15 dias para confessar - "Eu nunca"

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Lua

     Pelas onze horas da noite, mais coisa menos coisa, os rapazes tiveram a brilhante ideia de jogar ao "Eu nunca". Eu preferia ir para casa mas o Arthur insistiu para que eu ficasse.
     Afastaram a mesa central da sala e todos nós nos sentamos numa espécie de círculo. Fiquei entre o Arthur e a Giovanna, amiga colorida do Gaspar.

- Agora, claro que o elemento essencial não poderia faltar, caros amigos. - Anunciou Gaspar.
Esse instante, Giovanna levantou-se e foi à sua bolsa. Voltou, segundos depois, com uma garrafa na mão.
- É por isto que te amo. - Declarou Gaspar pegando na garrafa, sem reparar na reação de Giovanna que dava a entender ter sido aquela a primeira vez que escutava tal coisa da boca do rapaz. - Já todos jogaram isto? Não tem nada que saber. Vamos dizer uma frase começa por "eu nunca", quem já tiver feito isso, bebe.

     Tive vontade de me retirar dali mas não queria que pensassem que sou uma "cortes". Porém, para mim este jogo não vai ter tanta piada para mim, visto que, comparada com eles, sou a mais nova e a mais inexperiente em coisas menos certas a fazer.

- Eu começo com uma bem fraquinha. Eu nunca me embebedei. - Michael olhou e todos começaram a rir. Assim, o copo passou por todos os elementos do grupo e todos beberam vodka.
- Eu nunca fiz chichi atrás de um carro. - Disse Mariah, amiga de Michael. Todos os rapazes desataram a rir porque para eles aquilo era super normal. Qual é o rapaz que nunca fez isso atrás de um carro ou seja lá onde tenha sido?
- É a minha vez! - Disse Arthur - Eu nunca fiz sexo oral.

     Corei naquele momento e arregalei os olhos para Arthur. Ele foi o primeiro a pegar na garrafa, seguido de Giovanna, Gaspar e Michael.

- É a vez da criança do grupo. - Disse Gaspar encarando-me.
- Eu nunca... - Era a minha vez e eu não tinha nada em mente. - Beijei uma rapariga. E para os rapazes, um rapaz.

     Começamos todos a rir. Giovanna foi a única apegar na garrafa.

- O que é que foi? Eu já dei um beijo de chapa à minha melhor amiga. - Confessou ela, fazendo-se ouvir umas risadinhas enquanto ela dava de ombro.
- Diz-me uma coisa que ainda não tenhas feito? - Perguntou Gaspar todo interessado.
- Terás de esperar para ver.
- Uiiii! - Ouviu-se.

     Agora era a vez da mesma.

- Eu nunca fui a um bar de strippers.

     Arthur foi o primeiro a agarrar a garrafa, sendo seguido de todos os outros rapazes.

- Que foi? Quando fiz 18, eles levaram-me a um. - Ele riu. Eu desconhecia essa história.

     O jogo continuou com coisas demasiado picantes. Prometemos que só jogávamos mais uma vez e que depois mudávamos de jogo.

- Eu nunca troquei uma gaja podre de boa por outra sem sal. - Lançou Gaspar. Ele encarava Arthur com um sorriso nos lábios enquanto o mesmo o olhava sério. - Então pah, tens de beber. - Ordenou.
- Gaspar, cala-te lá. Já bebeste de mais. - Disse John.
- Não bebi nada, cala-te tu. O jogo é pra ser jogado - Levantava ele o dedo enquanto falava, típico de bêbados.

     Sentia-me um pouco perdida até que comecei a pensar. Julgo que Gaspar se referia a mim.

- Queres ajudinha para beber? - Ironizou Gaspar enquanto balançava a garrafa.
- Deixa-te lá de merdas. - Avisou Arthur.
- Qual merdas quais quê?! - Gaspar levantou-se. - É a pura verdade e tu estás é com vergonha de admitir. - Acusou.
- Pessoal, o que é que se está aqui a passar? - Michael levantou-se.
- Simples. O Arthur trocou a Britney, uma gaja podre de boa, com umas mamas do caralho e um rabo de ir ao céu por uma rapariga sem sal que nem é maior de idade e qu...

     Gaspar enumerava as qualidades de Britney e eu sentia-me mal por dentro por não corresponder às mesmas. No momento em que disse "por uma rapariga sem sal" identifiquei-me logo e senti os meus olhos a arderem e o meu coração a apertar. Porém, a minha preocupação foi mais além quando Arthur, que antes estava de punhos fechados, já levantando, ergueu a sua mão e bateu contra a boca de Gaspar, que foi amparado por Michael. Todos se afastaram quando o Arthur se preparava para agredir Gaspar e ninguém foi capaz de o deter. Eu gelei. Não consegui mexer um único membro.

- Antes uma rapariga sem sal do que uma traidora como a Britney. Estou farto que me digas essas merdas quando sabes perfeitamente que no fim de semana que eu estive cá ela traiu-me! Traiu-me! - Ele voltou a repetir - Será que consegues entender isso? - Arthur gritava enquanto encarava Gaspar.
- Pessoal, acalmem-se lá. O Gaspar está bebâdo Arthur, acho melhor as coisas acabarem por aqui. - Avisou John.
- Tu John, melhor que ninguém, sabes o quanto o Gaspar tem mandando estas indiretas, dia após dia. Fica sabendo que a "rapariga sem sal" lá como dizes, consegue-me ser um milhão de vezes melhor do que a Britney e todas as raparigas à face da terra. Consegue ser compreensível, justa, amiga, fiel e, acima de tudo, com mais beleza tanto interior como exterior. Quem te dera a ti, um dia, poderes conhecer alguém como a Lua. Antes de falares dela, tenta conhece-la e lava a boca antes de tocares no seu nome.

     As minhas pernas ficaram bambas e eu caí para cima do sofá um pouco chocada com tudo isto. Giovanna sentou-se ao meu lado e pediu desculpa pela ação de Gaspar e perguntou se estava tudo bem comigo. Eu ainda não conseguia responder a nada. Estava a tremer e o meu coração batia de um modo totalmente acelerado. Pensava que, naquele momento, me ia dar alguma coisa.
     A Mariah, amiga de Michael, foi buscar-me um copo com água para eu beber e tentar me acalmar, enquanto o Michael levou o Gaspar para fora de casa e a Giovanna e a Andreia limpavam o caos, nomeadamente a garrafa que se entornou enquanto o Arthur bateu no Gaspar e os cacos da mesma. John levou o Ashton para cima e de lá não saíram até tudo estar arrumado.

- Mais uma vez, lamento tudo isto. - Disse Giovanna com a maquilhagem um pouco borrada.

     As raparigas deixaram a casa dizendo que iam apanhar um táxi. Eu limitei-me a ficar sentada no sofá, porque não sabia mesmo o que fazer.

***

Notas finais:

Obrigada pelos comentários!!!
Se eu conseguir, mais tarde posto outro, ok? 

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