O Poderoso Aguiar | 49º Capítulo

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O Poderoso Aguiar
49º Capítulo – Em Pé de Guerra

Pov Lua

Minhas pernas começavam a ficar dormentes de tanto ficar de pé olhando da varanda do meu quarto. O dia já chegava ao fim e Arthur não tinha parado um só minuto. Aliás ele não parou desde a fuga de Dom Matteo há três semanas. Andava pra cima e pra baixo dando ordens, reforçou a segurança e pra variar andava nos cascos. Era melhor ponderar as palavras com ele a não ser que quisesse levar um coice.

Eu o entendia. Já era preocupado em excesso com a segurança da família e agora ficou pior ainda. Só faltou bater em Tânia para que ela e o filho fossem embora do país. Obviamente foi cercada de seguranças. A casa dos pais dele, a de Sophia e a nossa estava praticamente com o triplo de seguranças. Sophia bateu o pé e ameaçou discutir com Arthur. Entretanto eu a impedi.

Posso dizer que conheço meu marido mais que qualquer um e sei o quanto ele se preocupava com a família. Eu cheguei a perguntar para ele, com muito tato, se ele não estava exagerando. Sua resposta foi categórica.

– Dom Matteo está com ódio de mim, Lua. Mas ele não irá tentar nada contra mim. Se eu morrer… pronto, acabou. Mas ele quer me ver sofrer. E sabe que conseguirá isso somente se ferir as pessoas que eu amo.

Depois disso eu não falei mais nada. Eu consegui captar a dor em suas palavras. Não havia medo, havia sim um ódio incontido que eu cheguei a ficar com receosa. Entretanto acima de tudo eu confiava em Arthur. Tanto que eu nem surtei quando ele saiu na noite anterior para fazer negócios com os armamentos que havia recebido. Obviamente eu tive que trabalhar isso muito bem para conseguir me conter. A situação não estava fácil e irritar Arthur só iria piorar.

– Ai…

Eu reclamei quando Lunna puxou meu cabelo. Estava em meu colo e começava a ficar impaciente. Ah… era tão diferente do John que brincava sentado em minha cama. Era elétrica demais tanto que minha mãe acabou vindo ficar mais uma temporada comigo. E isso foi até bom, já que era teimosa feito uma mula e se recusava a viver cercada de seguranças.

– Papai…

Lunna e John começaram a falar dois dias após o aniversário e daí não pararam mais. Claro que não falavam de tudo. Papai, mamãe e vovô eram as mais faladas. Como não poderia ser diferente a primeira palavra de Lunna foi papai, e a de John… mamãe. Lunna puxou meu cabelo novamente e eu olhei feio pra ela. Pegou essa mania agora, tanto que na maioria das vezes eu prendia meus cabelos. Mas hoje nem isso estava ajudando. Ela puxava meu rabo de cavalo sem parar, demonstrando sua impaciência.

– Seu pai está ocupado Lunna. Que coisa. Por que não vai brincar com o John? – Ela girou a cabeça, os cachos acobreados balançando ao redor do seu rosto enquanto ela olhava para o John na cama.
– Papai…
– Céus, Lunna. Vamos ficar com seu irmão. Tenha paciência por favor.

Sentei-me com ela na cama e coloquei o ursinho de pelúcia em seu colo, gemendo quando começou a musiquinha irritante. Por que faziam brinquedos musicais para crianças? Adivinhando minha irritação, Lunna abandonou o urso e pegou o pequeno teclado batendo as mãos nele com força.

– É pra me irritar não é? Nem adianta que seu pai não vem.

Ela continuou batendo as mãozinhas sem nem se importar comigo. Deitei-me e fechei meus olhos, as mãos na cabeça. Eu estava muito mais apreensiva do que deixava transparecer. Eu não esperava que Dom Matteo fosse agir logo de cara, mas a qualquer momento ele iria colocar as garras de fora. E meu medo maior era Joseph. Se algo acontecesse a ele eu morreria… e Dom Matteo também porque com certeza Arthur iria fazer picadinho dele.

– Mamãe… – John deitou-se ao meu lado e eu descobri meus olhos, olhando em seu rosto.
– Oi meu anjo…

Deitou a cabeça sobre meu peito como sempre gostou de fazer. Acariciei os cabelos macios, rindo da expressão de Lunna olhando para nós. Seria possível uma criança dessa idade ter um ar de deboche no rosto? Porque era essa a impressão que eu tinha. Ia dar trabalho quando crescesse. Já tinha cantado essa pedra. Uma batida tímida na porta e eu já sabia quem era.

– Entre Joseph. – Ele entrou e no mesmo instante Lunna abriu os braços para ele. Ele se sentou na cama e colocou-a no colo.
– E então meu anjo? Estava com sua avó?
– Não. Ainda estava fazendo a lição que a senhora Audrey me passou.

Arthur contratou uma professora para Joseph para que ele não encontrasse tanta dificuldade quando voltasse à escola. E ele parecia estar se saindo bem.

– E como se saiu?
– Não estava muito difícil. Meu pai já tinha me falado sobre as coisas que ela perguntou.
– Hum… seu pai está sempre um passo à frente não é?
– É mesmo.
– Joseph… me ajuda a dar banho nos seus irmãos?
– Sim. Foi por isso que eu vim. Já está na hora. – Sentei-me levando John comigo e abracei Joseph. Era um garoto de ouro.
– Eu te amo muito.
– Eu também te amo mãe.

Sorri, tentando disfarçar minha apreensão. Eu temia tanto por ele que chegava a doer.

***

Arrastei-me até o quarto, louca para me jogar na cama. Passava das nove da noite quando Lunna finalmente dormiu. A carinha mal humorada mesmo dormindo explicitava sua insatisfação em não ter visto o pai o dia todo. Passei no quarto do John e depois do Joseph para dar boa noite. Minha mãe também já tinha se recolhido. Só me restava dormir também. Pelo jeito Arthur não iria aparecer tão cedo.

Em um momento estava nos jardins da casa e no instante seguinte sumiu. Não fazia ideia de onde teria ido. Entrei no quarto e cai na cama de bruços, sentindo meu vestido erguer-se um pouco, mas meu cansaço era tanto que nem tive forças para consertar. Mas não se passaram nem dois minutos e a porta se abriu.

– Convite delicioso. Não irei recusar. – Girei a cabeça lentamente e vi Arthur parado atrás de mim, os olhos fixos em minha bunda.
– Nem vem. Estou morta de cansaço.
– E desde quando mulher minha pode ficar cansada? – Ele perguntou e se afastou tirando a camisa. Sentei-me na cama e estiquei os braços, espreguiçando-me.
– Você demorou. Lunna dormiu furiosa. – Ele riu, a risada gostosa sacudindo seu corpo.
– Ela tem os seus genes, amor. Louca por mim.
– Convencido.
– Estou mentindo?

Levantei-me e caminhei em direção ao banheiro, enquanto ele acabava de tirar a calça, ficando apenas com a boxer preta. Talvez outro banho melhorasse meu torpor.

– Mulheres fingem, Arthur. – Ao passar por ele Arthur me segurou pelo braço e jogou meu corpo contra a parede.
– Ah é? Mas eu sempre pensei que você fosse diferente.
– Arthur… – Ele abriu meus braços e segurou-os contra a parede como se me crucificasse.
– Está com medo?

Ele perguntou roçando a barba recém-nascida em meu pescoço, o peitoral largo e forte prensando-me ainda mais contra a parede. Medo eu não tinha nenhum… tampouco motivos pra isso. Mas meu corpo inteiro já tremia. E quem poderia me recriminar? Meu marido era o homem mais delicioso… mais viril que já conheci. Portanto eu tinha todos os motivos para ter todas as minhas células ouriçadas.

– Deixe-me tomar banho Arthur.
– Só depois que tirar a prova.
– Que prova?
– Se você também finge.

Ele cravou os dentes em meu pescoço enquanto seu joelho se enfiava no meio das minhas pernas. Ergueu um pouco a perna e esfregou em meu sexo, fazendo-me arfar. A língua úmida subiu e desceu pelo meu pescoço e depois passou pelo lóbulo da minha orelha, enfiando-se lá dentro em seguida. Minhas pernas bambearam e eu senti meu corpo escorregar um pouco. Meus mamilos intumesceram e quase perfuraram o tecido fino do vestido.

Arthur soltou uma de minhas mãos que imediatamente voaram até seus cabelos. Sua língua continuou explorando minha orelha, sua mão livre agora apertando meu seio enquanto sua perna continuava friccionando meu sexo, mais particularmente meu clitóris.

– Arthur… não faça isso.
– Isso o que amor? É só um carinho… se bem que eu queria mesmo era foder você. Duro e forte… tão fundo até tocar seu útero… até fazer minhas bolas entrarem em você.

Mal acabou de falar e puxou meu decote abocanhando meu seio, mas sem nunca parar de roçar a perna em meu sexo… agora mais rápido.

– Puta que pariu… maldito gostoso que você é…

Esbravejei enquanto meu corpo era levado por uma onda de espasmos, o orgasmo me abraçando por inteiro. Meu corpo parecia uma gelatina e eu mal conseguia abrir os olhos, já que até minhas pálpebras tremiam. Quando finalmente consegui abri-los, Arthur sorria diabolicamente e soltou meu corpo que por pouco não foi ao chão.

– Você finge muito mal Lua.

Afastou-se em direção ao banheiro e eu apoiei minha cabeça na parede. Praga… gozar desse jeito só me deixou mais acesa. Eu precisava senti-lo… por inteiro. Tirei meu vestido ali mesmo e fui atrás dele que já estava sob a ducha. Entrei no box olhando o corpo agora inteiramente nu, seu pau ereto apontado em minha direção. Arthur estava com a cabeça tombada para trás, de olhos fechados. Passou as mãos nos cabelos e voltou a cabeça para me olhar, cheio de tesão.

– Sabia que não iria resistir.
– Você me acendeu.

Ele estendeu a mão que peguei sem pestanejar. Novamente meu corpo foi prensado contra a parede, porem dessa vez seu pau entrou completamente dentro de mim. Suas estocadas eram longas e duras… rápidas… cada vez mais profundas. Eu conhecia aquele toque, aquele jeito de me pegar, de me beijar. Ele estava nervoso… e somente extravasando comigo ele tinha cabeça para pensar com clareza. Logo que alcançamos o orgasmo ele apoiou a testa na minha.

– Lua… vocês estão seguindo exatamente o que falei?
– Claro que sim, meu amor. Você não precisa de mais problemas.
– Melhor assim. – Ele me soltou e entrou sob a ducha novamente.
– Alguma novidade?
– Nada Lua. Ele sumiu, E isso me preocupa. Ele está quieto demais.
– Planejando alguma coisa, com certeza.
– Sim. – Peguei a esponja e passei pelo corpo dele enquanto conversávamos. – Você bem que poderia conversar com a cabeçuda da sua mãe. Ela saiu novamente sem o seguranças. Justamente ela que também é alvo dele? Meu Deus… agora sei de onde você tirou tanta teimosia.
– Hey… não comece a ofender.
– Verdade agora virou ofensa?
– Não vamos começar.
– É sempre assim. Quando eu falo as coisas certas você vem com essa: Não vamos começar.
– Arthur… eu entendo sua preocupação, entendo que tem coisas demais nas suas costas… mas tente relaxar. Você já acorda estressado.
– Eu não acordo estressado. Acordo sempre de bom humor. Vocês é que me deixam assim.

Eu quase ri, mas achei melhor não piorar as coisas. Terminamos nosso banho e fomos para a cama. Mas antes de se deitar Arthur ainda checou os sistemas de segurança. Saiu e verificou os seguranças do lado de fora, foi ao quarto das crianças e só então veio pra cama.

– Agora tente dormir, Arthur.
– Como se fosse possível.
– É possível. Durma. Amanhã Lunna virá com tudo pra cima de você.
– Então, durma você. Eu saio daqui a três horas.
– Três? Mas Arthur…
– Nada de mais… durma.
– Aonde vai?
– Não interessa.
– Claro que interessa. Aonde vai?
– Mas que porra Lua. Vá dormir, por favor. Vou cuidar de negócios, apenas.
– Doeu falar?
– Doeu. Pela última vez… durma. – Virei as costas para ele e fechei os olhos sem ao menos desejar boa noite.
– Apesar de ser uma chata eu te amo. – Sorri.
– Apesar de ser um cretino, estúpido e cavalo eu também amo você.

Ele apenas riu e pouco depois ouvi sua respiração compassada, indicando que dormia. Levantei-me lentamente e coloquei o relógio para despertar dali a três horas. Queria vê-lo sair. Voltei pra cama e dormi imediatamente. Acordei assustada, nem sei por que. Mas olhei para o lado e Arthur não estava.

– Arthur?

Tudo no mais absoluto silêncio. Levantei-me e peguei o relógio olhando as horas: sete da manhã.

Só então eu vi o bilhete ao lado. Era dele.

“Acha que é tão fácil me enganar? Cuide-se.”

Balancei a cabeça e acabei sorrindo. Esse era o meu marido.

Pov Arthur

Até quando eu teria que lidar com incompetentes? Isso porque eu pagava muito bem. Queria ver se não pagasse, como seria? Mas hoje eu estava no auge da minha falta de paciência. Fiquei parado com as mãos na cintura enquanto observava o sujeito corpulento revirando notas e mais notas, papeis e sei lá que porra era aquilo.

– Senhor Aguiar… só um instante. Acho que houve um pequeno engano e…
– Enganos são feitos para amadores. Eu não trabalho com amadores.

Girei para sair e imediatamente o homem me cercou. Eu o olhei de cima e não poderia ser diferente já que eu era pelo menos trinta centímetros mais alto que ele.

– Eu entregarei hoje em sua casa senhor.
– Eu não quero hoje. Quero agora.
– O senhor tem que entender que… – Coloquei minha mão em seu braço e empurrei-o, tirando –o da minha frente.
– Não tenho que entender porra nenhuma. Agora pare de me encher e saia do meu caminho antes que eu lhe meta uma bala na cabeça.

Ele arregalou os olhos e sequer mexeu um músculo. Sai e entrei no volvo saindo dali com velocidade acima do permitido. Bando de gente ruim de serviço. Estava ficando irritado e isso não era bom. Liguei para o Chay e ordenei que conseguisse novo pessoal para trabalhar com o processo de escuta. E se dessa vez tivesse falha… iria sobrar para todo mundo.

O que me deixava mais irritado era a total falta de notícias de Dom Matteo. Tudo bem que ele não era burro o bastante para agir agora, logo depois de ter fugido da prisão. Mas eu quase podia sentir os olhos dele sobre minha família… rondando… à espreita. E eu tinha que pega-lo antes que ele agisse. Eu sei que sua intenção era atingir a mim. Ele não me queria morto. A essa altura ele sabia muito bem qual era o meu ponto fraco. Sabia o que era capaz de me levar a lona. Claro que eu iria… mas antes acabaria com a raça dele se fizesse algo com alguém próximo a mim.

A caminho de casa meu celular tocou e pensei tratar-se do Chay. Estava distraído pensando em Lua e em sua tentativa de me ver sair que nem olhei o visor antes de atender, coisa que eu sempre fazia.

– Arthur.
– Quanta honra senhor Aguiar. – O sangue passou a circular mais rápido em minhas veias e eu ciciei entre dentes.
– Maldito filho da puta.
– Eu? Será que sou eu mesmo. – Revirei o carro a procura do outro celular, tentando localizar o Chay.

Merda.

– Aproveite esses dias… porque eu irei pega-lo e dessa vez não lhe darei chance.
– Vai me pegar? Como pegou meu garotinho? E então… já teve chance de descobrir como ele é delicioso?
– TENTE ME PEGAR PRIMEIRO… PORQUE SE TENTAR CONTRA ELE VOCÊ SEQUER TERÁ CHANCE DE TOCAR NUM FIO DE CABELO. EU ESTOURO SEUS MIOLOS ANTES. – Ele riu.
– Estou com saudades do rabinho dele… eu volto Aguiar. Adeus… o dever me chama.

Antes que eu dissesse mais alguma coisa ele gargalhou e desligou. Esmurrei o volante. Quase partindo-o ao meio, o ódio me cegando a ponto de fazer minhas têmporas latejarem. Coloquei a cabeça no volante tentando me acalmar. Quando eu pegasse Dom Matteo… não digo que ele iria se arrepender de ter cruzado meu caminho, simplesmente porque eu não lhe daria tempo para se arrepender, sequer pensar. Coloquei o carro em movimento e meu celular tocou novamente. Dessa vez eu olhei o visor: Chay.

– Chay… o maldito entrou em… – Fui logo falando, mas Chay me interrompeu.
– Arthur… venha urgente para a casa dos nossos pais.
– O que houve Chay?
– Uma desgraça… venha. Lua conseguiu falar com você?

Meu coração deu um salto tão forte que chegou a doer meu peito, a garganta ficou seca e meus olhos arderam. Lembrei-me das palavras de Dom Matteo e logo pensei em Joseph.

– O que aconteceu? Pelo amor de Deus… Lua… as crianças...
– Elas estão bem… mas venha.
– Estou indo.

Nessa altura eu já tinha feito o retorno e voava até a casa dos meus pais. O percurso que geralmente era feito em vinte e cinco minutos foi feito em quinze. Saltei do carro sem sequer fechar a porta e já adentrei a casa praticamente ventando.

– O que houve? Onde está Lua?
– Ela está bem. Está em sua casa com Sophia e Micael.
– Deus… o que houve então?

Bernardo, João, Chay, meus pais… todos se entreolharam, deixando-me exasperado.

– FALEM LOGO, PORRA!

Estavam todos ao redor da mesa e aquelas caras de quem estava com medo de mim estava me deixando ainda mais puto. Felizmente Chay tomou coragem.

– Arthur… Dom Matteo agiu…

Meu primeiro pensamento foi Joseph. Ele falou sobre ele ao telefone, talvez quisesse apenas jogar comigo… e a essa hora Joseph poderia estar… Apertei minhas têmporas com força e fechei meus olhos ainda com mais força. Minha cabeça parecia que iria estourar.

– Diga logo…
– Micael foi pra sua casa como combinaram mais cedo. E lá… encontrou a Lua desesperada. Tentou ligar pra você e não atendeu.

Não vi nenhum telefonema dela… depois eu iria verificar isso. No momento eu só queria saber o que aquele filho da puta aprontou.

– E por que ela estava desesperada? Que cacete… falem logo tudo… sem pausa para respirar.
– Bom… Cláudia – Mãe de Lua – precisava ir ao médico e já estava atrasada. – Já pressenti merda.
– E como sempre recusou os seguranças…
– Sim… e pegou o Aston emprestado. – Parei de respirar. Aí já era demais.
– MAS QUE PORRA! QUANTAS VEZES EU PRECISO FALAR COM ESSAS DESCABECEADAS QUE O ASTON NÃO FOI BLINDADO? MERDA!

Mas então eu parei… se foi grave… e ela saiu no Aston… Olhei para o rosto apreensivo de Chay.

– Acertaram o carro Arthur.

Esmurrei a mesa com tanta força que o vidro ao centro trincou quase machucando minha mão. Eu respirava com dificuldade, o ódio corroendo minhas veias. Maldito… maldito desgraçado filho da mãe. Tudo estava contra mim. De um lado o velho desgraçado que voltou do inferno para me azucrinar. De outro esse bando de cabeça dura que insistia em burlar minhas ordens. Pra que? Pra acontecer isso?

– Conte tudo Chay.
– Bom…isso é tudo que sabemos. O carro foi alvejado por mais de quinze tiros… e provavelmente perdeu a direção e bateu no poste. Sem chance alguma… está morta.

Levantei-me e encarei meus homens. Alvejado? Quinze tiros? Do jeito que falaram parecia que foi um tiro e nada mais. Por instantes eu me vi de pés e mãos atados, pela primeira vez sem saber como agir.

– Lua já sabe?
– Ainda não. Sophia está preparando terreno. Achamos melhor falar quando você estivesse por perto.
– Fizeram bem. Então… primeiro tenho outro serviço a fazer. – Olhei o rosto de um por um e vi determinação. Todos prontos para agir. – Vamos até o galpão. Quero as armas mais poderosas que temos lá. Dom Matteo declarou guerra… acabei de entrar nela

***

Fiquei um tempo olhando a fachada da minha casa antes de finalmente sair do volvo. Odiava a ideia de ver Lua sofrer e até mesmo Joseph que estava muito apegado a Cláudia. Maldita mulher burra dos infernos. Como pode fazer isso? Eu falei… avisei um milhão de vezes. Achava que era o que? Gato? Que tinha sete vidas?

Será que aquela cabeça de vento não se lembrou da filha? Dos netos? E de mim que iria me crucificar por não ter dado umas boas palmadas nela?

Sai do carro e caminhei lentamente até a entrada, mas parei na varanda quando encontrei Micael.

– Ela já sabe Arthur. Estava desconfiada de alguma coisa e… quase bateu na Sophia. Pensou que fosse alguma coisa com você.
– Como ela está?
– Abalada, mas controlada. – Bati levemente no ombro dele.
– Obrigado por tudo. Os rapazes estão vindo… precisamos conversar.
– Tudo bem. Vou ficar por aqui.

Entrei em casa e parei junto a porta da sala, observando Lua abraçada a Sophia. Chorava baixo e eventualmente algum soluço lhe escapava. Como se sentisse minha presença ela ergueu a cabeça. Levantou-se imediatamente.

– Arthur… – Dei três passos e a alcancei, abraçando seu corpo trêmulo.
– Lua… sinto tanto, meu amor.
– Eu não tive culpa. Juro que não a vi saindo. Eu avisei para não usar o Aston.
– Eu acredito. Cláudia foi teimosa…
– E agora Arthur? Estou me sentindo… nem sei dizer. Só não digo perdida porque você está comigo.
– Estarei sempre. Mas iremos conversar depois ok? Como estão as crianças?
– Estão bem. Joseph chorou até dormir.
– Depois irei vê-lo
– Eu preciso… cuidar do enterro… olhar… várias coisas.
– Deixe comigo Lua. Apenas descanse. Tente dormir um pouco e…
– Ela deve ter sofrido Arthur.

Voltou a chorar, o rosto enterrado em meu peito. Suspirei e não disse nada, apenas beijei seus cabelos. Dom Matteo conseguiu me atingir. Fez Lua sofrer… acabou me atingindo também.

– Vamos subir um pouco. Eu lhe faço companhia. – Antes que nos afastássemos Chay entrou correndo na sala.
– Arthur! Pegamos alguém.
– Alguém? Quem?
– Victória
– Victória? Mas o que…

Victória foi uma das inúmeras mulheres de Don Matteo. Uma das inúmeras nojentas que o ajudou naquela brutalidade.

– Bernardo a viu nas proximidades onde o carro foi atingido. Sabe como ele é… gosta de dar uma de detetive. Como Victória tentou fugir… ele foi atrás.
João estava com ele e conseguiram pega-la.
– E onde ela está?
– Aqui… onde o Pedro ficou.

Olhei pra Lua. Não queria deixá-la sozinha nesse momento. Eu nem sei por que ainda me surpreendia com ela.

– Pode ir Arthur. Se ela tiver culpa… você se vinga pela minha mãe… por mim. Sophia ficará comigo.
– Tem certeza?
– Sim. Eu confio no meu poderoso. Claro que preferia que minha mãe estivesse aqui. Mas ela arriscou e… bem… sei que você não irá me decepcionar. – Beijei levemente seus lábios.
– Nunca. Eu volto logo. – Depois virei-me pra Sophia que inacreditavelmente estava quieta.
– Cuide dela, por favor.
– Fique tranquilo.
– Vamos logo Chay.

Seguimos até o outro lado da casa, passamos pelo corredor e chegamos ao quarto onde Pedro esteve “hospedado”. Entrei no quarto e sentei-me em frente a mulher que estava com os olhos vendados. Apenas olhei para Bernardo que tirou a venda. Primeiro ela piscou. Depois de me focar ela arregalou os olhos.

– Arthur.
– Olá Victória. Que surpresa.
– O que quer de mim? – Recostei-me e peguei um charuto no bolso do meu paletó, acendendo-o. Traguei lentamente antes de soprar quase na cara dela.
– Disseram-me que tem uma historinha a me contar.
– Não sei do que está falando.
– Não? – Inclinei-me para frente ficando com o rosto bem próximo ao dela. – Só lhe digo uma coisa… eu adoro aquele ditado: olho por olho… dente por dente. – Voltei a me recostar e a tragar o charuto. – Desembuche.

Antes que ela falasse qualquer coisa, a porta foi aberta com um estrondo. Dei um sorriso torto. No fundo eu já esperava por isso.

– Sabia que você viria, amor.

Lua colocou a mão em meu ombro e eu vi os lábios de Victória tremerem. Ela sabia que não sairia viva daqui.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

Com mais de 10 comentários. Próximo capítulo.

10 comentários:

  1. Coitada da Lua... Arthur sendo poderoso sempre...
    Ansiosa pelos proximos capítulos

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  2. Viciada! Adoro esse casal! Ass:kay

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  3. Pelo amor dr gsus posta outro vai! Ansiosa

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  4. Amei já estou super curiosa

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  5. Coitada da luinha, perder a mãe deve ser muito difícil!
    Esse casal é muito fofo ♡♡

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  6. Gente que capítulo maravilhoso!

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  7. Coitada da lua,Arthur e um bronco! Amo essa web, posta mais ansiosa

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