Belo Desastre
Capítulo 38 : Hellerton
Melanie não tinha voltado ao Morgan desde que reatara
o namoro com Chay. Quase nunca ia almoçar comigo, e seus telefonemas eram raros
e espaçados. Não me ressenti com o casal por isso. Para falar a verdade, eu
estava feliz que Melanie estivesse ocupada demais para me ligar do apartamento
dos meninos. Era estranho ouvir a voz de Arthur ao fundo, e eu ficava com um
pouco de ciúme por ela estar passando um tempo com ele e eu não. Finch e eu nos
víamos cada vez mais, e, de forma egoísta, eu me sentia grata por ele estar tão
sozinho quanto eu. Íamos para a aula juntos, comíamos juntos, estudávamos
juntos, e até Kara acabou se acostumando a tê-lo por perto. Meus dedos estavam
começando a ficar amortecidos com o ar gélido enquanto ficávamos do lado de
fora do Morgan para que ele fumasse.
— Você consideraria parar de fumar antes que eu tenha
uma hipotermia por ficar aqui, parada, para te dar apoio moral? — perguntei.
Finch deu risada.
— Eu te amo, Lua. Amo mesmo, mas não. Nada de parar de
fumar.
— Lua?
Eu me virei e vi Parker vindo pela calçada com as mãos
enfiadas nos bolsos. Seus lábios estavam secos sob o nariz vermelho, e dei
risada quando ele colocou um cigarro imaginário na boca e soprou uma baforada
de ar enevoado por causa do frio.
— Você poderia economizar muito dinheiro desse jeito,
Finch. — ele disse.
— Por que todo mundo resolveu me encher o saco por
causa do cigarro hoje? — ele perguntou, irritado.
— E aí, Parker? — perguntei.
Ele tirou dois ingressos do bolso.
— Aquele filme novo sobre o Vietnã já estreou. Você
disse que queria ver outro dia, então arrumei uns ingressos pra hoje à noite.
— Sem pressão. — disse Finch.
— Posso ir com o Brad, se você tiver outro
compromisso. — disse ele dando de ombros.
— Então não é um encontro? — eu quis saber.
— Não, só um lance entre amigos.
— E já vimos como isso funciona com você. — Finch me
provocou.
— Cala a boca! — dei uma risadinha. — Legal, Parker,
obrigada.
Os olhos dele brilharam.
— Você quer comer uma pizza ou alguma outra coisa antes?
Não sou muito fã da comida do cinema.
— Pizza está ótimo pra mim. — assenti.
— O filme é as nove, então eu venho te buscar as seis
e meia mais o menos?
Assenti de novo e Parker acenou com a mão em
despedida.
— Meu Deus! — exclamou Finch. — Você é uma gulosa, Lua. Você sabe
que o Arthur não vai gostar nada disso quando ficar sabendo.
— Você ouviu o que ele disse. Não é um encontro. E não
posso fazer planos com base no que está bom para o Arthur. Ele não me perguntou
se estava bom pra mim antes de levar a Megan para o apartamento dele.
— Você nunca vai deixar isso pra lá, hein?
— Provavelmente não mesmo.
*
Nós nos sentamos a uma mesinha de canto, e esfreguei
as luvas uma na outra para me aquecer. Não pude evitar e notei que estávamos na
mesma mesa em que me sentara com Arthur na primeira vez em que saímos, quando
nos conhecemos. Sorri com a lembrança daquele dia.
— Qual é a graça? — Parker quis saber.
— Eu só gosto desse lugar. Bons tempos.
— Notei a pulseira. — disse ele.
Abaixei o olhar para os diamantes reluzentes no meu
pulso.
— Eu te disse que tinha gostado.
A garçonete nos entregou os cardápios e anotou nosso
pedido de bebidas. Parker me contou as novidades sobre seu horário de primavera
na faculdade e falou sobre seu progresso nos estudos para o teste de admissão
na faculdade de medicina. Na hora em que a garçonete serviu nossa cerveja, ele
mal tinha parado para respirar. Ele parecia nervoso, e eu me perguntava se ele
não achava que aquilo era um encontro, apesar do que tinha dito.
Ele pigarreou e disse:
— Desculpa. Acho que acabei monopolizando a conversa.
— Depois inclinou a garrafa, balançando a cabeça. — É que a gente não
conversava fazia tanto tempo que acho que eu tinha muito assunto pra pôr em
dia.
— Está tudo bem. Fazia mesmo um bom tempo.
Nesse exato momento, o sino da porta soou. Eu me virei
e vi Arthur e Chay entrando. Demorou menos de um segundo para que o olhar fixo
de Arthur encontrasse o meu, mas ele não pareceu surpreso.
— Ai, meu Deus. — murmurei baixinho.
— Que foi? — Parker perguntou, se virando para ver os
dois se sentarem a uma mesa do outro lado do salão.
— Tem uma lanchonete descendo a rua. Podemos ir lá. —
ele sussurrou.
Se antes ele parecia nervoso, agora estava ainda mais.
— Acho que ficaria chato sair agora. — resmunguei
O rosto dele se entristeceu, derrotado.
— É, acho que você está certa.
Tentamos continuar a conversa, mas ela tinha ficado
forçada e desconfortável. A garçonete passou um longo tempo na mesa dos
meninos, passando os dedos pelos cabelos e alternando o peso do corpo de um pé
para o outro. Por fim, ela se lembrou de pegar nosso pedido quando Arthur
atendeu o celular.
— Vou querer o tortellini. — disse Parker, olhando para mim.
— E eu vou… — minha voz falhou. Fiquei distraída quando Arthur e
Chay se levantaram. Arthur seguiu o primo até a porta, mas hesitou, parou e se
virou. Quando viu que eu o observava, cruzou o salão direto na minha direção. A
garçonete tinha um sorriso de expectativa no rosto, como se achasse que ele
tinha voltado para se despedir, e ficou desapontada quando ele parou ao meu
lado, sem nem piscar na direção dela.
— Tenho uma luta daqui a quarenta e cinco minutos,
Flor. Eu quero que você vá.
— Thur…
A expressão no rosto dele era impassível, mas eu podia
ver a tensão em volta de seus olhos. Eu não sabia ao certo se ele não queria
deixar meu jantar com Parker nas mãos do destino ou se ele realmente que a
minha presença na luta. Mas a verdade é que eu já tinha tomado à decisão, no
segundo em que ele fez o pedido.
— Eu preciso de você lá. É uma revanche com o Brady
Hoffman. O cara da Estadual. Vai ter muita gente, muito dinheiro girando… e o
Adam me disse que o Brady andou treinando.
— Você já lutou com ele, Arthur. Você sabe que é fácil
ganhar dele.
— Lua. —
disse Parker baixinho.
— Eu preciso de você lá. — Arthur repetiu, com a
confiança se esvaindo.
Olhei para Parker com um sorriso sem graça.
— Desculpa.
— Você está falando sério? — ele disse, erguendo as
sobrancelhas. —
Você vai simplesmente sair no meio do jantar?
— Você ainda pode ligar para o Brad, certo? —
perguntei, me levantando.
Os cantos da boca de Arthur se ergueram
infinitesimalmente quando ele jogou uma nota de vinte na mesa.
— Isso deve cobrir a parte dela.
— Eu não me importo com o dinheiro… Lua…
Dei de ombros.
— Ele é meu melhor amigo, Parker Se ele precisa de mim
lá, eu tenho que ir.
Senti a mão de Arthur envolver a minha enquanto ele me
levava para fora. Parker ficou olhando a cena estupefato. Chay já estava
falando ao telefone em seu Charger, espalhando as notícias sobre a luta. Arthur
se sentou atrás comigo, mantendo minha mão firme na dele.
— Acabei de falar como Adam, Arthur. Ele disse que os caras da Estadual apareceram
bêbados e cheios da grana. Eles já estão irritadíssimos, então é melhor você
deixar a Lua longe deles.
Arthur assentiu.
— Você pode ficar de olho nela.
— Cadê a Melanie? — eu quis saber.
— Estudando para a prova de física.
— Aquele laboratório é legal. — disse Arthur.
Ri uma vez e depois olhei para ele, que tinha um leve
sorriso no rosto.
— Quando você viu o laboratório? Você não teve aula de
física. — Chay comentou.
Arthur riu baixinho e dei uma cotovelada nele. Ele
pressionou os lábios até que a vontade de rir diminuiu, depois deu uma
piscadinha para mim, apertando minha mão. Seus dedos se entrelaçaram aos meus,
e ouvi um fraco suspiro escapar de seus lábios. Eu sabia o que ele estava
pensando, porque eu sentia a mesma coisa. Naquele curto espaço de tempo, era
como se nada houvesse mudado.
Paramos o carro em uma parte escura do estacionamento,
e Arthur se recusou a soltar minha mão até entrarmos pela janela do porão do
Prédio de Ciências Hellerton, que tinha sido construído apenas um ano antes,
por isso não tinha ar estagnado e poeira como os outros porões n que já
havíamos entrado.
Assim que passamos pelo corredor, ouvimos o rugido da
multidão. Enfiei a cabeça para fora e vi um oceano de rostos, muitos dos quais
não eram familiares. Todo mundo tinha uma garrafa de cerveja na mão, mas era
fácil distinguir os alunos da Estadual ali no meio, eram aqueles que
cambaleavam com olhos pesados.
— Fica perto do Chay, Beija-Flor. Isso aqui vai ficar
uma loucura. — Arthur disse
atrás de mim.
Ele analisou a multidão, balançando a cabeça ao notar
quantas pessoas estavam ali. O porão do Hellerton era o mais espaçoso do
campus, então Adam gostava de marcar lutas ali quando esperava muita gente.
Mesmo assim, as pessoas se espremiam nas paredes e se empurravam para conseguir
um lugar melhor. Adam apareceu e nem tentou disfarçar sua insatisfação com
minha presença.
— Achei que eu tinha te falado pra não trazer mais sua
mina nas lutas, Arthur.
Ele deu de ombros.
— Ela não é mais minha mina.
Mantive a expressão tranquila, mas ele disse essas
palavras de um modo tão objetivo que me fez sentir uma punhalada no peito. Adam
olhou para baixo, para nossos dedos entrelaçados, e ergueu o olhar para Arthur.
— Eu nunca vou entender vocês dois.
Ele balançou a cabeça e olhou de relance para a
multidão. As pessoas continuavam entrando pelas escadarias, e aquelas que
estavam na parte de baixo já formavam um aglomerado.
— Tem uma grana preta em apostas hoje, Arthur. Então
nada de ferrar com a luta, ok?
— Vou garantir que seja divertido pra todo mundo, Adam.
— Não é com isso que estou preocupado. O Brady vem
treinando.
— Eu também.
— Papo furado. — disse Chay, rindo.
Arthur deu de ombros.
— Entrei numa briga com o Trent no fim de semana
passado. Aquele merdinha é rápido.
Ri baixinho e Adam olhou feio para mim.
— É melhor você levar isso a sério, Arthur. — ele
disse, encarando-o. — Eu tenho muito dinheiro correndo nessa luta.
— E eu não? — Arthur respondeu, irritado com o sermão.
Adam se virou com o megafone na boca enquanto subia em
uma cadeira, para ficar mais alto que aquele monte de espectadores bêbados.
Arthur me puxou para ficar ao seu lado enquanto o mestre de cerimônias saudava
a multidão e repassava as regras.
— Boa sorte. — falei, pondo a mão no peito dele.
Eu só me sentira nervosa ao ver Arthur lutar quando
ele enfrentara Brock McMann em Ias Vegas, mas não conseguia afastar a horrível
sensação que tive assim que colocamos os pés no Hellerton. Alguma coisa estava
errada, e Arthur sentia a mesma coisa. Ele me agarrou pelos ombros e me deu um
beijo nos lábios. Afastou-se rápido de mim, assentindo uma vez.
— Essa é toda a sorte que preciso.
Eu ainda estava abalada pelo calor de seus lábios
quando Chay me puxou para a parede ao lado de Adam. Levei algumas cotoveladas,
me lembrando da primeira noite em que vira Arthur lutar, mas a multidão estava
menos focada, e alguns dos alunos da Estadual começavam a ficar hostis. Os
alunos da Eastern vibraram e assobiaram para Arthur quando ele entrou no
Círculo, e a multidão da Estadual se alternava entre vaiá-lo e torcer por
Brady. Eu estava em uma posição privilegiada e podia ver Brady se elevando
sobre Arthur, contorcendo-se impaciente enquanto aguardava o início da luta.
Como de costume, Arthur tinha um leve sorriso no rosto, sem se deixar afetar
pela loucura à sua volta. Quando Adam deu início à luta, Arthur deixou que
Brady acertasse o primeiro soco. Fiquei surpresa quando o rosto dele foi
lançado violentamente para o lado com o golpe. Brady tinha mesmo treinado.
Arthur sorriu e seus dentes tinham um brilho vermelho. Ele se concentrava em
revidar cada soco do adversário.
— Por que ele está deixando o Brady bater tanto nele?
— perguntei ao Chay.
— Não acho que ele está deixando. — ele respondeu,
balançando a cabeça. — Não se preocupe, Lua. Ele está se preparando para
aumentar a idade da luta.
Depois de dez minutos, Brady estava sem fôlego, mas
ainda acertava golpes firmes nas laterais e no maxilar de Arthur. Quando o
adversário tentou chutá-lo, Arthur agarrou seu sapato e segurou sua perna alto
com uma das mãos, socando-o no nariz com uma força incrível e depois erguendo a
perna de Brady ainda mais alto, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio. A
multidão explodiu quando Brady caiu, mas ele não permaneceu no chão por muito
tempo. Logo se levantou, com duas linhas de um vermelho escuro escorrendo do
nariz. No momento seguinte, ele acertou mais dois socos na cara de Arthur. O
sangue começou a verter de um corte na sobrancelha e a gotejar pelo rosto de
Arthur. Fechei os olhos e me virei, na esperança de que Arthur pusesse logo um
fim àquela luta. Minha leve mudança de posição fez com que eu ficasse presa na
corrente de espectadores e, antes que eu pudesse me ajeitar já estava a mais de
um metro de um preocupado Chay. Meus esforços para lutar contra a multidão
foram em vão, e não demorou muito para que eu fosse prensada contra a parede. A
saída mais próxima ficava do outro lado do salão, à mesma distância da porta
por onde tínhamos entrado. Bati com tudo de costas na parede de concreto e, com
o baque, fiquei sem ar.
— Chay! — gritei, acenando com a mão para cima para
chamar a atenção dele. A luta estava no auge. Ninguém podia me ouvir. Um homem
perdeu o equilíbrio e usou minha blusa para se endireitar, deixando cair
cerveja na minha roupa. Fiquei ensopada do pescoço até a cintura, fedendo a
cerveja barata, o cara ainda segurava um punhado da minha blusa enquanto
tentava se levantar do chão, e fui abrindo dois dedos dele de cada vez até que
ele me soltou. Ele nem olhou para mim e foi empurrando as pessoas, abrindo
caminho pela multidão.
— Ei! Eu conheço você! — outro cara gritou no meu
ouvido.
Recuei, reconhecendo-o de imediato. Era Ethan, o cara
que Arthur ameaçara no bar e que, de alguma forma, tinha escapado de acusações
de abuso sexual.
— É. — falei, procurando por um buraco na multidão
enquanto endireitava a blusa.
— Essa pulseira é legal. — ele disse, agarrando meu
pulso.
— Ei! —
falei em tom de aviso, puxando a mão.
Ele esfregou meu braço, inclinando-se, e sorrindo.
— Nós fomos bruscamente interrompidos da última vez
que tentei conversar com você.
Fiquei na ponta dos pés, vendo Arthur acertar dois
golpes na cara de Brady. Ele analisava a multidão entre cada soco, estava
procurando por mim em vez de se concentrar na luta. Eu tinha que voltar para o
meu lugar antes que ele ficasse distraído demais.
Hello Hello, bom dia!
Arthur acabando com o "encontro" da Lua e do Parker, hahaha.
O que será que vai acontecer nessa luta?
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Ps: Estou adorando a interatividade de vocês nos comentários, meninas.
Aí meu Deus o thur tem Q ganhar e eles têm Q voltar logo
ResponderExcluirLua volta logo pra onde se tava se não o thur vai perde
ResponderExcluirO Arthur tem que ganhar Luta tomara que a Lua consiga voltar no Lugar dela
ResponderExcluirAí Tomara q A Lua Volte para o Lugar,Se Naum o Arthur pode perde,aí Meu Deus o Próximo Capítulo parasse ser Tenso,Já Quero o Próximo *--*
ResponderExcluirEita.. A coisa está tensa.. Ela tem que voltar pra perto do Chay. E ele não pode perde essa luta... O que ta acontecendo com ele?
ResponderExcluirO Arthur tem que ganhar essa luta! Bem feito pro Parker!
ResponderExcluirODEIO O PARKER. O ARTHUR TEM QUE SALVAR A LUA LOGO!
ResponderExcluirMds Lua! Volta pro lugar menina!!!
ResponderExcluirMds lua está em perigo!
ResponderExcluirO thur tem que vencer e ficar um pouco maxucado e lua cuidar dele
ResponderExcluirNem ta dando muito tempo de ta lendo e comentando pq as aulas voltou, mas sempre que arrumar um tempinho venho comentar e ler :)
ResponderExcluirOk amore, eu entendo. Sem problemas. Boas Aulas!
ExcluirLua tem que voltar pra não destrair o Arthur! Ele tem que vencer essa!
ResponderExcluirHelena
O Arthur tem que vencer essa luta.Estou com medo desse tal de Ethan fazer alguma coisa com a Lua.
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