8 Segundos - CAP. 13

|


8 Segundos


Capítulo 13:

Arthur


Lua, sua desgraçada! Abre essa porta, porra! — Meu Deus, aquilo só podia ser brincadeira. Fazia vinte minutos que eu esmurrava a porta que nem um louco, mas nada de aquela patricinha cínica e enganadora de homens com tesão me responder. — Abre a porta! — gritei de novo, mas foi em vão. Podia ouvir a risada da maldita dentro do quarto. — Burro! Burro! Burro! — Bati a mão espalmada na minha cabeça. Eu era muito idiota de ter deixado as coisas irem longe demais de novo, mas daquela vez Lua foi mais esperta. Eu achando que a noite que tinha começado mal terminaria comigo dentro dela... Acabei foi do lado de fora, pelado e com frio. Olhei para o meu companheiro de jornada entre minhas pernas e pude notar que o frio já fazia efeito: o que antes estava duro como um coco murchou. Andei pelo galpão usando as mãos para tapar meu pau enquanto procurava algo para vestir. Aquele quarto era o único que tinha fora da casa-grande, era o lugar que eu usava para descanso quando precisava ficar de plantão na fazenda. Minha ideia era ficar lá com a Lua até o dia amanhecer, quando os primeiros empregados apareceriam. A maioria deles ficava de folga até segunda, mas alguns, como os empregados da casa, voltariam no domingo de manhã. Passei pela baia do Ventania, que, por estar em recuperação, era o único cavalo que havia ali. Ele relinchou assim que me viu. — É, companheiro. — Acariciei a testa dele. — Noite difícil. — Seria cômico se não fosse trágico: eu estava pelado conversando com um cavalo. Poderia montar e cavalgar até a casa do tio Santiago, mas, apesar de tudo, não deixaria Lua sozinha do lado de fora de casa. Querendo ou não, eu era responsável por ela. Saí pelo quintal tentando encontrar o que vestir, mas a única coisa que eu achei foi um vestido no varal. Foi fácil deduzir que era da Lua, pois mais ninguém na casa teria coragem de usar um pedaço de pano mínimo como aquele. Mal dava para saber se era um vestido ou uma blusa. Eu o puxei do arame e, sem nem olhar direito, rasguei o tecido e o enrolei na cintura. Pelo menos meu amigo não ficaria envergonhado. Voltei para o galpão e coloquei a cadeira em frente à porta do quarto. Assim que Lua saísse, eu torceria seu pescoço da mesma forma que se mata um frango. Me sentei e, minutos depois, tive uma ideia; levantei e procurei a caixa de força do galpão. Desliguei a chave, e imediatamente tudo ficou escuro. Ela não estava com medo? Quis ver o que ia fazer. Voltei rindo, me sentei na cadeira e aguardei: era uma questão de tempo até Lua se pronunciar.

Arthur! Seu filho da mãe! — ela gritou do quarto. Não disse? Quando o quesito era mulher, eu tirava de letra. — Liga a luz! — Rá! Se ela achava que eu iria dar o braço a torcer, estava muito enganada. Lua não sabia com quem estava brincando, e, quando eu entro num jogo, não admito a derrota. Nunca sairia perdedor. — Eu te odeio, seu caipira idiota!
— A recíproca é verdadeira, patricinha mimada! — gritei de volta. Inclinei a cadeira para trás e apoiei minha cabeça na parede. Era só esperar o dia amanhecer. Lua ia descobrir com quantos paus se faz uma canoa. Cochilei sentado e, quando acordei, percebi os primeiros raios de sol. Levantei e caminhei até a porta do galpão. O raiar do dia no campo era lindo, e eu contemplava o céu no horizonte. Voltei para o quarto e tentei entrar, só para ter certeza de que a maldita não tinha fugido enquanto eu dormia. — Pietra, minha linda. Vem aqui para fora — chamei, provocando-a. — Seu Arthur está te esperando. Vem, Cristal. — Alguns segundos depois, ouvi um barulho de coisas caindo no quarto. Provavelmente ela estava quebrando tudo, tentando andar no escuro.
— Nem morta! — respondeu. — Vai embora, Arthur. — Aguardei alguns segundos perto da porta; se ela abrisse uma fresta sequer, eu partiria para dentro. Com a raiva que eu tinha acumulado nos últimos dois dias, eu colocaria Lua no meu colo e estapearia sua bunda até deixá-la ardendo. — Some daqui, seu babaca — ela continuou me xingando. Quando percebi que ela realmente não abriria, voltei a me sentar na cadeira. Escutei um barulho vindo de fora, e como ainda era cedo para a chegada dos funcionários fiquei em alerta. Com cuidado, cheguei até a porta para ver do que se tratava. Suspirei de alívio quando vi um cavalo trazendo meu tio.
— Sua bênção, tio — disse já do lado de fora. Santiago desceu do cavalo e me olhou dos pés à cabeça. Imediatamente, começou a rir. Minha cara de reprovação não adiantou e ele continuou tirando sarro de mim.
— Deus te abençoe, “filha” — ele brincou, mas aquilo só me deixou com mais raiva da Lua. Quando eu colocasse minhas mãos nela... — Não sabia que agora eu tenho uma sobrinha. Você fica muito bem de dourado. — Ele apontou para o pano que me cobria e eu dei uma risada forçada. — Ha-ha! Muito engraçado. — Mel me contou o que aconteceu e eu vim ver se precisava de ajuda, mas pelo visto você sabe se virar. Mas cuidado, Arthur, para não se virar demais, se é que você me entende. — Ele piscou, e, se não fosse meu tio, eu o teria deixado de olho roxo. Já estava nervoso pela situação com a Lua e ainda tinha que aguentar piadinhas. Entrei novamente no galpão e meu tio me seguiu. — Cadê a Lua? — ele perguntou, e eu apontei na direção do quarto. — Quer dizer que ela te trancou do lado de fora e sem roupa? — Santiago levantou as sobrancelhas me questionando e eu assenti. — Garota esperta.
— Você só pode estar brincando comigo, né? — eu disse irritado. — Você trouxe a chave? — Ele me olhou confuso. — Tio, a patricinha saiu sem as malditas chaves, por isso tivemos que passar a noite aqui fora. Toda a cena da noite anterior voltou à minha mente. Eu estava pronto para transar com ela quando a maldita armou aquela cilada e eu caí como um patinho. Ela deve ter planejado tudo desde a hora em que me pediu para ficar na fazenda. Santiago mexeu nos bolsos e tirou um molho de chaves.
— Esta é da cozinha. Lá dentro você consegue destrancar as outras portas. — disse, segurando uma chave dourada. Meu tio jogou o chaveiro em minha direção e eu o peguei no ar. — Como ela te deixou sem roupa? — perguntou curioso.
— É uma longa história... — Não dava para explicar que meu pau estava na boca da Lua e eu pretendia fodê-la antes de saber o que ela tinha armado para mim. Meu tio era muito profissional e seguia o velho ditado “onde se ganha o pão não se come a carne”. Eu também nunca havia me envolvido com alguém do trabalho, muito menos com a filha do patrão, mas Lua mexia com cada músculo do meu corpo de uma forma que me deixava incontrolável. Era impossível resistir. Antes que Santiago fizesse mais perguntas, escutamos o barulho da porta se abrindo. Olhamos para o corredor e vimos Lua correr em direção à outra saída. Não pensei duas vezes. Saí correndo atrás dela e, quando a alcancei, eu a peguei e joguei seu corpo em meus ombros, assim como na noite anterior.
— Me solta, Arthur! — Ela batia em minhas costas, mas com a força que tinha mal fazia cócegas. — Agora!
— Bom dia, meu amor — eu disse sarcástico, e ela bufou. — Dormiu bem?    Caminhei mais alguns passos e ela não cansava de me acertar com seus socos insignificantes.
Arthur, seu filho da puta, você está com meu vestido? — Ela levantou o tecido que cobria minha bunda. — Sabe quanto custou? Mais do que o seu salário, seu babaca.
Lua estava brava porque eu tinha rasgado seu vestido, e eu estava puto porque ela tinha me deixado ao relento. Nós dois tínhamos motivos para acordar de mau humor, mas acontece que, naquela batalha, eu sairia vencedor. Continuei caminhando com a Lua resmungando em meus ombros. Sabia bem o que eu faria com ela. Na verdade, eu tinha passado a madrugada maquinando minha vingança. Tudo que eu tinha pensado ainda era pouco para o que ela merecia, mas, então, me lembrei de um apelido que ela tinha me dado: tratador de porcos.
— Ai, que nojo! — Lua gritou e eu a imaginei tapando o nariz com os dedos como tinha feito quando me conheceu. Sorri, pois o cheiro era pouco para o que estava por vir. — Arthur, me põe no chão e vamos conversar como pessoas civilizadas. — ela pediu com um tom de voz gentil. Pura encenação. Eu já conseguia perceber que aquilo não passava de falsidade.
— Desculpa, eu sou um idiota analfabeto, lembra? — disse me referindo ao dia em que nos conhecemos. — Civilização não é comigo. — completei dando um tapa em sua bunda. — Não se preocupa, você vai aprender como resolvemos as coisas por aqui. — Mais alguns passos e eu cheguei aonde queria: o chiqueiro. Bem que eu gostaria que fosse um chiqueiro dos antigos, onde vários porcos ocupavam o mesmo espaço na lama. Mas, como as coisas mudaram, havia um local um pouco mais limpo, mas não muito. Parei em frente a ele e abri a portinha que o delimitava.
Arthur, você não vai me deixar aí, né? — Lua perguntou desesperada. Quando eu a virei nos meus braços, pronta para jogá-la, ela começou a espernear e a gritar. — Seu boçal, eu vou mandar te demitir. Arthyr, isso é um... porco?! — Olhou incrédula para os animais à sua frente. Contei até três, balançando em direção a dois porcos que estavam deitados. No três, eu a joguei, e Cristal caiu de bunda no chão, por cima dos dejetos que estavam ali.
— Isso é pra você aprender a respeitar as pessoas. Não vai pensando que pode chegar aqui e agir como se estivesse na cidade — gritei. Lua começou a gritar, mas os porcos ficaram com mais medo dela do que ela deles. Meu tio Santiago chegou e me olhou com reprovação. Logo notei que Melanie estava bem atrás dele.
— Mano, o que você fez? — Minha prima passou por mim antes de entrar no chiqueiro para ajudar Lua a se levantar.
— Eu odeio você, Arthur! — Lua gritava furiosa, tentando tirar a sujeira da roupa. Eu a deixei com Melanie e saí. Não ficaria esperando o sermão do Santiago e muito menos o da princesinha. Podia escutar os gritos dela enquanto eu me afastava. — Meu pai vai saber disso. Você me paga! — Mel tinha chegado à fazenda no carro do meu tio. Ela ainda não tinha um próprio, por isso havia aceitado o trabalho de babá da patricinha. Sem perguntar se eu poderia pegá-lo, entrei no carro e liguei a chave que estava na ignição. Fui direto para casa, sem nem perder tempo de passar na casa do meu tio para vestir outra roupa.
No caminho de volta eu pensava no que a Lua tinha feito, mas também pensava em seus beijos e em sua boca me chupando. Esse misto de sentimentos que Cristal despertava me assustava. Eu queria matá-la, mas também queria beijá-la. Queria torcer o seu pescoço, mas também queria fodê-la. Como essa garota me tira do sério! Quando cheguei em casa e desci do carro, escutei um assovio. Eu me virei e vi o filho da puta do Henrique.
— Gostosa! — ele gritou de dentro da sua caminhonete. — Quanto é o programa, Arthur? Ou seria Sheila? — Olhei para baixo e me dei conta de que estava quase nu. Mostrei o dedo do meio para o Henrique, que gargalhou ainda mais. — Vem aqui, chuchu. Vamos dar uma voltinha! Abri a porta com a chave reserva, que ficava na janela, e entrei em casa antes que partisse a cara do Henrique. Tomei um banho e dormi. Estava morto de cansaço. Acordei com o celular tocando. Primeiro achei que estivesse tendo um pesadelo, mas depois eu abri os olhos e realmente havia alguém me perturbando.
Alô. — Peguei o celular do criado-mudo e nem olhei quem era.
— Porra, Arthur! Quer abrir a porta? — Chay! Tinha que ser ele.
— Vai para o inferno, não tem queijo. — Desliguei o telefone e tentei dormir novamente, mas Chay era insistente e voltou a ligar.
— Caralho! — atendi xingando.
Arthur, abre a porta. Seu tio pediu para eu vir atrás de você. — Chay falou e eu levantei sonolento. Mal abri a porta e Chay entrou. Apesar de estar irritado por ele ter me acordado, aquela seria uma boa hora para acertarmos as contas.
— Cara, se você soubesse como eu estou puto por você ter deixado as meninas beberem daquele jeito... Eu te sugiro ficar pelo menos uns três dias sem colocar a fuça na minha frente. — Chay estava de pé na sala e agora me olhava envergonhado.
— Eu não tive culpa, uai. Achei que elas ficariam bem. Eu fiquei fora por pouco mais de trinta minutos — ele explicou e eu tive que tirar o chapéu para Lua: ela precisou de apenas meia hora para fazer Mel perder toda a educação e a moral que eu e Santiago levamos a vida toda para lhe ensinar.
— O que meu tio quer? — perguntei, mudando de assunto. O estrago já tinha sido feito, e não adiantaria eu quebrar o nariz do Chay, pois nada apagaria o vexame que a Mel deu.
— Santiago tentou te ligar e você não atendeu. As vacinas chegaram, e o representante já está impaciente te esperando. Você precisa ir até a fazenda recebê-las. — Droga! Eu sabia que as vacinas chegariam a qualquer momento, mas o que eu não esperava era ter que voltar à fazenda tão cedo. Queria ficar o mais longe possível. — E se prepare — Chay falou. — Lua está bufando que nem boi bravo por sua causa.

N/A: Agora foi a vingança do Arthur, esses dois não se entendem nunca rs. Meninas safadinhas, o tão esperado hot vai chegar se acalmem, vai valer a pena esperar só digo isso haha. Acham que o Arthur exagerou em ter jogado a Lua para os porcos? Confesso, que fico com um pouco de pena dela rs. 
Respondendo o comentário: Hey Fany, desculpe, porém só agora vi seu comentário. Sim, a Lua é a Cristal, Arthur a chama assim por ela ser linda, muito frágil, sensível, essas coisas. E as pessoas apelidaram o Arthur de "Ranger", por ele ser montador de touros e competir e tal, aí resolveram apelidar ele dessa maneira, é uma forma carinhosa. Mas pra frente vocês vão entender melhor.

COMENTEM!!! 

10 comentários:

  1. Nossa cê não tem noção do quanto eu atualizo esse blog pra ver se tem capítulo novo desta web e toda vez que tem me encanto mas com essa web !
    Amei o capítulo

    ResponderExcluir
  2. Essas vinganças não vão terminar nunca, Arthur exagerou de ter jogado a Lua lá, deveria ter só levado ela para sentir o cheiro. Lua deve conseguir ficar nessa fazenda os dias necessários só por causa dele, para se vingar de todos os modos.
    Helena

    ResponderExcluir
  3. Lua e Arthur precisam ficar juntos logo, posta mais!

    ResponderExcluir
  4. Eles tem Q se acerta logo

    ResponderExcluir
  5. Tadinha da Lua kkk,o Arthur pegou pesado,foi muito exagero jogar a coitada no meio de bosta de porco kkk,eles precisam se entender logo kkkkk.Amando a fic♥️

    ResponderExcluir
  6. Adoorei.. obrigada por ter respondido, fiquei atualizando o dia todo até aparecer um Capítulo novo kkkk posta mais tá cada vez melhor.
    Fany

    ResponderExcluir
  7. Dois doidosssss... Kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Achei bem feito pra Lua, Arthur se vingou direitinho!!

    ResponderExcluir
  8. amei maisssssss anciosa pelo proximo capitulo

    ResponderExcluir