15 dias para confessar - Gato

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Pov’s Narrador.

Com as almofadas juntas ao travesseiro da cama, com outras ao seu redor e ainda uma gigante para as suas pernas pousarem, Lua mantinha-se na cama como uma estátua. Não se podia mexer. Ou melhor, queria, mas não podia. As limitações eram infinitas comparadas ao tamanho da sua barriga grande e saliente. As limitações à mobilização causavam um certo desconforto a Lua e uma irritação a Arthur, que estava farto das queixas da mulher com 8 meses e pouco de gravidez. 

- Está tão quase.
- Graças a deus! – Queixou-se ele, sentado no chão e encostado à cama, enquanto mudava os canais da tv. 
- Disseste alguma coisa?
- Não, amor. – Respondeu ele de olhos fechados.
- Achas que não está a ser difícil para mim?
- Tem lá calma. – Ele suspirou novamente. – Eu sei que não está a ser fácil para ti, mas para mim também não. Passo as noites em claro e depois ainda tenho de ir trabalhar. Quando chego a casa, tenho de fazer o jantar e ainda ler-te uma história para conseguires dormir. Achas que é fácil?

Com os olhos cheios de lágrimas e a muito custo, Lua levantou-se da cama jogando as almofadas todas para o chão e foi em direção à casa de banho. Antes que ela pudesse trancar a porta, Arthur correu e chegou a tempo de entrar. Lua sentou-se no tampo da sanita e começou a chorar.

- Desculpa, desculpa! – Pediu ele segurando-lhe as mãos.
- O que é que vem depois? O facto de já não me quereres por eu estar gorda? 
- Claro que não. Eu amo-te do jeito que tu és. Estás tão linda assim. 
- Mas tu estás farto… - Ela fez bico enquanto não parava de chorar.
- Não… eu apenas estou cansado. É normal. Acredita. – Arthur beijou-lhe a testa para tentar fazer com que ela se acalma-se.

As crianças, no ventre de Lua, começaram a movimentar-se de um lado para o outro, deixando a Lua mais uma vez desconfortável mas feliz. Os dois pais colocaram as mãos sobre a barriga da mulher e apreciaram os movimentos dos filhos. Era tão emocionante ver aqueles pontapés de um lado para o outro. Arthur acreditava que se trata já da vontade de eles virem cá para fora, mas Lua diz que ainda é cedo e que prefere chegar aos nove meses exactos. 

- Agora vamos… - Arthur ajudou-a a levantar-se e começou, delicadamente, a tirar-lhe a roupa. Lua adorava sentir-se amada daquela maneira, apesar de não ser como de antes, devido à sua limitação de deslocações. 

Num jeito muito dengo, Arthur tirou-lhe a peça branca que cobria todo o seu corpo deixando a roupa interior para o fim. Beijou-lhe a região do ombro enquanto a embalava no meio dos seus braços, permitindo que Lua deitasse o rosto no peito dele e se sentisse protegida.

- Estou tão desejosa de…
- De? – Ela não terminou.
- De poder fazer amor como deve ser contigo! – Confessou ela num ataque espantoso de risos.
- Safada! – Ele deu-lhe com a mão no rabo, após ligar a água do duche. – Vamos ter muito tempo para isso. Ou não! – Ambos riram. 

Arthur tirou a sua roupa e encaminhou de seguida a mulher para o duche. A água estava quente e apetitosa. Lua continuou com os seus braços à volta do pescoço de Arthur, deixando que ele passasse as mãos nas costas dela com a água quente e escorrer. Era totalmente relaxante, tanto para um quanto para o outro.

Após o banho e vestidos a rigor, encaminharam-se para o hospital no carro de Arthur. 
As pessoas paravam o casal no corredor para os felicitar pelo futuro aumento da família, e ficavam ainda mais radiantes quando sabiam que se tratavam de gémeos. 
Lua continha uma pele branca, angelical e macia. Os seus cabelos com um ondulado sem cremes ou truques de cabeleireiro, totalmente ao natural. A sua voz estava doce e os seus sentimentos à flor da pele.

- Sente-se, cara paciente. – Arthur adora brincar com Lua, à entrada do seu consultório.
- Obrigada, senhor doutor. – Ela adorava entrar na brincadeira. 

Após os exames feitos, Arthur procedia à examinação e explicação.

- Os bebés está pronto para nascer – explicava ele através do ultrassom. – Encontram-se, a meio custo, com a cabeça para baixo. Têm os traços corretos e engordaram um pouco. Mas estão bem. Os pulmões produzem agora uma substância que faz com que eles fiquem prontos para respirarem de verdade cá fora. 
- Achas que estamos prontos para ser pais? – Perguntou Lua com lágrimas nos olhos.

(…)

Mais tarde, à hora do jantar, Lua continuava com um certo nervosismo. 

- Eu sei que eu disse para não abusares das gorduras, principalmente agora que estamos na última fase. Mas podes comer ao menos a salada e o frango que eu fiz com tanto carinho.
- Tu mandaste buscar, não o fizeste. – Repreendeu Lua.
- Mas tu sabes… tratei de pôr a mesa e escolher o teu sumo preferido.
- Estou mesmo sem fome. – Ela afastou o prato e estendeu os olhos para a televisão. 
- Diz. – Arthur pousou os talheres e encarou-a. Não demorou muito para as lágrimas lhe rolarem o rosto. – O que é que se passa desta vez? – Arthur estava habituado àqueles dramas.
- Uma vez… - Ela suspirou. – Eu coloquei roupas para lavar na máquina… e quando as tirei, o meu gato veio junto.
- O teu gato?
- Sim… eu matei um gato quando era pequena. – E nesse momento, Lua começou a chorar a valer.

Arthur gargalhou mais uma vez. Ele sabe perfeitamente que aquilo lhe deixa triste, mas era mais forte que ele. Aquela inocência dela, medo, ansiedade, mexia também com ele. 

- Tu não fizeste de propósito, eu sei que não. E o gato também sabe disso.
- Mas e se eu fizer isso com os nossos…
- Hey! – Ele a repreendeu. – Olha só o que estás aí a dizer. Eras pequena, ok? – Arthur riu e abraçou-a novamente. – Deixa de ser tolinha, por favor. 

(…)

- Uma festa? – Ele exclamou vindo do banho com uma toalha presa à cintura.
- Sim… eu vou deixar de poder estar tantas vezes com as minhas amigas… o meu tempo livre está a acabar. – Ela passou a mão pela sua grande barriga. – Estes meus amores não me vão deixar quieta um segundo e eu quero me divertir um pouco. 
- Mas não achas arriscado fazer tudo isso sozinha? Quero dizer… estás a dias de ter as crianças. 
- Eu peço ajuda à Anna. Assim, ela até me conta os preparativos para o casamento. Acho que será de sonho, não? Casar na praia. – Os olhos de Lua brilhavam.
- Já casamos, amor. – Ele aproximou-se dela e envolveu-a nos seus braços. – Espero que tenha sido tão especial para ti como o foi para mim.
- Foi mais! – Ela beijou-lhe. – Vá lá, deixa-me fazer a festa. – Ela fez bico.
- Só com uma condição! – Afirmou ele bem assertivo. 


(...)

Notas finais:

Espero que tenham gostado. Sei que já não posto à imenso tempo, mas porra, vocês sabem a razão. Espero que não se tenham esquecido que esta fic ainda existe. Prometo acabá-la o mais rápido possível. Espero ter energia para começar outra e postá-la diariamente, como antes eu fazia. Desculpem qualquer coisa.

Continuem a ler e comentem qualquer coisa.


4 comentários:

  1. Ahh como tava com saudade dessa fic ��.Super anciosa pra que os bebés vem ao mundo,omg

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Como tava com saudade dessa fic 😍,tô super ansiosa pra vinda dos bebês.Amo essa fic.

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