Belo Casamento - CAP. 9

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Belo Casamento


Capítulo 9: Capturado


Arthur
Me enxuguei, escovei os dentes, vesti uma camiseta e bermuda, e então meus Nikes. Pronto. Caramba, é bom ser um homem. Eu não consigo imaginar ter que secar o cabelo por meia hora, e depois queimá-lo com qualquer que fosse aqueles metais portáteis quentes que eu pudesse encontrar, e em seguida passar quinze a vinte minutos me maquiando antes de finalmente me vestir. Chave. Carteira. Telefone. Fora de casa. Lua tinha dito que havia lojas no andar de baixo, mas ela sugeriu que nós não devíamos nos ver até o casamento, então eu fui para a Strip.
Mesmo com pressa, se as fontes do Bellagio estão dançando ao som da música, é anti- americano não parar e apreciar em reverência. Acendi um cigarro e soprei sobre ela, descansando os braços em uma grande laje de concreto que se alinhava à plataforma de observação. Assistindo a água balançar e espirrar para a música, me lembrei da última vez que eu estive aqui com Chay, enquanto Lua chutava de forma eficiente a bunda de quatro ou cinco veteranos do poker. Chay. Porra, eu estava tão feliz que ele não estava naquela luta. Se eu o tivesse perdido, ou se ele tivesse perdido a Melanie, eu não tenho certeza se Lua e eu estaríamos aqui. Uma perda como essa mudaria toda a dinâmica de nossas amizades. Chay não poderia ficar perto de Lua sem a Melanie, e Melanie não poderia ficar próxima a nós sem Chay. Lua não seria ninguém sem Melanie. Se eles não tivessem decidido ficar com seus pais durante as férias de primavera, eu poderia estar sofrendo a perda de Chay enquanto me preparava para o nosso casamento. Pensamentos de ter que ligar para tio Jack e tia Deana com a notícia da morte de seu único filho me fizeram sentir um frio na espinha.
Eu afastei o pensamento quando me lembrei do momento em que telefonei para meu pai, de pé em frente à Keaton, com a fumaça saindo pelas janelas. Alguns dos bombeiros seguravam a mangueira jogando água dentro do prédio, outros traziam sobreviventes. Me lembrei de como me sentia: sabendo que eu ia ter de dizer ao meu pai que Trent estava desaparecido e provavelmente morto. Que meu irmão havia corrido para o lado errado na confusão, e Lua e eu estávamos do lado de fora sem ele. Pensamentos do que isso teria feito ao meu pai, à toda a nossa família, me fez sentir enjoado. Meu pai era o homem mais forte que eu conhecia, mas ele não podia perder mais ninguém. Meu pai e Jack dominaram a nossa cidade quando estavam no colégio. Eles foram a primeira geração dos fodões irmãos Aguiar. Em cidades universitárias, os locais começavam as brigas ou pegavam no pé. Jim e Jack Aguiar nunca experimentaram a última luta e conheceram e se casaram com as duas únicas garotas da faculdade que poderia lidar com eles: Deana e Diane Hempfling. Sim, irmãs, fazendo Chay e eu duplamente primos. Isso provavelmente deu tão certo, que Jack e Deana pararam no primeiro, enquanto a mamãe tinha cinco meninos indisciplinados. Estatisticamente, a nossa família esperava uma menina, mas eu não tenho certeza se o mundo poderia lidar com uma Aguiar do sexo feminino. Toda a luta e raiva, somado ao estrogênio? Todo mundo poderia morrer.
Quando Chay nasceu, o tio Jack sossegou. Chay era um Aguiar, mas ele tinha o temperamento de sua mãe. Thomas, Tyler, Taylor, Trenton, e eu, tínhamos todos os parafusos soltos como o nosso pai, mas Chay era calmo. Éramos os melhores amigos. Ele era um irmão que vivia em uma casa diferente. Ele realmente era, mas ele se parecia mais com Thomas do que com o resto de nós. Todos nós compartilhamos o mesmo DNA.
A fonte desligou e eu fui embora, vendo o letreiro do Crystals. Se eu pudesse entrar e sair de lá rápido, talvez Lua ainda estaria nas lojas de Bellagio e não me veria. Apertei o passo, evitando os turistas extremamente bêbados e cansados. Um curto passeio de escada rolante e uma ponte mais tarde, eu estava dentro do imponente shopping. Tinha vidros retangulares exibindo tornados de água coloridas, lojas de alta qualidade e pessoas de classes estranhas. De famílias a strippers. Coisas que só se vê em Las Vegas.
Eu entrei e saí de uma loja de roupa sem sorte, e então continuei andando até dar de cara com uma loja Tom Ford. Em dez minutos eu encontrei e experimentei o terno cinza perfeito, mas tive problemas para encontrar uma gravata. “Foda-se”, eu disse, tirando o terno e a abotoadura. Quem disse que o noivo tem que usar uma gravata?
Saindo do shopping, vi um par de All-Star Converse preto na janela. Entrei, pedi o meu número, experimentei e sorri. “Vou levá-los.”, eu disse para a mulher que me atendeu. Ela sorriu com um olhar que teria me envolvido seis meses atrás. Uma mulher olhando para mim desse jeito significava que todas as minhas tentativas de entrar em sua calça haviam acabado de ficar mil vezes mais fáceis. Aquele olhar queria dizer: me leve para casa!
“Uma ótima escolha”, ela disse com uma voz suave e sedutora. Seu cabelo escuro era comprido, grosso e brilhante. Provavelmente metade de seus 1,50m. Ela tinha uma sofisticada beleza asiática, envolvida em um vestido justo e altíssimos saltos. Seus olhos eram observadores e calculistas. Ela era exatamente o tipo de desafio que meu antigo eu teria pegado alegremente. “Você vai ficar em Vegas por muito tempo?”
“Apenas alguns dias.”
“É a sua primeira vez aqui?”
“Segunda”.
“Oh. Eu ia me oferecer para lhe apresentar a cidade.”
“Eu vou me casar com esses sapatos em algumas horas.”
Minha resposta apagou o desejo em seus olhos, e ela sorriu agradavelmente, mas ela claramente perdeu o interesse. “Parabéns”.
“Obrigado.” eu disse, pegando meu recibo e a sacola com a caixa de sapato.
Saí me sentindo muito melhor sobre mim mesmo do que eu teria se estivesse aqui em uma viagem de garotos, e a levando para o meu quarto de hotel. Eu não sabia sobre o amor naquela época. Era fodasticamente maravilhoso voltar para Lua toda noite, e ver seu olhar acolhedor, carinhoso. Nada era melhor do que chegar em casa com novas maneiras de fazê-la se apaixonar por mim mais uma vez. Eu vivia por essa merda agora, e era muito mais satisfatório.
Uma hora após deixar o Bellagio, eu tinha pego o terno e uma aliança de ouro para Lua, e estava de volta ao lugar onde comecei: nosso quarto de hotel. Sentei na ponta da cama, peguei o controle remoto e liguei a TV antes de me abaixar para desamarrar meu tênis. A cena familiar iluminou a tela. Era Keaton, protegido com uma fita amarela, e ainda pegando fogo. Os tijolos ao redor das janelas estavam carbonizados e o terreno em volta do prédio estava cheio d’água. O repórter estava entrevistando uma menina chorando, descrevendo que sua colega de quarto não havia voltado ao dormitório, e que ela ainda aguardava para confirmar se o seu nome estava entre os mortos. Eu não podia aguentar mais isso. Eu cobri meu rosto com as mãos e apoiei os cotovelos nos joelhos. Meu corpo tremia e eu lamentei por meus amigos e todas as pessoas que eu não conhecia, mas que haviam perdido suas vidas. Pedi desculpas repetidas vezes por ser a razão deles estarem lá, e por ser um filho da puta por escolher Lua, em vez de eu mesmo, para entrar lá. Quando eu já não podia mais chorar, entrei no chuveiro e fiquei embaixo da água fumegante até que meu estado de espírito voltasse ao normal, como Lua precisava de mim.
Ela não queria me ver até a hora do casamento, então eu mantive toda a merda na minha cabeça, me vesti, espirrei alguma colônia, amarrei meu tênis novo, e saí. Antes de fechar a porta dei uma última olhada no quarto. A próxima vez que eu entrasse por esta porta eu seria o marido de Lua. Essa foi a única coisa que me fez suportar a culpa. Meu coração começou a bater forte. O resto da minha vida estava apenas a algumas horas de distância. O elevador se abriu, e eu segui o impetuoso e estampado tapete através do cassino. O terno fez eu me sentir como um milionário, e as pessoas estavam olhando, se perguntando onde o bem vestido imbecil com Converse estava indo. Quando eu estava na metade do caminho através do cassino, notei uma garota sentada no chão com sacos de compras, chorando em seu telefone celular. Eu parei subitamente. Era Lua.
Instintivamente eu dei um passo para o lado, me escondendo parcialmente no final de uma fila de máquinas caça-níqueis. Com a música, os sinais sonoros, e as conversas, eu não conseguia ouvir o que ela estava dizendo, mas meu sangue gelou. Por que ela estava chorando? Com quem ela estava falando? Será que ela não queria se casar comigo? Eu devia falar com ela? Ou devia apenas esperar lá fora e ter fé em Deus que ela não cancelaria tudo?
Lua levantou-se do chão, lutando com suas malas. Eu queria correr para ela e ajudar, mas eu estava com medo. Eu estava com medo de que me aproximando dela naquele momento, ela poderia me dizer a verdade, e eu estava com medo de ouvir. O bastardo egoísta tomou conta de mim, e eu a deixei ir embora.
Uma vez que ela estava fora de vista, eu me sentei em um banquinho de uma máquina caça-níqueis vazia e puxei o maço de cigarros do bolso. Acendendo o isqueiro, a ponta do meu cigarro chiou antes de brilhar vermelho, enquanto eu puxava uma longa tragada. O que eu ia fazer se Lua tivesse mudado de ideia? Poderíamos voltar de uma coisa como essa? Independentemente da resposta, eu ia ter que descobrir uma maneira. Mesmo que ela não pudesse continuar com o casamento, eu não podia perdê-la.
Eu fiquei sentado lá por um longo tempo, fumando e deslizando notas de dólar na máquina caça-níqueis, enquanto uma garçonete trazia bebidas gratuitas. Depois de quatro, acenei agradecendo.
Ficar bêbado antes do casamento não resolveria nada. Talvez seja por isso que Lua estava tendo dúvidas. Amá-la não era suficiente. Eu precisava crescer, arrumar um trabalho de verdade, parar de beber, brigar, e controlar a minha maldita raiva. Sentei-me sozinho no cassino, em silêncio, prometendo que iria fazer todas essas mudanças, e que iria começar agora mesmo.
O alarme do meu telefone tocou. Apenas uma hora havia passado para o horário do casamento. Eu mandei uma mensagem para Lua, preocupado de como ela poderia reagir:
“Estou com saudades”.

Com mais 5 comentários, posto o próximo capítulo. 

6 comentários:

  1. Ainda bem que ele não escutou Lua falando com Trent, senão eles iriam brigar. E espero que ele não toque nesse assunto durante a primeira noite de casados dos dois!
    Helena

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  2. Ai MDS Lua linda não desiste ta obrigado denada :)

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  3. Tomara que o Arthur não descubra o que a Lua e o Trent conversaram

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  4. Ai mdssss, n faça eles se separarem pf!

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  5. Ai mdssss, n faça eles se separarem pf!

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