15 dias para confessar - Último Capítulo

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Pov Narrador

     É certo que não se pode contrariar uma grávida. Mas digamos que a condição que o Arthur impôs não foi bem algo contraditório àquilo que a Lua tanto desejava: um Baby shower.
     A mãe da Lua foi a responsável pela organização da festa, da decoração e até de entregar os convites aos convidados. O importante era a grávida não se preocupar com essas coisas. Se bem que era meio difícil.
     Eram já cinco da tarde e ninguém chegava. Os balões estavam a ser levados pela força do vento; os cupcakes tendiam a tombar uns em cima dos outros e as bandeirinhas de boas vindas aos bebés, com a frase “Love Makes Good Things Grow”, não se seguravam.

- Porque é que nunca é nada como eu quero?
- Mas o que raio queres mais? – Perguntou Arthur um tanto sem paciência.
- Ninguém chega… isto está tudo a cair… - Ela finalmente sentou-se no sofá e foi abraçada pelos seus irmãos gémeos, Thiago e Edward.

     Pouco depois, a campainha chegou. Passavam apenas dezasseis minutos da hora combinada para o Baby Shower.
     Ao ir em direção à porta, Lua ajeitou o seu vestido largo, branco e curto, balançou os seus cabelos, esboçou um rosto e finalmente abriu a porta. Ela foi tomada por uma grande surpresa: todos os convidados juntaram-se para chegarem ao mesmo tempo com gritos de alegria, sorrisos e presentes.

- Surpresa! – Gritaram todos ao mesmo tempo. Arthur e os restantes membros da casa também foram tomados de surpresa.
- Vês? Tanto stress para nada. – Arthur passou as mãos sobre os braços de Lua e beijou-lhe o topo da cabeça. – Entrem.

     Amigos, colegas de trabalho, primos e tantos outros conhecidos foram recebidos com um “obrigado” e um abraçou ou um beijo carinhoso.
     Quando Edward colocou uma música de fundo, as pessoas entraram na harmonia daquele convívio e começaram a conversar umas com as outras. De seguida, passaram para a abertura dos presentes. Algumas pessoas até decidiram fazer uma espécie de discurso ou falar sobre o primeiro impacto que tiveram para com Lua e Arthur.

- Lembro-me do primeiro dia de trabalho dela. – Começava uma colega. – Entrou de óculos, saia formal, camisa com pouco decote e um salto alto. Parecia uma advogada com uma longa carreira. O rosto sério e civilizado, a bolsa por debaixo do braço e a voz forte e determinada. Deu bom dia a todos e entrou no gabinete. Pouco depois, entrei no gabinete dela sem ela dar por conta e vi-lhe com os sapatos jogados num canto, o cabelo preso desembaraçadamente enquanto via um vídeo qualquer no seu tablet e dava gargalhadas contidas. Quando me viu, desprendeu rapidamente o cabelo e disse “eu estava aqui a ver um vídeo sobre um caso muito curioso nos Estados Unidos…”, toda atrapalhada. Foi muito engraçado. – A sala inteira riu.

     Recomeçaram com o desembrulhar dos presentes. O Gonçalo e a Inês foram presenteados com roupas, brinquedos, acessórios e produtos para os seus primeiros dias de vida.

- Eu quero agradecer a todos. – Concluiu Lua no final da festa, passadas três horas. – A presença de todos foi muito importante para mim. Contribuíram para a nossa felicidade. – Disse ela ao colocar as mãos na barriga. – Em breve, espere-vos aqui em casa ou então no hospital para festejarmos a chegada destes meninos. Muito obrigada.

(…)

     Passada uma semana exata, num domingo com pouco sol e algum vento, também de vestido branco, desta vez comprido, e com uma coroa de Margaridas (flores) na cabeça, Lua encontrava-se na praia com Arthur ao seu lado. Ele vestia umas bermudas curtas em tons claros, com uma camisa aberta ao peito branca.
     O altar estava simples. Tons dourados e brancos para combinarem com aquele clima da praia. Sim, na praia. Anne e Louis iam finalmente se casar.

- Eu estou nervosa! – Comentou Lua enquanto passava as mãos na barriga. – E não sou a única. – Desesperou-se ela. – A Anne nunca mais chega e o Louis parece que vai desmaiar. Anda ali de um lado para o outro sem saber o que fazer.
- Eu, como padrinho, já lhe dei a minha palavra de relaxamento. Ele vai aguentar a emoção.
- Mas eu acho que não. – Ela respirou novamente fundo e levantou-se.
- O que se passa?
- Nada… - Fez cara de dor e começou a andar de um lado para o outro.
- O que se passa? – Arthur desta vez levantou-se e pôs-lhe a mão na cintura e outra na barriga. – Eles vão nascer agora?
- Não… - A resposta saiu como um gemido. – As contrações começaram.
- E só agora é que me dizes? – Arthur entrou também em desespero e quase gritou. Os convidados olharam todos para o casal e até Louis se deslocou até eles.
- O que se passa? – Perguntou o noivo.

     Nisto, rebentam as águas a Lua. O momento torna-se alarmante.

- Uma ambulância! Uma ambulância rápido!

(…)

- Ela está pronta para entrar em trabalho de parto.
- Como estão as contrações?
- Uma a cada dez minutos com trinta segundos de duração.
- Parabéns. Em breve terá as suas crianças aqui consigo.
- Oxalá! – Lua transpirava muito e encontrava-se desesperada.

     As aulas de preparação ao parto tinham-lhe assustado um pouco, visto as restantes mulheres fazerem comentários manhosos como “um filho já é difícil, imagina dois”.

- Onde está o meu marido?
- Está lá fora.
- Mas ele não pode entrar?
- Entrará em breves momentos.

(…)

Dia: 10 de Junho de 2016.
Hora do nascimento: 21:48.
Nomes: Maria Inês Blanco de Aguiar e Gonçalo Blanco de Aguiar.

- São os teus olhos e o meu nariz.
- Ele tem o teu queixo.
- Ela vai ter a tua garra.
- E ele o teu poder de conquista. – Lua sorriu ainda com os olhos cheios de lágrimas. – Eu não acredito que consegui dar à luz as crianças mais lindas deste mundo.
- Eu nem queria acreditar quando os ouvi chorar pela primeira vez… foi tão mágico. Cortar-lhe o cordão umbilical foi… eu julguei que não ia conseguir. – Arthur estava igualmente emocionado com tudo.
- Então senhor doutor, não ia conseguir fazer uma coisa tão fácil quanto essa? – Lua gargalhou.
- O que importa é que agora estamos os quatro juntos e felizes.

     As crianças dormiam ao lado da cama em que Lua estava deitada. Os dois eram admirados com ternura e afecto. Arthur foi o primeiro a mudar a fralda da Inês. E o Gonçalo foi o primeiro a ser amamentado.

     No dia seguinte, bem cedo, uma enfermeira trás um ramo de flores a Lua, cuja identidade era desconhecida.

- Mas não diz quem é?
- Tem um cartão. – Informou a enfermeira e depois abandonou o quarto.

“Querida Lua, 
Soube do que aconteceu. Estou longe, mas perto. “So close but so far away”, lembras-te?
Soube que entraste em trabalho de parto. Soube que a segurança da tua casa foi reforçada e que agora até seguranças tens à porta da tua residência. 
O Arthur conseguiu aquilo que eu não consegui. De qualquer maneira, tu nem fazias o meu género. Nunca fizeste. Não passavas de uma fingida. Uma estraga prazeres. Entraste na vida do Arthur para acabar com a nossa amizade. Eu e ele eramos amigos e agora ele considera-me o seu pior inimigo.

Só te quero dizer que vou vos deixar em paz, por enquanto. Não porque quero, mas porque assim tem de ser. A polícia anda atrás de mim. Já se passou tanto tempo, mas as buscas continuam. Tenho o meu nome estragado. A minha vida estragada. E garanto-te: a culpa é tua.

Vemo-nos por ai, porque em breve estarei de volta.
E parabéns pelos putos. Espero que não sejam com a cabra da mãe.”

     De lágrimas nos olhos, Lua joga as flores para o chão no mesmo momento em que Arthur entra no quarto.

- O que é que se passa? – Arthur correu até junto da sua mulher.
- Ele voltou… - Dizia ela arrasada.
- Ele?
- O Gaspar.

O fim. 

Notas finais:

Finalmente o fim! Gente, eu queria tanto que algumas coisas tivessem sido diferentes, nomeadamente o tempo que esta fic durou. A faculdade tirou-me todo o tempo livre que eu tinha para escrever.
Eu me fartei de escrevê-la e vocês de lê-la, mas finalmente chegou ao fim.

Espero que tenham entendido o fim.

Em breve, voltarei com novidades.


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