15 dias para confessar - Aguiar

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Pov Narrador


Algum tempo passou...

     O dia a dia do casal era feito a medo. Já não saiam à rua seguros e nem na própria casa sentiam-se seguros. A segurança em casa foi redobrada  e esperavam que mais nada de mal voltasse a acontecer. Os últimos casos dramáticos também subtraíram, o que não quer dizer que eles estavam agora fora de perigo.

     Na empresa, Lua voltou à sua sala de trabalho após uma audiência ganha em tribunal. Sentia-se feliz. Finalmente algo estava dando certo na sua vida.

     Após sentar-se e beber um pouco de água, a sua sala foi invadida por Anna.


- Antes de mais. - Disse ela entrando na sala. - Parabéns pela causa justa e ganha em tribunal. - As amigas gargalharam e esta última sentou-se no sofá da sala de Lua. - Mas vim cá saber como estás. E tenho novidades. - Anna esfregou as mãos e fez cara de matreira.

- Conta-me já! - Implorou Lua.

- Não. Antes quero saber de ti. As coisas andam tão fora... sei lá, de sentido ou assim que mal temos tido tempo para conversar.

- É normal. - Lua suspirou. - O Arthur não me deixa dar um passo sozinha. Por um lado ele até tem razão por isso nem tento contrariar ele. Não quero que fique mais irritado e nervoso com tudo isto. Estou cansada de o tentar animar e não conseguir nada para vê-lo finalmente feliz. - Lua abriu a gaveta da sua secretária e tirou de lá um pacote com bolachas. - Mas hoje será um dia bom para nós.

- Estás a pensar em fazer aqueles jantares românticos com um strip no final?

- Mas será que só consegues pensar nisso? - Lua gargalhou oferecendo uma bolacha à amiga. - São integrais. - Lua fez careta ao comunicar à amiga. - Coisas do Arthur. Enfim, hoje vamos finalmente ver o sexo dos meus bebés. - Dizia ela orgulhosa.

- A sério? Oh meu deus. Finalmente uma boa notícia.

- E quero ainda esta semana começar as obras em casa. Temos lá um quarto grande que servirá para o quarto dos gémeos.

- E os nomes?

- Tenho de discutir isso com o Arthur também. Acho que a gravidez é a única coisa que o faz não pensar nos stresses que tem havido ultimamente.

- Mas tens de o fazer espairecer. Tipo, passeios a dois... ou a quatro, como preferires. - Anna fez a piadinha. - Por um lado tens de ter cuidado com a gravidez. Já não podes fazer todo o tipo de atividades. Mas olha, uma ida ao ginásio era bom... aquelas aulas particulares para grávidas e tal. Acho que ele devia gostar.

- Mas paremos de falar de mim... quero saber das novidades que me tinhas para dizer.

- O Louis convidou-me para sair. - Após a novidade, as amigas levantaram-se para se abraçarem num ataque histérico de gritinhos irritantes como se fossem adolescentes de 16 anos.

(...)

     Lua encontrava-se já no hospital assim como qualquer outro paciente esperando ser atendida. Apesar de ser mulher de um médico não ia passar a ter mordomias. Ia esperar como uma pessoa normal. A única diferença é que em vez de ser recebida na sala com um aperto de mão por parte do médico, seria recebida com um beijo e um abraço bem caloroso.

     Enquanto esperava, foi cumprimentada por colegas de trabalho de Arthur, inclusive Louis que passou por lá e decidiu parar para tirar dois dedos de conversa com Lua.

- Com que então ganhaste finalmente coragem para passar ao passo seguinte... - Lua soltou e deixou assim no ar aquela frase com vários sentidos e não quis encarar Louis para que este não ficasse envergonhado.

- O que queres dizer com isso?

- Não finjas que não sabes. - Lua agora parou de olhar para as unhas e olhou para o médico. - Eu sei que tu e a Anna vão sair esta semana.

- Vocês contam tudo uma à outra, é? - Louis riu.

- Quase tudo. - Respondeu Lua entre risos. - As partes mais picantes guardamos para nós.

- Ao menos isso... vai lá com o teu maridinho e para de me fazer perguntas óbvias.

- Perguntas óbvias? - Lua gargalhou mais uma vez e Louis foi embora.

     Passados dez minutos, a auxiliar chamou pelo nome completo de Lua e mandou-a entrar.

     Arthur, sentado na sua sala de trabalho, abriu um sorriso do tamanho do mundo ao ver a sua mulher entrar-lhe pelo consultório a dentro com a mão na barriga e um sorriso contagiante no rosto. Levantou-se de imediato para a receber com um abraço e um beijo.


- Só tu para melhorares o meu dia.

- Preparado para ver o sexo dos nossos bebés?

- Isso pergunto-te eu. Eu é que sou o médico.

- Além de médico és o pai.

- Antes temos de fazer umas coisinhas pequenas... nada de mais. - Ele puxou uma cadeira para ela se sentar e depois ele próprio foi sentar-se no seu lugar. - Fizeste o exame de risco de trissomia 21 e graças a deus o risco é quase nulo. - Lua respirou de alívio. - Estás agora entre as 17 e 19 semanas. Vamos fazer um ultrassom para ver o sexo do bebé e depois vamos vê-los para aparecimento de anomalias ou coisas do género.

- Por que é que falas comigo dessa maneira? - Lua sorriu.

- De que maneira?

- Tão politicamente correto.

- Politicamente correto? - Arthur gargalhou. - Eu mostro-te o politicamente correto. - Arthur levantou-se e Lua encolheu-se na cadeira. - Mas só depois de fazer o que temos a fazer. - Ele aproximou-se para lhe pegar na mão e levá-la à maca onde seria analisada.

- Lembraste quando fizemos amor no meu escritório?

- Achas que me esqueceria disso? - Ele ajudou-a a deitar-se e puxou a camisa dela para cima.

- Esta maca nem é desconfortável... - Lua balançou-se e mordeu os lábios para Arthur.

- Oh vá lá, não me provoques. - Arthur mordeu os lábios também mas não resistiu a roubar-lhe um beijo. - A porta não está trancada. E tem imensa gente lá fora para ser atendida por isso temos de ser rápidos.

- Boa! - Lua rapidamente segurou-lhe do rosto para voltar a beijar-lhe mas Arthur parou.

- Amor... rápidos na consulta. Não a fazer amor. - Arthur gargalhou e ligou os aparelhos necessários deixando Lua um tanto desiludida. - Prometo que hoje a noite é só nossa. - Dizia ele com os olhos postos no ecrã.

- Quando é que vou começar a sentir pontapés, senhor doutor?

- Não provoques. - Arthur pediu novamente. - Em breve, dona Lua Aguiar.

- Aguiar é um nome tão...

- Tão...?

- Feio! - Lua mostrou-lhe a língua.

(...)

Notas finais:

Aqui está o combinado!
No próximo capítulo será revelado o sexo do bebé. O que acham que será? Quem adivinhar, dedicarei o próximo capítulo!

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