Belo Casamento - CAP. 3

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Belo Casamento


Capítulo 3: O caminho de volta

Lua

Eu olhei para a pedra cintilante no meu dedo e suspirei novamente. Não era o suspiro arejado que uma jovem menina e recém-noiva podia ter enquanto olhava para o seu diamante. Era cheio de pensamentos. Um pensamento que me pesava e me deixava pensativa. Mas não, eu não mudaria de ideia. Nós não podíamos ficar longe um do outro. O que estávamos prestes a fazer era inevitável, e Arthur Aguiar me amava da maneira que a maioria das pessoas sonhava. Esse suspiro estava cheio de preocupação e esperança sobre o meu plano estúpido. Eu queria tanto que Arthur ficasse bem, que era quase palpável.
“Pare com isso, Beija-Flor. ”, disse Arthur. “Você está me deixando nervoso.”
“É apenas… muito grande.”
“Ele se encaixa muito bem”, disse ele, sentando-se. Fomos esmagados entre um empresário falando baixinho em seu telefone celular e um casal de idosos. Uma funcionária da companhia aérea estava em pé atrás do balcão, falando em algo que parecia um rádio CB1. Eu me pergunto por que eles não usam apenas um microfone comum. Ela anunciou alguns nomes, depois enganchou o aparelho em algum lugar na parte de trás de sua mesa.
“Deve ser um voo cheio”, disse Arthur. Seu braço esquerdo apoiado na parte de trás da minha cadeira, seu polegar esfregando meu ombro. Ele tentava fingir estar relaxado, mas seu joelho balançando o denunciou.
"O diamante é excessivo. Eu sinto que eu vou ser assaltada a qualquer momento.", eu disse.
Arthur riu.
“Em primeiro lugar, ninguém vai tocar em você, porra. Em segundo lugar, esse anel foi feito para estar no seu dedo. Eu soube assim que o vi.”
“Atenção passageiros do vôo da American 2477 para Las Vegas, estamos à procura de três voluntários para tomar um voo posterior. Estamos oferecendo vouchers de viagem com validade de um ano a partir dessa data.”
Arthur olhou para mim.
"Não."
"Está com pressa?" Ele perguntou, com um sorriso de satisfação no rosto.
Inclinei-me e o beijei. “Na verdade, eu estou.” Eu estendi a mão e com o dedo limpei uma mancha de fuligem em seu nariz, que ele tinha esquecido de tirar no chuveiro.
“Obrigado, querida.”, disse ele, me apertando ao seu lado. Ele olhou ao redor, com o queixo erguido, os olhos brilhantes. Ele estava no melhor humor que eu já o tinha visto, desde a noite em que ele ganhou a nossa aposta. Isso me fez sorrir. Sensata ou não, era bom ser tão amada, e eu decidi ali mesmo que eu iria parar de me desculpar por isso. Havia coisas piores do que encontrar sua alma gêmea muito cedo na vida, e o que era muito cedo afinal?
“Eu tive uma discussão sobre você com a minha mãe, uma vez.”, disse Arthur, olhando para fora, pelas janelas a nossa esquerda. Ainda estava escuro. Ele não podia ver muito do outro lado.
“Sobre mim? Não é meio que… impossível?”
“Na verdade não. Foi no dia em que ela morreu.”
A adrenalina explodiu dentro de mim e correu pelo meu corpo, acumulando nos meus dedos das mãos e dos pés. Arthur nunca tinha falado da sua mãe para mim. Eu sempre quis perguntar a ele sobre ela, mas pensava no sentimento doentio que se apoderava de mim quando alguém me perguntava sobre minha mãe, então eu nunca fiz.
Ele continuou: “Ela me disse para encontrar uma garota pela qual valesse à pena lutar. Uma que não fosse fácil.”
Eu me senti um pouco envergonhada, me perguntando se isso significava que eu era um grande pé no saco. Sinceramente, eu era, mas não a esse o ponto.
“Ela disse para nunca parar de lutar, e eu não parei. Ela estava certa.” Ele respirou fundo, parecendo deixar que o pensamento se estabelecesse em seus ossos.
A ideia de que Arthur acreditava que eu era a mulher de que sua mãe falava, que ela iria me aprovar, me fez sentir uma aceitação que eu nunca tinha sentido antes. Diane, que faleceu há quase 17 anos, agora me fez sentir mais amada do que a minha própria mãe.
“Eu amo a sua mãe.”, eu disse, inclinando-me contra o peito de Arthur.
Ele olhou para mim, e depois de uma breve pausa, beijou meu cabelo. Eu não conseguia ver o rosto dele, mas eu podia ouvir em sua voz o quanto ele foi afetado.
“Ela teria amado você também. Não tenho duvida.”
A mulher falou no seu CB novamente. “Atenção passageiros do vôo da American 2477 para Las Vegas: vamos começar o embarque em breve. Vamos iniciar com quem necessita de assistência de embarque, e aqueles com crianças pequenas, em seguida vamos embarcar a primeira classe e a classe executiva.”
“Que tal excepcionalmente cansado?”, Disse Arthur, de pé. "Preciso da porra de um Red Bull. Talvez devêssemos ter mantido as nossas passagens para amanhã como havíamos planejado.”
Eu levantei uma sobrancelha. "Você tem algum problema com a minha pressa de ser a Sra. Arthur Aguiar?”
Ele balançou a cabeça, me ajudando a levantar. "Claro que não. Eu ainda estou em estado de choque, se você quer saber a verdade. Eu só não quero que você se apresse, por estar com medo de mudar de ideia.”
“Talvez eu tenha medo que você vá mudar de ideia .”
As sobrancelhas de Arthur levantaram, e ele passou os braços em volta de mim. “Você realmente não pode pensar assim. Você tem que saber que não há nada que eu queira mais.”
Eu me levantei na ponta dos pés e beijei seus lábios. "Eu penso que nós estamos nos preparando para embarcar em um avião para Las Vegas, para que possamos nos casar, isso é o que eu penso.”
Arthur me apertou contra ele, e, em seguida, me beijou com entusiasmo da bochecha a clavícula. Eu ri quando ele fez cócegas na minha garganta, e ri ainda mais alto quando ele me levantou do chão. Ele me beijou uma última vez antes de pegar minha bolsa do chão, me soltou, e depois me levou pela mão para a fila.
Nós mostramos nossos cartões de embarque e descemos o corredor de embarque de mãos dadas. A aeromoça olhou para nós e ofereceu um sorriso. Arthur encontrou nossos lugares e me deixou passar, colocou a nossa bagagem de mão no compartimento de bagagem, e caiu ao meu lado. "Nós provavelmente deveríamos tentar dormir no caminho, mas eu não tenho certeza se consigo. Estou muito empolgado, porra.”
“Você acabou de dizer que precisava de um Red Bull.”
Sua covinha cedeu quando ele sorriu. “Para de ouvir tudo o que digo. Eu provavelmente não vou fazer sentido pelos próximos seis meses, enquanto eu tento processar o fato de que eu consegui tudo que sempre quis.”
Eu me inclinei para trás para encontrar seus olhos. “Thur, se você quer saber por que eu estou com tanta pressa para casar com você… o que acabou de dizer é uma das tantas razões.”
“Sim?”
"Sim.”
Ele afundou em seu assento, e depois deitou a cabeça no meu ombro, acariciando meu pescoço algumas vezes antes de relaxar. Eu encostei meus lábios em sua testa, e então olhei para fora da janela, esperando que os outros passageiros passassem e rezando silenciosamente para que o piloto acelerasse o inferno fora de lá.
Eu nunca tinha sido tão agradecida por minha cara de paisagem incomparável. Eu queria levantar e gritar para que todos se sentassem, para que o piloto pudesse nos tirar do chão, mas eu me proibi de ficar inquieta, e desejei que os meus músculos relaxassem.
Os dedos de Arthur encontraram o caminho para os meus, e se entrelaçaram com eles. Sua respiração aquece o local em que toca meu ombro, e envia calor por todo o meu corpo. Às vezes eu só queria me afogar nele. Pensei no que poderia acontecer se o meu plano não funcionasse. Arthur sendo preso, julgado em um tribunal, e o pior cenário possível: sendo enviado para a prisão. Sabendo que era possível que eu fosse separada dele por um longo tempo, eu senti que a promessa de estar com ele para sempre não era suficiente. Meus olhos se encheram de lágrimas, e uma escapou, caindo pelo meu rosto. Limpei rapidamente.
Droga, cansaço sempre me deixou mais emotiva.
Os outros passageiros foram guardando as malas e afivelando o cinto de segurança, executando os movimentos sem a menor ideia de que nossas vidas estavam prestes a mudar para sempre.
Eu me virei para olhar para fora da janela. Qualquer coisa para manter minha mente fora da urgência de sair do chão. “Depressa”, eu sussurrei.

N/A: Vou postar mais um capítulo.

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