Little Anie - Cap. 84 | 2ª Parte

Little Anie | 2ª Parte

Porque quando o dia amanhecer

Você ainda estará desaparecido*, e eu vou dizer

Como eu posso enxergar através da escuridão?

Tudo que eu posso fazer é imaginar onde você está

Você está feliz nos braços de outra pessoa?

Bem, essa é a maneira de partir meu coração

Essa é a maneira de partir meu coração

Essa é a maneira de partir meu coração

[...]

Essa é a

Essa é a

Essa é a

– Way To Break My Heart (feat. Skrillex) | Ed Sheeran

Pov Arthur

Londres | Sexta-feira, 11 de dezembro de 2015 – Vinte e quarenta e cinco.

Saí de casa logo depois que Lua chegou. Hoje ela demorou para chegar do trabalho e contou que o dia foi estressante. Amanhã conversaremos sobre o que aconteceu. Me despedi dela com um beijo e falei que chegarei antes de meia noite. Anie estava jantando na hora que saí.

A noite não estava tão fria quanto as outras, então eu nem trouxe um sobretudo. Vesti apenas uma camisa social branca, uma calça comprida preta e calcei um mocassim da mesma cor.

Link: Look Arthur | Clique aqui e veja.

Já era quase nove horas, faltavam apenas quinze minutos e eu tinha acabado de pegar a Fleet Street, em uns vinte e cinco minutos eu chego ao pub que marcamos de nos encontrar.

As coisas entre eu e Lua estão se organizando. Embora eu soubesse que ainda falta aquela parte que eu estou adiando porque nem faço ideia de como chegar na Kate para conversar. Mas hoje é dia de comemorar! Faltam apenas quatro dias para o início da nossa nova turnê. Estamos apostando demais na música que escrevi para a Lua e não vejo a hora dela ir ao show e escutá-la. Sim, é surpresa!

A tela do meu celular piscou e eu chequei rapidamente para ver quem era e era o Harry. Provavelmente ele já tinha chegado ao pub. Abri a mensagem para ler o que ele tinha mandado e ele perguntava onde eu estava, se ia demorar e me zoava também falando se Lua tinha me deixado vir.

Pub – Vinte uma hora e trinta minutos

– Porra, cara! – Harry exclamou quando estendi a mão para que ele apertasse.

– Porra o quê? Você já estava com saudades, Judd? – Provoquei e Harry fez cara feia.

– Só pode, Aguiar. – Micael afirmou. –  Não parava de falar que você estava demorando. – Acrescentou.

– Não tenho culpa se ele é o único que me acompanha no uísque porque vocês não gostam. Eeecaaa... fazem até cara feia. – Harry revirou os olhos debochado e foi empurrado pelo Mika. – Qual é, dude?

– Vamos entrar logo! – Chay exclamou. – Você já está falando demais. – Completou.

– Vocês que estão loucos para beber. – Ouvimos John dizer. – Não estou como babá, como fico quando é nas viagens.

– Pode ficar despreocupado, John. Prometi para a Lua que chegarei antes da meia noite.

– A tá... e ela acreditou? – Harry ironizou.

– Vai ser lindo se vocês saírem em capas de revistas caindo de bêbados. – John comentou.

– A gente só quer comemorar!

– E ganhar de você no bilhar, Micael. – Chay pontuou.

– Já posso pedir a primeira garrafa de uísque, Arthur? – Harry me perguntou.

– Mas é claro! – Respondi.

– Vamos procurar uma mesa...

– Vocês são péssimos com horários mesmo. Eu nem queria jogar isso na cara de vocês. – Nick chegou com uma garrafa de cerveja na mão.

– É o que? Somos caras maduros e não adolescentes que saem às seis de casa para voltar às sete como vocês. – Harry implicou e apontou dele para Mark; outro cara que trabalha conosco.

– Hoje a noite parece que vai ser boa... – Mark comentou quando uma morena passou por ele.

– Falei que ele deveria pegar antes que vocês chegassem. – Nick brincou.

– Ei, só o Harry acho que tá livre...? Nem sei o status dele. Tá sempre mudando.

– Me respeita, dude.

– Você não me deixou completar... – Me defendi. – Mas quando ele sai pra beber, ele não pega ninguém.

– É... e eu não posso no momento.

– Hum! Então quer dizer que o rolo com a Britney está sério mesmo? – Nick riu.

– Até agora estamos nos dando bem... – Harry piscou um olho e deu um gole na bebida.

– Isso porque ela ainda não falou em casamento. – Comentei.

– Está ótimo desse jeito, Aguiar. Nem vem com essas ideias. – Ele disse nos fazendo rir. – Vamos logo jogar uma partida de bilhar. Vou ganhar do Mika.

– Mas não de mim. – Afirmei.

*

– Vish! – Ouvi Harry murmurar.

– O que foi já, dude? – Indaguei sem entender.

Já terminamos uma garrafa de uísque e nós dois já estamos na segunda garrafa de cerveja. Os outros caras estão bebendo só cerveja. Eu já ganhei três partidas de bilhar e agora o John, o Chay e o Mark estão jogando. Nink, Harry, Micael e eu estamos bebendo.

– Tá bêbado já, só pode. – Micael riu.

– Tô vendo mesmo. – Concordei rindo, mas um braço rodeou o meu pescoço e não era de nenhum dos caras.

– Boa noite, baby! – Kate sussurrou em meu ouvido. Eu sabia que era ela, porque a reação do Harry não deixaria eu me enganar.

– Puta que pariu! – Nick exclamou. Tirei o braço dela do meu pescoço.

– Como você me encontrou aqui? Não é possível! – Perguntei sem acreditar.

– Seu cheiro, darling. – Ela sussurrou.

– Nossa! Você deve ter um olfato muito bom.

– Não dá confiança, Nick. – Pedi preocupado. John, Nick e Mark não sabem do meu passado com Kate. Quando namorei com ela, nem pensava que conheceria eles.

– Até porque não quero nada com você. – Kate deixou claro ao olhar para ele e eu quase rir. Mas Nick foi mais rápido do que eu.

– Como se eu gostasse de garotas. – Ele revirou os olhos debochado.

– Bem que eu desconfiei... – Ela comentou.

– Desconfiou nada. – Ele pontuou dando um gole na cerveja.

– Tá, agora vocês vão bater papo? – Questionei.

– Está com ciúmes, baby? – Kate voltou-se para mim.

– Que ciúme o quê? Você tá viajando! Quero que você voltei pelo caminho que veio. – Respondi.

– O do inferno. – Harry completou debochado.

– Hahaha que engraçado! Não lembro de ter falado com você. – Kate disse entediada.

– Ora... não falamos com você também e você surgiu aqui, como passe de magia negra. Porque não é coisa boa.

– Me respeita! – Ela exigiu.

– Bruxa! – Harry continuou.

– Intrometido. – Ela retrucou.

– Cara de pau. – Ele revidou.

– Você está me ofendendo! – Kate exclamou irritada.

– Chega! – Pedi.

– Obrigada por me defender, querido.

– Não sou seu querido. Só quero que você vá embora. Não vê que está atrapalhando? – Indaguei.

– Engraçado que se fosse outras pessoas...

– Exatamente. Outras pessoas que, provavelmente, seriam convidadas. Diferente de você, que nunca será! – Harry esclareceu.

– Veremos!

– Argh! Vai embora, Kate. – Pedi e John chegou a mesa com Chay.

– Ganhei do John, falei pra vocês que isso ia acontecer... – Chay veio comemorando sem perceber a intrometida na nossa mesa. – Aah... o que... achei que a noite era dos homens. – Comentou quando viu que ela estava ali.

– Estava sendo, até a amiga do Arthur aparecer. – Nick zombou.

– Ela não é minha amiga! – Deixei claro. – Acho melhor você parar de graça. – Avisei novamente e tirei a mão dela de cima do meu ombro. – Que saco, Kate! – Falei irritado.

– Parei. – Ele levantou as mãos para cima em sinal de trégua.

– Acho bom. – Informei.

– Não sei o porque da surpresa... – Ela comentou.

– Porque não era pra você estar aqui. Consegue enxergar? – Perguntei irônico.

– Não precisa ficar irritado, querido.

– Droga! Não me chama de querido, que saco! – Exclamei me levantando da cadeira.

– Calma, Arthur. – John pediu.

– Eu só vou sair de perto dessa mulher. – Expliquei.

O que mais eles pensaram que eu faria?

– Vamos... – Mika me puxou e Harry nos seguiu. Não sei se John tentaria convencer Kate a sair dali.

– Essa mulher só pode tá querendo acabar com a minha vida. – Falei quando chegamos ao bar.

– Mas ela é gostosa, Arthur.

– Fica com ela, Mark. Leva essa mulher pra bem longe da minha vida. – Quase implorei.

– Você conheceu essa mulher onde? – Ele riu.

– Quando a Lua esnobou ele, lá na era dos dinossauros. – Harry riu alto.

– Idiota! Você podia me ajudar, seu inútil. – Resmunguei.

– Eu te ajudei. Chamei ela até de bruxa. Foi a primeira mulher que xinguei... olha o que você me induz a fazer. – Ele se defendeu.

– Parece que ela era a tua irmã e vocês estavam de briguinha. – Comentei.

– Deus me livre! Um homem lindo como eu, um anjo, como pode ser irmão de uma cobra dessas? Menos, Arthur.

– Menos você, Harry. – Retruquei.

– Achei que tivessem se conhecido agora. Fosse uma fã, sei lá. – Mark comentou e Mika riu alto.

– Ela nem tem cara de fã.

– Tem cara de louca. – Harry disse. – Perturba meu neném há mais de dez anos. Caraca, Arthur! É isso mesmo! – Ele comentou chocado.

– Caraaaaca mesmo! – Mark concordou.

– Ninguém precisa me lembrar disso. Tive uma briga com a Lua por conta dessas situações...

– E de outras mais. – Harry acrescentou.

– Sim. Absurdas essas outtas. Por isso, quanto mais longe ela estiver, melhor.

– Mas ela não está longe, darling.   – Ele imitou Kate e passou a mão pela minha barba.

– Eu vou te dar um soco, Judd. – Ameacei.

– Selvagem! – Ele rosnou imitando um leão ou algo perto disso. – Por isso que elas te perseguem. – Acrescentou divertido.

– Você quer ver o selvagem? – Ameacei.

– É brincadeira, Aguiar. Relaxa, baby. – Ele não perdeu a oportunidade de provocar novamente.

– Vou te matar, Harry! – Exclamei tentando permanecer sério.

– Já parei, Arthur. – Ele se conteve.

– Vamos tomar uma que é... – Mark chamou o barman.

*

– Seu produtor até me ofereceu um valor considerável para que eu fosse embora... sua sorte é que você vale beeem mais que isso. – Kate sussurrou em meu ouvido.

– Você de novo! – Exclamei passando a mão pela minha orelha.

– Hahaha... você acha que eu vou desistir, baby? Ainda mais que não tem aquela sua mulherzinha por perto para atrapalhar. – Ela passou a língua pelo lábio inferior.

– Olha bem como você fala da minha mulher. – Pontuei tirando a chave do bolso e depois a minha carteira.

– Eu até gostaria de beber um pouco de uísque. Você adora, não é? – Kate aproximou os lábios do meu rosto.

– Isso não é da sua conta. – Retruquei e me afastei. – É melhor você ficar longe. Bem longe. – Enfatizei.

– Por que? Tem medo é? Sei que é complicado resistir mesmo...

– Você é doente!

– Por você. Vamos dançar?

– Se você me conhecesse realmente, saberia que eu não gosto de dançar. – Deixei claro.

– E transar?

– Menos ainda se for com você. – Respondi.

– Não me esnoba, Aguiar.

– Só estou dizendo a verdade que você já deveria saber. Aliás, pretendo falar com você, mas hoje não, porque o assunto é sério.

– Huuum... assunto sério. Vamos aproveitar então?

– Pode tirar qualquer ilusão da sua cabeça. – Avisei.

– Vamos ver se é ilusão. – Ela retrucou.

– Quero um uísque. – Pedi ao barman e lhe entreguei o dinheiro.

– Você não vai pedir pra mim?

– Kate, me erra. Que merda! – Falei impaciente e peguei o copo. Guardei minha carteira e ela pôs as mãos em meus ombros. – Aah... o que foi agora?

– Lua não está aqui para ver.

– Isso não muda nada. – Afirmei. – Tchau.

– Até mais tarde. – Kate provocou e eu rir da audácia dela que voltou para o bar.

Pub – Vinte e três horas e quarenta minutos.

– Cara, eu vou embora. Lua vai me matar.

– Vai mesmo. – Harry confirmou rindo. – A gente não devia desistir.

– Desistir? – Mark riu. – DIRIGIR! Você tá louco!

– Você tá mais bêbado que eu, Judd! – Exclamei rindo.

– Você não tá bêbado. Tá tonto né?

– Tô vendo dois Harry e isso é horrível.

– Idiota!

– Minha cabeça tá girando. Não é brincadeira. – Confessei.

– Vamos de táxi. John vai matar a gente também... só os nenéns que seguiram ele... – Mark debochou.

– Nick foi também?

– Não. Só o Mika e o Chay... Nick saiu foi com outra pessoa. – Mark piscou um olho.

– Achei estranho foi o Chay ter ido... – Harry riu alto. – Ai minha cabeça. Acho que tô com enxaqueca.

– Já são as reações da pré-ressaca. – Esnobei. – Ai nossa... não sei como vou pra casa... – Acrescentei.

– Pela rua, idiota.

– Ai droga! – Bati na minha testa.

– O que foi? – Harry abriu a porta do carro.

– Deixei a chave no bar. – Contei.

– É idiota mesmo. – Ele me xingou.

– Vou buscar.

– A gente já vai indo. Mark dirige. Ele tá menos pior que eu. – Harry afirmou. – Eu... a gente te espera... hum... no sinal. Se você demorar a gente vai embora.

– Tá certo. Caramba! – Bati novamente na minha testa. – Droga! Como eu vou achar essa chave? – Comecei a falar sozinho.

Entrei novamente no pub e fui até o bar. A chave não estava sobre o balcão e eu não conseguia raciocinar direito. Perguntei ao barman e ele disse que não tinha visto chave nenhuma. Seria impossível achar a chave de um carro com o tanto de gente que já tinha ido àquele balcão.

– Olá, baby.

– Ah, Kate. Me erra! – Falei estressado. Eu estava sentindo muita falta de ar e não conseguia encontrar a merda da saída.

– Você me perdeu?

– Graças a Deus! – Exclamei.

– Você está bem? – Ela indagou.

– Não está vendo que não? – Retruquei.

– Você precisa se acalmar. Toma um pouco de água. – Ela me deu uma garrafa que havia acabado de pedir ao barman.

– Você só pode tá de brincadeira.

– Tô tentando te ajudar, mal-agradecido. – Ela revirou os olhos. Só aceitei a água porque minha garganta estava muito seca.

– Te conheço.

– Aposto que você ainda tem muito com o que se surpreender. – Ela passou o dedo indicador pelos meus lábios.

– Tira a mão de mim. – Resmunguei tirando a mão dela de perto de mim.

– Sabe...

– Nem quero saber.

– Mas eu vou falar... as vezes até entendo a Lua... eu não te deixaria sair...

– E quem disse que ela não deixa? Você tá muito mal informada.

– Eu não deixaria. Entendeu?

– Você nunca vai ser a Lua, Kate. Esquece isso. – Pedi exausto.

– Quando você descobrir quem eu sou... você entendeu como? Você não vai querer saber de mais ninguém...

– E nem tenho vontade descobrir. – Assegurei. – Você tá viajando muito. – Completei.

– Você já tá melhor?

– Eu tô muito tonto... mas você não precisa se preocupar. – Respondi.

– Vamos, eu te levo.

– Tô sem carro, Kate. É sério, Kate, me deixa. – Quase implorei.

– Você nem consegue andar, Arthur.

– Já tomei água, vai passar. – Falei. Mas ela riu e me puxou. Minha cabeça estava girando demais. Onde os caras tinham se metido? Não consigo lembrar da última vez que falei com eles. Acho que foi no bar...

– Vem...

– Para onde vamos? – Eu sentia minha cabeça girar numa frequência absurda. Mas eu acho que nem bebi tanto assim. – Cadê os meus... amigos? – Eu não tinha visto mais o Harry e nem ninguém que estava comigo. Será que eles tinham me deixado sozinho?

– Seus amigos já foram, meu amor.

– Não. Não sou seu amor. – Minha vista estava turva. Algumas pessoas riram.

– Shhhhhh... é claro que é. Hoje você vai saber que é.

– Me leva pra... casa. – Pedi.

– Nós vamos para o paraíso, querido. – Ela firmou.

– Cadê a Lua? Ela é... a minha... mulher...

– Não tem Lua, baby. Somos só nós dois. – Kate garantiu. E eu nem sabia mais onde estava.

– Por que? – Eu não conseguia entender e já sentia tanto sono.

– Porque nós queremos. – Ouvi ela dizer e comecei a negar com a cabeça.

– Quero ir pra casa.

– Nós vamos. Só segura aqui. – Ela levou minha mão até o volante. Mas a minha mão pesava demais.

– Não posso... – Me recusei. – Não posso di..dirigir... não consi...go enxergar nada.

– Você não vai dirigir, meu amor. – Ela garantiu.

– Não sou seu amor. – Tentei corrigi-la. Não consigo me lembrar de como ela apareceu no meu carro.

– É sim. – Kate retrucou e vi um clarão na minha frente.

– O que foi isso? – Perguntei assustado. Porque logo tudo ficou escuro novamente.

– Você acredita em luz do amor? – Ela perguntou divertida e eu franzi o cenho.

– Nunca ouvi falar. – Respondi impaciente. – Onde estamos? – Acrescentei. Não me recordava se tínhamos saído do lugar. Eu estava dirigindo?

– Vamos mudar de lugar. Você está sem condições de dirigir. – Ela avisou.

– Esse carro é meu? – Perguntei quando tentei sair do banco do motorista e passar para o banco do carona.

– É sim, baby.

– Não sou baby! – Retruquei.

– Para de reclamar, Arthur. – Ela ligou o carro.

– Mas eu tinha perdido a chave... – Pensei. – Você encontrou?

– Huuum... balas... eu adoro chocolate. – Kate entrou na avenida.

– Você... sabe onde... eu moro? – Indaguei.

– Relaxa, Aguiar.

– Você não devia está aqui. – Recordei.

– Estou te fazendo um favor.

– Mas eu nem pedi. – Encostei minha cabeça no banco do carro.

– Você vai gostar do que vamos fazer. – Ela prometeu, mas nem liguei muito. Meus olhos estavam pesados.

*

– Acorda, Arthur. Vamos... me ajuda. – A voz estava muito longe. Não consegui diferenciar quem era.

– Onde estamos? – Perguntei baixo. Não sei se alguém escutou.

– Em casa. – Mas a voz não era da Lua.

– Quem é você?

– Uma pessoa que você vai adorar conhecer de verdade. – Ela sussurrou próximo ao meu rosto. Era uma mulher.

– Quero ir pra casa. – Pedi tentando reconhecer o lugar. Mas estava muito escuro.

– Já estamos em casa.

– Não conheço esse lugar. – Retruquei.

– Hoje você vai conhecer tudo, Aguiar.

Ela me jogou em cima de alguma coisa... acho que é um sofá. Mas não tenho tanta certeza. A minha cabeça está pesada, assim como, meus olhos. Ela começou a abrir os botões da minha camisa e eu tentei impedi-la. Eu não consigo reconhece-la. Minha vista está tão turva.

– Vamos brincar um pouco?

– Não quero. Estou com sono... que horas a Lua vem me buscar? – Perguntei preocupado. Por que ela me deixou sozinho?

– Lua? Quem é Lua? – A mulher beijou o meu queixo.

– Ela é a minha mulher. – Respondi quase automaticamente.

– Mas você não é casado. – Ela pontuou.

– Sou sim. – Assegurei.

– Não estou vendo nenhuma aliança, querido. – Ela segurou a minha mão esquerda. – Você está enganado.

Será que eu estava sonhando?

– Mas eu tinha aliança.

– Não, não... – Ela sorriu. – Vamos aproveitar um pouco. – Ela sentou-se sobre mim e notei que ela estava quase sem roupa.

– O que você tá fazendo? – Perguntei confuso segurando em sua cintura para que ela se afastasse.

– A pergunta certa é, o que vamos fazer?! – Ela segurou a minha bochecha com uma mão e apertou para que eu a olhasse.

– Eu não estou entendendo... – Confessei.

– Logo, logo você vai entender. – Ela garantiu e empurrou algo atrás de mim, que me fez cair sobre o sofá... ou cama. Eu não faço ideia do que seja.

– Eu estou tonto... tonto...

– Respira fundo... vamos nos divertir bastante.

– Estou cansado.

– Você está bêbado.

Ela me corrigiu e eu neguei, mas nem consegui falar mais nada. Ela tirou a minha camisa, se afastou e depois voltou depositando beijos pelo meu corpo. Mas tudo parecia bem distante. Até a voz dela e eu não consegui dizer mais nada.

–  Arthur?

Arthur?

AI NÃO ACREDITO!

Acorda, Arthur!

Você tá de sacanagem comigo.

QUE DROGA! GRRRRRR!

Pov Lua

Londres | Sábado, 12 de dezembro de 2015 – Uma da madrugada.

Acordei e notei que Arthur ainda não tinha chegado. Liguei o abajur e peguei meu celular para ver a hora. Era uma da madrugada. Me lembro dele ter me dito que chegaria antes da meia noite. Provavelmente ele ainda estava com os amigos e só chegaria mais tarde. Eu os conhecia muito bem. Quando inventavam esse tipo de saideira, nunca voltavam cedo. Bloqueei a tela do celular e desliguei o abajur. Puxei o cobertor para me embrulhar e voltei a dormir.

Cinco e cinquenta e quatro da manhã.

Senti a cama vazia e estiquei o braço pra comprovar que eu estava errada, mas eu estava certa: Arthur não dormiu em casa. Não sei onde ele se enfiou a madrugada toda. Só espero que ele não tenha sofrido nenhum acidente, porque eu faço questão de acabar com ele. Não é possível!

Será que ele dormiu na casa do Harry?

Por que ele não me ligou se foi isso que aconteceu ou mandou ao menos uma mensagem para avisar que estava tudo bem? Isso não custa nada! Ele sabe que eu me preocupo.

Que droga!

Mas ele vai me ouvir e não é pouco quando chegar.

Pov Arthur

Londres | Sábado, 12 de dezembro de 2015 – Sete e dez da manhã.

Eu acordei e não faço a mínima ideia de onde estou. Minha cabeça está latejando. Meus olhos estão pesados e o quarto está tão diferente. Não lembro de Lua ter mudado a decoração e nem a cama que parece tão dura. Abri os olhos quando percebi que eu não estava em casa.

Lua vai me matar!

Quase caí da cama quando tentei me levantar e o susto foi maior quando vi Kate completamente nua na cama. Me olhei rapidamente e eu estava de cueca, mas não sei se isso faz alguma diferença.

Que merda tinha acontecido?

Me lembro de ter ido para o pub em Fleet Street com os caras, de ter encontrado com Kate. Na verdade, ela que nos encontrou. Não sei como, mas ela estava lá. Nem bebi tanto, mas sentia a minha cabeça prestes a estourar. Não consigo lembrar da última vez que vi meus amigos, muito menos do momento em que nos separamos. Mas isso nunca aconteceu antes.

Que merda! Por que isso teve que acontecer ontem?

Eu não sei nem onde fica essa casa... não sei nem se é casa. Eu estava sem aliança e Lua com certeza vai acabar comigo. Eu nem tenho mais dúvidas. Procurei pelo meu celular e o encontrei no chão perto da cama. Não tem nenhuma ligação dela. Lua não vai ligar, ela vai me esperar chegar em casa e eu nem sei por onde começar a me explicar.

Liguei para o Harry. Ele tem que me explicar o que aconteceu. Eu não ia pra cama com a Kate, disso eu tenho certeza. Deve ter acontecido alguma coisa.

Será que essa louca colocou algo na minha bebida?

Mas eu jamais beberia algo que Kate tivesse me oferecido.

Meu Deus, o que aconteceu?

LIGAÇÃO ON

– Alô? – A voz era feminina. Só faltava ele ter acabado a noite que nem eu. – Arthur? – Mas era a Britney.

– Britney? Preciso falar com o Harry. É urgente! Por favor! – Tentei me controlar para não assusta-la.

– Ele tá dormindo, Arthur. Chegou ontem beeem bêbado. Vocês não estavam juntos?

– Sim, sim. É urgente! É sério, Britney. – Pedi desesperado.

– O que aconteceu? – Ela indagou assustada. – Vou chama-lo. Só não sei se ele vai acordar.

– Diz que sou eu, diz que é muito sério. – Expliquei.

...

– Harry? Acorda!

– Huuum... o que foi, Bey? Estou com sono.

– Tem alguém querendo falar com voce. – Ela contou. – Abre os olhos.

– Não tô a fim de transar agora.

– Que transar, Harry Judd! – Ela exclamou irritada e acho que deu um tapa nele.

– Oow! – Ele reclamou. – O que é?

– É o Arthur!

– Ele tá aqui?

– Aqui. – Pontuou e deve ter entregado o celular para ele.

– Onde você vai? – Ele perguntou, mas só ouvimos o barulho da porta do quarto.

...

– Arthur?

– Você nem imagina a merda que aconteceu... – Comecei.

– Você sofreu um acidente? – Ele perguntou preocupado. – Você tava meio doido ontem.

– Eu preferia que tivesse acontecido algo do tipo mesmo... eu devia tá completamente doido e não meio.

– Eu não tô entendendo, Arthur.

– Passei a noite com a Kate.

– O QUÊ? – Harry gritou.

– Eu não sei aonde eu estou. Eu acordei agora.

– Como assim?

– Eu não sei, Judd. Eu não sei. Lua vai acabar comigo. Não tem nenhuma ligação dela aqui. Eu tô sem aliança, sem roupa, sem carteira, sem chaves. Estou perdido! – Finalizei desesperado.

– Ela estava no bar... mas a gente saiu juntos. Você esqueceu a chave e voltou. Ficamos te esperando no sinal, só que você demorou demais. Mark até dormiu aqui, eu acho. Nem lembro direito. – Ele me explicou.

– Eu não lembro de porra nenhuma. – Afirmei.

– Vocês transaram?

– EU NÃO SEI HARRY! – Gritei. – Não posso ter transado com ela, Harry. Meu Deus! Não é possível! Isso vai acabar com o meu casamento. Lua nunca que vai aceitar uma coisa dessas. Como vou contar isso a ela, Judd? – Perguntei aflito.

– Nem sei como te ajudar. – Ele foi sincero. – Mas ela nem me ligou ainda...

– E nem vai. Ela vai me esperar chegar. Se antes estava complicado a nossa relação, agora piorou milhões. Puta que pariu! Eu não transei com a Kate. Isso não pode ter acontecido. – Voltei a dizer.

– E se ela engravidar? Será que era isso que ela queria?

– O QUÊ? – Gritei. – Harry, me ajuda! Não me deixa mais preocupado. Você tá doido em pensar que vou ter um filho com a Kate? Pelo amor de Deus! Sei que não sou muito religioso, mas não sou tão ruim também para merecer uma coisa dessas. – Respondi.

– É só uma hipótese... afinal, você não tem problema pra isso.

– Harry, cala a boca! – Exclamei. – Isso só pode ser um pesadelo.

– Cara, pensa... ela estava te seguindo, Arthur. Não ia querer só transar pra nada. Você nem lembra do que aconteceu. Ela bem ia se preocupar em te colocar uma camisinha... sei lá...

– Ela deve tomar remédio, Harry. Eu também não sei. Meu Deus! Eu não queria pensar nisso. – Confessei. – Por que você pensou?

– Temos que pensar em todas as possibilidades!

– Eu não ando com camisinha, dude. Não me assusta. Essa mulher nem deve ter pensado nisso.

– Eu sei... Lua me disse. – Ele ressaltou. É claro que ela tinha contado sobre nossa briga. Eu nem estava surpreso.

– Lua! Lua! Lua! Ela vai querer me matar, Harry. Lua não vai querer nem olhar na minha cara se Kate estiver grávida de um filho meu. Por que eu estou pensando nisso? Ela não está grávida. Essa possibilidade não pode existir.

– Dá um jeito de sair daí e vai pra casa. O que eu digo se Lua ligar?

– Ela não vai ligar, Harry. Você não vai precisar dizer nada. Agora eu... eu nem sei por onde começar. – Contei.

– Será que vou ter que chamar uma ambulância e um advogado?

– Você tá rindo da situação seu idiota? A ambulância vai ser pra você. – Respondi.

– É sério, Arthur!

– Eu vou desligar. – Avisei.

– Eu não estou rindo. Isso é sério, Arthur. – Ele se defendeu.

– Eu sei, cara.

– Não fica chateado. – Pediu.

– Não vou me chatear com a tua falta de sensibilidade seu traste.

– Eu sou sensível sim! – Ele exclamou rindo. – Vai dá tudo certo.

– Obrigado.

LIGAÇÃO OF

– Sabe, eu realmente posso estar grávida.

– Chega de paranoia. Eu nem quero ouvir a tua voz. – Falei me virando para ela.

– Você não quer um filho?

– Seu nunca! – Respondi.

– Um filho nosso será tão lindo...

– Você é uma louca! Uma doente! – Exclamei irritado. – Quero as minhas chaves, a minha carteira e quero saber onde é esse fim de mundo, porque quero voltar pra casa.

– Você é maravilhoso... achei que não fosse dar conta. – Ela estava me provocando.

– Eu quero ir embora. CADÊ A MINHA CHAVE? – Calcei meu sapato e comecei a abotoar minha camisa.

– Não grita! Você tá doido?

– Doido? Se eu fosse você, nem me atrevia a fazer essa pergunta! – Avisei.

– Você não é o tipo de cara que agride mulher.

– Você não vale nada, Kate! Nada! Eu jamais transaria com você.

– Você transou!

– Não transei!

– Baby... – Ela disse apontando para o corpo dela completamente nu.

– Isso não quer dizer nada. Eu não sei como vim parar aqui, mas boa coisa você não deve ter feito. Deve ter colocado algo na minha bebida. Porque mesmo bêbado, eu jamais teria vindo parar nesse quarto com você! – Falei. – Então você fez alguma merda!

– Eu nunca faria isso. – Ela se fingiu de ofendida.

– Você pode acabar com meu casamento, sua louca!

– Eu? quem é casado aqui é você. Não te amarrei para te trazer. Você veio porque quis.

– Sua mentirosa! Cadê a minha carteira e as minhas chaves? – Indaguei novamente sem paciência. Kate apontou para uma cômoda perto da janela.

– Você não precisa ter presa para ir embora.

– Você tá de sacanagem com a minha cara. – Ri sem vontade. – Eu não quero nunca mais te ver na minha vida!

– Pois pode ter certeza que você verá muuuitas vezes mais depois de hoje. – Ela garantiu. – Ou você acha que a sua mulherzinha vai aceitar tudo isso que aconteceu entre a gente?

– NÃO ACONTECEU NADA, NADA ENTRE A GENTE! E NÃO FALA DA MINHA MULHER. – Gritei.

– Não sei porque você está tão estressado assim... a noite foi ótima, e você não me pareceu arrependido.

– Tira essa merda de noite da tua cabeça. Não teve nada, nada, Kate!

– Você só não se lembra. – Ela deu de ombros. – Mas eu irei te recordar. Só esperar.

– Esperar? – Passei as mãos desesperadas pelos cabelos. – Kate? Some da minha vida. Não era isso que você queria? Então agora some!

– É só o começo...

– Para de me atormentar. Tem tanto homem nesse mundo. Vai perturbar outro. – Falei.

– Quero você, baby.

– Para de me chamar de baby! – Mandei. – Esse apelido se tornou tão insuportável quanto você. – Andei até a porta. – Onde você colocou a minha aliança?

– Eu? Você quem tirou.

– Eu nunca tiraria a minha aliança. Isso não é brincadeira, Kate!

– Eu não estou brincando. – Ela respondeu e eu bati a porta. Não suportava mais olhar para ela e nem ouvir aquela voz.

Não sei como chegarei em casa e nem o que irei dizer para Lua.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, leitores? Boa tarde! Como estão? Aposto que felizes com essa atualização hahaha

OBRIGADA pelos comentários do capítulo anterior.

QUE CAPÍTULO HEIN? (emoji chocado, assustado) O que vocês acharam? Nossa, a situação do Arthur está MUITO complicada. Lua vai perder a paciência sim ou claro? Kate foi muito mal-intencionada (uma vadia mesmo)!

O que vocês acham que vai acontecer no próximo capítulo? Falamos tanto disso e sei que algumas pessoas não aceitam esse rumo que tomará a relação deles, maaaaaaas... há tantas coisas para serem resolvidas. As vezes o tempo se torna um bom amigo, quando se aproveita para resolver as questões pendentes e não para criar mais problemas. Será que eles irão entender isso? A gente torce para que sim, não é mesmo? Eles ainda têm tantos conflitos internos para resolverem e aceitarem.

Eu gostaria muito que vocês COMENTASSEM a respeito desse capítulo. Estou sentindo falta da participação de vocês. As visualizações sobem, enquanto os comentários só caem ☹ isso me deixa desapontada. Porque os comentários funcionam como incentivos para mim.

PS: Brenda, chegou o teu momento. 84 anos depois...

O próximo capítulo virá quando tiver bastante comentários.

Um beijo e até a próxima atualização.

COMENTEM!