Ugly Love - Capítulo 21 + Aviso

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Ugly Love


Capítulo 21:
Pov. Lua

Eu caio na cadeira ao lado do Cap, ainda vestida da cabeça aos pés com minha roupa de trabalho. Assim que eu cheguei do trabalho, eu estudei por duas horas seguidas. Já é quase depois das dez, e eu nem sequer jantei ainda, isso é o porquê de eu estar sentada perto do Cap agora, porque ele está começando a conhecer os meus hábitos e tinha uma pizza encomendada para nós dois. Eu dou uma fatia para ele e pego uma pra mim, em seguida fecho a tampa e coloco no chão na minha frente. Eu empurro um pedaço enorme na minha boca, mas o Cap está encarando a fatia na sua mão.
É realmente triste quando uma pizza chega em você mais rápido do que a polícia. — ele diz. — Eu só pedi isso há dez minutos. — Ele pega um pedaço e fecha os olhos como se fosse a melhor coisa que ele já provou.
Nós terminamos nossas fatias, e eu estendo a mão para pegar outra. Ele balança a cabeça quando eu ofereço uma segunda fatia, então eu a devolvo pra caixa.
Então? — ele diz. — Algum progresso com garoto e seu amigo?
Isso me faz sorrir que ele constantemente se refere a Arthur como o garoto. Eu aceno e respondo com a boca cheia.
Meio que sim. — eu digo. — Eles tiveram uma noite de jogo bem sucedida, mas eu acho que só foi bem sucedida porque Arthur fingiu que eu não estava lá o tempo todo. Eu sei que ele está tentando respeitar o Chay, mas isso meio que faz eu me sentir uma merda no processo, você entende?
Cap acena como se entendesse. Eu não tenho certeza se ele entende, mas eu gosto do fato de que ele sempre escuta tão atentamente de qualquer jeito.
Claro, ele me mandou mensagens o tempo todo que esteve na sala de estar sentado perto do Chay, então eu acho que eu tenho isso. Mas então há as semanas como essa quando ele nem está no mesmo estado, e é como se eu não existisse pra ele. Sem mensagens. Sem telefonemas. Eu tenho bastante certeza que ele só pensa em mim quando eu estou a dez metros dele.
Cap balança sua cabeça.
Eu duvido disso. Eu aposto que o garoto pensa em você muito mais do que ele deixa transparecer.
Eu gostaria de acreditar que essas palavras fossem verdadeiras, mas eu não tenho certeza se elas são.
Mas se ele não pensa, — Cap diz. — você não pode ficar com raiva dele por isso. Não faz parte do acordo agora, faz?
Eu viro meus olhos. Eu odeio que ele sempre trago de volta o fato que Arthur não é o único quebrando regras ou acordos. Eu sou a única com problemas em nosso acordo, e não é culpa de ninguém, mas minha própria.
Como eu me coloquei nessa confusão? — eu pergunto, sem nem precisar de uma resposta. Eu sei como eu me coloquei nessa confusão. Eu também sei como sair disso...eu só não quero fazer isso.
Você já deve ter escutado aquela expressão, “Quando a vida te der limões...?
Faça limonada. — eu digo, terminando sua citação.
Cap olha pra mim e balança sua cabeça.
Não é assim que termina. — ele diz. — Quando a vida te der limões, verifique se você sabe nos olhos de quem precisa espremê-los.
Eu rio, pegando outra fatia de pizza, e me perguntando como diabos eu acabei com um homem de oitenta anos como meu melhor amigo.

***

O telefone da casa de Chay nunca toca. Especialmente depois da meia noite. Eu tiro as cobertas e agarro uma blusa, então a coloco. Eu não sei por que eu me incomodo em me vestir. Chay está fora, e Arthur não volta até amanhã. Eu chego à cozinha no quinto toque, assim que a secretária eletrônica atende. Eu cancelo a mensagem, então coloco o telefone no meu ouvido.
Alô?
Lua! minha mãe diz. — Oh, meu Deus, Lua.
Sua voz está em pânico, o que imediatamente me causa pânico.
O que foi?
Um avião. Um avião caiu cerca de meia hora atrás, eu não consigo falar com a companhia aérea. Você falou com o seu irmão?
Meus joelhos encontram o chão.
Você tem certeza que foi a companhia aérea dele? — eu pergunto pra ela. Minha voz soa tão aterrorizada que eu nem a reconheço. Soa tão aterrorizada quando a dela na última vez que isso aconteceu.
Eu só tinha seis anos, mas eu me lembro de cada detalhe como se tivesse acontecido ontem, até o pijama de lua e estrelas que eu estava usando. Meu pai estava em um voo doméstico, e nós tínhamos ligado no canal de notícias depois do jantar e vimos que um dos aviões tinha caído por falha no motor. Todo mundo a bordo tinha morrido. Eu me lembro de observar minha mãe ao telefone com a companhia aérea, histérica, tentando procurar informação sobre quem era o piloto. Nós descobrimos que não era ele em uma hora, mas àquela hora foi a mais assustadora das nossas vidas.
Até agora.
Eu corro pro meu quarto e agarro meu celular da minha mesa de cabeceira e imediatamente disco seu número.
Você tentou ligar pra ele? — eu pergunto pra minha mãe enquanto eu faço meu caminho de volta para a sala de estar. Eu tento ir para o sofá, mas por alguma razão, o chão parece mais confortável. Eu me ajoelho de novo, quase como se estivesse no modo de oração. Eu acho que estou.
Sim, eu estive ligando para o seu celular sem parar. Só está indo pra caixa postal.
É uma pergunta estúpida. Claro, ela está tentando ligar pra ele. Eu tento de qualquer jeito, mas seu celular vai diretamente pra caixa postal. Eu tento tranquilizá-la, mas eu sei que é sem sentido. Até nós escutarmos sua voz, tranquilizar não vai ajudar.
Eu vou ligar pra companhia aérea. — eu digo pra ela. — Eu ligarei para você de volta se eu souber alguma coisa. — Ela nem se despede.
Eu uso o telefone de casa para ligar pra companhia aérea e meu celular para ligar pra Arthur. É a primeira vez que eu ligo para o seu número. Eu rezo pra que ele atenda, porque por mais que eu esteja com medo por Chay, está também correndo pela minha cabeça que Arthur trabalha na mesma companhia aérea. Meu estômago dói.
Alô? — Arthur diz no segundo toque. Sua voz soa hesitante, como se ele não estivesse certeza por que eu estou ligando.
Arthur! — eu digo, ao mesmo tempo agitada e aliviada. — Ele está bem? Chay está bem?
Há uma pausa. Por que há uma pausa?
O que você quer dizer?
Um avião. — eu digo imediatamente. — Minha mãe ligou. Houve uma queda de avião. Ele não está atendendo ao telefone.
Onde você está? — ele diz rapidamente.
No apartamento.
Deixe-me entrar.
Eu ando até a porta e destravo-a. Ele empurra a porta aberta e ainda tem o celular na sua orelha. Quando ele me vê, ele afasta o celular, imediatamente corre para o sofá, agarrando o controle remoto, e ligando a televisão. Ele muda de canal até encontrar o canal de notícias. Ele digita números no seu celular, então se vira e corre em minha direção. Ele pega minha mão na sua.
Venha aqui. — ele diz, me puxando pra ele. — Eu tenho certeza que ele está bem.
Eu aceno contra o seu peito, mas a sua garantia é inútil.
Gary? — ele diz quando alguém responde do outro lado da linha. — É Arthur. Sim, eu ouvi. — ele diz. — Quem era a tripulação?
Há uma longa pausa. Eu estou aterrorizada olhando pra ele. Aterrorizada.
Obrigado. — Ele desliga o celular. — Ele está bem, Luh. — ele diz imediatamente. — Chay está bem. Micael também.
Eu rompo em lágrimas de alívio. Arthur anda comigo até o sofá e se senta, então me puxa pra ele. Ele pega meu celular das minhas mãos e aperta alguns botões antes de colocar o celular na sua orelha.
Ei, é Arthur. Chay está bem. — Ele para por alguns segundos. — Sim, ela está bem. Eu vou dizer pra ela te ligar de manhã. — Uns poucos segundos se passam, e ele se despede. Ele coloca o celular no sofá atrás de mim. — Sua mãe.
Eu aceno. Eu já sabia. E esse simples gesto, ele ligando pra minha mãe, só faz eu me apaixonar ainda mais. Agora ele está beijando o topo da minha cabeça, esfregando sua mão pra cima e pra baixo do meu braço tranquilamente.
Obrigada, Arthur. — eu digo pra ele.
Ele não diz de nada, porque ele não acha que ele fez algo que mereça agradecimento.
Você os conhecia? — eu pergunto. — A tripulação a bordo?
Não. Eles eram de um centro diferente. Os nomes não me soam familiares.
Meu celular vibra então Arthur o pega pra mim. Eu olho pra ele, e é uma mensagem do Chay.

Chay: No caso de você ter escutado sobre o avião, só quero que você saiba que eu estou bem. Eu liguei para a sede, e Arthur está bem também. Por favor, deixa a mãe saber se ela escutou sobre isso. Amo você.

Receber essa mensagem me enche com mais alívio, agora que eu sei com cem por cento de certeza que ele está bem.
É uma mensagem do Chay. — eu digo pra Arthur. — Ele disse que você está bem. No caso de você estar preocupado.
Arthur sorri.
Então ele verificou se eu estava bem? — ele diz com um sorriso. — Eu sabia que ele não iria me odiar pra sempre.
Eu sorrio. Eu amo que Chay quis que eu soubesse que Arthur estava bem. Arthur continua a me abraçar, e eu saboreio cada segundo disso.
Quando está programado dele voltar pra casa?
Em dois dias. — eu digo. — Há quanto tempo você estava em casa?
Dois minutos. — ele diz. — Eu tinha acabado de colocar meu celular para carregar quando você ligou.
Eu estou feliz que você está de volta.
Ele não responde. Ele não me diz que está feliz em estar de volta. Ao invés de dizer algo que poderia me dar falsa esperança, ele só me beija.
Você sabe. — ele diz, me puxando para o seu colo. — Eu odeio as circunstâncias que cercam a razão de você provavelmente não ter tido tempo para colocar as calças, mas eu amo que você não esteja de calças. — Suas mãos deslizam pelas minhas coxas, e ele me puxa pra mais perto até que nós estamos juntos. Ele beija a ponta do meu nariz, então beija o meu queixo.
Arthur? — eu corro minhas mãos pelo seu cabelo e pelo seu pescoço, então paro quando elas estão nos seus ombros. — Eu também estava com medo que poderia ter sido você. — eu sussurro. — Esse é o porquê de eu estar feliz que você está de volta.
Seus olhos se suavizam, e as linhas de preocupação entre eles desaparecem. Eu posso não saber nada sobre o seu passado ou sua vida, mas eu definitivamente noto que ele não ligou pra ninguém para deixar saber que ele está bem. Isso me deixa triste por ele. Seus olhos se desviam dos meus e caem nos meus seios. Eles alcançam a borda da minha camisa, então lentamente a tira. Eu não tenho nada além de um par de calcinhas agora. Ele se inclina na minha direção, envolve seus braços ao redor das minhas costas, e me puxa contra sua boca. Seus lábios se fecham suavemente ao redor do meu mamilo, e meus olhos se fecham involuntariamente. Arrepios irrompem pela minha pele enquanto suas mãos começam a explorar cada parte nua das minhas costas e das minhas coxas. Sua boca trabalha em direção ao meu outro seio, justo quando suas mãos escorregam dentro da minha calcinha.
Eu acho que eu terei que rasgá-la, porque eu não tenho certeza se quero movê-la do meu colo. — ele diz.
Eu sorrio.
Tudo bem pra mim. Eu tenho mais de onde essa veio.
Eu posso senti-lo rindo contra a minha pele enquanto suas mãos puxam o elástico da minha calcinha. Ele puxa de um lado, mas não consegue separá-lo. Ele tenta rasgar o outro lado para tirá-lo de mim, mas nada acontece.
Você está me dando um cuecão. — eu digo rindo.
Ele deixa escapar um suspiro de frustração.
É sempre muito mais sexy quando eles fazem isso na TV.
Eu me arrumo e sento direito.
Tente de novo. — eu encorajo. — Você pode fazer isso, Arthur.
Ele agarra o lado esquerdo da minha calcinha e puxa com força.
Ouch! — eu grito, fazendo manobras na direção da sua tração para
diminuir a dor do elástico do meu lado direito.
Ele sorri de novo e solta seu rosto no meu pescoço.
Desculpe. — ele diz. — Tem alguma tesoura?
Eu estremeço com o pensamento dele vindo até mim com uma tesoura. Eu saio de cima dele e fico de pé, então tiro minha calcinha, chutando-a pra longe de mim.
Ver você fazendo isso vale totalmente a pena minha tentativa frustrada de ser sexy. — ele diz.
Eu sorrio.
Sua tentativa frustrada de ser sexy na verdade faz você sexy.
Meu comentário o faz sorrir de novo. Eu ando na direção dele e volto pro seu colo. Ele me reposiciona de modo que eu estou montada nele novamente.
Meus fracassos dão tesão em você? — ele pergunta provocando.
Oh, sim. — eu murmuro. — Tão quente.
Suas mãos estão em mim de novo, passando pelo meu pescoço e pelos meus braços.
Você teria me amado dos treze aos dezesseis anos. — ele diz. — Eu falhei bastante em tudo. Especialmente futebol.
Eu rio.
Agora nós estamos falando. Diga-me mais.
Baseball. — ele diz, antes de pressionar sua boca no meu pescoço. Ele beija o caminho até minha orelha. — E em um semestre em geografia mundial.
Puta merda! — eu gemo. — Agora, isso é quente.
Ele move os seus lábios para minha boca e me puxa num beijo suave. Ele mal toca sua boca na minha.
Eu falhei em beijar também. Terrivelmente. Eu quase sufoquei uma garota com a minha língua.
Eu rio.
Quer que eu te mostre? — Assim que eu aceno, ele nos reposiciona no sofá ate que eu estou deitada de costas e ele está em cima de mim. — Abra sua boca.
Eu abro. Ele solta sua boca na minha e empurra sua língua dentro, me dando o que é possível o pior beijo que eu já experimentei. Eu o empurro contra meu peito, tentando tirar sua língua da minha boca, mas ele não se move. Eu viro meu rosto para a esquerda, e ele começa a lamber a minha bochecha, me fazendo rir ainda mais.
Oh, meu Deus, isso foi terrível, Arthur!
Ele tira sua boca pra longe e se abaixa em cima de mim.
Eu fiquei melhor.
Eu aceno.
Isso é um fato. — eu digo, concordando com todo o coração.
Nós dois rimos. O olhar relaxado no seu rosto me preenche com tantas emoções. Eu nem posso começar a classificá-las. Eu estou feliz, porque nós estamos nos divertindo juntos. Eu estou triste, porque nós estamos nos divertindo juntos. Eu estou com raiva, porque nós estamos nos divertindo juntos e isso me faz querer mais disso. Tão mais dele. Nós nos encaramos em silêncio, até que ele lentamente abaixa sua cabeça, pressionando um beijo longo contra os meus lábios. Ele começa a colocar beijos suaves por toda a minha boca até que os beijos começam a ficar mais demorados e mais intensos. Sua língua eventualmente divide os meus lábios, e as brincadeiras desaparecem.
É bem sério agora como nossos beijos ficam mais apressados e suas roupas começam a se juntar as minhas no chão, uma por uma.
O sofá ou sua cama? — ele sussurra.
Ambos. — eu respondo.
Ele concorda.

***

Eu adormeci na minha cama. Perto do Arthur. Nenhum de nós adormeceu depois. Um de nós sempre sai. Por mais que eu esteja tentando me convencer que isso não significa nada, eu sei que significa. Toda vez que estamos juntos, eu pego um pouco mais dele. Quer se trate de um vislumbre do seu passado ou passar um tempo sem sexo ou até um tempo dormindo, ele está me dando mais e mais dele, pouco a pouco. Eu sinto como se isso fosse ambos bom e ruim. É bom, porque eu quero e preciso muito mais dele, então cada pequeno pedaço que eu pego é suficiente para me satisfazer quando eu começo a me preocupar com tudo que eu não recebo dele. Mas também é ruim, porque cada vez que eu pego um pouco mais dele, outra parte dele fica mais distante. Eu posso ver isso nos seus olhos. Ele está preocupado de estar me dando esperança, e eu estou com medo que ele eventualmente se afaste completamente. Tudo com Arthur está começando a desabar. É inevitável. Ele é tão inflexível sobre as coisas que ele não quer da vida, e eu estou começando a entender o quão sério ele é. Então por mais que eu tente proteger o meu coração dele, isso é inútil. Ele vai quebrá-lo eventualmente, mas eu continuo permitindo que ele o preencha. Toda vez que eu estou com ele, ele preenche meu coração mais e mais, e quanto mais ele é preenchido com partes dele, mais doloroso será quando ele arrancá-lo do meu peito como se ele nunca tivesse pertencido aquele lugar.
Eu escuto as vibrações do seu celular e o sinto se virando e o alcançando na mesinha de cabeceira perto dele. Ele pense que eu estou dormindo, então eu não dou razão para ele pensar de outra maneira.
Ei. — ele sussurra. Há uma longa pausa, e eu começa a entrar em pânico internamente, me perguntando com quem ele está falando. — Sim. Desculpe. Eu deveria ter ligado pra você. Achei que você estaria dormindo.
Meu coração está na minha garganta agora, rastejando seu caminho para fora, tentando escapar de Arthur e de mim e dessa situação toda. Meu coração sabe pela minha reação ao seu telefonema que ele está em perigo. Meu coração acaba de entrar no modo luta ou fuga, e nesse momento, está fazendo tudo que pode para correr. Eu não culpo o meu coração nem um pouco.
Amo você também, pai.
Meu coração desliza de volta pela minha garganta e encontra sua casa usual em meu peito de novo. Ele está feliz agora. Eu estou feliz. Feliz que ele na verdade tem alguém para ligar. No mesmo momento, eu também me lembro do quão pouco eu sei sobre ele. O quão pouco ele me mostra. O quanto ele esconde de mim, então quando eu finalmente quebrar, isso não será sua culpa.
Não será uma quebra rápida. Será lenta e dolorosa, preenchida com tantos momentos como esse que me consola de dentro pra fora. Momentos quando ele pensa que eu estou dormindo e ele sai da minha cama. Momentos quando eu mantenho meus olhos fechados, mas eu escuto quando ele coloca suas roupas. Momentos quando eu tenho certeza de que minha respiração permanece normal no caso dele estar olhando pra mim quando ele se inclina e me beija na testa. Momentos quando ele parte. Porque ele sempre parte.


Pov. Arthur

Seis anos antes.


E se ele quiser ser gay? — Rachel me pergunta. — Isso vai incomodá-lo?
Ela está segurando Clayton, e nós estamos sentados na cama do hospital. Eu estou na beira da cama olhando pra ela, observando ela olhar pra ele. Ela continua me fazendo perguntar aleatórias. Brincando de advogada do diabo de novo. Ela diz que nós precisamos trabalhar essas coisas agora Então nós não corrermos em todas essas questões de paternidade no futuro.
Isso só me incomodará se ele sentir que não pode falar conosco sobre isso. Eu quero que ele saiba que pode falar conosco sobre tudo. — Rachel sorri para Clayton, mas eu sei que seu sorriso é pra mim. Porque ela adorou minha resposta.
E se ele não acreditar em Deus? — ela pergunta.
Ele pode acreditar no que ele quiser. Eu só quero que suas crenças – Ou a falta delas - o façam feliz. — Ela sorri de novo.
E se ele cometer um crime hediondo, horrível, cruel e for mandado para a prisão pelo resto da vida?
Eu vou me perguntar onde eu errei como pai. — eu digo pra ela. Ela olha pra mim.
Bem, baseado nesse interrogatório, eu estou convencida que ele nunca irá cometer um crime, porque você já é o melhor pai que eu conheci.
Agora ela está me fazendo sorrir.
Nós olhamos para a porta quando ela se abre e uma enfermeira entra ela abre um sorriso arrependido.
É a hora. — ela diz.
Rachel resmunga, mas eu não tenho ideia o que a enfermeira está se referindo. Rachel vê a confusão no meu rosto.
Sua circuncisão.
Meu estômago aperta. Eu sei que nós discutimos isso durante a gravidez, mas eu de repente estou tendo segundos pensamentos, sabendo o que ele está preste a passar.
Não é tão ruim. — a enfermeira diz. — Nós o adormecemos primeiro.
Ela anda até Rachel e começa a tirá-lo dos seus braços, mas eu me inclino em sua direção.
Espere. — eu digo pra ela. — Deixe-me segurá-lo primeiro. — A enfermeira se afasta, e Rachel entrega Clayton pra mim. Eu o coloco de frente pra mim e olho pra ele.
Eu sinto muito, Clayton. Eu sei que vai doer, e eu sei que isso é efeminar, mas...
Ele só tem um dia. — Rachel interpõe com um sorriso. — É difícil algo que posso efeminá-lo ainda.
Eu digo pra ela fazer silêncio. Eu digo pra ela que eu estou tendo um momento pai e filho, e ela precisa fingir que não está aqui.
Não se preocupe, sua mãe saiu do quarto. — eu digo pro Clayton, dando uma piscada para Rachel. — Eu estava dizendo, eu sei que isso é efeminar, mas você irá me agradecer depois por isso. Especialmente quando você for mais velho e estiver envolvido com garotas. Espero que não até que você tenha dezoito anos, mas mais do que provavelmente vai ser em torno dos dezesseis anos. Foi assim pra mim.
Rachel se inclina pra frente e segura seus braços longe dele.
Isso é ligação o suficiente. — ela diz, sorrindo. — Eu acho que nós precisamos rever os limites dessa conversa pai e filho enquanto ele é efeminado.
Eu dou nele um beijo rápido na testa e o entrego de volta pra ela. Ela faz a mesma coisa e o passa para a enfermeira. Nós observamos enquanto a enfermeira deixa o quarto com ele. Eu olho de volta pra Rachel e rastejo em direção a ela até que eu estou deitado perto dela na cama.
Nós temos o lugar para nós. — eu sussurro. — Vamos transar.
Ela faz careta.
Eu não me sinto sexy no momento. — ela diz. — Minha barriga está flácida, e meus peitos estão inchados, e eu preciso tanto de um banho, mas dói muito tentar tomar um agora.
Eu olho seu peito e puxo a gola da sua roupa de hospital. Eu espio dentro da sua roupa e sorrio.
Por quanto tempo eles vão ficar assim?
Ela sorri e empurra minha mão.
Como sua boca se sente? — eu pergunto pra ela.
Ela olha pra mim como se não entendesse minha pergunta, então eu elaboro.
Eu só estou me perguntando se sua boca dói como o resto de você dói, porque se não estiver, eu quero beijar você. — Ela sorri.
Minha boca está ótima.
Eu me apoio sobre meu cotovelo então ela não tem que se virar pra mim. Eu olho pra ela, e vê-la embaixo de mim parece diferente agora. Parece real. Até ontem, realmente parecia como se nós estivéssemos brincando de casinha. Claro, nosso amor é real, e nosso relacionamento é real, mas até eu testemunhar ela dando a luz ao meu filho ontem, tudo que eu senti antes daquele momento foi como brincadeira de criança comparado ao que eu sinto por ela agora.
Eu amo você, Rachel. Mais do que eu amava você ontem.
Seus olhos estão olhando pra mim como se ela soubesse exatamente sobre o que eu estou falando.
Se você me ama mais hoje do que você me amava ontem, então eu mal posso esperar por amanhã. — ela diz. Meus lábios caem até os dela, e eu a beijo. Não porque eu deveria, mas porque eu preciso.

***

Eu estou parado fora do quarto de hospital da Rachel. Ela e Clayton estão no quarto, cochilando. A enfermeira disse que ele nem sequer chorou. Eu tenho certeza que ela diz isso para todos os pais, mas eu acreditei de qualquer jeito. Eu pego meu celular pra mandar mensagem pro Micael.

Eu: Ele foi cortado há algumas horas. Aguentou como um campeão.
Micael: Ouch. Eu estou indo vê-lo hoje à noite. Eu estarei aí depois das sete.
Eu: Vejo você então.

Meu pai está andando na minha direção com dois copos de café nas mãos, então eu deslizo meu celular no meu bolso traseiro. Ele me entrega um dos copos.
Ele parece com você. — ele diz. Ele está tentando aceitar isso.
Bem, eu pareço com você. — eu digo. — Um brinde aos genes fortes.
Eu levanto meu café, e meu pai bate o seu contra o meu, sorrindo. Ele está tentando. Ele se encosta na parede e olha pro seu copo. Ele quer dizer algo, mas é difícil pra ele.
O que é? — eu pergunto, dando pra ele a abertura que ele precisa. Ele levanta seus olhos do copo de café, e encontra meu olhar.
Eu estou orgulhoso de você. — ele diz com sinceridade. É uma simples afirmação. Quatro palavras. Quatro das mais impactantes palavras que eu já escutei.
Claro, não é o que eu queria pra você. Ninguém quer ver seu filho se tornar pai com dezoito anos, mas...eu estou orgulhoso de você. Por como você lidou com isso. Por como você tratou a Rachel. — Ele sorri. — Você fez o melhor numa situação difícil, e isso é honestamente mais do que a maioria dos adultos faz.
Eu sorrio. Eu digo obrigado pra ele. Eu acho que a conversa acabou, mas não.
Arthur. — ele diz, esperando pra acrescentar mais. — Sobre Lisa... E sua mãe?
Eu levanto minha mãe para pará-lo. Eu não quero ter essa conversa hoje. Eu não quero que esse dia se transforme na sua defesa pelo que ele fez com a minha mãe.
Tudo bem, pai. Nós discutiremos isso numa outra hora.
Ele me diz que não. Ele diz que quer discutir isso comigo agora. Ele me diz que é importante. Eu quero dizer pra ele que não é importante. Eu quero dizer pra ele que Clayton é importante. Eu quero focar em Clayton e Rachel e esquecer tudo sobre o fato que o meu pai é humano e fez escolher terríveis como o resto de nós. Mas eu não digo nada disso. Eu escuto.
Porque ele é o meu pai.


Aviso: Hello Hello, amorecos!!! 
Eu sei, vocês estão querendo me matar já faz quase um mês que eu não atualizo a fic. Mas eu realmente estou ficando sem tempo, a faculdade anda me consumindo 100%, e eu só vou entrar de férias dia 15 de julho, e vou ficar em casa apenas 15 dias (sério, quero morrer), ela não vai parar nem para as olimpíadas, chateada, mas é vida né. Espero que vocês entendam meu sumiço aqui no blog, e não, eu não irei abandonar a fic enquanto não finalizar ela. Inclusive já estou vendo outra pra postar (papo off), caso aconteça isso será apenas nas férias mesmo. Então é isso meninas, espero que vocês entendam os meus motivos. 


Ps: Se quiserem perguntar sobre a fic, fique a vontade. Vi que tem leitoras novas, Sejam Bem Vindas <3 
Ps²: Hoje estou com tempo, vocês querem mais capítulos?
Ps³: Vem bomba por aí, estão preparadas?

COMENTEM!!!

10 comentários:

  1. Que bom que Postou Brenda!! Adorando sempre e preocupada com o rumo da história, como já disse que iria ter bastante choro!!
    Posta mais sim!!!!

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  2. Que bom que Postou Brenda!! Adorando sempre e preocupada com o rumo da história, como já disse que iria ter bastante choro!!
    Posta mais sim!!!!

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  3. Lu preocupada com os boys ,que susto em

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  4. Tava com saudade!!! Meu corpo gelou com a possibilidade de o Arthur ou o Chay estarem naquele acidente, Lua e a mãe devem ter ficado apavoradas. Depois da notícia Lua e Arthur comemoraram, mas como sempre um dos dois saem depois do que acontece. Quero saber a bomba!! Quero saber o que aconteceu com Rachel e Clayton!
    Helena

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  5. Que delícia entrar aqui e ter capítulo novo, amo sua web! Esperando por mais. Paula

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  6. Mas é claro q quero mais capítulos !! E essa bomba aí ?? Medo dela kkkk

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  7. Mais é claro que queremos, quero saber desse segredo logo ooooh

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  8. Por um momento, fiquei com medo de ter acontecido algo pior com o Chay. E cada vez estou com mais certeza de q a Rachel e o Clayton morreram. Só nos resta saber como!

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  9. Já quero próximo cap!!

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