Belo Desastre
Capítulo 37 : A caixa (Parte 2)
Puxei com força o casaco da pegada dele.
— Sabe de uma coisa… eu nem sei por que estou
surpresa.
Ele retraiu as sobrancelhas.
— Não consigo acertar uma com você. Não consigo
acertar uma com você! Você diz que não quer mais nada comigo… Eu estou aqui,
triste pra cacete! Tive que quebrar meu celular em um milhão de pedacinhos pra
não te ligar a cada minuto de cada maldito dia! Tenho que fingir que está tudo
bem na faculdade, pra você poder ser feliz… E você está brava comigo?! Você
partiu a porra do meu coração!
As palavras dele ecoavam na noite.
— Arthur, você está bêbado. Deixa a Lua ir pra casa. —
disse Chay. Ele agarrou os meus ombros e me puxou de encontro a si.
— Você me quer ou não? Você não pode continuar fazendo
isso comigo, Flor!
— Eu não vim aqui pra te ver. — falei, erguendo o olhar
com raiva para ele.
— Eu não quero a Megan. — disse ele, com o olhar fixo
nos meus lábios. — Eu só estou na merda de tão infeliz, Beija-Flor.
Os olhos dele ficaram embaçados e ele veio na minha
direção, inclinando a cabeça para me beijar. Eu o segurei pelo queixo,
refreando-o.
— Tem batom dela na sua boca, Arthur. — falei com repulsa.
Ele deu um passo para trás e levantou a camiseta para
limpar a boca. Ficou olhando para as faixas vermelhas no tecido branco e
balançou a cabeça.
— Eu só queria esquecer. Só por uma droga de uma
noite.
Limpei uma lágrima que escapou.
— E não sou eu quem vai te impedir.
Tentei voltar para o Honda, mas ele me agarrou pelo
braço de novo. No instante seguinte, Melanie estava batendo loucamente no braço
dele com os punhos cerrados. Ele olhou para ela, piscando por um momento,
incrédulo. Ela ergueu os punhos e o acertou no peito, até que ele me soltou.
— Deixa a Lua em paz, seu canalha!
Chay a segurou, mas ela o afastou, virando-se para
estapear o rosto de Arthur. O som da mão dela batendo na bochecha dele foi
rápido e alto, e me encolhi com o barulho. Todos ficaram paralisados por um
instante, chocados com o súbito ataque de raiva de Melanie. Arthur franziu a
testa, mas não se defendeu. Chay a agarrou novamente, segurando-a pelos punhos
e puxando-a até o Honda, enquanto ela se debatia violentamente. Melanie lutava
para se soltar, seus cabelos loiros chicoteando Chay. Fiquei surpresa com sua
determinação de chegar até Arthur. Nos olhos geralmente doces e cheios de
alegria de Melanie, havia puro ódio.
— Como você pôde fazer isso? Ela merecia mais de você,
Arthur!
— Melanie, para! — Chay gritou, mais alto do que eu já
o tinha ouvido gritar.
Ela deixou os braços penderem nas laterais do corpo
enquanto olhava com raiva e incredulidade para o namorado.
— Você está defendendo o Arthur?
Embora Chay parecesse nervoso, ele se manteve firme.
— Foi a Lua quem terminou o namoro. Ele só está
tentando seguir em frente.
Ela estreitou os olhos e puxou o braço da pegada dele.
— Bom, então por que você não vai pegar uma puta
qualquer, — olhou para Megan. —
no Red e traz ela pra casa pra trepar, e depois me diz se isso te ajuda a me
esquecer?
— Mel... —
Chay tentou segurá-la, mas ela se esquivou, batendo a porta enquanto se sentava
atrás do volante. Eu me sentei ao lado dela, tentando não olhar para Arthur.
— Baby, não vai embora. — Chay implorou, se abaixando
na altura da janela.
Ela deu partida no carro.
— Tem um lado certo e um errado, Chay. E você está do
lado errado.
— Eu estou do seu lado. — ele disse, com desespero nos olhos.
— Não está mais. — ela retrucou, dando marcha a ré.
— Melanie? Melanie! — Chay gritou, enquanto ela seguia
em alta velocidade em direção à estrada, deixando-o para trás.
— Mel, você não pode terminar com ele por causa disso.
Ele está certo.
Ela colocou a mão na minha e a apertou de leve.
— Não está, não. Nada do que aconteceu foi certo.
Quando paramos o carro no estacionamento ao lado do
Morgan, o celular de Melanie tocou. Ela revirou os olhos quando atendeu.
— Não quero que você me ligue mais. Tô falando sério,
Chay. — disse ela. — Não, você não está… porque eu não quero que você me ligue,
eis o motivo. Você não pode defender o que ele fez. Você não pode passar a mão
na cabeça do Arthur quando ele magoou a Lua desse jeito, e ainda ficar comigo…
É exatamente isso que eu quero dizer, Chay! Isso não importa! A Lua não trepou
com o primeiro cara que viu na frente! O problema não é o Arthur, Chay. Ele não
pediu que você o defendesse. Cansei de falar sobre isso. Não me liga de novo.
Tchau.
Ela saiu em um impulso do carro e foi batendo os pés,
cruzando a rua e subindo os degraus. Tentei acompanhar seus passos, esperando
ouvir o lado dele da conversa. Quando o celular dela tocou de novo, ela
desligou.
— O Arthur fez o Chay levar a Megan pra casa. Ele
queria passar aqui na volta.
— Você devia ter deixado, Mel.
— Não. Você é minha melhor amiga. Eu não consigo
engolir o que presenciei hoje, e não posso ficar com alguém que defenda uma
coisa dessas. Fim de papo, Lua. Estou falando sério.
Assenti e ela abraçou meus ombros, me puxando para seu
lado enquanto subíamos as escadas em direção ao quarto. Kara já estava
dormindo, e nem fui tomar banho, me deitando completamente vestida, com casaco
e tudo. Eu não conseguia parar de pensar em Arthur entrando pela porta com
Megan, ou no batom vermelho em seu rosto. Tentei bloquear as imagens nojentas
do que teria acontecido caso eu não estivesse lá, sentindo várias emoções e
parando no desespero. Chay estava certo. Eu não tinha o direito de ficar brava,
mas isso não me ajudava a ignorar a dor.
*
Finch balançou a cabeça quando me sentei na carteira
ao lado dele. Eu sabia que estava com uma aparência péssima, mal tivera energia
para trocar de roupa e escovar os dentes. Só havido dormido uma hora na noite
anterior, incapaz de afastar a visão do batom vermelho na boca de Arthur e a
culpa pelo fim do namoro de Chay e Melanie. Melanie preferiu ficar na cama,
sabendo que, uma vez que a raiva passasse, ela entraria em depressão. Ela amava
Chay e, embora estivesse determinada a terminar o namoro porque ele tinha
escolhido o lado errado, estava preparada para sofrer as consequências de sua
decisão.
Depois da aula, Finch me levou até o refeitório. Como
eu temia, Chay estava esperando Melanie na porta. Quando me viu, não hesitou.
— Cadê a Mel?
— Ela não veio pra aula hoje.
— Ela ficou no quarto? — ele me perguntou, se virando
em direção ao Morgan.
— Sinto muito, Chay. — falei.
Ele ficou paralisado e depois se virou. Seu rosto era
o de um homem que tinha chegado ao limite.
— Eu queria que você e o Arthur ficassem juntos logo,
merda! Vocês são como um maldito tornado! Quando estão felizes, é tudo paz,
amor e borboletas. Quando estão bravos, derrubam a droga do mundo inteiro junto
com vocês!
Ele se afastou batendo os pés, e soltei o ar que
estava prendendo.
— Essa foi boa.
Finch me puxou para dentro do refeitório.
— O mundo inteiro. Uau. Você acha que consegue
trabalhar no seu vodu antes da prova na sexta?
— Vou ver o que posso fazer.
Finch escolheu uma mesa diferente, e fiquei mais do
que feliz segui-lo. Arthur foi se sentar com o pessoal da fraternidade, mas não
comeu e não ficou lá muito tempo. Ele notou minha presença quando estava
saindo, mas não parou.
— Então a Melanie e o Chay também terminaram, hein? —
Finch me perguntou enquanto comia.
— A gente estava no apartamento do Chay ontem à noite
e o Arthur chegou em casa com a Megan e… foi uma zona. Cada um escolheu um
lado. Exatamente. Estou me sentindo supermal.
Finch deu uns tapinhas de leve nas minhas costas.
— Você não pode controlar as decisões que eles tomam,
Lua. Então acho que não vamos precisar ir na festa do Dia dos Namorados da Sig
Tau né?
— Parece que não.
Ele sorriu.
— Mesmo assim vou te levar pra sair. Vou levar você e
a Mel. Vai ser divertido.
Eu me apoiei no ombro dele.
— Você é o máximo, Finch.
Eu não tinha pensado no Dia dos Namorados, mas fiquei
feliz por ter planos. Não podia imaginar como me sentiria triste passando o dia
sozinha com Melanie, ouvindo a ladainha dela sobre Chay e Arthur a noite
inteira. Ela ainda faria isso — não seria Melanie se não fizesse —, mas ao
menos não se excederia se estivéssemos em público.
As semanas de janeiro se passaram e, depois de uma
louvável, porém falha tentativa de Chay de voltar com Melanie, comecei a ver
ele e Arthur cada vez menos. Em fevereiro, eles pararam completamente de ir ao
refeitório, e só vi Arthur algumas poucas vezes, quando eu estava indo para a
aula.
No fim de semana anterior ao Dia dos Namorados,
Melanie e Finch me convenceram a ir ao Red, e, durante o caminho até o clube,
temi encontrar Arthur lá. Quando entramos, suspirei aliviada ao não ver nenhum
sinal dele.
— A primeira rodada eu pago. — disse Finch, apontando para uma mesa e deslizando em
meio à multidão, seguindo em direção ao bar.
Nós nos sentamos e ficamos olhando enquanto a pista de
dança se enchia de estudantes bêbados. Depois da quinta rodada, Finch nos puxou
para lá, e finalmente me senti relaxada o suficiente para me divertir. Demos
risada e batemos o bumbum uns nos outros, rindo histericamente quando um homem
girou sua companheira de dança e ela não conseguiu segurar a mão dele,
deslizando de lado no chão da pista. Melanie ergueu os braços, balançando os
cachos ao ritmo da música. Ri com a cara dela dançando, sua marca registrada, e
congelei quando vi que Chay vinha se aproximando por trás. Ele sussurrou no
ouvido dela e ela se virou. Eles trocaram algumas palavras, depois Melanie me
segurou pela mão e me levou até a nossa mesa.
— É claro. A única noite em que decidimos sair, e ele
aparece. — ela resmungou.
Finch trouxe mais bebidas para nós, incluindo uma dose
de tequila para cada uma.
— Achei que vocês estavam precisando disso.
— Acertou.
Melanie virou a dose antes que pudéssemos brindar e
balancei a cabeça, batendo de leve meu copo no de Finch. Tentei manter os olhos
fixos no rosto dos meus amigos, preocupada com a possibilidade de que, se Chay
estava lá, Arthur também pudesse estar. Começou outra música, e Melanie se
levantou.
— Que se dane! Não vou ficar sentada aqui a noite
inteira.
— Isso aí, garota! — Finch sorriu, acompanhando-a até
a pista de dança. Fui atrás dos dois, olhando de relance à minha volta para ver
se via Chay. Ele tinha desaparecido. Relaxei de novo, tentando me livrar da
sensação de que Arthur apareceria na pista de dança com Megan. Um garoto que eu
tinha visto no campus dançava atrás de Melanie, e ela abriu um sorriso, pronta
para se divertir. Eu desconfiava de que ela estava fazendo um showzinho,
fingindo que estava se divertindo para que Chay visse. Desviei o olhar por um
segundo e, quando voltei a olhar para Melanie, seu parceiro de dança não estava
mais lá. Ela deu de ombros e continuou a balançar os quadris ao ritmo da
música. Quando começou a próxima música, um garoto diferente surgiu a de
Melanie, e o amigo dele começou a dançar ao meu lado. Depois alguns instantes,
meu novo parceiro de dança fez uma manobra e ficou atrás de mim, e me senti um
pouco insegura quando senti suas mãos nos meus quadris. Como se tivesse lido
minha mente, ele soltou minha cintura. Olhei para trás e ele não estava mais
lá. Ergui o olhar para Melanie, e o cara que dançava com ela também tinha ido
embora. Finch parecia um pouco nervoso, mas, quando Melanie ergueu a
sobrancelha por causa da expressão dele, ele balançou a cabeça e continuou
dançando.
Por volta da terceira música, eu estava suada e
cansada. Então fui para a mesa, descansando a cabeça pesada na mão e rindo
enquanto observava outro garoto esperançoso chamar Melanie para dançar. Ela
piscou para mim da pista de dança, e meu corpo ficou rígido quando vi o cara
sendo puxado para trás, sumindo em meio à multidão. Eu me levantei e dei a
volta na pista, mantendo o olhar fixo no buraco por onde ele havia sido puxado.
Senti a adrenalina arder em meio ao álcool nas minhas veias quando vi Chay
segurando o garoto, surpreso, pelo colarinho. Arthur estava ao lado dele, rindo
histericamente até erguer o olhar e ver que eu os observava. Ele bateu no braço
do primo e, quando Chay olhou na minha direção, jogou a vítima no chão. Não
demorou muito para que eu entendesse o que estava acontecendo: eles estavam
puxando para fora da pista os caras que dançavam com a gente e os ameaçando
para que se mantivessem afastados de nós. Apertei os olhos em direção a eles e
fui até onde Melanie estava. O local estava cheio, e tive de empurrar algumas
pessoas para abrir caminho. Chay me agarrou pela mão antes que eu conseguisse
chegar até a pista.
— Não conta pra ela! — ele disse, tentando conter o
sorriso.
— Que diabos você acha que está fazendo, Chay?
Ele deu de ombros, ainda orgulhoso de si.
— Eu amo a Melanie. Não posso deixar outro cara dançar
com ela.
— Então qual é a sua desculpa para arrancar o cara que
estava dançando comigo? — falei, cruzando os braços.
— Não fui eu. — disse ele, olhando de relance para
Arthur. — Desculpa, Lua. A gente só estava se divertindo.
— Não tem graça nenhuma.
— O que não tem graça nenhuma? — Melanie perguntou,
olhando furiosa para Chay.
Ele engoliu em seco, lançando um olhar suplicante em
minha direção. Eu lhe devia um favor, por isso fiquei de boca fechada. Ele
suspirou de alívio quando se deu conta de que eu não o denunciaria, então olhou
para Melanie com doce adoração.
— Quer dançar?
— Não, não quero dançar. —ela disse, voltando para a
mesa.
Ele a seguiu, deixando Arthur e eu ali parados.
Arthur deu de ombros.
— Quer dançar?
— Por quê? A Megan não veio hoje?
Ele balançou a cabeça.
— Você costumava ficar tão meiga quando estava bêbada.
— Fico feliz em te decepcionar. — falei, virando-me e seguindo em direção ao bar.
Ele veio atrás de mim, puxando dois caras de onde
estavam sentados. Fuzilei-o com o olhar por um instante, mas ele me ignorou, se
sentando e me observando com uma expressão de expectativa.
— Não vai sentar? Vou comprar uma cerveja pra você.
— Achei que você não comprava bebida pra mulheres no
bar.
Ele inclinou a cabeça na minha direção, franzindo a
testa, impaciente.
— Você é diferente.
— Isso é o que você vive me dizendo.
— Ah, vamos, Flor, o que aconteceu com o lance de
sermos amigos?
— A gente não pode ser amigos, Arthur. É óbvio.
— Por que não?
— Porque eu não quero ficar olhando você atacar uma
garota diferente toda noite, e você não deixa ninguém dançar comigo.
Ele sorriu.
— Eu te amo. Não posso deixar outros caras dançarem
com você.
— Ah, é? Quanto você me amava quando estava comprando
aquela caixa de camisinhas?
Arthur se encolheu, eu me levantei e fui até a mesa.
Chay e Melanie estavam se abraçando bem apertado, fazendo uma cena enquanto se
beijavam apaixonadamente.
— Acho que vamos ter que ir na festa dos namorados da
Sig Tau.
— disse Finch, franzindo a testa.
Suspirei.
— Merda.
Depois de um pequeno término, Melanie e Chay resolveram voltar.
As coisas andam difícil para Lua e o Arthur, ninguém mandou ele vacilar...
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Foi a Lua mesmo que terminou o namoro, ela mesma que não quer nada com o Arthur
ResponderExcluirEle tá tentando colocar a vida pra frente ela não tem que ficar brava e PRA MIM ele não vacilou, ele só voltou a ser o antigo Arthur
Se a Lua ainda ama ele que admita logo não se fica fazendo de difícil :/
Lua tem qur dar uma dr durona mesmo pra ver se p thur aprende kkkk
ResponderExcluirCoitada da lua
ResponderExcluirE o meu ódio pelo Arthur só aumenta,affs ninguém merece,ele pode"trepar"com quem ele quiser e ela não pode nem dançar com UM cara? A pelo amor de Deus né?
ResponderExcluirPostaaaa maissss,cara o Arthur só lisa na bola man
ResponderExcluirEu também acho q a Lua é a culpada, a culpa de tudo q está acontecendo é dela, ela partiu o coração dele, Lua tá mt malvada.
ResponderExcluirMel e Chay são mts fofos meu Deus, ainda bem q eles voltaram kkk
Arthur tbm pisa na bola mas quem terminou com ele foi a lua!
ResponderExcluirOs dois estão errados! Ele está errado por "trepar" com qualquer uma e impedir dela dançar. Ela está errada por ter terminado o namoro e por está zangada por uma coisa que ela mesma quis.
ResponderExcluirAmbos estão errados, portanto, não consigo ficar do lado de nenhum :(
Arthur tem que controlar esse ciúme dele, mas a Lua também tem que ir atrás dele e falar que quer ele, que ama ele. Assim os dois ficam sofrendo
ResponderExcluirHelena
LUA TEM QUE PARAR COM O ORGULHO!
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