O Poderoso Aguiar | 19º Capítulo

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O Poderoso Aguiar
19º Capítulo – Poder… Amor… União.

Pov Lua

Imagino que meu subconsciente tenha agido como um despertador para o meu corpo. Somente isso poderia ter me feito acordar às cinco da manhã a tempo de ver Arthur se arrumar para sair. Isso era raro ultimamente. Tinha sono demais e muitas vezes eu só acordava quando Arthur estava de volta.

Não me lembro a que horas fui dormir. Mas estava tão cansada que apaguei enquanto Arthur acariciava meus cabelos. Ultimamente vínhamos conversando muito à noite e isso me agradava bastante. A cada novo dia, mais encantada eu ficava por Arthur. E agora vendo-o se vestir eu finalmente admitia que tinha tirado a sorte grande. Arthur tinha muitos defeitos, eu sei. Mas as qualidades que descobria nele superavam esses defeitos, então eu podia dizer de boca cheia:

Arthur era um homem perfeito. E seria meu em poucas horas. Hoje… dia do nosso casamento.

Eu nem fazia ideia de como seria realmente. A decoração de festa, igreja… nada. Rita e Sophia não me deixaram ver. Mas algumas mudanças eram perceptíveis, como por exemplo, a segurança da casa. Arthur parecia ter triplicado os seus homens. E entre eles, havia mulheres como “guarda-costas”. Uma delas, Leah, ficava na minha cola. Revirei os olhos ao lembrar-me das palavras dela sempre que eu dava um passo: “O senhor Aguiar mandou ficar de olho para que não fizesse nenhuma estripulia.”

Eu até entendia a preocupação de Arthur. Somente por isso não reclamei. Ele andava bem mais preocupado desde que descobrimos que vamos ter gêmeos. Fechei meus olhos novamente, lembrando-me com prazer daquele dia. Arthur mais uma vez chorou em meus braços. Beijou-me com ardor, com amor. No final, com a voz naturalmente rouca e ainda um pouco mais pelo choro, Arthur falou em meu ouvido:

“Odeio quando você faz isso comigo.”

Eu apenas o abracei mais forte. Não iria fazer piadinhas do momento lindo que ele me permitiu presenciar. Eram momentos raros e para mim, intensos. Abri os olhos novamente ao ouvir sua voz.

– Não deveria estar dormindo?
– Bom dia. Acordei assim, de repente. – Ele veio até mim, sentou-se na beirada da cama.
– Bom dia. Está sentindo alguma coisa pra acordar assim? Tem dormido tanto.
– Não. Talvez seja ansiedade.
– Ansiedade em se unir a um rabugento? – Perguntou enquanto me aceitava em seus braços.
– Você não é rabugento. É mandão, autoritário e meio cavalo às vezes. Mas tem qualidades que superam isso.
– E você tem todas as qualidades que uma mulher deseja possuir.

Arthur falava e roçava a barba por fazer em meu pescoço, causando ondas de arrepio em meu corpo. Meus mamilos ficaram rígidos imediatamente.

– Arthur…
– Hei… não era para atiçar você. – Ele riu, mas deslizou a mão pelo meu rosto.
– É a única mulher que conheço que consegue acordar linda, fantástica… ainda mais depois de uma noite mal dormida.

Arthur conseguia elevar meu ego ao grau máximo. Isso nem era muito bom. Eu poderia ficar mal acostumada e não era todo dia que ele estava um doce de pessoa.

– Não tive uma noite mal dormida. Apenas dormi pouco.
– Pois deveria dormir mais um pouco. Pelo que conheço da minha mãe e da Sophia… terá um dia atribulado pela frente. – Deu um beijo rápido em meus lábios e se levantou. – Tenho que ir agora.
– Vai sair? Mas hoje é nosso casamento, Arthur.
– E acha que o mundo deve parar por causa disso? – Ai… um beijo e uma patada. Esse era o meu Arthur.
– O mundo não, mas você bem que poderia parar. Sei lá… se acontece alguma coisa… – Arthur voltou-se novamente pegando-me em seus braços.
– Não se preocupe. Tomarei cuidado. Eu volto inteiro para você.
– Promete? – Surgiu um rascunho de sorriso em seu rosto que imediatamente desapareceu.
– Prometo. E você promete que vai ficar bem? Longe de confusões? – Bufei.
– Claro. Com aquele armário que você colocou em minha cola. Mas eu preferia que você estivesse aqui.

*

– Não sei quem é mais ciumento. Você ou Arthur.
– Por quê?
– Ah… francamente, Lua. Acha que Arthur iria me deixar viva se eu deixasse algum homem tocar em um fio de cabelo seu?
– Ele falou alguma coisa?
– Quer que repita as palavras dele? Até decorei: “Eu proíbo você ou quem quer que seja a permitir que outro homem se aproxime de Lua. Nem mesmo o padre.” – Minha boca se abriu, em assombro.
– Ele não disse isso!
– Acha que estou inventando? Posso trazer algum homem aqui e iremos testar a fúria de Arthur Aguiar.
– Melhor não. Deixa quieto.
– Isso mesmo. Você está grávida e ele não faria nada contra você. Faria contra a pobre coitada da sua madrinha de casamento.

Eu escolhi Sophia para ser minha madrinha. Como eu não tinha amigas resolvi chamar Melanie, minha médica. Depois pensei na besteira. Eu ficaria ofuscada pela beleza dela. Mas depois pensei em algo mais importante: Pedro. Apesar de tudo era a única pessoa da minha família. E nem sequer estaria presente no dia mais feliz da minha vida. Pensei em desafiar Arthur e convidá-lo. Mas Arthur já tinha sido generoso demais com ele. Eu não poderia abusar tanto.

Bom, cada um tem o fim que merece. Pedro traçou seu próprio destino. Resolvi que seria egoísta. Iria pensar em mim. Em ser feliz com Arthur e com nossos filhos.

– Tome logo esse café. Iremos começar a nossa luta.
– Ain…
– Deixe esses gemidos para sua lua de mel.
– Nada disso. Antes da cerimônia ainda dá tempo para…
– Arthur não chegará perto de você, Lua. Pelo menos até a hora do casamento.
– É verdade mesmo? Eu não irei vê-lo mais?
– Não.

Murchei na hora. Era impossível ficar sem ver Arthur mesmo que por poucos minutos.

– Ah, desfaça essa cara. As horas passarão voando, vai ver.

Deixei-me levar por Sophia. Já que eu não veria Arthur, pelo menos iria me distrair.

Rita chegou logo em seguida. E depois dela uma quantidade exagerada de mulheres. Loiras, morenas, ruivas, negras. Passei de mão em mão. Me senti um copo de botequim, que todo mundo pega.

– Vai ficar ainda mais deslumbrante do que já é, Lua.
– Perto das minhas madrinhas? Duvido.
– Não se menospreze, Lua. Arrebatou o coração do Todo Poderoso e ainda se acha pouca coisa?
– Queria vê-lo. E se… e se ele se atrasar ou …
– Ele não irá se atrasar, Lua. Ele já está em casa. Está por aí, pelos jardins talvez.
– Não…
– Como não?
– Ele vai ficar circulando por aí com esse bando de mulher aqui, Rita? Eu preciso ir falar com ele.

Tentei me levantar da poltrona onde estava deitada enquanto Sophia massageava meu rosto.

– Nada disso. Quieta aí.
– Sophia…mas…
– Deixa de ser ciumenta e insegura, mulher. Pelo amor de Deus. Arthur está aflito, louco pra ver você. – Olhei nos olhos de Rita procurando ver se ela brincava comigo. Ela estava bem séria. Então era verdade.
– Jura?
– Claro. Só Deus sabe o trabalho que Ricardo teve para impedi-lo de entrar aqui. Sabe o que o atrevido me disse? – Neguei, balançando a cabeça. – Que não era para a gente inventar nenhuma palhaçada com você. Você já é linda e não precisa de nenhum artifício.

Meus pelos se arrepiaram todos. Precisava vê-lo. Eu necessitava urgentemente de um abraço dele. Levantei-me antes que Sophia pudesse me impedir. Mas nem cheguei à porta Rita e me cercava.

– Para com isso, Lua. Mas que porra!
– Sophia!
– Desculpe-me, Rita. Mas Lua não se controla.
– Lua, querida. Arthur estará lindo te esperando. Portanto, paciência. Ele não vai fugir.
– Não consigo ficar longe dele.
– Ai… vício horroroso.

Resignei-me. Não ia ter saída mesmo. Senti milhares de mãos em mim ao mesmo tempo. Massagem no rosto, no corpo, trabalhando em minhas unhas, cabelos. Tudo isso aliado aos bebês na barriga levou-me ao sono.

– Lua? – Abri meus olhos com dificuldade e encontrei Sophia.
– Nossa… dormiu tanto. Fiquei preocupada.
– Não dormi muito na noite passada, só isso.
– Acho melhor fazer um lanche leve, Lua. Não pode ficar sem se alimentar e já está na hora de começar a se arrumar.
– Que horas são?
– Quase cinco da tarde.
– Deus do céu… o que você colocou no meu café da manhã?
– Não seja ridícula. Como você disse, dormiu muito pouco. Estava recuperando o sono.

Percebi que estava faminta. Aceitei o lanche que Rita levou e em segundos devorei tudo.

– E Arthur?
– Está lá embaixo com Ricardo e Chay. Carrancudo como sempre.
– Por quê?
– Como por quê? Porque quer ver você.
– Então deixe que ele me veja.
– Não, Lua. Agora levante-se. Vai tomar um longo banho e começaremos a vesti-la.

Elas não perdiam tempo. A banheira já estava cheia, borbulhante, cheia de sais e pétalas de rosa. Eu gemi de prazer ao entrar na água morna. Minutos depois senti as mãos de Sophia massageando meu corpo novamente.

– Eu sei me lavar, Sophia.
– Cala a boca e aproveite.

Calei-me. Vinte minutos mais tarde eu saía envolta em um roupão felpudo. Meu vestido já estava sobre a cama juntamente com a lingerie. Antes do vestido… mais cremes pelo corpo. Vesti a lingerie e meia calça. Rita ajudou-me com os sapatos. Por fim, Sophia deslizou o vestido tomara que caia e com longa cauda pelo meu corpo. Em seguida uma das moças, Betina, subiu em uma cadeira e começou a trabalhar em meu cabelo.

– Não é melhor eu me sentar, Sophia?
– Claro que não. Amassar o vestido? Que horror!

Betina era rápida. Em poucos minutos meus cabelos estavam perfeitamente arrumados.

– Vou me arrumar, Lua. Já volto.
– Fique à vontade, Rita.
– Arthur vai enlouquecer, Lua. Está linda!
– Não está nada exagerado? Ele não irá gostar...
– Claro que não. Pode confiar em mim. Venha ver.

Sophia segurou em minha mão e levou-me ao amplo closet. Parei em frente ao espelho e meus olhos se arregalaram. Não que eu me considerasse feia, mas a imagem que eu via ali era de uma modelo profissional. Daquelas que a gente imagina que é linda desde sempre, sem fazer esforço.

– Pelo brilho dos seus olhos, vejo que aprovou.
– Obrigada, Soph. Ficou perfeito.
– Está linda, realmente. – Rita já estava de volta. Abracei as duas.
– Amo vocês, sabiam?
– Nós também, Lua. E aquele homem maravilho que te espera na igreja também.
– Arthur já foi?
– Sim. E agora só falta você. E a Soph, é claro.
– Cinco minutos e estou pronta. – Soph disparou porta afora. Fiquei sozinha com Rita que segurou minha mão.
– Obrigada, querida. Jamais vi meu filho feliz como vejo agora. Embora ele saiba ocultar isso muito bem.
– Eu o amo, Rita.
– Eu sei, meu bem. – Pouco depois Sophia voltava acompanhada por Ricardo.
– Onde está minha nora preferida? Nossa… – Ele arregalou os olhos assim que me viu. Beijou meu rosto.
– Espero que o coração do meu filho seja forte. – Eu ri.
– É de aço, Ricardo.
– Será? Em se tratando de você.
– Chegou a hora, Lua. Respire fundo…

Ricardo estendeu a mão. Eu entraria de braços dados com ele. Deu um tapa de leve em minhas mãos enquanto descíamos até os jardins. A limusine branca de Arthur estava parada nos aguardando. Fomos eu, Soph, Rita e Ricardo. Os outros já estavam na igreja.

Eu ainda ficava encantada com o luxo do seu interior. Mas Arthur preferia o volvo, nem sei por que. Mas isso não foi suficiente para me distrair dessa vez. Meu nervosismo voltou com força total. Em poucos minutos estaria definitivamente casada com Arthur. Eu sempre acreditei que sonhos não pudessem se tornar realidade. Agora vi como me enganei.

Assim que a porta da limusine foi erguida meu corpo voltou a tremer, dessa vez visivelmente.

– Lua, calma. Nem tente fugir agora.

Nem mesmo a brincadeira de Rita me acalmou. Seria apenas pelo casamento em si? Ou seria pelo noivo?

Soph e Rita desceram e foram logo entrando para a igreja. Eu deveria ter imaginado que seria a igreja mais luxuosa da cidade. Nem esse conhecimento eu pude ter anteriormente. Todos os detalhes da cerimônia, festa e lua de mel foram feitos em segredo. Ricardo estendeu a mão para mim. Peguei sem pestanejar ou iria cair. Preparei-me para seguir quando Ricardo me fez parar.

– Lua…
– Sim?
– Quero que saiba que sou muito grato a você… por dar tanto amor ao meu filho. Por aturar seu jeito mandão, rude, grosseiro…
– Ele tem seus momentos, Ricardo.
– Eu sei. Acho que ele aprendeu comigo a ser durão. Mas confesso que ele é ainda mais que eu. E você rapidamente conseguiu destruir as barreiras dele. Posso afirmar categoricamente que eu nunca vi Arthur tão feliz, embora ele tente esconder isso.

Minha garganta estava embargada, mas mesmo assim eu ainda consegui conversar um pouco com Ricardo.

– Eu o amo. Os momentos em que ele consegue demonstrar carinho superam qualquer grosseria que tenha feito comigo. – Ele sorriu e me ofereceu o braço.
– Agora vamos. Ele ficou feito um leão enjaulado o dia todo.

Caminhei de braços dados com Ricardo até a porta da igreja. Mal tive tempo de prestar atenção à decoração e a música começou a tocar. O som ecoou pela igreja e minhas pernas bambearam. Sinceramente, se Ricardo não me segurasse eu teria desabado.

– Meu pai do céu… quem escolheu essa música? – Ricardo riu baixinho.
– Sophia. Disse que combina com ele. Forte e poderoso.

E como combinava. Foquei meu olhar nele que andava de um lado a outro quando a música começou. Parou olhando em minha direção. O corredor até o altar era extenso o que me impedia de ver suas feições. Mas eu percebia perfeitamente seu magnetismo. O terno escuro em contraste com os cabelos e a pele clara era de enlouquecer.

Eu precisava vê-lo, tocá-lo. De repente minhas pernas não me obedeciam mais. Dei dois ou três passos apressados quando Ricardo me freou.

– Calma. Ele não vai fugir. Está prestes a avançar nele, Lua.
– Preciso estar perto dele, Ricardo.
– Eu sei. Mas não é assim que uma noiva recatada deve agir, hã?
– Tudo bem. Vou me controlar.

Foi quase impossível. À medida que me aproximava e a música continuava a tocar eu ia confirmando o que Sophia pensou. A música me remetia a Arthur. Forte, vigoroso, poderoso. A dois passos dele seu olhar queimou minha pele. Estavam intensos e gloriosos.

Parei em frente a ele que pegou minha mão que Ricardo oferecia e beijou. E depois, pela primeira vez eu o vi sorrir abertamente, seus dentes perfeitamente brancos reluzindo, demonstrando sua felicidade.

Seguimos até o altar, sem desviar nosso olhar. Eu me perdia nele, e ele estava perdido em mim também. Arthur não se encaixava em nenhum papel de príncipe que já tenha ouvido falar. Mas decididamente era como se eu estivesse vivenciando um conto de fadas. A forma como Arthur olhava para mim, dizia-me que teríamos sim o nosso felizes para sempre.


Pov Arthur

Quantas emoções um homem poderia sentir e ainda assim permanecer com sua fachada rude e grosseira? Eu digo fachada, porque tantas vezes Lua me desarmou de forma tão sutil que cheguei a ter certeza que eu não era o bruto arrogante que tentava mostrar. Ou então eu só conseguia ter sentimentos bons com quem fazia o mesmo comigo. Porque definitivamente era isso o que ela fazia comigo. Como se não bastasse a felicidade por me descobrir pai, ainda seria pai de gêmeos.

Merda.

Que poder ela tinha de me fazer chorar duas vezes em tão pouco tempo? Eu já quase conseguia visualizar uma garotinha com a aparência da mãe, topetuda feito ela. Sorri feito um idiota. Eu aguentaria esperar durante nove meses? Ou melhor… eu ainda estaria vivo pra isso? Essa mulher ia me matar aos poucos.


Não há nada no mundo que se compare a tê-la em meus braços, seja fazendo amor ou apenas conversando, como vínhamos fazendo muito nos últimos dias. Seu cheiro me inebriava e me deixava louco. Sem contar sua voz doce, suave dizendo que me ama. Eu sabia que ela gostaria de ouvir isso também. E embora eu a ame com loucura, eu simplesmente não consigo dizer tais palavras. Seria me mostrar frágil, entregue, o que era absolutamente ridículo. Minha fraqueza diante dela deixava isso mais do que claro. Era mais do que evidente que eu estava literalmente a seus pés.

Estava ficando dependente demais da presença dela, o que me irritava profundamente. Mas nada me irritava mais do que ficar longe dela. Sophia me obrigou a isso. Justo no dia do nosso casamento. Eu não acreditava nessas besteiras que dá azar. Tendo Lua ao meu lado eu podia tudo. Nessas horas sim, eu me sentia Poderoso.

Andei feito uma fera pelos jardins, saí e fui ver um carregamento, mas nada disso me fazia desligar de seu rosto, de seu cheiro, de tudo. Nessa hora eu quis mesmo ser Poderoso e avançar o tempo, transformando horas em apenas segundos. Mas felizmente a hora chegou. Estava em um quarto bem afastado do meu, segundo ordens da general nanica infeliz. Vontade de dar umas boas palmadas nela assim como fiz com Lua. Se bem que com Lua eu fiz de golpe, só para colocar as mãos na bunda deliciosa.

– Filho?
– Oi, mãe.
– Estava tão distraído aí. Nem me viu entrar.
– Pensando na vida.
– Mais especificamente na Lua, não é? – Não contive um sorriso.
– Sim. – Minha mãe se aproximou e me abraçou.
– Estou tão feliz, Arthur. Ver você se entregar a um sentimento sempre foi meu maior sonho.
– Acho que me entreguei até demais.
– Nunca é demais, Arthur.
– Eu sei. Foi modo de me expressar. Modo de dizer que a amo com loucura e quase fico maluco quando sou obrigado a ficar longe dela. – Ela entendeu minha indireta e sorriu.
– Ela está linda.
– Ela sempre foi linda, mãe. Já viu alguém acordar pela manhã como se tivesse acabado de sair de uma sessão fotográfica? Eu vejo toda manhã.
– Ah… meu Deus. Sempre quis que se apaixonasse, mas nunca imaginei que veria realmente esse dia e que esse sentimento fosse tão intenso.
– Culpa dela, mãe. Lua tirou toda minha sanidade, se é que um dia eu tive.
– E você já disse isso a ela, Arthur? Que a ama?
– Em termos.
– Em termos significa que você não disse: “Lua, eu te amo”.
– Mãe… isso são apenas palavras. Palavras o vento leva. O que importa é o que eu sinto. E tenho certeza que ela sabe disso muito bem.
– Mas é sempre bom ouvir um “Eu te amo” de alguém que amamos, Arthur.
– Eu… não sei se consigo, mãe.
– Venha cá.

Sentei-me na cama e minha mãe me abraçou com seus braços curtos que quase não me envolviam. Exatamente como fazia quando eu era criança.

– Você sempre foi o mais turrão de todos os meus filhos. Mas mesmo sob essa casca eu sempre percebi que você é o mais intenso de todos. Você odeia com intensidade e ama da mesma forma. Não poderia ser diferente com Lua. E felizmente ela tocou você de maneira tão especial que você não consegue mais esconder o que você é: Um homem apaixonado. Não se esconda. Não tenha medo de se mostrar frágil. Dê à sua mulher o prazer de ouvir de você que a ama.

Fechei meus olhos ainda embalado pelos braços da minha mãe. Isso seria mesmo tão necessário? Eu demonstrava isso todo dia. Eu não acreditava mesmo que Lua não percebesse isso.

– Quando eu estiver preparado… sei lá. Simplesmente não sai, mãe.
– Sabe o que parece? Que você tem medo de assustá-la ao dizer que a ama.

Pensei nas palavras da minha mãe. No fundo era isso mesmo. Medo de dizer a ela que a amava… e que isso a fizesse desaparecer de vez da minha vida. Que motivos ela teria para isso? Não sei. Talvez fosse apenas loucura da mente de um homem perdidamente apaixonado.

– Vamos? Seu pai já foi buscá-la. Irá entrar com ela na igreja.
– Por quê? Ela poderia entrar sozinha.
– ARTHUR QUEIROGA BANDEIRA DE AGUIAR! Não vá me dizer que está com ciúmes do seu pai.
– Claro que não. Quer dizer… talvez só um pouco. Ou demais. Mãe… eu não suporto nenhum outro homem perto dela. Ela é minha.
– Ninguém ousaria tirá-la de você, seu ciumento possessivo de uma figa. Vamos… está na hora de torná-la sua definitivamente. Embora já o seja desde sempre.

Sorri. Imbecil de merda. Ficou mole depressa demais, hein, Arthur?

*

Um dia eu iria matar um. Da mesma forma como estavam me matando de desespero. Deus do céu onde Lua estava que não chegava? Quem foi o estúpido que inventou essa palhaçada que a noiva tem que se atrasar? Por Deus… ela estava atrasada há meses… desde quando entrou por aquela porra da minha porta, me enfrentando. Já era para ter sido minha ali. E agora demorava esse tempo todo para se unir a mim definitivamente? Olhei para a porta da igreja e revirei meus olhos. Como não olhei isso antes? Olha só a extensão desse corredor! Até que ela atravessasse aquilo tudo? Aposto que Sophia escolheu uma música bem lenta, para Lua entrar bem devagar, me matando aos poucos.

Suplício… por que mesmo que inventei essa loucura de me casar dessa forma? Não deveria ter simplesmente ido a um cartório e fim de papo? Não. Não poderia ser assim, seu quadrúpede. Primeiro porque Lua merece isso. E segundo… bem… todo mundo precisa saber que ela é minha dona. Dona dos meus sonhos, dona das minhas vontades e desejos, dona da minha completa falta de juízo, dona… Alguém me segure, pelo amor de Deus… o que era aquilo parado à porta da igreja?

Eu que andava de um lado a outro no altar, parei, admirando o que eu nem conseguia ver direito, mas já sabia ser a visão do paraíso… ou algo bem melhor que isso. Quando soou os primeiros acordes da música meu pé tomou vida própria e deu um passo à frente. Meu coração batia tão acelerado que se a música parasse todos ouviriam.

Merda…

Por que ela não vinha logo? Automaticamente meu pé deu outro passo, mas uma mão forte me segurou.

– Vai pagar o mico de ir buscar a noiva, maninho?
– Vou pagar o mico de quebrar a sua cara se não soltar a porra do meu braço. Cara… por que elas demoram tanto? – Chay deu um tapinha em meu ombro.
– Para rir da nossa cara de otário mais tarde, meu caro!
– Que cara de otário?
– Essa que você está agora, infeliz.

Eu não estava com cara de otário. Eu era na verdade um completo imbecil. Eu não sabia se conseguiria me segurar ao lado dela. À medida que se aproximava, minha boca se abria e quase me curvei diante de sua exuberância.

Cristo…

O que fiz de bom nessa vida para merecer essa mulher? Não via mais ninguém a minha frente, embora uma coisinha me incomodasse ao vê-la de braços dados com meu pai.

Entretanto quando ele me entregou sua mão eu senti o vento soprar em outra direção, mostrando-me que o que eu queria para minha vida inteira estava bem diante de mim. Beijei sua mão e não consegui segurar meu sorriso de felicidade.
Segui com ela até o altar sem conseguir desgrudar meu olhar do dela. Não consegui encontrar uma só palavra que resumisse sua beleza nesse momento. Estava completamente perdido em seu olhar.

O padre esperou até que a minha música preferida acabasse e começou o falatório de sempre. Só percebi que falei alto quando algumas pessoas, inclusive Lua, começaram a rir.

– Não dá para pular essa parte e ir para os finalmente?
– O amor transborda em seu olhar, filho. Entendo sua ânsia em contrair matrimônio, mas uma vez que já estamos aqui, vamos seguir o ritual. – Olhei pra frente e vi Bernardo e Chay se contorcendo de rir.

Vagabundos.

Acertaria com eles depois. Voltei meu olhar para Lua que ainda me encarava… e sorria. Será que ela era meio avoada ou fazia aquilo de propósito? Ela não sabia que eu simplesmente idolatrava aquele sorriso dela?

Saco…

Ainda não tinha chegado aquela parte do “Pode beijar a noiva’’ Se bem que não seria uma boa ideia. Com aquele vestido… estava me deixando maluco.

Quando finalmente o padre anunciou o juramento, Lua sorriu novamente e passou a língua nos lábios. Eu acompanhei o trajeto quase em transe.

– Arthur? Quer repetir o juramento comigo?
– Não. – Todo mundo me olhou assustado, inclusive Lua.

Eu queria dizer tanta coisa a ela. Coisas piegas e melosas, mas que eram verdadeiras. E eu nem sabia como fazer isso, eu somente sentia. As palavras gritavam para mim que precisavam sair… colocar pra fora de alguma forma que eu a amava.

– Permita-me dizer o que sinto como juramento, padre?
– Sim, filho.

Segurei as mãos de Lua e percebi que o idiota aqui tremia. Busquei seus olhos que já estavam marejados antes mesmo que eu começasse a falar.

– Lua, eu quero pertencer a você, quero ser seu companheiro, seu amigo, seu amante, na dor e na alegria, na aflição e no ânimo, nas derrotas e nas vitórias, nas trevas e na luz. Para isto, estou disposto a colocar minha experiência de vida ao seu alcance. Quero dar-lhe coragem quando você desanimar, dar-lhe esperança quando você estiver descrente, quero ser sua força e escudo como me compete como homem e mostrar-lhe o caminho sempre que a estrada da vida lhe causar embaraço. Lua, quero fazê-la feliz, muito feliz, todos os dias da nossa vida. Por isto, confirmo meu sentimento por você, diante de Deus e dos nossos amigos.

Capturei uma lágrima fugitiva com meu polegar. E depois outra lágrima se juntou à primeira.

– Lua Maria? Gostaria de fazer seu próprio juramento? – Ela me olhou, o rosto agora banhado em lágrimas.
– Sim… padre.

Não… ela não ia fazer isso comigo. Como assim, ficou louca? Ia me fazer chorar na frente dessa multidão?

Força, Arthur. Você não é um Maria mole.

– Arthur, eu quero ser sempre sua. Quero viver com você na dor e na alegria, nos momentos fáceis e difíceis. Quero entendê-lo cada dia melhor, quero amá-lo cada dia mais, quero dar-lhe ânimo, carinho e força no caminho. Quero ser a mãe de seus filhos. A amiga de todas as horas, a companheira de jornada, a esposa fiel. Não quero que seu amor pare em mim, mas que eu seja apoio para seu amor a Deus e aos outros. Arthur, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida. Por isto, confirmo meu amor por você, diante de Deus e dos amigos.

Fiquei estático, segurando suas mãos… e segurando a porra de uma lágrima maldita e traiçoeira que deslizou pelo meu rosto antes que eu pudesse impedir. Senti seus dedos deslizarem pelo meu rosto exatamente como fiz com ela.

Trocamos nossas alianças sem que eu ao menos me desse conta. Até que finalmente ouvi as palavras de salvação:

Pode beijar a noiva, filho.

Não esperei duas vezes. Segurei o rosto dela em minhas mãos e busquei sua boca de forma quase voraz. Precisava matar a vontade que estava dela desde cedo. Seus braços envolveram minha cintura enquanto aprofundava o beijo, investindo minha língua contra a sua. Somente me separei dela quando Lua suspirou em busca de fôlego.

Finalmente casados. Marido e mulher. Prisão… e perpétua de preferência. Caminhei de braços dados com Lua pelo extenso corredor. Agora isso nem me importava mais. Ela já ao meu lado mesmo. Do lado de fora fomos cercados pela multidão e pelos fotógrafos, é claro. Mas eu tinha pressa.

– Uma foto apenas, senhor Aguiar.

Mas Sophia já tinha tudo dentro dos conformes. Alguns pouquíssimos fotógrafos teriam acesso ao clube privado onde seria a recepção. Era para lá que nos dirigíamos assim que entramos na limusine. Apenas Lua e eu. Mal fechamos a porta e puxei seu corpo colocando-a sobre meu colo, mesmo com a cauda enorme do vestido.

– Está tão linda, Lua.
– Ia dizer o mesmo sobre você.

Colei minha boca na dela. Eu parecia um morto de fome, que precisava urgentemente ser saciado para que não morresse de vez. A cada pedaço, cada parte dela que eu conseguia ter para mim, mais aumentava minha necessidade dela.

Ainda beijando sua boca, deslizei minha mão pelo seu colo baixando o decote do vestido e expondo os seios perfeitos.

– Arthur… não…
– Senti sua falta o dia todo. Preciso ao menos tocar você.

Seu gemido de prazer me atiçou ainda mais e acabei colando minha boca em seu seio, sugando-o com desejo.

– Arthur… – Lua agarrou meus cabelos, forçando-me a olhá-la. – Estou feliz demais. Eu amo você…
– Como pode fazer isso comigo, hã? Fazer-me chorar feito um bezerrão na frente de todo mundo?
– Eu não fiz nada, Arthur.
– Foi mais forte que eu… a… intensidade dos meus sentimentos.
– Eu sei. Sei exatamente do que está falando, Arthur. Sei que você me ama, embora bem menos que eu a você.
– Você não sabe de nada, Lua.
– Então me mostre seus sentimentos de novo… e de novo.
– E sempre.  –Abracei-a com força.
– Lua, tem ideia de onde se meteu?
– Como assim?
– É para sempre agora. Não irei permitir nunca, jamais, que você saia da minha vida. Mesmo que um dia você não me ame mais… o que eu sinto vale por nós dois. Não irei viver sem você. Aliás… – Toquei seu ventre.
– Sem vocês.
– Acha que será tão fácil se ver livre de mim, senhor Aguiar? Serei seu carma…
– Você já é Senhora Aguiar.

Ela sorriu e se apossou da minha boca. Era muito mais que um carma. Era meu vício… meu porto seguro. Uma garotinha, praticamente. Uma garotinha que me fez descobrir o amor. Meu amor por ela, que hoje, era bem maior que eu mesmo.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

N/M: Depois ainda diz que não sabe amar... nem ser romântico... e esse votos, foram o quê?! <3 Coisa mais linda e emocionante. Esses dois morrem de amores um pelo outro...

Lua desesperada kkkkkk não consegue passar umas horinhas longe do Arthur e vice-versa kkkk

O que estão achando?

PS¹: Bom, eu não poderei postar por esses dias, ok? Talvez, no domingo. Mas eu terei aula e se chegar muito cansada, não postarei. Mas segunda-feira, eu venho atualizar a fic.

PS²: Quem estava no Grupo de Little Anie, não sei se ficaram sabendo, mas eu troquei de número. Porque meu chip bloqueou, e eu desinstalei o whats e não teve mais como voltar com o número antigo. Porque o sms de confirmação não chegava. E como eu era a única adm do grupo, é impossível de eu entrar lá novamente. Então, a solução foi criar outro grupo. Pedi a uma amiga para avisar lá... não sei se ainda tem gente que não viu a mensagem lá no grupo antigo. Bom, era isso... deem uma olhada lá, quem fazia parte.

Obrigada por todos os comentários do capítulo anterior.

Beijos... e até breve!
Tenham um bom final de semana.

9 comentários:

  1. Ahhh que lindo,não sei se eu choro pelo esse cap incrível o se eu rio dessa narração do Arthur o homem assioso,Cristo kkkkk
    E ele realmente sente tudo tao intensamente,isso e incrível!
    Posta mais por favor

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  2. Mortaaaaaaaaaa ,que fofoooooooo o Arthur chorando

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  3. Arthur nos revelando mais de seu lado romântico!! ♥ por ele iriam logo lara a lua de mel...kkkk

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  4. Arthur tem uma forma de amar tão diferente, mas tão intensa ao mesmo tempo ❤❤ que a vida deles corra sempre bem. Senhora Aguiar 😍�😍😍😍

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  5. Tá perfeita ansiosa pra ver o próximo capítulo

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  6. O capítulo foi incrível eu amei, já estou super ansiosa para o próximo

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  7. Foi lindo,to chorando,de verdade.O Arthur é um verdadeiro romântico isso sim.Amo essa fic

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  8. Que fofo , o Arthur tem Q demostra mais o amor dele

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  9. AaaH esses dois eu não aguento é mto amor ❤ quero só ver o fogo deles na lua de mel kkk postaa.
    Fany

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