8 Segundos
Capítulo 2:
Arthur
Meu celular tocou e eu tentei me desvencilhar dos
braços da Raquel sem acordá-la.
— Alô — falei em um tom de voz baixo. Era o meu tio
Santiago, provavelmente querendo que eu fosse até a fazenda do Braga. — Tieta
está parindo e, pelo que vejo, não conseguirá sem você — ele disse e, antes de
ele terminar a frase, eu já estava à procura das minhas roupas. — Estou indo —
respondi enquanto vestia meu jeans. Joguei a camisa no ombro e peguei meu
chapéu na mesa de cabeceira ao lado da cama, onde Raquel dormia profundamente.
Também, depois da noite passada... Eu e Raquel tínhamos uma relação nada
convencional. Ela é dona do melhor bar da pequena cidade onde moro. Uma mulher
decidida e que sabe o que quer, e ela quer o mesmo que eu: sexo sem amarras.
Raquel foi casada e não estava disposta a se jogar em um novo relacionamento. E
eu? Era um cara da estrada e não me apaixonava. Não porque não gostasse de
relacionamentos. Acontece que não podia me prender a ninguém se quisesse participar
do circuito nacional de rodeio. Eu ficaria muito tempo fora de casa e não
acreditava que uma relação, fosse ela como fosse, pudesse sobreviver a
distância. E o rodeio é minha paixão desde que me entendo por gente. Não
deixaria essa oportunidade passar. Tranquei a porta e passei a chave por baixo
dela. Raquel saberia o que fazer quando acordasse. Ela sempre sabia. Entrei na
minha caminhonete e parti em direção à fazenda da qual meu tio é caseiro há
muitos anos. Não ficava longe da cidade, eram poucos quilômetros, e minha
jabiraca estava pronta para enfrentar a estrada. Ela era azul, antiga. Nada de
tração nas rodas, painel digital e todas essas merdas que destroem os
clássicos. Eu era adepto das coisas mais simples e em sua forma real, por isso
não abria mão da minha caminhonete. Cheguei e vi que meu tio tinha razão: Tieta
necessitava de uma cesariana de emergência, ou ela e o filhote não
sobreviveriam. Preparei-me para realizar o meu trabalho: verifiquei se todo o
instrumental que usaria estava devidamente esterilizado e, após confirmar,
coloquei as luvas e o retirei das embalagens. Contei com a ajuda de dois
funcionários, além do meu tio, que chegou com o isopor em que estava a
anestesia.
— Valeu, tio.
— Acho que o filhote é grande demais para Tieta. —
Concordei com ele enquanto observava a anestesia
descer pelo vidro e encher a seringa. Encaixei a agulha e procurei o local
adequado para aplicá-la.
— Calma, garota. — Acariciei o animal quando ele
tentou se mexer. Tieta ficou imóvel e terminei de anestesiá-la com segurança.
Todos os materiais necessários estavam à mão. Fiz uma pequena incisão em sua
pele para encontrar o útero e retirar o feto. Então, troquei o bisturi pela
tesoura e fiz a abertura, tomando todo o cuidado possível para não haver a entrada
de líquidos fetais na cavidade abdominal. — Aí está você — murmurei, vendo
claramente um bezerro enorme. Meu tio tinha razão. Abri a incisão um pouco
mais, para poder fazer a retirada. Além de estar com as patas amarradas e
esticadas, Tieta tinha todos os funcionários monitorando-a. Encontrei o local
exato para me apoiar, então fui puxando o filhote com cada vez mais força. E o
milagre mais uma vez aconteceu! Uma hora e meia depois, meu trabalho estava
concluído. O bezerro nasceu, e ambos, filhote e mãe, passavam bem. Deus me
livre perder aquela vaca, ela valia mais do que eu ganhava em seis meses.
Passei as instruções que os funcionários da fazenda deveriam seguir e resolvi
selar o Ventania para dar uma volta. Além de montá-lo desde moleque, cuidei de sua
pata ferida semanas antes e queria ter certeza de que ele estava curado. Puxei
o Ventania até o galpão mais próximo e o selei. — Bom garoto — disse,
acariciando sua testa. Um dos cavalos mais lindos em que tive a chance de
montar. Ele era negro como a noite e tinha somente uma mancha branca entre os
olhos. Voltei ao galpão para buscar meu chapéu e,
quando caminhava em direção ao Ventania, pensei ter ouvido uma voz. O sol
atrapalhava a minha visão, então não conseguia enxergar nada. Deve ter sido
impressão. Já estava com um pé no estribo, preparado para montar, quando
escutei novamente.
— Seu surdo! — Desci do cavalo, pois tive certeza de que a voz vinha
da estrada. Que porra é essa? A cena que vi teria sido hilária, se não fosse
surpreendente. Uma garota — que com certeza não era das redondezas — estava
parada com as mãos na cintura, olhando para mim. Maldição, ela é linda.
Caminhei em sua direção. Ela podia estar perdida e precisando de ajuda. Mas,
assim que cheguei mais perto, reconheci a garota. Havia fotos dela espalhadas
pela casa-grande e eu sabia que a filha do sr. Roberto estava para chegar, mas
pelo que Mel tinha me falado não seria naquele dia. Quando me aproximei, ela me
encarou, tão surpresa quanto eu, mas logo virou o rosto e fechou o nariz com os
dedos. — Argh! Que nojo! Já inventaram uma coisa chamada banho, sabia? — disse
com a voz engraçada, e eu contive a vontade de sorrir, pois ela tinha acabado
de me chamar de fedido. Filha da mãe! Olhei a garota de cima a baixo.
Realmente, ela era linda... mas com a boca fechada. Odeio gente que se acha, e
aquela garota da cidade parecia ter o rei na barriga. — Pegue minhas malas, e
tome cuidado, são duas Louis Vuitton. — Seu nariz empinado já me irritava.
Fiquei olhando para as malas, pensando no que fazer: Deixo ela continuar
imaginando que eu sou um empregado da casa ou aviso que está enganada e mando a
princesinha ir à merda? — Por. Acaso. Você. Entende. Português? — ela perguntou
pausadamente, como se eu fosse um retardado. A segunda opção começava a ganhar
vantagem. Mas, como Raquel tinha me deixado de bom humor, resolvi ficar calado
e levar as malas da garota. Enquanto ela caminhava em direção à casa, eu não
aguentei e comecei a rir baixinho. Seu salto alto afundava na terra, fazendo
com que ela andasse engraçado. Sua bunda requebrava de um lado para outro, e
por várias vezes ela quase caiu estatelada no chão. Será que ela achou que
estava vindo para um shopping? Só pode! Balancei a cabeça rindo e ela entrou
como um foguete na casa, sem nem olhar para trás, nem para agradecer.
Malcriada. Quer saber? Chega! Joguei as malas no chão, bati a porta e saí
seguindo o meu caminho. Montei o Ventania e comecei a trotar devagar. Quando
percebi que ele estava cem por cento curado, forcei um pouco mais, galopando até
chegar à casa onde o meu tio morava. Melanie saiu do quarto assim que escutou o
barulho das minhas botas tocando o chão. Minha prima era linda, seus cabelos
negros desciam até sua cintura, e seus olhos eram castanhos, iguais aos do pai.
Os dois eram a única família que eu tinha. Perdi meus pais em um assalto, e
minha tia abandonou Melanie quando ela nasceu e nunca mais deu notícias. Mel
sempre foi minha pequena, mas há algum tempo eu vinha percebendo que ela era
alvo dos olhares de quase todos os homens da redondeza, principalmente do Chay.
Eu tinha que ter uma longa conversa com meu amigo. Ai dele se tocasse em um fio
de cabelo da minha princesa. Sou muito ciumento, mas nunca olhei para Mel com
outros olhos e também tinha certeza de que ela me via somente como irmão.
— Mel,
cadê o tio? — Ela deu de ombros.
— Não sei, mano, achei que estava com você. — Ela se
aproximou, mas logo parou e fez uma careta. — Arthur, você está fedendo. — Ela fez cara de nojo. Sorri.
Pela segunda vez no dia, uma mulher reclamava do meu cheiro. Isso era comum.
Por causa do meu trabalho eu vivia na companhia de porcos, vacas, ovelhas e até
coelhos. Normal de vez em quando cheirar como eles.
— Até você, pequena? — Comecei a correr atrás dela.
Mel odiava que eu fizesse cócegas em sua barriga, e eu adorava torturá-la.
Joguei minha prima no sofá e comecei o ataque. Quanto mais ela pedia para
parar, mais eu continuava, rindo das caretas que ela fazia. — Sorte sua que
estou de bom humor hoje. Te deixar em paz vai ser minha segunda boa ação do dia
— eu disse, me afastando.
— Ah, é? E qual foi a primeira? Ajudou uma vaca a
atravessar a estrada? — Mesmo com a respiração falha pelo ataque de cócegas,
Mel conseguia fazer piada.
— Não, ajudei com as malas da sua pupila. — Ela
arregalou os olhos e pulou do sofá rapidamente.
— Merda! A garota não chegaria só amanhã? — perguntou
enquanto entrava em seu quarto. Caminhei até a cozinha e peguei uma banana da
fruteira.
— Acho que o pai resolveu despachá-la antes! — gritei
para que Mel pudesse me ouvir
do seu quarto, enquanto descascava a fruta. Voltei para a sala e aguardei.
— E como ela é? — Enquanto perguntava, sua cabeça
apareceu na porta. Comecei a me lembrar da garota mimada. Fechei os olhos e era
como se a visse em minha frente novamente. Seus cabelos estavam molhados de
suor, e alguns fios grudavam no rosto. Ela estava com as bochechas vermelhas
pelo esforço e tinha uma boca que me fazia pensar em coisas. Senti algo
endurecendo dentro da calça. Não acredito que estou ficando excitado por aquela
nojentinha.
— E então? — Me assustei com a voz da Mel. Ela estava sentada embaixo do batente da porta,
calçando as botas.
— E então o quê? — perguntei, pois os pensamentos que
estavam em minha cabeça tinham me feito esquecer a Melanie.
— Como ela é, Arthur?
— Ah! — eu disse, tentando ganhar tempo para uma
resposta. — Ela é como um cristal.
— Como assim? — Mel perguntou, sem entender.
— Nada. Agora anda logo, tenho que ir até o Chay antes
de voltar para a cidade. — Mel deve ter achado que eu estava ficando doido, pois
me olhou de um jeito estranho, mas logo percebeu que se ficasse para discutir
comigo se atrasaria ainda mais para receber a princesinha, então não perguntou
mais nada.
N/A: Fico feliz em saber que estão gostando, meninas. Para os capítulos serem maiores, vai depender da quantidade de comentários. Fica a Dica! :)
Mais tarde vou postar dois capítulos de Belo Casamento.
COMENTEM!
Maisssssss! Ameeei!
ResponderExcluirLua vai sofrer, todo mundo acha ela metida kkkkk já quero mais!
ResponderExcluirHelena
Kkkkk lua sua paty vai sofre muito
ResponderExcluirOlhaaaa o thur ja gostou dela.. tô adorando devia postar mais essa web tá me deixando curiosa d+ kkk
ResponderExcluirEstou amando ����
ResponderExcluirKkk o Arthur ta certo a Lua tem o nariz mt empinado kkkk essas fics são so pra me matar de curiosidade affs kkkkkk
ResponderExcluirAaahhhh amei! É Mt boa essa web! Já quero mais
ResponderExcluirLua vai sofrer muito nessa fazenda kkkk mdds
ResponderExcluirPosta mais amore
ResponderExcluirPor favor poste outro capítulo, estou amando e muito curiosa para os próximos capítulos
ResponderExcluirArthur uma delícia como sempre kk
ResponderExcluirAmei
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