8 Segundos
Capítulo 3:
— Chay, eu estou te falando, essa garota só vai trazer
problema. — comentei com meu amigo. Ele estava na cabine de uma máquina que
mais parecia um disco voador de tão grande.
— Cara, faz meia hora que você está falando dessa
menina. Quer dar um tempo para a minha cabeça? Estou trabalhando. — Ele pulou
lá de cima. Realmente aquele trambolho era alto pra caramba. Chay é engenheiro
agrônomo. O melhor da região. Somos amigos desde a faculdade. Na verdade tudo
começou com uma briga em um jogo de cartas. Até hoje ele jura que eu roubei. O
que é uma calúnia, nunca roubo no truco. Então, depois que ganhei um olho roxo,
e ele, um nariz quebrado, acabamos nos aproximando na enfermaria do campus.
Desde então ele é o meu melhor amigo e meu companheiro de jornada. Antes de ir
ver o Chay, deixei a Mel na fazenda, pois ela seria paga para ser a dama de
companhia da filha do Braga. A menina ficaria aqui por um tempo e o pai não
queria que a donzela ficasse sozinha. Quando zombei que ela seria dama de
companhia, minha prima se irritou e ficou quase um dia inteiro sem falar
comigo, o que foi um recorde, mas logo fizemos as pazes. Meu amigo trabalhava
em uma plantação de soja nas imediações e por isso estava em cima daquela
colheitadeira do demônio. Velhas rivalidades nunca terminam. Não sei como foi
que escolhi um agrônomo para melhor amigo. Eu devia estar louco.
— Cara, só estou dizendo que a Mel vai ter que ficar
grudada nela o tempo inteiro. E isso quer dizer que nós dois estamos ferrados.
A garota é difícil de engolir. — Tentei explicar meu ponto de vista, mas acho que Chay
teria que ver com os próprios olhos a menina que era como um cristal. É assim
que eu a imagino: como um cristal. Lindo, brilhante, mas muito fácil de
quebrar, praticamente intocável.
— A Mel
vai ter que dormir na sede com ela? — A voz do meu amigo tirou aqueles olhos
verdes do meu pensamento. Talvez ele tivesse razão: eu estava pensando demais
naquela garota. Precisava mudar o rumo da conversa, e sabia bem para onde
seguir.
— Chay, por que será que, de tudo o que eu falei, você só se
interessou em saber da Mel? — perguntei com um tom de voz mais ameaçador. Ele
conhecia a minha prima havia muito tempo, mas eu não estava gostando do jeito
possessivo com que se referia a ela. Chay tinha a minha idade, ou seja, velho
demais para minha pequena.
— Só estou curioso, uai. — Ah! Eu me esqueci de
mencionar que Chay é
mineiro. Seu sotaque carregado sempre fez sucesso com a mulherada, embora fosse
muito tímido. Deu um trabalhão ajudá-lo a se enturmar durante a faculdade, mas,
quando se enturmou, comprovou o que dizem sobre os mineiros: come quieto.
— Entendi — respondi dando a ele um olhar mais duro,
mas
Chay simplesmente fingiu que não era com
ele. — Mudando de assunto, tem cover country no bar da Raquel amanhã. Você vai?
—
Chay deu de ombros e respondeu sem
nenhum interesse:
— Não sei, ando meio cansado. Sabe como essa época de
safra acaba comigo. Tô mortinho da Silva!
— Tudo bem, eu tenho que ir: prometi a Mel que a levaria para dançar. — Assim que eu disse o
nome da minha prima, Chay mudou
a expressão e endireitou o corpo antes de falar.
— Acho que posso aparecer por lá também. — disse,
desviando o olhar. Ele sabia que estava pensando merda, por isso não me
encarava.
— Sério?! — Arqueei uma sobrancelha. — Só tenho uma
palavra para você, Chay: DEZOITO. — Dei ênfase à idade da minha pequena para
ele entender de uma vez por todas que Mel não era para o bico dele.
— Deixa de ser idiota, Arthur. Essas caraminholas na sua cabeça ou são muito sol ou
falta de sexo. — ele disse, tentando mudar de assunto. Rio das suposições dele,
pois falta de sexo com certeza não era. Raquel tinha me deixado muito
satisfeito naquela manhã. Sem querer prolongar o assunto, me despedi e peguei o
caminho de volta para a cidade. Enquanto dirigia, comecei a escutar Country
Boy, uma das minhas músicas preferidas.
‘Cause I’m a country boy, I’ve got a 4-wheel drive
Climb in my bed, I’ll take you for a ride
“Country Boy” — Alan Jackson
Comecei a cantar junto. O tempo que passei no Texas me
fez amar o estilo country. Mesmo depois que voltei para o Brasil, nunca deixei
de escutar minhas músicas preferidas. No caminho, meu celular tocou. Preferia
quando não tinha sinal, assim as pessoas falavam mais pessoalmente, mas não
podia negar a grande facilidade que o aparelho trazia quando o assunto era o
meu trabalho.
— Alô. — Encostei a caminhonete antes de atender.
— Arthur, o transporte adiantou, você vai ter que voltar para
receber os animais. — informou o meu tio.
— Estou indo — respondi e logo desliguei o celular.
Estava esperando as novas aquisições do Braga somente no dia seguinte. Pelo
jeito, ele resolveu adiantar tudo aquele dia, inclusive a filha. Sorrio ao me
lembrar da Cristal. Não sabia ao certo o que aquela garota fazia ali, mas com
certeza era algo contra a sua vontade, pois era nítido o seu desgosto. E algo
me dizia que ela era uma roubada. Fiz o retorno e peguei a estrada para a
fazenda novamente. Sou um dos poucos profissionais da região e, apesar de
atender a várias propriedades, sou o único veterinário da Fazenda Girassol.
Roberto Braga tem um grande rebanho de gado leiteiro e também cavalos de
competição, e eu sou responsável por qualquer animal que chega ou sai da sua
propriedade. Amo meu trabalho, mas, desde que voltei para o Brasil e me
reaproximei do tio Santiago, tinha uma vontade enorme de voltar a montar. Fazia
isso quando adolescente, mas abandonei os rodeios para entrar na faculdade. Mas
estava na hora de correr novamente atrás dos meus sonhos; um grande rodeio
aconteceria em uma cidade vizinha, e os peões vencedores passariam a fazer
parte da equipe do circuito nacional. Era a minha chance. O sonho de viajar
pelo Brasil levando a minha verdade, o meu interior e as minhas raízes aonde quer
que eu fosse. Estacionei a caminhonete e fui logo em direção ao caminhão. Minha
função era verificar se todas as vacinas necessárias haviam sido corretamente
aplicadas. Também me certificava de que as normas de bem-estar dos animais
estavam sendo respeitadas. O Sr. Roberto é bem rigoroso em relação a isso.
Nenhum animal saía da fazenda ou entrava nela passando por algum tipo de
sofrimento ou desconforto. E essa foi uma das razões que me fizeram aceitar a
sua proposta de emprego. E era o que me mantinha lá. Repudio quaisquer
maus-tratos a animais e nunca aceitaria trabalhar em algum lugar que não
tivesse os mesmos princípios que eu. Conferi tudo, inclusive se havia algum
animal ferido. Após confirmar que tudo estava certo, assinei a papelada para
que o caminhão fosse liberado. Já estava pronto para voltar para casa e saí do
galpão um pouco apressado, sem perceber que alguém estava chegando. Eu me
choquei com um corpo e acabei caindo no chão. Assim que abri os olhos e vi a
mulher embaixo de mim, meu corpo se animou, não consegui evitar. Seria
realmente bom se estivéssemos em outro lugar.
— Sai de cima de mim, seu idiota. — Brochei
imediatamente! Por que ela tinha que abrir a boca?
— Foi mal, esquentadinha — disse sem pensar. Levantei
e estendi a mão para que ela fizesse o mesmo. Ela aceitou minha ajuda e ficou
de pé.
— O que você está fazendo aqui? — questionei, pois ela
não parecia uma mulher que se misturava aos animais. E, pela roupa que usava,
não estava ali para alimentar os porcos.
— Com certeza não foi para ver você, que pelo visto
ainda não tomou banho. — Ela apontou para mim e fez cara de nojo. Estava
ficando cansado daquela patricinha metida, então a deixei falando sozinha e
andei em direção à minha caminhonete. — Ei, seu caipira, eu ainda estou falando
com você. — Sua voz era irritante. Levantei a cabeça pedindo paciência aos
céus.
— O que você quer? — Me virei em sua direção, já
irritado. — Seu lugar não é aqui. — Continuei andando. A garota continuou me seguindo,
bufando de raiva. Sua pele vermelha indicava que ela também não ia com a minha
cara, e eu estava pouco me lixando para o que aquela mimada pensava.
— Qualquer lugar em que você esteja não é o meu lugar.
— retrucou ela, usando o mesmo tom de voz que eu. — Mas, infelizmente, preciso
da sua ajuda para encontrar alguém. Muito difícil para você? — Arqueou uma
sobrancelha e me deu um sorriso desafiador. — Ouvi dizer que tem um médico
veterinário aqui, e eu adoraria conversar com alguém alfabetizado. — Desdenhava
de mim na caradura. Eu não acreditava no que estava ouvindo. Ela estava falando
de mim! Claro que eu não perderia a oportunidade de irritá-la mais uma vez.
Abri um sorriso antes do meu próximo passo.
— Muito prazer — disse, tirando o chapéu e me curvando
diante dela. — Dr. Arthur,
à sua disposição. — completei. Sua boca se abriu, e vi a expressão “cair o
queixo” de forma literal. — Mas, infelizmente, o analfabeto aqui não tem tempo
para perder com conversas fúteis vindas de uma garota mais fútil ainda. — Ela
me olhava de cima a baixo, me analisando, ainda com a boca aberta.
— Eu... — Ela começou a dizer algo, mas eu a cortei.
— Passar bem, Cristal! — Me virei e não segurei o
riso.
Aqui o sistema é bruto!
N/A: Eai, estão gostando da história? Esses dois ainda vão implicar muito um com o outro hahaha Lua não é fácil.
Se tiver mais de 10 comentários, eu posto outro capítulo a noite.
Hahaha amando essa web, esses dois são demais. A web mal começou e eu já quero eles juntos e se dando bem *-* ansiosissima para o próximo
ResponderExcluirAi mds! Kkkkkkk é como dizem: "quem desdenha quer comprar"
ResponderExcluirAi mds! Kkkkkkk é como dizem: "quem desdenha quer comprar"
ResponderExcluirKkkkkk lua subestimado o Arthur
ResponderExcluirMuitoo ansiosaaa por essa webb.. Parece ser muitoo boaaa!! Não fique mais tanto tempo sem postar!
ResponderExcluirEstou amando! Mt boa! Posta mais
ResponderExcluirAmandooo posta mais
ResponderExcluirRafa
Amandooo posta mais
ResponderExcluirRafa
Poste por favor *-*
ResponderExcluirKkkkkkk essa lua não tem jeito
ResponderExcluirNossa a Lua não tem jeito mesmo kkkkkkkkkk bem feito, a cara dela foi no chão de vergonha agora kkkkkkkkkk
ResponderExcluirHaha a Lua é uma patricinha de 1ª,chata pra caramba.kkkk o Chay é da minha laia kkkk.A fic ta ficando cada vez melhor.
ResponderExcluir