Belo Desastre
Capítulo 2 : Sinal de alerta (Parte 2)
Meu olhar para
ele foi de desprezo.
— Você nem está matriculado nessa aula…
— Claro que estou! Geralmente eu sento lá. — disse
ele, apontando com a cabeça para a última fileira. Um pequeno grupo de garotas
estava me encarando, e percebi que havia uma cadeira vazia bem no meio delas.
— Não vou anotar nada pra você. — eu disse, ligando o
computador. Arthur se inclinou tão perto de mim que eu podia sentir sua
respiração na minha bochecha.
— Me desculpa… Ofendi você de alguma maneira? —
Soltei um suspiro e fiz que não com a cabeça.
— Então qual é o problema? — Mantive o tom de voz baixo.
— Não vou transar com você. Pode desistir. —
Um lento sorriso se formou em seu rosto antes de ele
se pronunciar.
— Não pedi para você transar comigo. — pensativo, os
olhos dele se voltaram para o teto. — Ou
pedi?
— Não sou uma dessas Barbies gêmeas nem uma de suas
fãs ali. — respondi, olhando de relance para as garotas atrás de nós. — Não
estou impressionada com as suas tatuagens, nem com o seu charme de garotinho,
nem com a sua indiferença forçada, então pode parar com as gracinhas, ok?
— Ok, Beija-Flor. — Ele ficou impassível diante da minha atitude rude, de
um jeito que me enfureceu.
— Por que você não passa lá no meu apê com a Melanie
hoje à noite? — Olhei
com desdém para ele, que se aproximou ainda mais. — Não estou tentando te
comer. Só quero passar um tempo com você.
— Me comer? Como você consegue fazer sexo falando
assim? — Arthur
caiu na gargalhada, balançando a cabeça.
— Só vem, tá? Não vou nem te paquerar, prometo.
— Vou pensar. — O professor Chaney entrou a passos largos, e Arthur
voltou à atenção para frente da sala. Resquícios de um sorriso permaneciam em
seu rosto, tomando mais nítida a covinha da bochecha. Quanto mais ele sorria,
mais eu queria odiá-lo, e no entanto era esse o motivo pelo qual odiá-lo era
impossível.
— Quem sabe me dizer que presidente teve uma esposa
vesga e feia de doer? — perguntou Chaney.
— Anota isso. — sussurrou Arthur. — Vou precisar saber disso pra
usar nas entrevistas de emprego.
— Shhh. —
falei, digitando cada palavra dita pelo professor. Arthur abriu um largo sorriso e relaxou na cadeira.
Conforme a hora passava, ele alternava entre bocejar e se apoiar no meu braço
para dar uma olhada no monitor do meu laptop. Eu me concentrei, me esforcei
para ignorá-lo, mas a proximidade dele e aqueles músculos saltando de seu braço
tornavam a tarefa difícil. Ele ficou mexendo na faixa de couro preta que tinha
em volta do pulso até que Chaney nos dispensou. Eu me apressei porta afora e
atravessei o corredor. Justo quando tive certeza de que estava a uma distância
segura, Arthur Aguiar apareceu ao meu lado.
— Já pensou no assunto? — ele quis saber, colocando os
óculos de sol. Uma morena baixinha parou à nossa frente, ingênua e cheia de
esperança.
— Oi, Arthur. — ela disse em um tom cantado e brincando com os
cabelos. Parei,
exasperada com o tom meloso dela, e então desviei da garota, que eu já tinha
visto antes, conversando de maneira normal na área comum do dormitório das
meninas, o Morgan Hall. O tom que ela usava lá soava muito mais maduro, e
fiquei me perguntando por que ela acharia que a voz de uma criancinha seria
atraente para Arthur. Ela continuou tagarelando uma oitava acima por mais um
tempo, até que ele estava ao meu lado de novo. Puxando um isqueiro do bolso,
ele acendeu um cigarro e soprou uma espessa nuvem de fumaça.
— Onde eu estava? Ah, é… você estava pensando. —
Fiz uma careta.
— Do que você está falando?
— Já pensou se vai dar uma passada lá em casa hoje?
— Se eu disser que vou, você para de me seguir? —
Ele ponderou sobre a minha condição e então assentiu.
— Sim.
— Então eu vou.
— Quando? — Soltei um suspiro.
— Hoje à noite. Vou passar lá hoje à noite. —
Arthur sorriu e parou de andar por um instante.
— Legal. A gente se vê depois então, Flor. — ele me
disse.
Virei uma esquina e vi Melanie parada com Finch do
lado de fora do nosso dormitório. Nós três acabamos ficando na mesma mesa
durante a orientação aos calouros, e eu soube na hora que ele seria o
providencial terceiro elemento da nossa amizade. Ele não era muito alto, mas
passava bem dos meus 1,62 metro. Os olhos redondos equilibravam as feições
longas e esguias, e os cabelos descoloridos geralmente estavam espetados na
parte da frente.
— Arthur Aguiar? Meu Deus, Lua, desde quando você
começou a pescar nas profundezas do oceano? — Finch perguntou, com um olhar de
desaprovação. Melanie puxou o chiclete da boca, fazendo um fio bem longo.
— Você só está piorando as coisas ao rejeitar o cara.
Ele não está acostumado com isso.
— O que você sugere que eu faça? Durma com ele? —
Melanie deu de ombros.
— Vai poupar tempo.
— Eu disse pra ele que vou lá hoje à noite. —
Finch e Melanie trocaram olhares de relance.
— Que foi? Ele prometeu parar de me encher se eu
dissesse que ia. Você
vai lá hoje à noite, não é?
— É, vou — disse Melanie. — Você vem mesmo?
Sorri e fui andando. Passei por eles e entrei no
dormitório, me perguntando se Arthur cumpriria a promessa de não flertar
comigo. Não era difícil sacar qual era a dele: ou ele me via como um desafio,
ou como sem graça o bastante para ser apenas uma boa amiga. Eu não tinha
certeza de qual das alternativas me incomodava mais.
Quatro horas depois, Melanie bateu à minha porta para
me levar aténo apartamento do Chay e do Arthur. Ela não se conteve quando
apareci no corredor.
— Credo, Lua! Você está parecendo uma mendiga
— Que bom. — eu disse, sorrindo para o meu visual.
Meus cabelos estavam aglomerados no topo da cabeça em
um coque bagunçado. Eu tinha tirado a maquiagem e substituído às lentes de
contato por óculos retangulares de aros pretos. Vestindo uma camiseta bem velha
e gasta e uma calça de moletom, eu me arrastava em um par de chinelos. A ideia
me viera à mente horas antes: parecer desinteressante era a melhor estratégia.
O ideal seria que Arthur perdesse instantaneamente o interesse em mim e
colocasse um ponto final em sua ridícula persistência. E, se ele estivesse em
busca de uma amiga, meu objetivo era parecer desleixada demais até para isso.
Melanie baixou a janela do carro e cuspiu o chiclete.
— Você é óbvia demais. Por que não rolou no cocô de
cachorro para completar o visual?
— Não estou tentando impressionar ninguém. — falei.
— É óbvio que não.
Paramos o carro no estacionamento do conjunto de
apartamentos onde o Chay morava e segui Melanie até a escadaria. Ele abriu a
porta, rindo enquanto eu entrava.
— O que aconteceu com você?
— Ela está tentando não impressionar. — disse Melanie.
Ela seguiu Chay em direção ao quarto dele. Eles
fecharam a porta e eu fiquei ali parada, sozinha, me sentindo deslocada.
Sentei-me na cadeira reclinável mais próxima da porta e chutei longe os
chinelos. Em termos estéticos, o apartamento deles era mais agradável do que um
apartamento típico de homens solteiros. Sim, os previsíveis pôsteres de
mulheres seminuas e sinais de rua roubados estavam nas paredes, mas o lugar era
limpo, os móveis, novos, e o cheiro de cerveja velha e roupa suja notavelmente
não existia.
— Já estava na hora de você aparecer. — disse Arthur,
se jogando no sofá. Sorri e ajeitei os óculos, esperando que ele recuasse
diante da minha aparência.
— A Melanie teve que terminar um trabalho da
faculdade.
— Falando em trabalhos de faculdade, você já começou
aquele de história? — Ele
nem pestanejou ao ver meu cabelo despenteado, e franzi a testa com a reação
dele.
— Você já?
— Terminei hoje à tarde.
— Mas é pra ser entregue só na próxima quarta-feira. —
falei, surpresa.
— Achei melhor fazer logo. Um ensaio de duas páginas
sobre o Grant não é tão difícil assim.
— Acho que sou dessas que ficam adiando — dei de
ombros. — Provavelmente
só vou começar no fim de semana.
— Bom, se precisar de ajuda, é só me falar. —
Esperei que ele desse risada ou fizesse algum sinal de
que estava brincando, mas sua expressão era sincera. Ergui uma sobrancelha.
— Você vai me ajudar com o meu trabalho.
— Eu só tiro A nessa matéria. — ele disse, um pouco
ofendido com a minha descrença.
— Ele tira A em todas as matérias. Ele é uma droga de
um gênio! Odeio esse cara. — disse Chay, enquanto levava Melanie pela mão até a
sala de estar. Fiquei olhando para o Arthur com uma expressão dúbia e ele
ergueu as sobrancelhas.
— Que foi? Você não acha que um cara cheio de
tatuagens e que ganha dinheiro brigando pode ter boas notas? Não estou na
faculdade por não ter nada melhor pra fazer.
— Mas então por que você tem que lutar? Por que não
tentou uma bolsa de estudos? — perguntei.
— Eu tentei. Consegui meia bolsa. Mas tem os livros,
as despesas com moradia, e tenho que conseguir a outra metade do dinheiro de
algum jeito. Estou falando sério, Flor. Se precisar de ajuda com alguma coisa,
é só me pedir.
— Não preciso da sua ajuda. Consigo fazer um trabalho
sozinha. — Eu
queria deixar aquilo pra lá. Devia ter deixado, mas aquele novo lado dele me
matava de curiosidade.
— Você não consegue fazer outra coisa para ganhar
dinheiro? Menos… sei lá… sádica? — Arthur deu de ombros.
— É um jeito fácil de ganhar uma grana. Não
conseguiria tanto assim trabalhando no shopping.
— Eu não diria que é fácil apanhar.
— O quê? Você está preocupada comigo? — ele deu uma
piscadela. Fiz uma careta e ele deu uma risadinha abafada. — Não apanho com
tanta frequência assim. Quando o adversário dá um golpe, eu desvio. Não é tão
difícil como parece. — Dei
risada.
— Você age como se ninguém mais tivesse chegado a essa
conclusão.
— Quando dou um soco, eles levam o soco e tentam me
bater de volta. Não é assim que se ganha uma luta. — Revirei os olhos.
— Quem é você… o garoto do Karate Kid? Onde aprendeu a
lutar? — Chay e
Melanie olharam de relance um para o outro e depois para o chão. Não demorou
muito para eu perceber que tinha dito algo errado. Arthur não pareceu se
incomodar.
— Meu pai tinha problemas com bebida e um péssimo
temperamento, e meus quatro irmãos mais velhos herdaram o gene da idiotice.
— Ah. — Minhas orelhas ardiam.
— Não fique constrangida, Flor. Meu pai parou de beber
e meus irmãos cresceram.
— Não estou constrangida. — Fiquei mexendo nas mechas que se desprendiam do meu
cabelo e então decidi soltar tudo e fazer outro coque, tentando ignorar o
silêncio embaraçoso.
— Gosto desse seu lance natural. As garotas não
costumam vir aqui assim.
— Fui coagida a vir até aqui. Não me passou pela
cabeça impressionar você. — respondi, irritada por meu plano ter falhado.
Ele abriu aquele sorriso largo dele, divertido, meio
infantil, e fiquei com mais raiva, na esperança de disfarçar minha inquietação.
Eu não sabia como as garotas se sentiam quando estavam perto dele, mas tinha
visto como se comportavam. Eu estava vivenciando algo mais parecido com uma
sensação de náusea e desorientação, em vez de paixonite mesclada com risadinhas
tolas, e, quanto mais ele tentava me fazer sorrir, mais perturbada eu ficava.
— Já estou impressionado. Normalmente não tenho para
que as garotas venham até o meu apartamento.
Hello Hello :)
Meninas, adorei os comentários de vocês no capítulo anterior. Fico muito feliz, que estejam gostando da nova fic.
Com mais 7 comentários, posto o próximo capítulo.
Maravilhoso capítulo!
ResponderExcluirAmando!!
Ass:lê
Eu já li o livro e a adaptação está ficando muito boa!
ResponderExcluirRubia
Lua se surpreendeu com o Arthur!! Já quero mais
ResponderExcluirHelena
Ê, Luinha, acho que seu plano falhou hauahauusah
ResponderExcluirPlano da Luinha falhou kkkkk posta mais
ResponderExcluirTambém já li o livro e estou realmente amando a adaptação.
ResponderExcluirQuero muito maiis!!
Juuh
Lu, seu plano infelizmente falhou, sinto muito, ou melhor, quem eu estou tentando enganar? Não sinto porra nenhuma quero mais que vocês se peguem logo hauahauauasu
ResponderExcluir+++++++++++++++++
ResponderExcluirIncrível ♥♥♥
ResponderExcluirKkkkk
ResponderExcluirEsses dois são engraçados
Posta mais
Acho que sua missão de apenas 7 comentários falhou , Hahhah , Vc teve mais q isso ! E isso é bom !!!! Amando
ResponderExcluirSó dois capítulos e eu já to apaixonada pela web! 😍 tava louca pra ler esse livro, agora cm a web, é melhor pra eu saber a história e n ficar tão curiosa kkkkk continua! ❤
ResponderExcluirSó dois capítulos e eu já to apaixonada pela web! 😍 tava louca pra ler esse livro, agora cm a web, é melhor pra eu saber a história e n ficar tão curiosa kkkkk continua! ❤
ResponderExcluirMuito bom ou melhor ótimo,posta mais ❤️
ResponderExcluirAmeii, muito bom!!
ResponderExcluirBy: Naat'