Belo Desastre
Capítulo 43 : Fumaça (Parte 2)
— Você está me zoando. — disse Trent, olhando pela janela. — Nem a Lua vai
conseguir passar por aqui.
— Vocês conseguem. — Arthur garantiu, rastejando rumo
à escuridão como tantas vezes antes, escorreguei para dentro, sabendo que ele
me pegaria. Ficamos esperando alguns instantes, e então Trent resmungou quando
aterrissou no chão, quase perdendo o equilíbrio ao pisar no concreto.
— Sua sorte é que eu adoro a Lua. Eu não faria uma
merda dessas por qualquer um. — ele reclamou, tirando a sujeira da camisa.
Arthur deu um pulo, fechando a janela num movimento
rápido.
— Por aqui. — disse ele, conduzindo-nos pelo escuro.
Corredor após corredor, agarrando a mão de Arthur e
sentindo Trent segurar o tecido da minha blusa, eu podia ouvir os pequenos
pedaços de cascalho rangerem no concreto enquanto arrastávamos os pés no chão.
Senti meus olhos se arregalarem, na tentativa de se ajustarem à escuridão do
porão, mas não havia nenhuma luz que os ajudasse a ter algum foco. Trent
suspirou depois que viramos pela terceira vez.
— A gente nunca vai encontrar a saída.
— É só me seguir até lá fora. Vai ficar tudo bem. —
Arthur disse, irritado com as reclamações do irmão.
Assim que o corredor ficou mais iluminado, eu soube
que estávamos perto. Quando o rugir baixo da multidão deu lugar a um ruído
febril e agudo de números e nomes, eu soube que tínhamos chegado. A saleta onde
Arthur ficava, esperando para ser chamado, geralmente só tinha uma lanterna e
uma cadeira, mas, com a reforma, aquela estava cheia de mesas, cadeiras e
equipamentos cobertos com lençóis brancos.
Arthur e Trent discutiam estratégias para a luta
enquanto eu espiava do lado de fora. O lugar estava lotado e caótico, tal como
na última luta, mas com menos espaço. Móveis cobertos com Iençóis empoeirados
estavam alinhados junto às paredes, empurrados para os lados para dar lugar aos
espectadores. O salão estava mais escuro que de costume, e imaginei que Adam
estivesse tomando cuidado para não chamar atenção. Havia lanternas penduradas
no teto, criando um brilho lúgubre sobre o dinheiro que era segurado no alto,
enquanto as apostas ainda estavam sendo feitas.
— Beija-Flor, você me ouviu? — Arthur perguntou, pondo
a mão no meu braço.
— O quê? — pisquei.
— Quero que você fique perto dessa entrada, tá? Se
segura no braço do Trent o tempo todo.
— Prometo que não vou me mexer.
Ele sorriu, e sua covinha perfeita afundou na
bochecha.
— Agora é você que parece nervosa.
Olhei de relance para a entrada e voltei a olhar para
ele.
— Estou com um pressentimento ruim, Thur. Não em
relação à luta, mas… tem alguma coisa. Esse lugar me dá arrepios.
— Não vamos ficar aqui muito tempo. — ele me garantiu.
A voz de Adam surgiu no megafone, e um par de mãos familiares
pousou em cada lado do meu rosto.
— Eu te amo. — Arthur me disse.
Ele me envolveu nos braços, erguendo-me do chão e
abraçando-me apertado enquanto me beijava. Então me soltou e enganchou meu
braço no de Trent.
— Não tira os olhos dela. — disse ao irmão. — Nem por
um segundo. Isso aqui vai ficar uma loucura assim que a luta começar.
— …então, vamos dar as boas-vindas ao competidor dessa
noite… John Savage!
— Vou cuidar dela com minha própria vida, maninho. —
disse Trent, dando um puxão de leve no meu braço. — Agora vai lá detonar essa
cara pra gente poder cair fora daqui.
— … Arthur “Cachorro Louco” Aguiar! — Adam gritou no
megafone.
O volume ficou ensurdecedor enquanto Arthur abria
caminho em meio à multidão. Ergui o olhar para Trent, que tinha um minúsculo
sorriso torto no rosto. Qualquer outra pessoa talvez não tivesse notado, mas eu
podia ver o orgulho nos olhos dele. Quando Arthur chegou ao centro do Círculo,
engoli em seco. John não era muito maior que ele, mas parecia diferente de
qualquer um com quem Arthur já tinha lutado, inclusive o cara que enfrentara em
Vegas. John não estava tentando intimidar Arthur, encarando-o com a expressão
séria, como os outros faziam, ele o analisava, preparando a luta na cabeça. E,
por mais analíticos que fossem seus olhos, também lhes faltava razão. Antes de
o sinal soar, eu já sabia que Arthur tinha mais do que uma luta em mãos, ele
estava diante de um demônio. Arthur também pareceu notar a diferença. Seu
sorriso afetado não estava lá, tendo sido substituído por um intenso olhar
fixo. Quando soou o gongo, John atacou.
— Ai, meu Deus. — eu disse, agarrando o braço de Trent
Trent se movimentava tal qual Arthur, como se fossem
um só. Eu ficava tensa a cada golpe de John, lutando contra a necessidade de
fechar os olhos. Não havia movimentos desperdiçados, John era esperto e
preciso. Em comparação com essa, todas as outras lutas de Arthur pareciam
medíocres. A força bruta que acompanhava cada soco inspirava respeito, como se
aquilo tivesse sido coreografado e praticado até a perfeição. O ar no salão
estava pesado e estagnado, a poeira dos lençóis tinha sido deslocada e pegava
na minha garganta toda vez que eu inspirava. Quanto mais o tempo passava, pior
ficava a sensação em mim que me dominava. Mas me forcei a permanecer ali, para
que Arthur pudesse se concentrar.
Em um instante, eu estava hipnotizada pelo espetáculo
que se desenrolava no meio do porão e, no seguinte, fui empurrada por trás.
Minha cabeça foi jogada para frente com o golpe, mas segurei firme em Trent,
recusando-me a sair do lugar onde tinha prometido ficar. Ele se virou e agarrou
a camiseta de dois homens que estavam atrás de nós, jogando-os no chão como se
fossem bonecos de pano.
— Se afastem daqui ou eu mato vocês! — ele berrou para
aqueles que ficaram encarando os homens caídos.
Agarrei o braço dele com mais força e ele bateu de
leve na minha mão.
— Estou aqui, Lua. Pode assistir à luta tranquila.
Arthur estava se saindo bem, e suspirei quando ele
tirou sangue do oponente pela primeira vez. A multidão se agitou, mas o aviso
de Trent manteve a uma distância segura aqueles que estavam à nossa volta.
Arthur acertou um soco firme no adversário e olhou de relance para mim,
rapidamente voltando à atenção para a luta. Seus movimentos eram ágeis, quase
calculados, parecendo prever os ataques de John antes que ele os desferisse.
Claramente impaciente, John envolveu Arthur com os
braços, jogando-o ao chão. A multidão que cercava o ringue improvisado se
fechou em torno deles, inclinando-se para frente enquanto a ação se desenrolava
no chão.
— Não consigo ver o Arthur! — gritei, pulando na ponta
dos pés.
Trent olhou ao redor, encontrando a cadeira de madeira
do Adam. Em um movimento similar ao de uma dança, ele me passou de um braço ao
outro, ajudando-me a subir na cadeira, acima da multidão.
— Está vendo o Arthur agora?
— Estou! — falei, segurando no braço dele para manter
o equilíbrio. — Ele está por cima, mas as pernas do John estão em volta do pescoço
dele!
Trent se inclinou para frente na ponta dos pés e
gritou:
— Acerta o rabo dele, Arthur!
Baixei o olhar para Trent e rapidamente me inclinei
para frente para ter uma visão melhor dos homens no chão. De repente, Arthur se
pôs de pé, com as pernas de John firmes em volta do pescoço. Então ele se jogou
de joelhos no chão, fazendo com que a cabeça e as costas do adversário batessem
com tudo no concreto, em um golpe devastador. As pernas de John ficaram moles e
soltaram o pescoço de Arthur, que levantou cotovelo e o socou repetidas vezes
com o punho cerrado, até que Adam o afastou, jogando o quadrado vermelho sobre
o corpo caído de John.
O salão irrompeu em gritos eufóricos quando Adam
ergueu a mão de Arthur. Trent abraçou minhas pernas, vibrando pela vitória do
irmão. Arthur olhou para mim com um largo e sangrento sorriso, seu olho direito
já tinha começado a inchar.
À medida que o dinheiro trocou de mãos e a multidão
foi se dispersando, se preparando para sair, uma lanterna cintilante balançando
para frente e para trás no canto do salão, atrás de Arthur, chamou minha
atenção. Havia um líquido pingando da base, ensopando o lençol abaixo dela.
Senti meu estômago dar um nó.
— Trent?
Chamei a atenção dele e apontei para o canto. Naquele
instante, a lanterna caiu, se despedaçando de encontro ao lençol e pegando fogo
imediatamente.
— Puta merda! — disse Trent, agarrando minhas pernas.
Alguns homens que estavam próximos do fogo pularam
para trás e ficaram olhando, espantados, enquanto as chamas rastejavam até o lençol
mais próximo. Uma fumaça negra se erguia do canto, e todas as pessoas que
estavam no salão começaram a tentar sair dali, apavoradas, empurrando umas às
outras para chegar até as saídas. Meus olhos encontraram os de Arthur. Seu
rosto estava distorcido de terror.
— Lua! — ele berrou, empurrando o mar de gente que
havia entre.
— Vamos! — Trent gritou, me puxando da cadeira para o
lado dele.
O salão ficou escuro e um som alto de algo estourando
veio do outro lado. As outras lanternas estavam entrando em combustão,
aumentando o fogo em pequenas explosões. Trent me agarrou pelo braço, me
puxando para trás dele, enquanto tentava forçar caminho em meio à multidão.
— Não vamos conseguir sair por lá! Vamos ter que
voltar por onde viemos! — gritei, resistindo.
Ele olhou ao redor, tentando traçar um plano de fuga
no meio da confusão. Olhei de novo para Arthur, observando enquanto ele tentava
abrir caminho e cruzar a sala. À medida que a galera se agitava, Arthur era
empurrado para mais longe ainda. Os aplausos e a animação anteriores deram
lugar a gritos agudos de medo e desespero, enquanto todo mundo lutava para
alcançar as saídas.
Trent me puxou e olhei para trás.
— Arthur! — gritei, esticando o braço na direção dele.
Ele estava tossindo, tentando afastar a fumaça com a
mão.
— Por aqui, Arthur! — Trent gritou para ele.
— Tira a Lua daqui, Trent! Leva ela pra fora! — ele
disse, tossindo.
Sem saber o que fazer, Trent baixou o olhar para mim.
Eu podia ver o medo em seus olhos.
— Eu não sei sair daqui.
Olhei mais uma vez para Arthur, cujo vulto tremeluzia
atrás das chamas que tinham se espalhado entre nós.
— Arthur!
— Vão indo! Eu alcanço vocês lá fora!
A voz dele foi afogada pelo caos em volta, e agarrei a
manga da camiseta do Trent.
— Por aqui, Trent! — falei, sentindo as lágrimas e a
fumaça arderem em meus olhos. Dezenas de pessoas em pânico estavam entre Arthur
e seu único ponto de fuga. Puxei a mão de Trent, empurrando qualquer um que
estivesse em nosso caminho. Chegamos até a entrada, então olhei de um lado para
o outro. Dois corredores escuros estavam fracamente iluminados pelo fogo atrás de nós.
— Por aqui! — falei, puxando a mão dele de novo.
— Tem certeza? — Trent perguntou, com a voz grossa de
dúvida e medo.
— Vem! — respondi apenas.
Hello Hello, bom dia!
OMG! O que será que vai acontecer?
Estão curiosos? Lua já estava com a sensação que algo ruim, iria acontecer :/
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Aí Meu Deus Q Capítulo Tenso,espero q eles saiam logo desse lugar ,e o Arthur consiga sair tmb,Anciosa para o Próximo
ResponderExcluirMeu deus tomara que o thur consiga sair
ResponderExcluirAinn que nervoso, tomara que dê tudo certoooo. Ansiosaaa demais
ResponderExcluirMeu Deus tomara que não acontece nada que eles consigam sair e que o Arthur também
ResponderExcluirArthur tem q conseguir sair dali!! E tomara q n aconteça nada cm ele!
ResponderExcluirArthur tem q conseguir sair dali!! E tomara q n aconteça nada cm ele!
ResponderExcluirAin mds e agora o arthur tem que sair desse lugar bem!
ResponderExcluirMeu Deus agoniadaa aqui já
ResponderExcluirQue o Arthur sai vIVO de lá e que Lua e Trent tbm saiam logo daí:) *-*
ResponderExcluirTomara q eles consigam sair
ResponderExcluirAi meu deus!! Tomara que eles consigam sair bem do porão!
ResponderExcluirBy: Naat
Meu Deus,o Arthur tem que sair vivo
ResponderExcluirArthur tem que conseguir sair e Trent tem que ir atrás da Lua, não pode acontecer nada com eles
ResponderExcluirHelena