8 Segundos - CAP. 4

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8 Segundos


Capítulo 4:


Lua

Tinha acabado de sair do banho e aqueles malditos olhos azuis me perseguiram até quando secava o meu cabelo. Desde que encontrei com aquele chucro, eu não conseguia tirar aquele olhar dos meus pensamentos.

— Você deve estar ficando louca, Lua. Um roceiro?! — disse para a minha imagem no espelho. Estava sozinha no quarto que havia sido cuidadosamente arrumado para mim. Apesar de a casa estar mais velha que o quadro da Mona Lisa, o quarto era ajeitadinho. Claro que nada comparado ao meu apartamento na cidade, montado por uma decoradora badalada, com todas as coisas de que uma garota como eu precisava. Coloquei uma calça jeans e uma t-shirt que comprara em Nova York em minha última estada lá. Amo aquele lugar, mas meu sonho de consumo sempre foi morar na Cidade Luz. Paris era o sonho da minha mãe e eu iria realizá-lo, custasse o que custasse. Meu pai era contra, como era contra tudo o que eu fazia, mas nosso acordo faria com que eu dobrasse o velho. Olhei para a penteadeira e nela havia uma foto da minha mãe me segurando no colo. Caminhei até o móvel e peguei o porta-retratos. Sentia muita falta dela, mesmo que não lembrasse muitas coisas. Perdi minha mãe quando tinha 5 anos. Apesar de lembrar pouca coisa, em quase todas as lembranças ela estava com vestidos perfeitos e maquiagem impecável. Prometi a mim mesma que seria como ela. E lá estava eu: correndo atrás do meu sonho, nem que para isso tivesse que ficar enfurnada trinta dias naquele fim de mundo. Coloquei a foto de volta na cômoda, porém não parei de pensar em minha mãe. Não recordava sua morte, mas meu pai me contou que ela teve uma doença pulmonar muito grave e não resistiu. Então, desde os 5 anos, eu fui criada por babás e depois em colégios internos. Mas, assim que completei 18, fui morar sozinha. Meu pai me dava uma mesada para que eu me sustentasse. E esse foi o motivo da briga que havíamos tido, pois o dinheiro não dava nem para a metade do mês. Ele sempre queria saber por que eu gastava tanto, mas eu não podia explicar a ele que a maior parte da minha grana era gasta com o Rafa. Passeios caríssimos, roupas e relógios de grife, noites e mais noites nos motéis mais caros da cidade sempre apareciam no resumo da minha fatura do cartão de crédito, mas eu não me arrependia. Eu tinha plena consciência de que o Rafa estava comigo também pelo dinheiro. Sou loira, mas não sou burra. Entretanto, eu não importava: desde que ele continuasse me dando orgasmos incríveis, por mim tudo bem. Era muito difícil encontrar um homem que se preocupasse com o prazer da mulher, e o Rafa era praticamente obrigado a isso. Dessa forma nossa relação funcionava. Eu o mantinha com dinheiro e status, e ele me satisfazia entre quatro paredes. Bloqueei o Rafa em minha mente quando escutei uma voz.
— Com licença. — Me virei em direção ao som e percebi que a porta estava um pouco aberta. Uma voz feminina vinha de fora.
— Pode entrar — respondi. Arrumei meu cabelo olhando para o espelho e através dele notei uma menina atrás de mim. — Quem é você? — perguntei, virando-me, pois nunca tinha visto a garota na vida. Ela estava de pé na minha frente e sua beleza era notável: cabelos negros, pele branca, olhos grandes e expressivos e algo que me lembrava alguém. Dei uma boa verificada em seu visual e fiz uma careta para as botas grosseiras que ela usava. A garota se aproximou para me cumprimentar.
— Meu nome é Melanie, mas pode me chamar de Mel. — Ela estendeu a mão e devolvi o gesto somente por educação. — Seu pai pediu que lhe fizesse companhia, pelo menos quando ele não estiver aqui. — ela disse, dando um passo atrás e voltando para o seu lugar. Era só o que me faltava: uma babá.
— Olha... — eu disse, apontando para ela. — Não preciso de babá. — Caminhei até a cama e me sentei. Estava com o celular na mão tentando acessar a internet, mas pelo visto não iria conseguir, pois o sinal naquele lugar era horrível.
— Não vou ser uma babá. — A voz dela soava direta. Pensei que a garota já tivesse ido embora. — Estou aqui mais como uma amiga. Virei o rosto para olhá-la. Analisei a criatura de cima a baixo e soltei uma gargalhada. Sério, não consegui me conter. Foi mais forte do que eu.
— Querida, com certeza você nunca será minha amiga. — eu disse com desdém. Esses caipiras acham que uma amizade começa do nada. Assim que minha internet voltasse a funcionar, iria mandar um WhatsApp para a Letícia e contaria a ela como aquelas pessoas eram patéticas. Letícia sim, essa era minha amiga desde criança. Tudo que já vivi teve algo a ver com ela, inclusive o Rafa, que foi seu namorado. Ele a dispensou para ficar comigo, mas Letícia sabia perder e não ficou incomodada quando começamos a sair algumas semanas depois.
— Que ótimo! Assim não preciso mais fingir. — A garota falou com alívio e eu fiquei confusa. — Não conheço você, e pelas poucas palavras que trocamos não tenho a mínima vontade de conhecer. — Dessa vez era a sua voz que soava com desdém enquanto me analisava. — Vamos fazer assim, — a matraca continuava falando, sem me dar tempo de responder — eu fico no meu quartinho dos fundos, você pode ficar trancada aqui o dia todo e eu ganho o dinheiro que o seu pai me prometeu. E todos vivem felizes para sempre. Que tal? — Levantei pronta para colocar aquelazinha no seu lugar, quando notei uma das empregadas que tinha visto na cozinha aparecer na porta do quarto.
— Mas o que está acontecendo? — perguntei irritada para a mulher que estava de olhos arregalados. — Meu quarto virou ponto turístico? — emendei. A garota se virou para a mulher e ambas me ignoraram.
— O que aconteceu, Lúcia? — Melanie perguntou à mulher que estava como uma estátua na porta.
— Mel, seu pai perguntou se você sabe onde está o Dr. Arthur. — Eu já estava mexendo no celular, nem um pouco a fim de participar da conversa, mas, assim que ouvi “doutor”, prestei mais atenção no que as duas falavam.
— Lúcia, o mano me deixou aqui e foi para a cidade. A senhora sabe que no caminho entre a entrada da fazenda e a cidade os celulares ficam sem sinal, então não temos como falar com ele. A garota saiu seguindo a empregada e as duas continuaram conversando. Nem tive tempo de perguntar quem era o tal Dr. Arthur. Então, fui atrás delas até a cozinha.
— Quem é o Dr. Arthur? — perguntei para a outra mulher que estava perto da mesa. Ela picava algo, provavelmente para o almoço.
— Dr. Arthur é o veterinário da fazenda, por quê? — ela perguntou com um olhar estranho.
— Nada. — respondi friamente e caminhei de volta para o quarto. Melanie não me seguiu e eu fiquei tentando imaginar por que diabos meu pai contrataria alguém para me vigiar. Será que ele acha que vou aprontar? Quase meia hora depois eu ouvi um barulho vindo do lado de fora. Caminhei até a janela do meu quarto e vi um caminhão enorme estacionando em frente ao galpão, que não ficava muito longe da casa. Desci as escadas correndo, pois o veterinário devia ter chegado. Precisava conversar com alguém que tivesse completado pelo menos o ensino médio. Primeiro o caipira na estrada, depois aquela garota desaforada. Estava cercada de idiotas. Mas eu esperava o quê? Estava em uma fazenda! Entrei no galpão correndo e trombei com um corpo. Nós nos desequilibramos e caímos. Assim que abri os olhos, percebi de quem era o tal corpo que estava em cima de mim. Olhei em seus olhos por alguns segundos e quase tive um troço quando senti algo duro dentro de sua calça. E eu me refiro a uma parte específica do corpo, se é que me entendem. Mas então eu caí na real.
— Sai de cima de mim, seu idiota! — gritei, para que ele deixasse eu me levantar. Babaca! O roceiro ainda estava fedendo. Discutimos até que ele caminhou em direção a um ferro-velho ambulante, estacionado perto do galpão. Fui atrás dele até chegar à caminhonete. Por mais que eu já começasse a odiar aquele cara, eu precisava dele para encontrar o tal veterinário, então não tinha opção. — Ouvi dizer que tem um médico veterinário aqui, e eu adoraria conversar com alguém alfabetizado. — disse, deixando bem claro que não estava atrás dele. Só me faltava ter aquele cara no meu pé. O idiota me olhou com um ar de superioridade e tirou o chapéu. Meu Deus! Ele era lindo. Seu rosto era perfeito. A barba por fazer e os olhos azuis, que não deixavam meus pensamentos, completavam seu visual de homem-pecado.
— Muito prazer — ele disse, segurando o chapéu e se curvando diante de mim. — Dr. Arthur, à sua disposição. — completou. Meu queixo praticamente chegou ao chão, tamanho o meu espanto. Não podia acreditar que o idiota fedido da estrada era o médico veterinário de quem todos falaram. — Mas, infelizmente, o analfabeto aqui não tem tempo para perder com conversas fúteis vindas de uma garota mais fútil ainda. — Nem prestei atenção no que ele falava, pois meus olhos estavam presos naquele corpo maravilhoso. Dei uma checada de cima a baixo e definitivamente decidi que Arthur era o meu número, sendo caipira ou não. Ele saiu e eu virei a cabeça para analisar melhor o traseiro perfeito que estava bem na minha frente. Definitivamente, o meu número. Qual é o problema? Não posso ficar trinta dias na seca e com certeza Rafa não vai vir me visitar nesse fim de mundo.
— Dr. Arthur... — murmurei, batendo de leve o dedo indicador no meu queixo, enquanto repetia o seu nome e o via partir. — Eu quero você. E estou acostumada a ter o que quero.

N/A: Bom dia, meninas! Ontem não deu pra postar, estava estudando pra uma prova que vou fazer amanhã. Enfim.. 
Essa Lua não é fácil não, hahaha. Será que o Arthur, vai cair fácil nas garras dela? 


Com mais 7 comentários, posto o próximo capítulo.


17 comentários:

  1. Adorei, a Lua e o Arthur, cada um mais cabeça dura que o outro..

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  2. Adorei a Lua querendo o Arthur

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  3. Ixii Luinha vai ser difícil conquistar esse 'caipira', mas vc consegue

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  4. Kkk a Lua me dá asco,mt chata.
    Acho que o Arthur vai cair mt facil nas garras dela,msm ela sendo insuportável.

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  5. Acho que a lua não vai ter os quer tao fácil assim não

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  6. Arthur não complica as coisas porfavorzinho :)

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  7. Acho que a lua não vai ter os quer tao fácil assim não

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  8. Lua vai correr atrás dele agora, ele pode até se fazer de difícil mais vai ceder rápido!! Quero mais!
    Helena

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  9. Já Amandoooooooo essaa webb!!! Muito boaaa!! Aii mdss, Lua já querendo Arthur

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  10. Poste mais *-*, já estou amando essa web.
    Fernanda

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  11. ameeeeeei, ja estou viciada haha, esses dois ainda vão dar historia.

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  12. Luinha Safadenha hahaha Ela não vai cosseguir tão fácil não o Aguiar

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