que é a mais madura de nós dois. – Falei quando entramos no quarto da pequena.

– E sou.

– Não é o que está parecendo, baby. – Fiquei encostado na porta do quarto. 

– Me ajuda? – Anie perguntou novamente.

– Estou aqui. – Lua respondeu.

– A senhola está chateada? – Anie parou e encarou a mãe.

– Não, filha. – Lua respondeu. – Escolha o biquíni. – Pediu.

– Então por que o meu papai acha?

– Pergunte a ele. – Lua disse e me olhou.

– Por que, papai? – Agora a pequena me olhou.

– Estou brincando, filha. – Respondi e me aproximei das duas. – Sua mamãe sabe disso, meu amor. É por isso que ela não está chateada. – Expliquei.

– Está vendo? Seu pai só gosta de me irritar mesmo. – Respondeu e eu a abracei.

– É porque eu te amo, gatinha. – Lhe dei um beijo na bochecha.

Uuuhm… sei… – Ela retrucou, ri.

– É claro que sabe. Mas posso te provar ainda mais daqui a pouco. – Sussurrei e me afastei.

– Em que sentido? – Lua me encarou.

– No que eu falei e no que você entendeu. – Pisquei um olho.

– E são diferentes?

– Não. Vou provar do mesmo jeito.

– Você está seguro demais. Vem, Anie… – Lua chamou a pequena, que já tinha começado a vestir o biquíni.

– Papai?

– Sim, filha. – A olhei.

– Meninos não podem ver meninas assim… – Olhei para Lua que também cruzou o olhar com o meu.

– Você tem razão. – Concordei. – Quer que eu saia? – Perguntei.

– Mas você é o meu papai.

– Sim, filha. Mas se você estiver se sentindo incomodada, eu posso sair. Não tem problema nenhum.

– Mas o senhor vai ficar chateado?

– Não, meu amor. – Me aproximei dela e segurei o seu rosto entre as mãos. – Está tudo bem. – Lhe dei um beijo na testa. – Eu vou esperar vocês duas lá embaixo. – Falei e saí do quarto.


Pov Lua


Anie sempre foi uma criança muito questionadora, mas ultimamente ela tem se superado e nos surpreendido ainda mais.


– O meu papai vai ficar chateado?

– Não, filha. – Terminei de amarrar a parte de trás do biquíni dela. – Ele te disse. Seu pai é um cara super compreensivo. – Assegurei.

– O que é compreensivo, mamãe?

– É uma qualidade de entender o outro, e isso nos ajuda nas nossas relações, como por exemplo: na relação de vocês de pai e filha ou na minha relação com ele de marido e mulher.

– Entendi. Mas mesmo assim o meu papai ainda é menino.

– Certo. O seu pai é homem e você é menina.

– A senhola também é menina.

– Sim, mas ele é meu marido. Então não tem nada de errado em ele me ver trocar de roupa, por exemplo.

– Porque a senhora é adulta…

– Não. É porque eu confio no seu pai e nós dois temos uma relação. É diferente. Outro homem não pode me ver trocar de roupa. Assim como também não pode ver você. O seu pai pode te ajudar quando você precisar, porque nós confiamos nele e sabemos que ele não te fará nenhum mal.

– Então o meu papai também não vai fazer mal a ninguém, ele pode ver outras pessoas…

– Não, filha. – Ri de nervoso. – Não pode. Nem ver outras pessoas e nem outras mulheres trocarem de roupas. Porque é errado. A pessoa tem que confiar na outra. Não é assim que as coisas funcionam. Acima de tudo tem que haver respeito. Apesar do seu pai ser um homem muito respeitoso, ele é casado comigo e não com outras mulheres. – Tentei deixar o mais claro possível. Anie riu. Fiquei confusa.

– A senhola tem ciúmes do meu papai…

– Hahaha… aaah sua engraçadinha, é claro que eu tenho. Ele é o meu marido. – Disse apertando levemente a ponta do nariz dela. Anie realmente não nega que é filha do Arthur, principalmente pelas graças que diz e faz.

– Eu vou contar para o meu papai… – Ela ainda ri.

– Vaaai naaadaaa… – comecei a fazer cócegas nela.

– Meu papai vai rir também.

– Ele vai gostar, vai se achar. – Respondi e me levantei da cama, Anie saiu andando na minha frente, saímos do quarto. – Só não vale correr, filha. – Avisei.

Paaaapaaaaiiiiii… – Ela saiu gritando por ele. – Cadê você?

– Aqui na sala, princesa. – Ele respondeu e riu. – Que gracinha.

– De celejinhas. – Ela disse correndo na direção dele.

– Uma cerejinha muito esperta. – Ele a pegou no colo. – O que vocês duas estavam aprontando, hein? Só ouvi risadas daqui… – Ele também fez cócegas nela e depois me olhou.

– Minha mamãe tem ciúmes de você! – Ela exclamou enquanto ria e tentava, em vão, se desviar das cócegas dele. – Paaaaraaa, paaapaaii… – A risada dela é o som mais gostoso e contagiante que eu já ouvi.

– Sua mamãe? Você tem certeza? – Arthur insistiu, ainda fazendo cócegas, e depois me olhou. – Eu acho que não acredito nisso.

Aaaii… aaii… é verdade. É verdade, papai!

– Para, amor! Ela já está ficando vermelha. – Dei um tapa no braço dele. Arthur riu mais alto e abraçou a nossa filha.

– Como você descobriu isso? – Perguntou fingindo que não sabia de nada.

– Minha mamãe me contou.

– Ai, meu Deus! – Arthur fingiu incredulidade. Revirei os olhos, mas nenhum dos dois viu. – E o que eu fiz para a sua mamãe sentir ciúmes de mim, hein? Hein?

– Você não pode ver outas mulheles tocalem de roupas, papai.

– Em que momento eu vi outras mulheres trocando de roupa, filha? – Ele ainda ri.

– Não pode, papai.

– Eu sei que não pode, filha. – Ele lhe deu um beijo na testa. – E eu nunca fiz isso. Lua? – Arthur me olhou.

– Não sei de onde ela tirou essa história, Aguiar. – Dei de ombros. – Vai ver ela viu algo que eu não vi. – Não perdi a oportunidade. Ele riu.

– Realmente você é ciumenta. – Ele se levantou com Anie no colo. – De onde a senhorita tirou essa história, hein? – Se voltou para a nossa filha.

– Da minha cabeça. – Ela respondeu toda orgulhosa. Ri.

– Vocês, mulheres, têm uma imaginação muito fértil. E você ainda é uma criança. – Pontuou incrédulo.

– O senhor é marido da minha mamãe.

– Como eu posso esquecer? – Perguntou enquanto andava em direção à cozinha, com a nossa filha no colo. Anie segue rindo.

– E é o meu papai.

– Você tem feito um ótimo trabalho, Blanco. – Disse sem me olhar.

– Modéstia a parte, eu tenho mesmo. – Dei dois tapinhas nas costas dele.

– Que risada gostosa! – Carla comentou e também riu. – Vai tomar banho de piscina?

– Sim. Com a minha mamãe e o meu papai. E o Bart também… vem, Baaarttt… – Ela chamou o cachorro que começou a latir.

– O Bart não entrará na piscina, filha. – Tratei logo de cortar a ideia dela.

– Por que?

– Porque não, Anie. Ele já tomou banho essa semana. – Arthur respondeu.

– Mas eu também já tomei banho.

– Mas você é uma humana muito sapeca. – Arthur disse divertido. Anie e eu rimos.

– O Bart também é sapeca.

– Ele é um animalzinho muito sapeca mesmo. Para ser seu, só podia ser assim. – Pincelou o nariz da nossa filha com a ponta de um dos dedos.

– Mamãe, a gente vai pular na piscina.

– Filha, eu não posso pular na piscina. Mas vamos nos divertir muito. – Expliquei.

– Por que?

– Porque estou grávida, amor.

– A mamãe tem que tomar cuidado com algumas coisas, princesa. – Arthur acrescentou.

– Vai machucar o bebê?

– Não, filha. Não vai machucar. – Me apressei em dizer. – Mas a mamãe tem que tomar cuidado. Não só a mamãe, mas qualquer mulher grávida, entende?

– Entendi, mamãe. Mas você pode, papai?

– O papai pode, meu amor. Vamos pular agora?

– Cuidado, amor. – Pedi.

– Pode deixar, gatinha. – Ele sorriu e me jogou um beijo no ar.


Arthur correu com Anie nos braços para pularem na piscina.


Ouvi os gritinhos dela assim que eles emergiram na água.


– Vem, mamãe! – A pequena me chamou. Sorri e andei até a escada.

– Já estou indo. – Respondi.

– O Bart não pode mesmo, papai?

– Não, filha. Eu já expliquei. – Ele lhe deu um beijo na bochecha. – Vamos pegar a mamãe. – Acrescentou.

– A gente pode apostar uma corrida de nadar… – A pequena sugeriu como se soubesse nadar.

– Uma competição, neném?

– É! De dupla. Eu e você, e a minha mamãe e o bebê.

– Muito justo. – Arthur disse ao me olhar. – Dois sabem nadar e dois não sabem. – Riu e eu o acompanhei. Entrei na piscina e Arthur me puxou pela cintura. – Minhas garotas. – Deu um beijo na bochecha da nossa filha e me deu um selinho. – Aceita essa competição, Lua Blanco?

– É claro. Só não pode me deixar ganhar. – Sussurrei.

– Hahaha… você sabe que eu não faria isso, Luh.

– Eu sei que faria sim. E estou grávida!

– Tudo bem, sem privilégios para a minha esposa grávida. – Piscou um olho.

– Engraçadinho. – Lhe dei um empurrãozinho de leve.

– Vamos?

– Vamos!

– Nós vamos ganhar, papai! – Anie exclamou animadíssima.


*


Óbvio que Arthur e Anie ganharam a competição na piscina. E eu realmente só constatei que estou muito sedentária. Me senti tão cansada, que resolvi me sentar em um dos degraus da escada da piscina.


Eles dois continuam se divertindo e mergulhando. Bart está correndo de um lado para o outro na borda da piscina e não para de latir.


Agora Anie está com uma boia, já que não sabe nadar e assim ficamos mais tranquilos.


Arthur me olhou e sorriu, retribui o sorriso e ele nadou até mim.


– Tudo bem, gatinha?

– Sim.

– Mesmo? Cansou? Eu não te conheci assim, Lua Blanco. – Sorriu e acariciou a minha barriga antes de depositar vários beijos. Passei as pontas dos dedos entre os cabelos dele.

– Eu também não me conheci assim… – Respondi baixo. Arthur subiu os beijos até o meu pescoço.

– Eu amo você, Lua. – Sussurrou. Sorri, embora tivesse sentido vontade de chorar. Os meus hormônios estão tão confusos. Arthur segurou o meu queixo e me beijou. Retribui o beijo. – Meu garotinho está mexendo tanto. – Ele riu.

– Demais. – Concordei. – Mais ainda quando você está por perto. – Voltei a dizer. – Nossos filhos têm sorte, Arthur. – Comentei. Arthur ergueu a cabeça para me olhar.

– Eu que tenho sorte, meu amor. Dois filhos perfeitos com a mulher da minha vida. – Ele sorriu e eu quis chorar outra vez. – Você está emotiva… – notou.

– Só um pouco. – Tive que concordar.

– Está pensando na viagem?

Ai, Arthur… eu vou sentir tanta saudade de você, da nossa filha, da nossa rotina. Eu sei que são poucos dias, mas são as melhores partes do meu dia… vocês… – Confessei. Arthur ficou me olhando com tanto amor. – Eu vou chorar…

– Não. Vem aqui… – Ele me abraçou. – Eu também vou sentir saudades de você e desse neném ciumento. – Disse ao acariciar a minha barriga. Ravi não para de chutar. – Vocês também são as melhores partes do meu dia. Vou contar os segundo até quinta-feira, pode ter certeza, loira.

– Ainda nem sei como vou contar à Anie…

– Amanhã pensamos nisso. Fica tranquila. – Me pediu e me beijou novamente.

– Ela está se divertindo tanto. – Comentei ao observá-la jogar água para todos os lados. Bart ainda está correndo na borda da piscina.

– Sim. Ela ama essa bagunça toda. Sabe, Luh, não voltamos mais a falar sobre as aulas de natação, lembra?

– Verdade. Podemos ver essa semana, quando eu voltar de viagem. Temos até sexta-feira.

– Pode ser, Luh.

– Ela vai amar. – Sorri. – Mas temos que ver os horários, para ela não se sentir tão cansada. Precisa brincar também. Tem as aulas, as atividades da escola e as aulas de balé.

– Você tem razão, amor. Podemos até optarmos por ela fazer aqui em casa as aulas de natação. Embora eu ache importante ela interagir com outras crianças.

– Eu prefiro que seja em um ambiente que ela interaja com outras crianças. Mas se ficar uma rotina muito puxada, pode ser aqui em casa mesmo.

– Paaapaaaaiiiii… – Anie veio até nós. – Vamos brincar de mergulhar! Vamos também, mamãe?

– Ooh, meu amor… se você quiser brincar de bola, a mamãe até topa. Mas mergulho não.

– A mamãe está cansada, querida. – Arthur explicou.

– Vamos brincar de bola então. Nós três! – Disse animada e jogou a bola para o pai.


Ficamos brincando por um bom tempo de bola na piscina. Os gritinhos de Anie são estridentes e animados demais. Até Bart está feliz. Se ele pudesse entrar na piscina, aí sim a bagunça estaria completa.


– Agola… – Ela deixou a bola na piscina e se jogou no colo do Arthur. – papai, eu cansei. – Sim, essa garota é muito mimada. Ri.

– Minha princesa cansou? – Arthur a pegou no colo, como um bebê, e lhe deu um beijo demorado na bochecha. – Está com sono?

– Só um pouco, papai.

– Então vamos entrar. Você precisa tomar um banho e comer alguma coisa antes de dormir, meu anjo. – Lhe deu um beijo na testa.

– Tá bom. – Anie concordou.

– Vou colocar você sentadinha aqui… – ele levantou-se da piscina e andou até a borda para colocar Anie sentada. – E vou ajudar a sua mamãe a sair da piscina, tá? Depois tiro você.

– Papai, mas eu posso ir sozinha… – Ela apoiou as mãozinhas na borda da piscina e se levantou.

– Então temos uma mocinha. – Arthur sorriu para a nossa filha e depois me olhou. – Vou ajudar a minha esposa. – Me jogou um beijo. – Ou você prefere sair sozinha?

– Para não te deixar triste, eu vou aceitar a ajuda.

– Aaah… que engraçadinha! – Ele me abraçou por trás. Anie já tinha saído correndo junto com Bart para dentro de casa. – Você está linda, sabia?

– Você tem deixado a minha autoestima elevadíssima. – Confessei.

– Isso é maravilhoso, minha loira. – Me deu um beijo na bochecha.


Arthur me ajudou a sair da piscina. Disse que tem medo que eu escorregue e assim fomos de mãos dadas até a entrada da cozinha, mesmo eu dizendo que isso não ia acontecer.


– Cadê a dona Anie? – Arthur perguntou assim que adentramos à cozinha.

– Subiu com a Carol. Disse que ia tomar banho.

– Tudo bem.

– Vocês jantarão logo depois do banho? – Carla nos perguntou.

– Eu não. – Respondi. – Você sim, amor?

– Não. A não ser que Anie queira.

– Ouviu, Carla? Se a Anie quiser. – Provoquei. Eles riram.

– Você está muito ciumenta, Lua Blanco! – Ele comentou alto enquanto ia andando na minha frente. – Cuidado com o Bart ao subir a escada. – Me avisou. Ri, mas me atentei ao que ele me alertou.


Passei pelo quarto da Anie e a ouvi tagarelar enquanto tomava banho com a ajuda da Carol.


– Sua filha, não nega. Ela só fica em silêncio quando está dormindo. – Ele abriu a porta do quarto para que eu entrasse.

– Ou quando está brigada com você. – Ironizei. Ele riu alto.

– Também, igual a você ou vai negar?

– Minha filha, não é o que você sempre faz questão de dizer? – O olhei enquanto desamarrava a parte de cima do biquíni.

– Vai me provocar mesmo?

– Não estou fazendo nada de mais. – Dei de ombros e segui para o banheiro.

– Quer a minha companhia?

– Você já foi mais esperto, Aguiar. – Respondi e senti ele me seguir rumo ao banheiro.

– Eu estou apenas respeitando as vontades da minha esposa.

– Você é um lindo! – Me virei e Arthur estava bem próximo a mim. O abracei, o envolvendo pelo pescoço. Arthur me deu vários selinhos.

– Minha garota… – Começou e tirou alguns fios de cabelos que caiam em meu rosto. – Eu amo tanto você. E eu amo mais ainda… – abaixou a voz. – quando me provoca. – Sussurrou. Sorri enquanto ele me beija.

– Eu amo provocar você…

– Só porque eu caio em todas. – Riu com os lábios colados nos meus.

– Vamos fazer amor…

– Sempre que você quiser. – Sussurrou.

– Quero agora. – Sussurrei. Arthur está depositando beijos cálidos em meu pescoço. Parou e se afastou um pouco para me olhar.

– Você está falando sério?

Hahaha… não está dando para perceber?

Lua, Lua… – Ele riu e voltou a me beijar. – Que você é atrevida, disso eu sei bastante… agora debochada. – Ele riu outra vez. – Esse garotinho vai puxar para quem mesmo?

– Para você. É seu filho e você é pior do que eu. – O empurrei de leve e me aproximei da bancada da pia. Arthur me puxou pela cintura e colou o corpo ao meu.

– Haja paciência com os seus garotos, Lua Blanco. – Riu e mordiscou o lóbulo da minha orelha. Encolhi meus ombros e soltei um gemido fechando os olhos.


Não falamos mais nada. Arthur não cessou os beijos e eu apenas os aceitei. Meu corpo está tão quente e meus pelos tão eriçados ao mesmo tempo. Parece que eu vou cair a qualquer momento. Fechei as minhas mãos na borda da pia, para me segurar, embora Arthur esteja me segurando pela cintura, com todo cuidado para que a minha barriga não encoste na borda da bancada da pia.


Eu te amo…


Ele sussurrou enquanto descia uma das mãos pelas minhas pernas, levando a calcinha do meu biquíni junto. Arthur me virou de frente para ele e beijou o meu pescoço, depois desceu os beijos para os meus seios. Gemi puxando os cabelos de sua nuca. Arthur voltou a beijar os meus lábios.


Não percebi quando ele se livrou do short, só o senti roçar o membro em minha intimidade e gemi outra vez.


A posição não é uma das mais confortáveis, mas quando acabamos no banheiro, é contra a pia, a parede do box ou na banheira que nos perdemos um no outro.


Agora, diante da minha condição atual, tenho me cansado com mais facilidade e alguns movimentos precisam ser feitos com mais cuidado. Então, temos tentado não perder completamente a razão enquanto o tesão toma conta de nós dois.


Os movimentos estão ritmados e a cada vez que fazemos amor, me sinto ainda mais amada. Arthur não parou de me beijar e sussurrar que me ama. Ele tem sido ainda mais o meu porto seguro todos os segundos ao longo desses meses.


Eu fechei os meus olhos e ergui uma das pernas, Arthur apertou a minha coxa e me empurrou ainda mais contra a bancada da pia, me fazendo sentar sobre ela.


Tudo bem? – Perguntou ao descer os lábios pelo meu queixo e pescoço. Assenti soltando outro gemido. Puxei os cabelos dele e Arthur sorriu enquanto me olhava. – Eu te amo tanto. – Ele me beijou. – Eu tenho certeza de que nunca  – me beijou novamente –, nunca mesmo, eu vou cansar de te dizer isso. – Sorri.

– E eu – o beijei – tenho certeza de que nunca vou cansar de ouvir. – Arthur sorriu. – Eu também te amo. – Me declarei e fui beijada com mais intensidade, me inclinei um pouco para trás, mas Arthur me puxou para mais perto, sem cessar os movimentos de vai e vem.


*


– Luh, você viu a minha camisa branca? 


Arthur parou na porta do closet e me olhou. Saímos do banho há alguns minutos. Me sinto exausta, como se tivesse corrido uma maratona. Estou deitada na cama, encolhida, numa posição bem confortável por sinal. O encarei.


– Qual delas? – Ri. Ele tem tantas camisas brancas.

– A que eu gosto, amor. – Ele também riu. – Você usou? – Acrescentou. Eu visto com frequência as camisas dele. São mais confortáveis, não me apertam.

– Talvez. – Respondi, porque de fato não me lembro. – Você tem outras, Arthur.

– Exatamente, gatinha. E você pode usar as outras também… – Ele sorriu de lado. Assenti.

– Tudo bem. Eu não vou esquecer disso. – Respondi e Arthur descruzou os braços e andou até mim.

– Ei – ele se abaixou e sentou na cama –, não é para você ficar chateada. – Ele cheirou o meu pescoço e ficou com o rosto ali.

– Não estou chateada, amor. – Assegurei enquanto acariciava os cabelos dele.

– Você pode usar as minhas camisas sempre que quiser.

– Menos as suas preferidas… – Lembrei. Arthur negou.

– Não, Luh. Você pode usá-las também, principalmente elas. Ficam com o seu cheiro e eu amo. – Me deu um selinho rápido.

– Você vai sair? – Perguntei.

– Sim. Bem rápido. – Ele sentou-se na cama e me olhou. – Você vai ficar aqui? Deitadinha?

– Sim. Parece que eu dei umas vinte voltas ao redor do Hyder Park. – Falei e Arthur riu.

– Não exatamente voltas… – Ele começou. – E muito menos ao redor de um parque.

– Nem vem! – Dei um tapa em seu peito. Arthur segurou a minha mão enquanto ria.

– Mas está tudo bem? – Ele acariciou o meu rosto enquanto me olha.

– Sim. Você vai demorar?

– Não, amor. Não vai dar nem tempo de você sentir a minha falta.

– Impossível…

– Você pode me ligar, mas não vou demorar, gatinha. – Me deu um beijo.

– Tudo bem… – Aceitei. Vou aproveitar para dormir. Arthur levantou-se da cama.

– Vou pegar outra camisa. – Disse e voltou para o closet.

– Será que Anie dormiu? – Perguntei.

– Eu acho que sim, Luh. Ela não veio aqui. – Disse. – E nem jantou. – Ele acrescentou.

– Nossa, ela vai acordar tão chatinha.

– E vai demorar a dormir. – Ele voltou para o quarto, vestido com uma camisa azul marinho. – Nós podemos jantar quando eu chegar.

– Sim. – Concordei. – Aliás – ressaltei –, agora você quer a minha companhia para jantar, Aguiar? – Não esqueci do que ele respondeu mais cedo.

– Aaah não, Lua. Você não pode ter ficado chateada. – Riu e se aproximou novamente da cama. – Acha que eu só quero transar com você, é? – Brincou e eu entrei na brincadeira, porque sei que ele talvez não espere por isso.

– Às vezes sim.

– Eeei, Lua! – Ele sentou-se na cama novamente. – Jamais repita isso, por favor. Eu te amo, você sabe. Não quero que pense isso de mim, Lua. – Ele está visivelmente preocupado.

– Bobo! – Tratei logo de encerrar a brincadeira antes que ele realmente comece a se sentir culpado. – Não falei sério, Arthur.

Oh, Lua… – ele parece aliviado. – Meu coração até acelerou. – Contou ao me abraçar. Ri. – Eu amo a sua companhia.

– Eu sei, amor.

– Foi só uma brincadeira, Luh.

– Que você não soube brincar. – Pontuei.

– Pensei que você fosse me dar uns tapas e me chamar de engraçadinho. – Disse. Ri outra vez.

– Vai logo para o teu compromisso. – Falei. Arthur se afastou e me olhou.

– Meu compromisso está aqui. – Disse olhando nos meus olhos. – E está grávida. – Sorriu. Sorri junto com ele. – Meu garotinho está dormindo?

– Acredito que sim. – Respondi ao passar a mão pela barriga. O bebê não está mexendo no momento.

– Então eu nem vou falar com ele, que é pra ele deixar a mamãe descansar um pouquinho. – Me deu um beijo demorado.

– Obrigada. – Agradeci.

– Eu não vou demorar, Luh. E você sabe que sempre pode me ligar, tudo bem?

– Tudo bem, Arthur.

– Amo você.

– Amo você. – Falei e Arthur me deu um beijo demorado. Depois saiu do quarto. Me encolhi na cama e puxei o lençol para me cobrir. Não faço ideia de onde Arthur foi, mas também não quero me importar com isso. Vou aproveitar para descansar um pouco até Anie acordar ou Arthur voltar para casa.


Um tempo depois…


Voltei… – Arthur sussurrou no meu ouvido e me abraçou, encaixando uma das pernas entre as minhas.

– Já? – Minha voz saiu abafada e sonolenta.

– Eu disse que não ia demorar, amor.

– Mas deu tempo de sentir saudades… – Reclamei dengosa e ele riu com os lábios próximos ao meu pescoço.

– Mentirosa… você dormiu. – Mordiscou o lóbulo da minha orelha. Ri baixinho.

– Onde você foi, Arthur? – Perguntei.

– Daqui a pouco você saberá.

– Uuuhm… quanto mistério. – Comentei.

– Nada demais, Luh. – Beijou o meu pescoço. – Anie não acordou?

– Não. Já está tão tarde assim?

– São quase sete horas. – Me respondeu.

– Nossa, ela vai demorar muito para dormir novamente.

– Fora que ela tem que jantar. – Ele lembrou e eu assenti. – Mas fica tranquila, que embora os finais de semana sejam seus, eu fico com ela até ela voltar a dormir. – Me deu outro beijo carinhoso. Fechei os meus olhos e aproveitei o carinho.

– Obrigada. O que seria de mim sem você? – Indaguei e me virei de frente para ele.

– Bom, não teria a Anie para te dar trabalho e nem esse bebezinho – acariciou a minha barriga – para chutar sua barriga sempre que o papai se aproxima… – Rimos, porque é exatamente isso que Ravi está fazendo agora.

– Ou ele tem muito ciúmes de mim ou ama muito você. – Comentei.

– Acredito que ele tenha muito ciúmes da mamãe. – Me abraçou mais forte. – Porque ele te ama muito. – Completou. Sorri. Arthur me beijou. – Vamos levantar? Jantar? Não está com fome?

– Não, amor. – Aproveitei o carinho que ele está fazendo nas minhas costas. – Arthur?

– Sim. – Ele me encarou.

– Mais tarde faz uma massagem nas minhas costas e pernas?

– Como você quiser, meu amor. – Ele acariciou o meu rosto. – Está com dor?

– Me sinto tão pensada, Arthur.

Hahaha… – Encostou os lábios na minha testa.

Paaaraa, amor… – Fiquei sem graça e ele riu mais ainda.

– Eu não não estou falando nada, amor.

– Você pensou. Não sei o que é pior.

– Não pensei nada, Lua. Não sei do que você está falando. – Ele ainda está rindo e desceu os beijos pelo meu pescoço. – Luh?

– Uhm…

– Vamos escutar o coração do nosso bebê? – Me pediu.

– Vamos. – Sorri e Arthur me beijou.

– Ele está muito sapeca. – Notou, porque o bebê está mexendo demais. – Na verdade, eu acho que ele vai ser muito mais sapeca do que a Anie. – Acrescentou e abaixou o rosto para beijar a minha barriga. – Meu garotinho, o papai te ama tanto… mesmo que você seja muito sapeca. – Riu e me olhou. – Concorda, mamãe?

– Ele já é um garotinho muito sortudo. – Respondi.

– Eu que sou, Luh. Minha família, tudo o que eu sempre sonhei e te pedi. Obrigado, obrigado, obrigado!

– Você vai me fazer chorar. Me sinto em uma montanha russa com as minhas emoções. – Confessei já chorosa. Arthur me abraçou, mas não disse nada.


Nós ficamos um bom tempo em silêncio.


– Já podemos escutar o coraçãozinho? – Arthur se afastou um pouco, se ajeitou na cama e me olhou nos olhos.

– Sim, Arthur. – Respondi e me deitei de costas na cama.

– Vou pegar o gel e o aparelho. – Ele se levantou da cama bem animado. – Onde você colocou o gel que eu comprei?

– Eu não peguei, Arthur. Você tinha deixado em uma daquelas gave…

– Já achei, gatinha.

Meu Deus! – Exclamei. – Parece que ele está tão animado quanto você.

– Ele já me conhece, amor.

– É claro que sim, Arthur. – Sorri. Porque amo vê-lo assim tão feliz. – Você precisa vir logo. Ele está me chutando demais. – Passei as mãos sobre a barriga. – Será que ele adivinha quando você quer escutar o coraçãozinho dele? Porque é quase inacreditável o tanto que ele chuta, amor. – Contei.

– Ele é um bebê muito exibido. – Arthur se aproximou novamente da cama.

– Igual a você.

– Hahaha… olha só, meu garotinho… – Arthur sentou-se na cama. – A mamãe não está sabendo esconder esse ciúme todo. – Disse e eu levantei a camiseta que estou vestindo.


Arthur espalhou o gel por toda a minha barriga e ligou o aparelho. Ficou me fitando antes de começar a passar o aparelho pela minha barriga. Apontei para onde o bebê está e Arthur começou a sorrir antes de ligar o som do aparelho.


– Olha só… o melhor som do mundo… – Sempre parece que é a primeira vez que ele escuta esse som. – Bem agitado, Luh.

– Sim… e alto. – Ressaltei. – Me deixa aliviada, Arthur.

– A mim também, Luh. Meu neném sapeca… Não vejo a hora de conhecê-lo. – Confessou.

– Mas ele precisa ficar muitas semanas aqui ainda… – Lembrei.

– Eu sei. E desejo que fique. – Beijou a minha barriga. – Não precisamos de mais sustos.

– Não mesmo. – concordei.


Escutamos por mais alguns minutos a frequência cardíaca do bebê e depois Arthur limpou o gel da minha barriga com um lenço de papel, que eu nem tinha notado que ele tinha trazido junto com o gel e o aparelho.


– Vamos levantar, Luh. Você precisa comer alguma coisa, só almoçamos e já fazem horas. – Ele levantou-se da cama.

– Quero comer algo doce.

– Algo específico? Um desejo, amor?

– Não. Não chega a ser um desejo. Pode ser qualquer doce. – Me sentei na cama. Arthur está de frente para mim.

– Então serve Arthur Aguiar? – Perguntou me fazendo rir alto. – Aah, Luh, qual é?! – Ele pareceu ofendido. Ri mais ainda.

– Você é engraçado, Aguiar. – Aceitei a ajuda dele para levantar da cama. Arthur me abraçou de lado.

– Pelo menos isso…

– Não é só isso, amor. – Pontuei.

– Vamos acordar a Anie?

– Melhor não, Arthur. Senão, ela vai acabar acordando irritada. É melhor deixá-la acordar por si própria.

– É sua filha mesmo. – Riu contra o meu pescoço.


Descemos a escada e caminhamos até a cozinha.


Domingo, 15 de outubro de 2017 | Nove horas da manhã.


Vinte e seis semanas de gestação. Seis meses, reta final do segundo trimestre.


Eu viajo hoje ao Texas, às três horas da tarde. Ainda não contei à Anie. Estou terminando de arrumar a minha mala. Arthur está sentado na cama me observando.


– Vou sentir falta de vocês. – Disse depois de um tempo em que estávamos em silêncio.

– Serão só três dias. – Respondi. Eu também vou sentir muita falta dele e da Anie, mas não quero ficar pensando nisso.

– Ainda assim. – Me olhou nos olhos. – Não vai sentir falta daqui?

– Ai, meu Deus! – Sorri de lado e coloquei mais algumas peças de roupa dentro da mala. – Você sabe a resposta, Arthur. – Completei depois de um tempo e o olhei.

– Parece que você vai passar mais tempo do que só três dias. – Disse.

– Fica tranquilo. Vai ficar tudo bem. Sei que você está preocupado, mas eu prometo que vou me cuidar.

– Eu sei que vai, Luh. – Ele segurou uma das minhas mãos e depositou um beijo no dorso. – Mas é inevitável não ficar pensando…

– Sim. – Concordei, porque o entendo. – O bebê vai ficar bem, relaxa.

– Não estou preocupado com o bebê, Luh. Me preocupo com você também.

– Arthur, eu sei. Eeeii… eu estou bem. Você está vendo. Relaxa. – Pedi novamente e me sentei na cama, ele me abraçou.

– Não é bobagem.

– Claro que não, amor. Eu não estou pensando que é. – Assegurei. – Mas também não quero viajar e deixar você aqui com toda essa preocupação.

– De qualquer forma, só vou ficar despreocupado quando você estiver de volta, isso é fato. – Admitiu. Lhe dei um beijo no pescoço. – E vou passar a semana preocupado, já que viajo na sexta. – Ele se afastou e me encarou. – E não teria como ser diferente, Luh. Você é a pessoa mais importante da minha vida.

– Eu me sinto muito amada, sabia?

– E você é. E no que depender de mim, nunca vai faltar amor para você e para tudo o que for nosso…

Huuuumm… – O beijei. – Eu nem sei o que te dizer. – Falei após o beijo.

– Você não precisa me dizer nada. Eu só preciso te olhar. – Ele acariciou o meu rosto.

Arthur… – Nem soube o que dizer. Ele me beijou. – Eu amo você.

– Eu também te amo, Luh. – Nos afastamos. Voltei a arrumar a mala. – Não esquece as vitaminas.

– Já separei todas. Só não vou colocar agora na mala, porque ainda tenho algumas para tomar antes de ir.

Aaah… – Ele levantou-se da cama. – Ontem eu acabei esquecendo de te mostrar um negócio. Vou buscar! – Ele saiu do quarto. Fiquei sem entender.


*


– Aqui. – Ele me entregou uma sacolinha.

– Obrigada! Eu… – olhei para a sacola. – Ontem você saiu para comprar um presente? – Perguntou. – Arthur, não tinha necessidade… – Tentei explicar. Embora saiba que uma das linguagens de amor dele é presentear.

– Você ainda nem viu o que é. – Me disse. Abri a sacola e peguei a embalagem que estava dentro e rasguei.

– Meias de compressão. – Pontuei rindo. Esqueci de comprar para a viagem. O olhei.

– Como você lembrou?

– Foi ontem mesmo. Na verdade, fiquei esperando você me convidar para comprar algumas coisas para a viagem, mas você não fez…

– E você foi lá e fez.

– Me lembrei da Eliza falando que era necessário. – Disse e me aproximei dele. – Por conta da circulação. – Completou.

– Sim. – Concordei. – Obrigada! – O abracei.

– De nada! – Ele retribuiu o abraço e depositou um beijo em meu ombro.

– O que seria desse bebê sem você?

–  Na verdade, você tem feito mais por ele do que eu. Isso é indiscutível, Luh. – Ele se afastou e me olhou. – Eu espero ter acertado no tamanho. Comprei bege, porque só tinham duas cores e a outra era branca. – Contou. Me sentei na cama.

– Tudo bem. Não vai aparecer mesmo. Vou precisar da sua ajuda. – Falei e ele sorriu.

– Estou a sua disposição. – Assegurou e pegou as meias das minhas mãos. – Parecem pequenas, mas esticam bastante. Só tem que fazer um pouco de força. – Explicou enquanto tentava colocar a primeira meia. – Essa fica até os joelhos mais ou menos. A moça da loja disse que existem outros modelos que vão até a coxa e outras que vestem como meia-calça.

– Acredito que esse modelo seja mais confortável. As outras devem apertar demais. E eu só vou precisar usar no voo mesmo. – Falei. Arthur assentiu. – Olha só… – Ele riu ao terminar de colocar uma das meias.

– Uuhm… sabe que nunca precisei usar essas meias…

– Sei, oras… – ele ainda está rindo. – Ficou engraçado. – Completou e eu me levantei da cama para ir me olhar no espelho.

– Aperta demais. – Reclamei e voltei para a cama. Arthur tirou a meia.

– Acha que devia ser maior?

– Não. O tamanho está bom. Eu é que não tenho o costume mesmo. Não uso nada me apertando assim. – Falei e peguei as meias. – Vou deixar aqui na gaveta. Já estou quaaaasee… – me levantei da cama – finalizando a mala.

– Você precisa contar à Anie.

– Sim. Não quero que ela fique chateada.

– Ela vai entender, Luh. Vai ficar triste, mas vai entender. – Arthur tentou me tranquilizar. Terminei de colocar mais algumas peças de roupa na mala. – Assim parece que você vai passar uns dez dias no Texas.

– Hahaha… preciso ir prevenida. – Me defendi. – O tamanho da minha barriga tem dado cada salto. Vai que uma roupa não feche…

– Vai crescer tanto esses três dias, Luh. – Ele começou a acariciar a minha barriga. – Essa última semana cresceu. – Comentou. – Demorou no início, mas agora está crescendo rápido. Meu menino… – Disse olhando para a minha barriga. – Pareço um bobo, eu sei. – Disse visivelmente sem graça. Neguei com um gesto de cabeça antes de falar.

– Claro que não. Só nós dois sabemos o quanto você esperou por esse bebê, Arthur. – Coloquei a mão sobre a dele.

– Eu estaria apaixonado e bobo do mesmo jeito se fosse uma menininha. – Ele disse depois de um tempo. Sorri sem mostrar os dentes.

– Eu sei… – Respondi baixo porque sei que ele sempre enfatiza isso para amenizar toda a expectativa que tem depositado nessa gravidez e na felicidade dele diante da espera de conhecer o bebê. Se fosse uma menina eu sei que ele a amaria, mas, com certeza, a empolgação não estaria sendo a mesma. Não sei porque sempre voltamos para esse assunto do “e se”.

– Você não acredita. – ele se afastou um pouco e me olhou.

– Você não está prometendo nada. – Respondi para me defender. – Por que estamos falando sobre isso? Não quero discutir com você, Arthur. – Avisei.

– Sei que não era isso, Luh… às vezes as coisas não…

– Arthur, eu tenho quase certeza de que vamos discutir se você continuar. – O avisei novamente. 

– Tudo bem, Lua. Tudo bem! – ele aceitou e levantou-se da cama. – Se você precisar de mim, é só chamar.

– Às vezes eu não te entendo! – Neguei com a cabeça. – Como pode me fazer sentir raiva de você assim tão rápido?

– Você não precisa sentir raiva. Não quero isso.

– Não é o que parece. – Retruquei.

– Me desculpa. – Me pediu.

– Você age como se eu não te conhecesse. – Me levantei irritada da cama. – Você me estressou! – Falei com muita raiva e saí de perto dele. Depois de alguns segundos ouvi Arthur bater a porta ao sair do quarto.


Pov Arthur 


Não queria irritá-la, mas tenho a sensação de que, para a Lua, sempre que falo o quanto amo o bebê, é como se antes eu não estivesse tão feliz quanto estou agora.


Sei que Lua se sente bem, que está tudo dando certo como nós torcemos tanto. Mas eu conheço a mulher com quem sou casado. Lua ama o bebê e eu não tenho dúvidas, mas ela se sente tão insegura que não consegue se sentir tão feliz quanto eu. Se fosse uma menina, eu tenho certeza de que ela estaria mais segura e feliz. Por isso eu sinto a necessidade de reforçar que eu também estaria feliz se fosse uma menina e estaria mesmo. Anie me faz tão feliz e realizado como pai. Ter outra menininha em casa, só me deixaria ainda mais apaixonado por elas.


Agora Lua está chateada comigo. No mínimo, para ser bem sincero. Ela viaja daqui a algumas horas  e a última coisa que eu queria era que ficássemos sem nos falar.


Desci a escada e fui para a sala. Anie não está aqui. Me sentei no sofá e liguei a televisão. Não está passando nada de interessante e ao ver um comercial sobre basquete, me lembrei da promessa de levar Anie para ver um jogo. Foi só pensar nela para vê-la cruzar a sala com um papel nas mãos.


– Papai…

– Sim, meu bebê. – Estendi as mãos em sua direção.

– Olha só o que eu fiz. – Ela me mostrou um desenho.

– Pra mim?

– Sim, papai. – Me entregou ao sentar-se em meu colo. – Gostou?

– Eu amei, meu anjo. Um super-herói? 

– Sim. Um super-lelói de papai! – Disse me abraçando.

– Ooh, filha, obrigado! – Lhe dei um beijo no topo da cabeça. Anie soltou um risinho.

– Você é o meu super-lelói de verdade.

– E você é o amor da minha vida. – Lhe dei um beijo na testa. – O papai tem uma surpresa pra você.

– Pra mim? De verdade, papai?

– Sim, meu amor. – Me levantei com ela no colo.

– Onde que está?

– Lá no escritório. – Respondi e andei até lá com ela. Ainda com Anie no colo, me sentei na cadeira e abri uma das gavetas da mesa. – Olha só isso aqui… – Tirei um álbum de dentro da gaveta e abri. Anie me olhou surpresa.

– Uau! Um álbum de desenhos, papai? – Perguntou e eu assenti. – Meus desenhos, papai! – Falou animada.

– Sim. O papai guarda todos os teus desenhos, meu amor. – Lhe dei um beijo na bochecha.

– Você ama todos?

– Cada um, filha. – Respondi. Anie sorriu outra vez.

– Eu posso mostar para a minha mamãe? Ela já sabe?

– Não, sua mamãe não sabe. Você pode mostrar.

– Vai ser surpresa também.

– Sim, vai. – Sorri junto com ela. Anie quis descer do meu colo e em seguida pegou o álbum.

– Papai, eu vou fazer mais desenhos.

– O que você vai desenhar agora?

– Eu ainda vou decidir. – Respondeu e eu me levantei da cadeira. Anie andou na minha frente. – Aí só depois que vou mostar.

– Tudo bem, eu vou aguardar.

– A gente pode ver todos os desenhos agola.

– Podemos. Vamos sentar no sofá.

– Você tem todos os meus desenhos?

– Desde o primeiro que você fez, olha só… – Apontei para o álbum.

– Mas agola eu sei desenhar melhor.

– Você está mais crescida, amor. Mas eu amo todos os desenhos igualmente.

– Hahahaha… o bonequinho estranho. – Ela riu do próprio desenho. Ri junto com ela.


Depois de um tempo entre comentários e risadas da Anie sobre os próprios desenhos, Lua desceu a escada.


– Mamãããee! – Anie exclamou assim que a viu. – Olha o que o meu papai me mostou. Foi uma surplesa. Eu adolei!

– Oh, olha só… – Lua pegou o álbum. – Tinha que ser o seu papai, não é mesmo? – Olhou para a nossa filha e depois me olhou.

– Sim, o meu melhor papai. – Anie me abraçou. Retribui o abraço.

– É lindo, filha.

– Eu vou fazer mais desenhos.

– Seu pai vai amar.

– Sim. Ele me disse que sim. Olha esse aqui, mamãe… – Anie mostrou o desenho novo para a mãe.

– Uau! Que lindo, filha! Um super-herói?

– Sim. O meu papai de super-lelói! – A pequena me olhou.

– Hahaha… Que incrível! – Lua sorriu. – Filha, a mamãe quer conversar com você.

– Mas eu nem fiz nada. Eu me comportei. – Ela logo se defendeu e me olhou em seguida. – Papai…

– Sim. Mas você nem sabe sobre o que a sua mamãe quer conversar. – Falei.

– Eu disse que quero conversar, não chamar a sua atenção. – Esclareci.

– Sobre o que é então?

– Eu vou fazer uma viagem, filha.

– Mas, mamãe… E eu?

– É a trabalho, meu amor. A mamãe não pode levar você. Além do mais, você tem a escola. Não pode ficar faltando aula sem motivos. – Expliquei calmamente.

– Quando é a viagem?

– É hoje. Eu vou viajar daqui a pouco, mais à tarde. – Respondi.

– Por que a senhola só me falou agola?

– Eu não queria estragar o seu final de semana. Eu sabia que você ia ficar triste, filha.

– Mas, mamãe, eu vou sentir falta da senhola.

– Eu também vou sentir a sua falta, meu amor. – Lua abriu os braços e Anie a abraçou.

– A senhola vai demolar?

– Não muito. Serão só três dias. Quinta-feira a mamãe já estará de volta. O seu pai cuidará de você.

– E a senhola?

– Eu vou ficar bem. Você não precisa se preocupar. – Lua sorriu. Eu também sorri.

– E o bebê?

– O bebê também ficará bem. – Lua afirmou. – Eu vou cuidar dele, assim como o teu pai cuidará de você. – Lua depositou um beijo nos cabelos da nossa filha. – Você está preocupada com o bebê? – perguntou em seguida.

– Sim.

– Ooh, meu amor… – Lhe beijou outra vez. – Sabia que você é a criança mais fofa que eu conheço? Eu te amo tanto, filha.

– Porque é o meu irmão também…

– A mamãe promete que vai cuidar muito bem do seu irmãozinho. Tudo bem assim?

– Sim, mamãe. Eu aquedito. – Elas continuam abraçadas.

– Eu vou ligar todos os dias para falar com você.

– E com o meu papai?

– E com o seu papai também, filha.

– Eu e o meu papai, a gente vai se comportar.

Uuuuhmm… será?

– É sim, não é, papai?

– É claro.

– Olha que eu vou acreditar.

– É sim, mamãe. Pode aqueditar. – Anie afirmou. Rimos. – Eu vou fazer um outo desenho. Agola um desenho pra senhola. Tá?

– Tá bom, meu amor.

– A senhola vai gostar.

– Eu tenho certeza que sim. – Lua lhe deu um beijo carinhoso e demorado na bochecha.


Anie desceu do colo da mãe, pegou o meu álbum com os desenhos dela e correu para a brinquedoteca.


– Não foi tão difícil assim. – Ela comentou.

– Não. Ainda bem. – Concordei.

Arthur…

– Sim. – Respondi sem olhá-la.

– Olha para mim… – Pediu. – Eu não queria brigar com você.

– Não brigamos, Luh. – Virei o rosto para olhá-la. – Eu pedi desculpas.

– E eu te desculpei.

– Você ficou chateada. – Ergui uma das sobrancelhas.

– Irritada, na verdade. – Me corrigiu.

– Irritada. – Pontuei. – E agora?

– Não estou mais. De verdade. – Garantiu. – Você só não precisa ficar enfatizando o quanto você ama os nossos filhos, porque eu já sei, Arthur.

– Tudo bem. – Respondi.

– Não é assim também…

– Sério que você não quer mesmo discutir?

– Sim. Eu só quero ficar bem com você. Não quero viajar deixando um clima estranho entre nós dois e muito menos viajar brigada com você.

– Não estamos brigados.

– Mas você concorda que está um clima estranho?

– Um pouco, Luh. Depois passa…

– Quero que a gente se acerte agora. Você pode falar o que quiser.

– Não é bem assim e você sabe.

– É sim. Eu estou pedindo. Vamos nos acertar. – Ela insistiu.

– Não tem o que acertar, Lua. Vamos esquecer isso. Eu te pedi desculpas e você disse que me desculpou. Então não tem porque ficarmos insistindo mais nesse assunto.

– Eu também tenho que te pedir desculpas…

– E eu te desculpo. – Falei sincero.

– Arthur, você não precisa me provar nada.

– Tudo bem.

– Me escuta só um pouquinho. – Pediu colocando o dedo indicador sobre os meus lábios. Assenti. – O teu amor pelos nossos filhos é algo indiscutível. E eu, mais do que ninguém, sei disso. Você não precisa ficar reafirmando. Eu sei, eu vejo e eu acredito, Arthur. – Ela acariciou a minha bochecha. – Não quero que você fique falando “e se fosse uma menina”, “mesmo que fosse uma menina”. Porque não existe mais a possibilidade de não ser. Já é, e é um menino. Pronto! O que me deixaria mais tranquila, você sabe muito bem o que é. E eu sei. Não precisamos ficar falando. Eu estou muito, muito feliz mesmo com o nosso filho. Nossa família está completa.

– Já estava antes, Luh.

– Você sabe do que estou falando. Você ainda queria um filho, não precisa negar, porque eu te conheço muito bem. E não é errado, Arthur. Você só tinha medo por mim, porque sabíamos que a gravidez seria de risco.

– E você acha pouco?

– Não, amor. Claro que não. Eu sou tão grata pelo cuidado que você sempre teve comigo.

– Não teria porque ser diferente, Luh… Me preocupo tanto, que se eu pudesse… – suspirei – eu voltaria atrás.

– Não diz isso, Arthur. Por favor! Eu sei que você ama o nosso filho. Não fala coisas que você pode se arrepender. – Me pediu.

– Eu amo. Amo ele, amo você. Demais mesmo, com todo o meu coração. Você sabe disso…

– Então não tem porque você pensar essas coisas e muitos menos, falar. Nosso filho já te reconhece e sei que te ama.

– Ele será perfeito igual a você. – Falei. Lua sorriu antes de me contrariar.

– Mas eu não sou perfeita.

– Para mim, você é. – Afirmei.

– Então só me resta aceitar esse elogio muito difícil. – Brincou aproximando os lábios dos meus. – Eu não mudaria nada do que está acontecendo, Arthur. – Assegurou. – Sou feliz com o que temos juntos.

– Eu também sou, Luh. E não é pouco.


Nos beijamos.


Sei que Lua não quer mais tocar nesse assunto. Mas também não é como se eu estivesse arrependido. Amo o meu filho e quero que ele nasça saudável e no tempo certo. Principalmente, que Lua tenha um parto maravilhoso e uma recuperação tranquila. 


– Você sabe o que Carla está preparando para o almoço? – Lua me perguntou algum tempo após o beijo.

– Não. – Respondi. – Fiquei aqui na sala quando saí do quarto. – Expliquei em seguida. – Está com fome?

– Sim. – Fez um bico. – Quero descansar um pouco antes da viagem.

– Importante, Luh. – Concordei. – Já terminou com a mala?

– Sim. Já está tudo organizado. Vou levar até os meus exames. – Contou.

– Eu tenho certeza de que o Ravi vai se comportar muito bem.

– É só para eu ir prevenida.

– Eu sei. – Puxei ela para um abraço. – Podemos ir ver o que Carla preparou.

– Sim. – Lua se afastou e levantamos do sofá.

– Vou chamar a Anie. – Avisei.

– Tá. Vou esperar vocês na cozinha.


Pov Lua


À tarde – Antes da viagem ao Texas.


– Me ajuda a colocar a meia, Arthur. Por favor. – Pedi. Arthur está terminando de vestir a roupa para ir me deixar no aeroporto. – É só chato para vestir.

– Porque é muito apertada, Luh. Tem que fazer força.

– Sim. Ainda bem que só vou usar no voo. Na volta, posso pedir para a Hanna me ajudar.

– Vocês vão dividir o mesmo quarto?

– Sim. Eu disse a Ryan que não teria problema. É até melhor que não me sinto tão sozinha.

– E eu também fico mais tranquilo sabendo que você terá mais uma companhia além do nosso filho. – Ele colocou um meia. Sorri.

Aaaaii… – Gemi colocando as mãos um pouco abaixo da barriga. – Nossa, meu filho, que chute! Arthur, acho que ele não gostou da ideia. – Falei e Arthur riu colocando a mão sobre a minha barriga, fazendo carinho em seguida.

– Eu acho que ele preferiria que essa companhia fosse a do papai. – Arthur disse mais baixo e aproximou os lábios da minha barriga e depositou dois beijos.

– Com certeza! – Concordei com ele. – Até a mamãe dele preferiria. – Admiti. Arthur me olhou e sorriu.

– Mas… – abaixou novamente a cabeça e olhou para a minha barriga – o papai quer que você seja um bom garoto com a mamãe. Vou ficar sabendo se você aprontar alguma coisa quando estiverem longe. – Cutucou a minha barriga onde Ravi está chutando. Comecei a rir.

– Acho que ele está respondendo.

– Eu também acho. – Arthur voltou a rir. – Ele é um garotinho muito obediente.

– Huuuum… vamos ver esses dias. – Falei. Arthur me olhou, mas não disse nada. Beijou novamente a minha barriga e depois subiu os beijos até meu pescoço. Fechei os meus olhos, ele me cheirou e depois descansou a cabeça em meu ombro.

– O teu cheiro me acalma. – Contou. Virei um pouco o rosto para olhá-lo.

– É?

– Sim. – Confirmou e me beijou. Retribui o beijo e nos perdemos por alguns minutos.


Londres | Heathrow – Aeroporto 


Nós acabamos de chegar ao aeroporto. Anie não veio. Ela acabou adormecendo e eu preferi não acordá-la. Me despedi dela com vários beijos e eu te amo. Espero que ela não fique chateada ao acordar e ver que não estou mais em casa.


Fui fazer o check-in. Hanna também já está no aeroporto e, diga-se de passagem, está muito empolgada com a viagem.


– Parece que é a primeira vez que você vai fazer uma viagem para fora do país. – Arthur não perde a oportunidade de implicar com ela também.

– É quase isso… Todas as viagens internacionais que fiz, foram o Ryan quem proporcionou. – Contou. – Você não me convidou para ir à Austrália no ano passado. – Lembrou. Rimos.

– Olha só como ele é o melhor chefe do mundo. – Arthur ironizou. Dei um tapa em sua coxa. – Eu vou lembrar de te convidar da próxima vez.

– Você está ouvindo, Lua. Você está de prova. Sabe que eu cobro.

– Me deixem fora dessa. Agora eu vou ter que te aguentar até nas minhas férias de final de ano?

– Huum… não precisa fingir que é muito esforço, Lua Blanco.

– Será a minha ação de Natal. – Arthur contou.

– Vou esperar.

– Só não prometo que será esse ano. Temos um bebê a caminho.

– Tudo bem. Eu posso relevar pelo bebê.

– Eu fico até grato por isso. – Não sei qual dos dois está sendo muito irônico.

– É sério. Eu posso até reparar as crianças. – Hanna sentou-se ao meu lado.

– Olha só, querida. Agora que vamos levá-la mesmo. Assim aproveito mais com você. – Riu com os lábios próximo ao meu pescoço.

– Podem até fazer outro bebê se quiserem.

– A tá. – Respondi.

– Que nada… serão só beijos na minha garota.

– Sei… não querem que eu acredite que vocês fizeram dois filhos só com beijos.

– Não exatamente só com beijos, cara Hanna.

Arthur! – Dei um tapa mais forte em uma das pernas dele.

– Eu sei que não. Lua, eu não sou tão inocente assim. – Ela fez questão de lembrar algo que nem passa pela minha cabeça.

– Como se algum dia eu pensei que você fosse inocente. – Comentei. Eles riram.

– Vocês são engraçados. – Ela ainda está rindo.

– Mas eu estou falando sério sobre a viagem.

– Para de graça, Arthur. – Hanna pediu.

– Olha só, Lua. Você não acredita em mim?

– E você acha que eu tenho dinheiro para fazer uma viagem internacional no final do ano?

– Ora, eu disse que será a minha ação de Natal. Eu não acredito que você não confia na minha palavra. – Arthur parece incrédulo. – Lua, o que você acha disso?

– Eu não sei qual dos dois me dará mais trabalho. É para eu começar a sentir ciúmes? – Perguntei. Arthur riu.

– Até parece que o teu marido que vive extremamente caído de amor por você, vai querer algo comigo.

– Olha só, Aguiar, é isso mesmo?

– Você sabe que é mais do que isso, Blanco. – Ele me deu um beijo no pescoço. – Não acredita?

– Em você sim. Na Hanna, não.

– Eu teria uma chance se Arthur tivesse um irmão.

– Hahahaha… você acho o meu marido gostoso, sua safada. Você sabe disso, Arthur? Acho que eu já te contei. – Falei. Os dois riram.

– Mas disso você tem certeza. – Beijou um dos meus ombros ao terminar de falar.

Uuhm… não é bem assim. Antes de mim já existiram outras. – Falei.

– Aaah, mas antes eu nem era tudo isso, amor.

– Nossa, que modestooooo! – Hanna implicou. Arthur riu.

– Tua amiga que me ilude então. – Ele se defendeu.

– Você vai mesmo querer levar a Hanna?

– Só pelas crianças, meu amor. – Sussurrou.

– Hahaha… vocês são péssimos. – Hanna comentou, rimos os três.

– Eu sou um cara legal, Hanna.

– É claro que é ou a minha amiga não teria feito filhos com você.

– Olá, Adam! – Estávamos os três entretidos com as besteiras que Hanna e Arthur estavam falando, que nem vimos Adam se aproximar.

– Olá. – Ele sentou-se do lado do Arthur.

– Rose está bem? – Hanna perguntou.

– Segundo ela, sim. – Ele respondeu. – Mas me preocupo mesmo assim.

– É normal. Eu também vou ficar preocupado aqui. – Arthur disse.

– Verdade. – Adam concordou.

– Rose acha que eu só me preocupo com a bebê. Mas não é verdade. Me preocupo com ela, se ela estiver bem, eu sei que a nossa filha também estará.

– Olha aqui. É a mesma coisa que digo à Lua. Está vendo? – Ele me encarou. Ri. – Você não acredita em mim.

– É claro que eu acredito, Arthur. Mas sou mãe, me preocupo mais com o nosso filho do que comigo. Com Rose não deve ser diferente. Por isso achamos que vocês também se preocupam.

– Mas nos preocupamos! – Os dois responderam juntos. Eu e Hanna rimos.

– Então não estamos erradas.

– Nos preocupamos com vocês dois. É diferente, Luh. – Arthur tentou explicar. – Não tem como ser mais com um do que com outro. Eu pelo menos não  consigo separar. – Admitiu o que eu já sei.


A conversa seguiu até chamarem o nosso voo. Me levantei da cadeira e abracei Arthur.


– Vou sentir tanto a sua falta, gatinha.

– Eu também, amor. – Dei um beijo em seu pescoço. Arthur tentou encolher os ombros, sei que ele se arrepiou. – Eu amo você. – Me afastei para olhá-lo.

– Eu te amo. – Ele me beijou. Nos abraçamos novamente após o beijo. – Se cuida, Luh. Qualquer coisa sabe que pode me ligar. Não importa a hora, meu amor.

– Eu sei. Fica tranquilo. Vamos ficar bem, eu prometo.

– Vou tentar, eu prometo.

– Tudo bem. – Sorri. – Se cuida também. Não deixa a Anie fazer o que ela quiser, amor.

– Pode deixar. 

– Hahaha… até parece.

– Ei, eu sou um pai responsável, Blanco.

– É claro que é. – Dei mais um beijo nos lábios dele. – O melhor que ela poderia ter. – Completei. – Mas só um pouquinho de limite não faz mal a ninguém.

– Tudo bem, já entendi. – Ele revirou os olhos.

– Que mal-educado. – Repreendi e lhe dei um tapa em um dos ombros. Ele riu.

– Boa viagem. Antes que você me deixe de castigo.

– Até quinta-feira. – Lembrei de olhos semicerrados. – Obrigada! – Sorri agradecida. Nos beijamos novamente e eu andei até onde Hanna e Adam estão me esperando.


Continua…


SE LEU, COMENTE. NÃO CUSTA NADA!


Bom domingo a todas. Espero que estejam bem!

Só consegui atualizar agora. Agradeço a compreensão de vocês e por vocês estarem até hoje aqui acompanhando essa história.

Comentem!

Beijos e até a próxima atualização.

8 comentários:

  1. Mds eu amo essa história 💕 obg milly p mais um capitulo maravilhoso!!!!!!

    As: iara Costa

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  2. Estava com tanta saudades dessa web
    É lindo de se ver o relação deles, com a pequena anie e ravi, Arthur está com medo de não conseguir ir ver apresentação da filha

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  3. FRANCIELLE GUIMARAES20 de abril de 2025 às 21:05

    Meu Deus essa família tá tão feliz e completa e esse neném nasceu ainda!! Espero que continue tudo bem nessa gravidez e Arthur consiga estar ao lado da Lua até o fim mesmo com os shows pois ele está sendo incrível com ela!!! Amando ver a relação deles se tornando mais sólida com tudo que eles vem enfrentando...parecem estar cada vez mais parceiros e cúmplices e isso será ótimo para a vinda do neném!! O modo como Lua apesar de tudo que passaram consegue confiar plenamente no Arthur porque ele passa essa confiança pra ela é lindo ✨️

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  4. Que capitulo lindo cheio de amor, ansiosa para os próximos....

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  5. Quando vai ter uma nova atualização 🥲

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  6. Nossa que capítulo maravilhoso cheio de amor e carinho

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  7. Ansiosa pelo próximo capítulos

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  8. Esperando só o próximo capítulo

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