8 Segundos - CAP. 17

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8 Segundos


Capítulo 17: 


Arthur

– Porra, Raquel. — Saí de dentro dela, mas continuei com a cabeça baixa. Porra! Porra! Que mancada. — Eu... eu... Fiz a besteira de levantar os olhos para me desculpar. Raquel me encarava com decepção. Cara, eu sabia que a Raquel era desencanada com a maioria das regras impostas pela sociedade, ainda mais quando se tratava de sexo, mas que merda! Trocar o nome na hora H é inadmissível. — Raquel... eu... — Tentei me explicar, e ela levantou a mão para que eu parasse. E eu? Calei a merda da boca, é lógico.

— Não tente consertar. — Ela abaixou o vestido e passou a mão na barra para desamassálo. — Só vai piorar as coisas. — completou. Com cara de tacho e morrendo de vergonha, eu levantei minha calça e me vesti. Naquele momento nem Viagra faria meu amigo levantar de novo. — Olha, Lucas, eu entendo que não temos uma relação convencional e que nosso caso é puramente sexual, que entre nós não rola nenhum sentimento, só química. — Comecei a respirar normalmente, achando que ela tinha relevado minha merda, mas engano meu. — Mas só volte a me procurar quando me quiser de verdade. Não quero ser estepe para você transar pensando em outra. – Ela realmente estava chateada e eu não sabia como melhorar a situação. Raquel pegou suas coisas e começou a abrir a porta.
— Desculpa, Raquel, eu bebi demais. — falei tentando contornar, mas acho que não seria tão fácil. Mulher com orgulho ferido é foda. Senti isso com a Cristal e depois com a Raquel. Ela saiu e parou em frente à minha casa.
— Não esquenta, Perigoso. Mas vai atrás da sua patricinha. — Piscou e saiu em direção à sua caminhonete. Fiquei na porta, e, antes de ir embora, Raquel acenou se despedindo. Quando eu a vi partindo, tive certeza de que tinha acabado de perder minha “amizade colorida”. Mulher nenhuma perdoaria o que eu fiz. Entrei e fechei a porta. Uma raiva tão grande se apoderou de mim que eu comecei a esmurrar e chutar a porta contra a qual tinha comido a Raquel poucos minutos antes.
— O. QUE. ESTÁ. ACONTECENDO. ARTHUR? — Entre uma palavra e outra, eu esmurrei a madeira dura até minha mão doer. — Droga! — gritei. Saí da sala e tudo que eu queria era tomar um banho e esquecer aquela noite de merda.
***
Passei a semana inteira na rotina de sempre. Liguei para a Raquel para pedir desculpas, e ela me disse que estava tudo bem, apesar de deixar claro que não estava. O pior de tudo foi ver minha prima de risadinhas e conversinhas com a Lua. Sempre que eu chegava à fazenda, elas já estavam saindo de carro. Questionei meu tio e ele me contou que elas não faziam nada de mais. Além disso, a Mel estava fazendo seu trabalho ao acompanhar Lua para todo canto. Passei dias tentando descobrir o que aquelas duas aprontavam. Se a Lua estava no meio, chumbo grosso estava por vir. Do trabalho para casa e vice-versa foram os meus trajetos até a sexta-feira, mas já estava na hora de parar de arrastar o chifre no chão e sacudir a poeira. Ainda mais porque teria rodeio no fim de semana, e eu já estava louco para montar de novo. Passei na plantação para combinar com o Chay de irmos juntos ao rodeio. Ele orientava os funcionários sobre o manuseio e a utilização correta dos produtos tóxicos quando cheguei. Cumprimentei todos e caminhei até o meu amigo.
— E a loira, companheiro? — fui logo perguntando, dando um soco em seu ombro. A semana tinha passado tão rápido que nem havíamos conversado sobre a gostosa com quem ele tinha saído do Taurus. Chay pegou um bloco e continuou fazendo algumas anotações.
— Foi bem. — respondeu seco. Chay era tímido, mas não se engane, porque, na hora de descrever uma transa, ele era muito comunicativo. Então, de cara estranhei o seu silêncio. Chay saiu em direção à sua caminhonete e praticamente ignorou minha presença.
— Porra, Chay! Tá doente? — brinquei, mas parecia que ele não estava nos seus melhores dias.
— Nada, Arthur, estou cansado. Rodeio hoje? — perguntou, adiantando o assunto que me fez ir até ele. O que era ainda mais estranho; se eu não o arrastasse, Chay praticamente nunca saía de casa.
— Ok, nos vemos lá! — respondi e andei até minha caminhonete. Vi Chay partindo e me questionei: o que tinha deixado meu amigo tão para baixo? Fosse o que fosse, nada que cerveja e mulher não resolvessem. Ainda não havia escurecido e eu tinha que acompanhar o embarque dos cavalos para a competição que aconteceria na cidade. Havia tempos eu não treinava, já que a única fazenda que tinha touros preparados para o rodeio era a propriedade do pai do Henrique. E nos últimos tempos eu não estava a fim de olhar para a cara daquele playboy disfarçado de caubói. O rodeio daquele dia seria simples. Acontecia duas vezes por ano e sempre coincidia com a festa da igreja. Desde que tinha voltado do Texas, eu participava da montaria, mas naquele momento não tinha opção: o estadual estava chegando e, se eu quisesse ter uma chance de participar como peão principal, teria que voltar a treinar na fazenda do pai do Henrique. Ponderei as alternativas e resolvi que no dia seguinte estaria lá. Chequei todos os cavalos e, após averiguar o necessário, dei minha autorização assinando a papelada. Pronto! Minha semana de trabalho tinha oficialmente terminado. A partir dali era só diversão. Estava indo pegar a caminhonete, pronto para ir embora, quando ouvi gritos femininos. Sabia que eram da Mel e da Lua, então fiquei curioso para saber o que a cabeça de vento estava obrigando minha prima a fazer. Caminhei até a área que ficava nos fundos da casa. Era um local grande, destinado a festas, com churrasqueira e piscina. Palmeiras e um jardim muito bem-cuidado decoravam o espaço. Procurei as meninas e, quando olhei para a piscina, meus olhos se arregalaram. Lua saía da água de costas para mim. Já na borda da piscina, ela passou as mãos pelo cabelo molhado e inclinou a cabeça para trás. Um biquíni verde com argolas douradas nas laterais deixava seu corpo... Uau! Como ouvi a Carol dizer várias vezes: me mata com a faca da cozinha.
— Droga, Mel! — praguejei ao sentir que Mel jogava água em mim.
— Dá para disfarçar? — ela perguntou em voz baixa, mas nossa conversa nos denunciou, pois, assim que levantei os olhos, Lua tinha se virado e estava nos encarando.
— Oi, Arthur. — Confesso que ouvi sua voz, mas meus olhos estavam focados em seus seios. Não resisti. Eram gostosos demais. — Quer se juntar a nós? — perguntou atrevida, e logo depois mergulhou novamente na água. Observei seu corpo deslizar por toda a extensão da piscina até chegar ao lado da Mel, que estava praticamente aos meus pés. — A água está uma delícia! — disse, passando as mãos pelo cabelo novamente e sorrindo para Mel. Fiquei desconfortável, sem saber o que fazer ou falar. Droga, Arthur! Desde quando você perde a fala?
— Agradeço o convite, mas tenho que ir. — respondi, mas logo desviei minha atenção para Mel. Tinha que ficar longe dos olhos daquela maldita. — Mel, quer ir à festa da igreja? — perguntei, querendo manter minha ótima relação com minha prima. Aquela bandida não ia estragar isso.
— Na verdade, mano, eu e a Lua temos planos para hoje. — Mel recusou meu convite, e eu vi um sorriso em seu rosto. Já Lua estava indecifrável. Ela me olhava como se tivesse ganhado a batalha. Qual? Eu ainda não sabia. Continuei em pé, olhando para baixo. E, por mais que eu quisesse, meus olhos não conseguiam desviar do corpo da Cristal.
— E o que vocês vão fazer? — perguntei, com uma pontada de raiva. Não queria as duas por aí. Ainda não tinha engolido a história do striptease. Mel levantou a mão e jogou mais um pouco de água em mim. Tentei desviar, mas já estava todo molhado.
— Coisas de meninas, Arthur Ranger. Lua respondeu. Aquele ar de superioridade dela não me deixava nada tranquilo. Lua era altiva, sua expressão não deixava dúvidas de que ela não entrava em uma guerra para perder. E aquilo me deixava ainda mais desconfiado em relação à sua trégua.
— O que está aprontando? — Não consegui segurar minha ansiedade, então eu a questionei. Cristal sorriu de forma ingênua, mas ela não me enganava. Aquilo de anjo não tinha nem as asas.
— Ei — ela respondeu, um pouco ofendida. — Sou uma garota de palavra. Eu disse que ia dar trégua. — Sua boca dizia uma coisa, mas seus olhos revelavam outra. Lua não aguardou mais perguntas e começou a conversar animadamente com a Mel. Sem ter muito o que fazer, eu as deixei e fui embora. Precisava de muita cerveja para esquecer a semana e, depois daquela cena, o corpo da Lua, coberto apenas por aquele pedaço de pano verde.
— Calma lá, amigão — falei, enquanto dirigia. — Vamos arrumar alguém para você. Precisava arrastar Lua para fora da minha mente. Risquei Raquel da lista, já que, depois de segunda-feira, eu não seria tão cara de pau. Então o jeito era esperar para ver o que a noite me reservaria.
***
Por volta das dez horas, eu já estava pronto. Coloquei uma camiseta branca, não muito apertada, mas que destacava meus músculos, e uma camisa xadrez roxa, com os botões abertos. Afinal, as mulheres gostavam. Vesti uma calça jeans e minhas botas preferidas. Peguei meu chapéu e fui até a praça da cidade a pé. Ao lado dela ficava a igreja, onde todas as barraquinhas tinham sido montadas, e do lado da igreja, em uma área vazia, uma arena com algumas arquibancadas havia sido instalada. Assim que cheguei, notei que seria uma festa das mais cheias. Todo mundo estava ali e vi que a noite ia ser proveitosa. Muitas mulheres, e algumas eu ainda não conhecia, ou seja, sozinho eu não voltaria para casa. Dei uma volta cumprimentando as pessoas e fui para o bar da Raquel. Tinha combinado com Chay lá e já estava um pouco atrasado.
Apesar de a festa acontecer do lado de fora, o bar estava lotado. A música “Até você voltar” ressoava pelo salão, e o clima romântico predominava.
De copo sempre cheio, coração vazio 
Tô me tornando um cara solitário e frio 
Vai ser difícil eu me apaixonar de novo e a culpa é sua 
Antes embriagado do que iludido 
Acreditar no amor já não faz mais sentido 
Eu vou continuar nessa vida bandida até você voltar

“Até você voltar” — Henrique & Juliano
Fui até o balcão e Raquel já me recebeu com uma cerveja. Tinha duas pessoas a mais para ajudá-la. Realmente estava lotado como eu nunca tinha visto.
— E aí, Perigoso? Não se esqueça, nada de confusão no meu bar! — disse, mas logo saiu para atender outros clientes. Não entendi a razão do seu aviso, eu não tinha mais motivos para brigar. Procurei Chay, mas não o encontrei.
— E aí, gato? — uma voz conhecida me cumprimentou.
— Oi, Carol — respondi gentilmente e lhe dei um abraço. Carol vestia um jeans extremamente apertado que deixava suas coxas grossas ainda mais apetitosas. Uma camisa aberta por cima de uma baby look destacava seus seios empinados. Ela realmente era linda e, no tempo que passamos juntos, de falta de sexo eu não pude reclamar. Carol? Será? Não sabia se rolaria com ela novamente, mas, não querendo abrir mão das opções, engatei uma conversa.
— Vai montar? Tem bastante gente hoje.
— Vou, faz tempo que não treino, então vai ser legal voltar à arena.
— Não vejo a hora — respondeu com uma piscadela. — Quer dizer, eu e todas as mulheres da região. — Carol levou a garrafa de cerveja à boca, e seus olhos passaram pelo salão. Acompanhei seu movimento e vi que muitas mulheres nos encaravam.
— Carol... você não tem jeito — brinquei.
— Eu?! — Ela se fez de desentendida. — A culpa é sua. — Apontou com a garrafa me acusando, porém com um sorriso genuíno que começava a me agradar. Meia hora se passou entre uma cerveja e outra, e Carol ainda estava ao meu lado. Que ela me queria era um fato inquestionável, seu sorriso safado e sua voz melosa deixavam isso bem claro. Mas não sabia se estava preparado para reatar com ela.
— Foi mal pelo atraso. — Chay chegou. — Oi, Carol — ele a cumprimentou e levantou um dedo para a Raquel, que logo trouxe mais uma cerveja. Estávamos todos em pé encostados de frente para o balcão quando Chay se virou para o fundo do bar e engasgou.
— Vamos lá, Chay, respira. — Carol dava tapas nas costas dele, tentando fazê-lo voltar a respirar.
— O que foi, Chay? Viu um fantasma? — foi a minha vez de falar. Chay estava pálido como um morto-vivo, e seus olhos, arregalados na direção contrária a nossa. Já preocupado, comecei a procurar o que tanto tinha assustado Chay, a ponto de fazer o cara perder o ar. No momento que meus olhos pousaram em uma mesa mais afastada, fiquei possesso. Como não vi isso?!
— Que porra é essa?! — gritei, e Carol se assustou com minha reação. Dois casais sentados em uma mesa eram um show à parte: Lua estava ao lado do Henrique, e Mel, ao lado do Rodrigo. Puta merda! Apertei a garrafa de cerveja com tanta força que eu achei que ela se espatifaria em minhas mãos. Henrique falava algo no ouvido da Lua, que sorria abertamente para ele. As mãos dele estavam em volta dela, e sua boca não deixava pescoço dela. Aquilo me deixou puto. A idiota estava ficando com ele.
— Desgraçado. Filho de uma puta! — Ouvi Chay praguejar do meu lado. Olhei para ele, que estava vermelho como um pimentão. Ele podia matar alguém apenas com um olhar, pois um ódio mortal emanava dele. Foi quando eu me toquei e voltei meus olhos para a mesa. Para a minha surpresa, Rodrigo fazia pior com a Mel. Eles trocavam beijos, nada muito escandaloso, mas ainda assim eram BEIJOS NA BOCA. Ele também mantinha suas mãos em volta da minha prima. As duas sorriam como se estivessem gostando de estar nos braços daqueles filhos da mãe. Me virei para colocar minha garrafa no balcão, e Raquel me olhou, já prevendo o que eu ia fazer. Droga! Fazia quanto tempo que eles estavam ali? Pedi desculpas para Raquel com o olhar e saí em direção à mesa. Não precisei nem chamar: Chay me seguiu na mesma hora. Alguém estava querendo morrer naquela noite. Ao chegar à mesa, passei meus olhos por Henrique e Lua e parei em Mel. Todos eles se levantaram para nos cumprimentar. Rodrigo apertou minha mão, como se aquela situação fosse a mais normal possível, e disse:
Arthur. — disse ele e balançou a cabeça.
— Maninho, não vi vocês chegando. — Mel pulou no meu pescoço, me abraçando. Claro que ela não tinha visto, estava se esfregando no Rodrigo. O cara era gente boa, mas não era para a minha pequena. Ela me soltou e deu um sorriso forçado para o Chay. — Oi, Chay. Se restava alguma dúvida dos sentimentos do Chay pela minha prima, ela terminou naquele momento. Chay segurava as mãos em punho, pronto para distribuir socos. Droga! Se eu arrumasse mais uma briga no bar, Raquel arrancaria meu couro no chicote.
— E aí, Ranger. — A voz do Henrique chamou a minha atenção. — Tudo bem, cara? — Ele estendeu a mão, mas eu não o cumprimentei. Lua me encarava e eu via o cinismo em seus olhos. Para me provocar, ela estava usando o Henrique: o cara que tinha apostado que abriria suas pernas. Era muita sem-vergonhice até mesmo para a Cristal.
Continuamos os seis em pé, e o clima ficava cada vez mais tenso. Podia ouvir a respiração do Chay, que mantinha o olhar fixo na Mel. No entanto, minha prima parecia ter olhos somente para o Rodrigo, ao contrário da Lua, que, apesar de estar abraçada ao Henrique, não deixava de me encarar.
— Pena que já estávamos de saída, senão vocês poderiam se juntar a nós. — Lua disse, gentilmente. Henrique falou alguma coisa em seu ouvido que a fez sorrir. O desgraçado estava se aproveitando para se exibir, como se dissesse: “Olhem, ela é minha.” Playboy filho da mãe! A fúria que Chay sentia começou a me contagiar. Eu estava pronto para pular na garganta deles quando, enfim, meu amigo resolveu falar.
— Aonde vocês pensam que vão? — perguntou ríspido, e eu sabia que ele se dirigia principalmente a Mel. Rodrigo puxou minha prima para mais perto dele, como se fosse possível se encaixarem ainda mais. Em troca, ele recebeu um beijo carinhoso. O que Mel estava querendo com aquilo? Ela tinha enlouquecido.
— Nós vamos à festa ver as montarias e depois encerrar a noite no lago. — Rodrigo se apressou em responder, sem mostrar um pingo de medo do Chay. — Vou apresentar minha namorada aos meus amigos. — completou, e, depois dessa, o desastre ficou iminente.
— Na... na... na... namorada? — Chay gaguejou. — Quer me explicar o que está acontecendo, Melanie? — Dessa vez ele usou o nome dela, prova de que já estava no seu limite. Eu também estava chocado com as palavras do Rodrigo, mas no momento teria que me segurar para acalmar Chay.
— Isso mesmo, namorada. — Mel respondeu dando um passo à frente e deixando Rodrigo abraçá-la por trás. — Rodrigo me pediu em namoro e eu aceitei. Algum problema? — ela respondeu friamente e eu entendi o porquê daquela palhaçada toda. Ela estava fazendo de propósito. Lancei um olhar mortal para Lua, porque com certeza era ideia dela. A maldita deu de ombros e sorriu.
— Mel, vem aqui. — Eu a puxei pela mão e nos afastamos um pouco da mesa. — O que você está fazendo? — perguntei em um tom de voz baixo. Ela soltou sua mão da minha e me olhou com raiva. Desde quando Melanie sentia raiva de mim? Culpa da Cristal. A patricinha já estava passando dos limites. Eu teria que pôr um fim naquilo antes que ela me enlouquecesse.
Arthur, eu não tenho que dar satisfações da minha vida para você. — Sua voz era forte e decidida. — Tenho 18 anos e estou cansada de viver na sua sombra e na do Chay. Eu já contei para o meu pai, então para de bancar o irmão superprotetor e me deixa viver como uma garota normal. — Melanie esperou uma resposta minha, mas, diante da explicação, eu fiquei mudo, sem saber o que dizer. Ela estava certa, não era mais uma criança. Mas, porra, era muito difícil ver a minha pequena crescer. Ela cruzou os braços e bateu o pé no chão, impaciente.
— E o Chay? — perguntei, e ela desviou os olhos, não querendo me encarar para responder. — Você gosta dele?
— Nem sempre temos tudo o que queremos. — disse com tristeza nos olhos. Sim, ela era apaixonada pelo Chay, e eu me senti um merda por ter tentado afastá-los. — Você deveria saber disso. — Seu olhar se voltou para Lua e eu entendi sua indireta, assim como tinha entendido mais cedo na piscina. Mel sabia o que estava rolando entre mim e a Cristal.
— Tome cuidado! Você é a pessoa mais importante da minha vida. Não vá com muita pressa, ou pode acabar se machucando. — Nós nos abraçamos e dei um beijo em sua testa. Não tinha mais o que fazer. Voltamos para a mesa, onde o Chay e o Rodrigo continuavam se encarando como se estivessem em um ringue, esperando somente o soar do gongo para caírem na porrada.
— Vamos, Chay. — Bati em suas costas e o puxei pelo braço. Ele me olhou como se eu fosse o maior idiota do mundo.
— Como assim, “vamos”? — perguntou, extremamente surpreso. — Você vai concordar com essa loucura, Arthur? Eu não acredito nisso. — Ele passou as mãos pelo cabelo, pronto para explodir. Melanie voltou a abraçar Rodrigo.
— Cara, a Mel é maior de idade e meu tio concordou. — tentei explicar. — Não podemos fazer nada. — Chay olhou uma última vez para a minha prima e saiu empurrando as pessoas que estavam em sua frente. Eu não estava nada feliz com aquela história e ainda teria uma conversa com Santiago, mas, por enquanto, o máximo que eu podia fazer era deixar Rodrigo ciente das consequências caso magoasse a minha prima. — Acho que nem preciso dizer nada, né, Rodrigo? — falei, sem deixar dúvidas de que o mataria se ele pisasse na bola.
— Não se preocupa, Ranger — ele assentiu. — Você me conhece e sabe que eu sou melhor do que isso. Nunca magoaria a Mel. — Ele a olhou com carinho, e eu senti que um triângulo estava se formando: Chay, Mel e Rodrigo. Isso ainda daria pano para manga. — Confie em mim. Antes de sair, eu não resisti em provocar Lua. Tinha focado tanto na Melanie que havia me esquecido de que ela também estava ali.
— Qual é a aposta hoje, Henrique? — Sabia que Lua não iria gostar da minha insinuação, mas, para minha surpresa, ela sorriu.
— Não se preocupa, amigo. Henrique já me explicou o que aconteceu, e confesso que não foi uma aposta tão ruim. — Cristal deu uma gargalhada e piscou. Eu saí da mesma forma que Chay: soltando fogo pelas ventas! Fui procurar Chay e logo vi os quatro saírem pela porta do bar. Nas terras do pai do Rodrigo havia um lago, e era comum a garotada organizar um luau em suas margens. Música, violão e violas nunca faltavam, assim como cerveja. As cidades vizinhas eram bem próximas, então todos acabavam se reunindo ali. Eu mesmo estive lá várias vezes — e em nenhuma delas saí sozinho. Como não achei Chay dentro do bar, fui procurá-lo do lado de fora. Encontrei meu amigo olhando para a praça, paralisado, e tentei mudar o foco da conversa. Falar com ele sobre Mel seria difícil, ainda mais depois de ter percebido que minha prima tinha feito tudo aquilo de caso pensado.
— Não acredito que Lua está ficando com aquele idiota. — eu disse, encostando um pé na parede e apoiando minhas costas nela. — Está tudo bem? Você está estranho...
— Para, Arthur! — Chay se irritou. — Não quero saber porra nenhuma da Cristal! Eu não posso mais, Arthur. Chega! — Chay balançava a cabeça como se estivesse lutando para explicar o que estava acontecendo. Mulher com problemas é foda, mas para os homens é bem mais difícil lidar com os sentimentos. — Quer saber o que aconteceu com a loira? — perguntou, virando-se em minha direção. Antes que eu pudesse responder, ele continuou: — NADA! Eu falhei... Meu amigo não subiu. — Puta merda, por essa eu não esperava!
Chay, isso acontece com todo mundo. — generalizei, pois claro que eu não iria confessar que também já havia acontecido comigo. Comecei a caminhar em direção à arena, as montarias já iriam começar. Todos estavam saindo da igreja e já se encaminhavam para as arquibancadas. Mas a voz ríspida do Chay me fez parar.
Arthur, você é burro ou o quê? Eu não transei com a loira porque não quero outra mulher que não seja a Melanie. Eu amo a sua prima desde o dia em que pus os olhos nela. — confessou, e eu fiquei atônito. Minha prima tinha 13 anos quando eu e Chay ficamos amigos. Vendo a surpresa no meu rosto, ele continuou: — Tira esse olhar de horror da sua cara, não sou pedófilo. Meu carinho pela Mel era de irmão, assim como o seu, mas ela cresceu, e puta merda, Arthur. — Ele passou as mãos pelo cabelo, desesperado. Eu que não queria passar por isso nunca. Não reconhecia o meu amigo. — Mel é decidida, linda, inteligente e educada. Ela é capaz de fazer qualquer um babar por ela. Eu não consegui. Juro que tentei me afastar, mas ela me amarrou. — Chay terminou de falar e começou a andar.
— Aonde você vai, Chay? — gritei, pois ele estava praticamente correndo. Ele parou de forma abrupta e se virou para mim com um semblante de raiva.
— Estou indo buscar o que é meu! — disse possessivo. — Se Rodrigo encostar em mais um fio de cabelo da Melanie, ele será um homem morto.
— Mas... — tentei argumentar, mas Chay foi firme em sua decisão.
— Não tem mas, nem meio mas, Arthur. — disse, já caminhando. — Demorei muito tempo para me decidir, e parte disso foi por causa da nossa amizade. A Mel é minha. Você pode ficar aí, chorando suas pitangas pela patricinha, ou pode vir comigo e me ver quebrar a cara daquele babaca. Tentei acalmar o Chay.
— Vamos fazer assim: nada de confusão. Prometi que iria montar, então depois vamos juntos até o lago e buscamos as meninas. — Pedi e, mesmo a contragosto, Chay concordou. Ele se acalmou por alguns minutos e continuamos caminhando.


Hello Hello :)

Olha quem voltou a postar nos finais de semana, para a alegria de vocês! Me amem por isso hahaha. 

Woow, e essa Operação Segura Peão, será que vai dar certo mesmo? Lua e Mel já conseguiram fazer ciúmes no Chay e no Arthur. Quero só ver o que essas duas vão aprontar ainda... Ansiosas??? 


COMENTEM!!!

14 comentários:

  1. Essas Duas São Fogo em,conseguiram oq queriam,isso ainda vai longe,Anciosa para o Próximo *--*

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  2. A cada capítulo essa fic me surpreendi e me vicia mais, não pare de postar nunca. To curiosa e ansiosa demais pra saber o que vai acontecer, já quero LuAr se pegando muitoooooo. POSTA MAISSS

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  3. Noooossa achei que ia dar briga ali msm ����.
    Fany

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  4. Mt bom! Posta mais hoje por favor! !

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  5. Perfeitooooo, posta mais!

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  6. Pelo amor eu estou viciada nessa web! Apaixonada

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  7. Tadinhoooo do chay, gentee que babadooo esse capituloo... Não tô sabendo lidar, querendo muitooo o próximoooo!!!

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  8. Perfeita de mais!tomara q a operação segura peão dê certo!

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  9. Essas duas não desistem, provocam até!! Pelo menos estão conseguindo fazer a operação segura peão dar certo!! Eles caíram direitinho.
    Helena

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  10. Kkk adoro provocação kkkk ainda mais quando é pra fazer ciúmes.Super ansiosa pra saber o que vai dar essa operação das duas kkk.

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  11. Tadinho do Chay! Preciso do próximo capítulo!

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  12. Breeeeenda apareça mulher

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