O Poderoso Aguiar | 30º Capítulo

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O Poderoso Aguiar
30º Capítulo – Os Brutos Também Amam

Pov Arthur

Acho que já suportei tudo o que um coração humano e meloso era capaz de suportar. Embora eu vivesse um momento perfeito em minha vida pessoal, não poderia me esquecer que a profissional cobrava minha presença.

Está certo que deixei meus seguranças e o patife do Pedro aos cuidados de Lua, e para ser sincero, até hoje não sei onde estava com a porra da cabeça quando fiz isso. Mas já passou. Não sou homem de voltar atrás em minhas palavras. O jeito era cuidar para que aquela maluca não aprontasse muito. Definitivamente, as vezes ela não usava a cabeça. Agia com o coração e isso não era bom.

Vesti meu terno sem desviar meu olhar dela nem por um segundo. Dormia feito um anjo. A barriga proeminente totalmente à vista, devido ao corpo nu. Pegou mania de dormir nua. Tinha certeza que era para me provocar.

E conseguia. Estava terrivelmente mais linda e mais gostosa. Sorri ao me lembrar de sua última consulta há duas semanas. Saber que teríamos um casal de bebês foi para acabar de vez com o pouco de sanidade que ainda me restava.

Desde então começaram as reformas para o quarto deles. Sophia e minha mãe ajudavam. Eu dei carta branca, mas não dava palpites. Não tinha jeito para essas coisas. Pelo menos Lua ficava com a mente ocupada e esquecia um pouco essa ideia de querer mandar nos seguranças e no Pedro. Quer dizer... eu pensei que seria assim. Mas a danada dava conta de tudo. Sabia exatamente quando um dos seguranças falhava em alguma coisa e o pior… os castigos do Pedro.

Eu quase rolei de rir, interiormente, ao entrar no quarto dele um dia desses. Ainda do lado de fora eu ouvia seus gritos. Quando adentrei no quarto, parei em choque. Lua estava sentada na cama com uma pinça na mão. Sorriu para mim, maliciosamente.

O peito dele estava muito vermelho e sem pelos. Pedro não era assim. Lua me disse que tinha feito uma depilação nele… com cera quente. E agora retirava os pelos encravados com uma pinça.

Decididamente, ela era terrível.

Sai do quarto sem ao menos dar um beijo nela. Iria acordar com certeza. Ainda não eram seis da manhã quando entrei no galpão. Meus homens já estavam lá, obviamente.

– Bom dia, chefe.
– Será mesmo bom dia, Micael?

Todos permaneceram calados enquanto eu andava de um lado a outro.

Matar… bater… espancar… O que eu faria com esse bando de lerdos?

Jesus Cristo! Quando iriam aprender? Cruzei meus braços e encarei meus homens.

– Que porra foi aquela? Alguém pode me dizer o que houve? E já antecipo que não aceito as explicações que os incompetentes costumam dar. – Bernardo começou a falar.
– Fomos… pegos desprevenidos, chefe.
– E desde quando eu pago vocês para serem desprevenidos? Vocês sabem o valor daquela merda toda? Um contrabando de diamantes e vocês permitem que seja roubado?
– Mas, chefe…
– Mas chefe o caralho. Eu não trabalho com imprevistos. Vocês têm que pensar em tudo. Absolutamente tudo! Eu não posso me afastar um minuto e logo vem merda?
– Aquela região é perigosa, chefe. Eles eram piratas.
– Piratas o cacete! Um bando de desocupados que se divertem às custas da incompetência de alguns. E você disse tudo, Micael… a região é perigosa. – Olhei o rosto de um por um. – Se sabiam disso, me digam, por que foram por ali?
Nenhuma resposta.
– É isso que o odeio! A falta de resposta é assinar embaixo da incompetência.

Suspirei, passando minhas mãos pelos cabelos. Eu conhecia aquela região muito bem. E sabia também como aqueles que se intitulavam piratas agiam. E eu iria atrás deles. E pegaria minha carga de volta.

Pensei rapidamente… dois dias seriam suficientes. Dois dias longe de Lua, dos meus bebês… Acho que eu sobreviveria.

– Hoje à tarde partiremos. Vamos pegar de volta o que é meu.
– Mas, Arthur… eu e Sophia…
– Sua vida particular não me interessa, Micael. Não nesse momento. É por ficarem pensando nos rabos de saia que ficam fazendo merda por aí.
– A que horas sairemos, chefe?
– Às cinco da tarde. Iremos no jatinho e chegaremos lá no horário propício.
– E como agiremos? – Revirei meus olhos.
– Da mesma forma que agimos contra qualquer bandido. Quantos eram?
– Três.
– O QUE? E VOCÊS PERDERAM MINHA CARGA PARA TRÊS HOMENS? – Balancei minha cabeça. – São mais incompetentes do que pensei.
– Eles pegaram um dos nossos, chefe. – Olhei mais uma vez para o rosto de cada um deles.
– Vocês sabiam no que estavam se metendo quando quiseram trabalhar para mim. Matar ou morrer… dar a vida se preciso. Se alguém aqui for um covarde… é melhor parar por aqui. – Dirigi-me até a porta do galpão e falei sem ao menos me virar. – Estejam prontos às quatro e meia.

Voltei pra casa irritadíssimo. Eu odiava amadorismo. O que deu na porra da cabeça desses homens para serem passados para trás assim? E pior… por três… TRÊS imbecis que se diziam piratas dos mares. Soquei o volante com força.

– ARGHHHHHHH… MERDA!

Agora teria que me ausentar por dois dias… isso me incomodava profundamente. Pelo menos a segurança da casa estava impecável. A Ferrari não estava à vista, então provavelmente Lua tinha ido às compras para os bebês.

Estacionei meu carro e subi direto para o quarto do traste. Ainda tinha muito a falar com ele. O que disse ao Chay estava muito aquém do que ele sabia. Eu queria muito mais, antes de dar a Lua a oportunidade de fazer o que ela queria: acabar com a vida dele.

Pensei que com o passar do tempo seu desejo de vingança fosse diminuindo, mas não. Parecia aumentar a cada vez que ela olhava para a cara do maldito.

Como sempre acontecia, Pedro ergueu a cabeça quando a porta foi aberta. Ele ainda ficava aliviado toda vez que me via. Definitivamente seu pavor era Lua. Os dois seguranças seguravam o riso ao verem a cena.

– Como está a mocinha hoje?
– Hum… apertadinha como sempre.

Eu ri alto, mas por dentro meu estômago revirava. Sinceramente essa ideia de foder outro homem me enojava ao extremo. Mas… tem gente que gosta, fazer o quê?

– Então, bonequinha? Pronto para colaborar?
– Eu já disse tudo o que sabia, Arthur.
– Uma porra que falou. Olha…

Sentei-me à sua frente. Seus pulsos, bem como seus tornozelos estavam machucados.

– Eu estive pensando em unir-me à Lua quando ela for castigá-lo. Acho que formamos uma dupla e tanto.
– Não… isso não. Eu já falei tud…
– ESTÁ ME CHAMANDO DE IDIOTA? Muito bem… eu descubro sozinho. E já que não preciso mais de você… vou dar a Lua a diversão que ela tanto deseja: acabar com você. – Levantei-me mas antes que eu alcançasse a porta ele gritou.
– ARTHURRRRR! Eu… lembrei-me de uma coisa. – Sorri e voltei. Dei um tapinha na bochecha dele.
– Boa menina… sou todo ouvidos. – E ele disparou a falar.
– Bem… Dom Matteo odeia você porque ele quer comandar todo o contrabando além do tráfico de menores para prostituição. E ele sabe que você sendo contra isso… pode se aliar à polícia. Assim livraria sua cara duas vezes: posava de bom moço para a polícia e ficava livre dele. Mas o ódio dele ficou ainda mais forte e insano quando você pegou a Pérola. Dom Matteo e ela… eram amantes.
– Eu sei disso. Continue.
– Pois bem… ela sempre foi uma vadia. Quando você não estava ela ia até lá e ficava com ele. Às vezes participava das surubas que ele promovia com as menores. Mas ainda assim ela se recusava a abandonar você. Sabia que se ela se fosse por iniciativa sua, ela ficaria bem de vida. Então assim que saiu, ela voltou para Dom Matteo. Está ajudando-o no tráfico das menores. – Curvei meu corpo para frente, apoiando os cotovelos na minha coxa.
– E onde Lua entra nessa história? Por que ao que me consta… você queria pegá-la naquela noite e não a mim.
– Sim, é verdade. Dom Matteo além de se vingar de você, queria se vingar de Pérola. Queria… er… transar com Lua na frente da Pérola, além de filmar tudo.

Senti minhas narinas dilatarem de puro ódio. Primeiro de Dom Matteo por ousar querer tocar em Lua. Segundo… de mim mesmo por confiar na vagabunda da Pérola. Por quanto tempo fui corno?

E como aquele vagabundo teve a coragem de quase entregar a irmã para um homem asqueroso daquele?

– Pedro… você sabe que merece tudo o que a Lua está fazendo não é? Como pode pensar em fazer isso com ela? Tudo isso por causa de dinheiro? De drogas?
– Também. Eu devia muito dinheiro a ele. E ele me prometeu… prometeu que me ajudaria…

Esperei. Os lábios brancos feito cera tremiam. Ele estava realmente com medo, nervoso. Não era fingimento. O que esse pulha ainda estava escondendo?

– Fale.
– Isso…é assunto meu.
– Fale logo, Pedro.
– Isso não é da sua conta, Aguiar.

Com apenas uma mão eu segurei suas bochechas apertando com força até formar um bico.

– Você é da minha conta, seu verme. Fale logo antes que perca a merda da paciência que eu não tenho. – Sacudi seu rosto. – Anda!
– Ele… ele me prometeu que me ajudaria a encontrar minha mãe.

Soltei-o e dei um passo para trás. Como assim… mãe? Nunca conversei com Lua a respeito disso, mas pelo que sabíamos, a mãe deles morreu pouco depois de dar à luz à Lua . Que diabos esse louco estava dizendo agora?

– Mãe? A droga está corroendo seu cérebro? Nós dois sabemos que ela morreu há anos.
– Não morreu… pouco antes de vocês pegarem meu pai, ele confessou. Já imaginava que seria pego a qualquer momento. Então me contou que… descobriu que minha mãe era uma vadia. Andava com todos os homens que conhecia. Ele… apesar de tudo, a amava. Mas acabou… vendendo-a como uma espécie de escrava branca. Ganhou uma pequena fortuna, mas perdeu tudo com as drogas… com você.
– Mas e você? Você já tinha idade suficiente para saber que sua mãe não estava morta. E o enterro?
– Meu pai não me deixou ver. Disse que eu ficaria traumatizado.

Aquilo tudo era muito fantasioso. Até onde aquilo poderia ser verdade? E se fosse verdade… como Lua ficaria? Que merda… era mais uma dor de cabeça. Mais um mistério a ser desvendado. Sem perceber, levantei-me e já ia saindo do quarto quando Pedro me chamou.

– Como eu fico, Arthur?
– Vou averiguar essa informação, Pedro. Mas depois disso pode começar a rezar.

Saí antes que ele dissesse mais alguma coisa. Minha cabeça fervilhava. Precisava conversar com meu pai a respeito disso. Talvez ele tivesse alguma informação que por descuido, deixou de me repassar. Peguei meu celular. Também precisava falar com Tânia.

***

Acabava de tomar meu banho quando ouvi o motor da Ferrari entrando nos jardins. Lua andava enfiando o pé no acelerador pelo que pude perceber.

Olhei para o visor do meu celular e vi uma chamada não atendida. Tânia havia me retornado. Liguei novamente.

– Tânia? Preciso dos seus serviços.
– Pode falar, Arthur.
– Preciso que tente descobrir tudo a respeito da mãe da Lua. Dom Matteo deve ter descoberto algo sobre ela, se é que há algo a ser descoberto.
– Sim senhor, chefe.
– Irei viajar, mas estarei de volta daqui a dois dias.
– Tempo mais que suficiente.
– Obrigado, Tânia. Eu fico no aguardo. – Mal desliguei e ouvi a voz doce, mas ao mesmo tempo arrogante.
– O que quer com a Tânia?
– Assunto meu, Lua. – Respondi sem nem ao menos me virar.
– Pensei que eu fosse assunto seu.
– E é. Assunto pessoal. Meu assunto com Tânia é profissional.
– Mas eu também…
– Chega, Lua. Já te dei seu parquinho de diversões. Por que não vai brincar com seus soldadinhos de chumbo e me deixa em paz? – Ela me segurou pelo braço.
– Olhe para mim. – Virei-me e encarei seus olhos cheios de raiva e ciúmes.
– O que é? Nem vem com essa palhaçadinha de ciúmes da Tânia que não estou com humor para isso.
– Palhaçadinha? É isso que pensa dos meus sentimentos?
– Não grite que irá assustar os bebês.
– Pare de me tratar assim, Arthur.
– Lua, eu apenas disse que esse assunto não lhe diz respeito. Por que não aceita isso, merda?
– Não fale como se eu fosse uma garotinha!
– Então não aja como uma!

Ela me olhou com tanta raiva, a respiração ofegante que tive medo. Por ela e pelos bebês. Ela fechou os punhos e esmurrou meu peito.

– Bruto… cavalo… ficará uma semana sem sexo. – Eu ri e falei em seu ouvido.
– Tudo bem, baby. Quem sabe eu encontre uma distração por aí. Afinal…estou viajando agora e só voltarei daqui há dois dias. – Ela engoliu em seco.
– Aonde vai? Por favor, Arthur. Não… não faça isso comigo. – Segurei-a pelo pescoço e engoli sua boca, beijando-a até perder o fôlego.
– Agora vá brincar de casinha com a Sophia. Eu volto logo. Cuide-se bem e de nossos bebês.
– Arthurrrrrrrrrrr…

Mas eu já fechava a porta atrás de mim. Ouvi perfeitamente alguma coisa se quebrando. Mas não voltei, logo ela esqueceria o brutamonte aqui.

***

Já era noite quando desembarcamos em Guiné. Fomos direto para o porto onde os tais piratas atacavam. A sorte deles é que não atacaram a Lua… senão eu arrebentaria com eles.

Eu já tinha ligado e alugado um iate. Tudo para atraí-los. Geralmente eles atacavam no mesmo horário, então em pouco tempo eles apareceriam.

– Vocês… ocupem as posições que combinamos.
– Mas será que eles não irão se ocupar de outros carregamentos, chefe?
– Eu já pesquisei tudo isso antes de falar com vocês pela manhã, Micael. Sinceramente você está perdendo o jeito. Quando falei com vocês eu já sabia exatamente o que tinha acontecido. – Eles se entreolharam. – Sei que não é esperada nenhuma embarcação agora à noite.
– Então por que disse que ficaríamos dois dias? – Bufei.
– Precaução, Chay. Já ouviu falar?

Fui para a parte de baixo do iate conforme nosso plano. O mundo inteiro conhecia Arthur Queiroga Aguiar. E apenas alguns pouquíssimos desajuizados não temiam esse nome. A maioria tremia somente em ouvir meu nome, que dirá ver pessoalmente.

Enquanto esperava peguei meu celular constatando a ausência de sinal. Será que Lua teria tentado falar comigo? Estava arrependido por ter sido tão estúpido com ela. Mas eu estava tão preocupado com a história da mãe dela que acabei me estressando à toa.

Precisava controlar esse meu gênio… pelo menos com ela. Imagino o quão desagradável tenha sido me ouvir falando aquelas barbaridades.

Droga!

Mas parecia que tudo contribuía para que eu me estressasse. Essa falha dos rapazes perdendo aquele carregamento foi imperdoável. Um erro grotesco.

Eu ri só de imaginar a cara dos piratinhas da perna de pau ao ficarem cara a cara comigo. Sem querer ser convencido, mas eles iriam tremer, com certeza. Os verdadeiros piratas, aqueles que matavam e usavam de violência não ficavam nessa região. Por isso digo que foi um erro grotesco. Meus homens não correram risco algum. E ficariam malucos quando eu dissesse que aqueles eram uns piratinhas de histórias infantis. Recostei meu corpo na poltrona enquanto aguardava a chegada dos bebezinhos metidos a heróis.

Fechei meus olhos sem conseguir relaxar. O que eu diria a Lua sobre minha conversa com Pedro? Deus do céu… será que Lua era a única que escapava nessa família? Pelo jeito, sim.

Provavelmente cochilei. Meus sentidos ficaram alertas de repente e me sentei. Olhei as horas: três e quarenta da manhã. Ouvi passos apressados e vozes alteradas. Conferi meu bolso e em seguida subi.

O céu nublado e a pouca luz do iate impediam que vissem completamente meu rosto. Chay e Mica tinham uma arma apontada em suas cabeças. Mica e mais dois homens estavam amarrados. Realmente eram três piratinhas.

– Olá.

Minha voz soou mais grave que o normal. Um dos piratas apontou a arma em minha direção.

– Quem é você? – Eu ri e comecei a andar para o lado mais iluminado, enquanto falava.
– Alguém que vocês deveriam temer. – O primeiro a ver meu rosto arregalou os olhos e deixou a arma cair.
– Aguiar? – Eu ri novamente.
– Wow… em carne e osso… e absolutamente irritado!

Os demais também arregalaram os olhos ao perceberem com quem estavam falando.

– Caramba… Aguiar… nós…
– Aguiar uma ova. Para vocês vem o Senhor antes do meu nome.
– Senhor Aguiar…

Passei a mão em meu cabelo, começando a ficar nervoso. Como meus homens perderam o carregamento para esses três patetas?

– Dá pra desamarrar meus homens e tirar essa porra de arma da cabeça deles?
– Ah…perfeitamente. Mas primeiro…
– Não se preocupem. Só irei matá-los depois que me devolverem a carga. E já vou avisando que estou sem paciência alguma.
– Sentimos muito… de verdade. Jamais poderíamos imaginar que era um carregamento do senhor…
– Ah… tá…. tá. Sei disso. São apenas moleques tentando atrair a atenção de tolos e medrosos. Eu só vou avisar uma coisa… – Aproximei-me mais. O mais falante possivelmente era o líder. – Nunca mais atravessem meu caminho. Olha o tempo que me fizeram perder ao vir aqui. Agora, vamos logo buscar minha carga. Vocês precisam trocar a fraldinha antes de dormir. – Meus homens já estavam desamarrados e a arma longe deles.
– Queiram nos seguir.

Que chatice. Tão fácil. Nem tinha graça. Gostava que me enfrentassem, sem medo. Puff… merdinhas de mão cheia.

– Micael… Chay… Bernardo e Luke, acompanhem os garotinhos e levem o carregamento até o jatinho.

Felizmente não era um carregamento tão grande e nosso jatinho era bem espaçoso. Duas horas depois eles voltavam.

– Tudo certo, chefe. Podemos ir.
– Senhor Aguiar… não vai nos entregar não é?
– Por que eu faria isso? Vocês, por si mesmos, metem os pés pelas mãos. – Eles se entreolharam.
– Rapazes… vamos logo! Estou com pressa.

Eu ia me afastando quando ouvi a risadinha e o comentário de um deles… em grego. Língua que aliás, eu falava muito bem:

“Já vi a esposa dele no jornal… é gostosa. Até eu ficaria com pressa.”

Eles riram. Mas fiquei ainda mais irritado. Foi desnecessário? Foi. Mas tocou no nome de Lua…tá pedindo para morrer. E eu não neguei. Levei a mão ao meu bolso. Girei e apontei a pistola Bul M5, atirando no grego no mesmo instante. O sujeito cambaleou e caiu ao mar.

– Quem é o próximo? – Os outros dois pularam no mar também.
– Arthur? Acho que…foi precipitado.
– Também acho, Chay. Mas agora já foi. – Ele viu em meus olhos o motivo daquele ato impensado: Lua. – Vamos embora. Acabamos por aqui. – Seguiram-me em silêncio. Talvez por amor à vida.

***

Passava das duas da tarde quando o jatinho finalmente pousou. Daqui a pouco completaria vinte e quatro horas longe de Lua… terrível.

– Arthur… vamos conferir tudo novamente?
– Vamos, Bernado. Não posso arriscar a repassar isso sem ter certeza de que está tudo certo.
– Então vamos lá.
– Comam alguma coisa primeiro. Isso será demorado.

Chay e Micael saíram para comprar alguma coisa para comerem. Enquanto isso verifiquei meu celular. Nenhuma ligação de Lua. Estava realmente brava comigo. Decidi não ligar, fatalmente desligaria em minha cara.

Meia hora depois almoçávamos, ouvindo as histórias fantasiosas do Micael. Deixei que relaxassem um pouco. Se eu estava cansado, eles com certeza estariam também.

Em determinado momento Micael ligou pra Sophia. As duas estavam no shopping, para variar. Não deu notícias de Lua.

Topetuda do caralho.

– Vamos começar? Ou então iremos varar a noite.

E foi quase isso. Foi mais demorado do que imaginei. Passava das onze da noite quando finalmente me despedi dos rapazes.

– O que teremos amanhã, chefe?
– Folga, Chay. Tirem o dia e divirtam-se. Eu farei o mesmo.
– Opa… coisa boa. Vou marcar algo com a Rose. – Micael bocejou abrindo a boca enorme.
– Pois eu dormirei vinte e quatro horas ininterruptas.

Eu ri e me dirigi ao volvo. Finalmente de volta à minha casa. Praticamente trinta horas longe dali.

Assim que desci do carro olhei para a varanda do quarto. Vi a luz fraca, o que indicava que Lua já estava dormindo.

Entrei em casa e constatei que as duas já haviam se recolhido. Subi e tomei um banho num quarto de hóspedes para não acordar Lua.

Quando entrei em nosso quarto uma paz incrível me dominou. Lua dormia de lado, as pernas ligeiramente encolhidas. Aproximei-me da cama e meu coração disparou ao ver minha foto em sua mão, junto ao peito. Deitei-me ao lado dela e peguei a foto.

– Não… – Ela reclamou. Abracei-a pela cintura.
– Não precisa mais dela. Estou aqui, meu amor. – Ela se virou um pouco confusa.
– Arthur?
– Sim… acabei de voltar. Pode dormir. – Ela sorriu e me abraçou.
– Senti tanto a sua falta.
– Não está brava comigo?
– Estava. Mas a saudade falou mais alto. – Puxei-a para mim, aninhando-a em meus braços.
– Também sinto uma puta saudade de você.
– Eu sei.
– Amo você, Lua.
– Eu também, seu brutamonte.
– Desculpe-me? Acabei descontando em você.
– Está acontecendo alguma coisa?

Lua abriu novamente os olhos e me encarou. Beijei seus olhos, seu nariz… sua boca.

– Ainda não tenho certeza. Assim que souber exatamente o que está acontecendo eu irei dizer à você.
– Se você achar que não deve me dizer…
– Nunca irei esconder nada de você, Lua. É minha companheira.
– Por isso que aguento seus coices.
– Prometo polir minhas ferraduras. – Ela riu baixinho e beijou meu peito.

Fechei meus olhos sentindo seu cheiro. Por mais que eu tentasse… jamais seria o mesmo. Lua mudou-me completamente. Somente ali em seus braços, eu me sentia verdadeiramente homem.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

Obrigada pelos comentários do capítulo anterior <3

9 comentários:

  1. ❤❤O capítulo foi lindo.É incrível o amor deles dois não vejo a hora dos bebes nascerem

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  2. O cavalo está de volta. . Rsrs
    Tadinha da Lua estava morrendo de saudades dele ..... Os dois são um amor juntos♡♡

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  3. Arthur é meio doido kkkkk

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  4. Lua e Arthur não vive sem outro.

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  5. Adorei o capítulo. ♥

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  6. Amei o capitulo, que lindo o amor deles dois

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