Peça-me o que quiser agora e sempre - 2º temp. - 136º,137º, 138º e 139º Capítulo (Adaptada)

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Capítulo 136:
Minha pergunta o surpreende. Eu o conheço e dá pra ver isso nos seus olhos. Mas, como estou histérica, não lhe dou trégua e insisto:
— Por que você disse a Flyn que talvez eu fosse embora daqui? Por acaso é isso que você vai me pedir e já está preparando o garoto?
Faz cara de surpresa.
— Eu não disse nada disso a Flyn. Do que você está falando?
— Não acredito em você.
Ele não responde. Me olha, me olha e me olha, mas acaba dizendo:
— Não sei o que fazer contigo, Lu. Te amo, mas você me enlouquece. Preciso de você, mas você me deixa desesperado. Te adoro, mas...
— Seu babaca...!
Levanta-se da mesa e exclama com expressão contraída:
— Chega! Para de me ofender!
— Babaca, babaca e babaca!
Meu Deus, como estou exagerando! Mas fazer o quê, né? Depois de três dias sem falar com ele, virei um tsunami.
Arthur me olha furioso. Tomo ainda mais coragem e o recrimino desaforada:
— Você deveria mudar seu nome para Senhor Perfeito. Que foi? Você não erra nunca? Ah, não, o senhor Aguiar é Deus!
— Quer calar a boca e me escutar? Preciso te dizer uma coisa e quero te pedir que...
— Quer me pedir pra eu ir embora, né? Só falta eu descumprir mais uma regra pra você me expulsar de novo da sua vida.
Não responde. Nos olhamos como rivais.
Meu desejo é beijá-lo. Mas não é o momento para isso. Então a porta do escritório se abre e Björn aparece com uma garrafa de champanhe. Olha para nós dois e, antes de dizer qualquer coisa, chego perto dele, seguro seu pescoço e beijo seus lábios.
Enfio a língua na sua boca, e ele me olha com espanto. Não entende o que estou fazendo. Em seguida me viro para Arthur e digo diante da expressão de incredulidade de Björn:
— Acabo de descumprir uma regra super importante: a partir de agora, minha boca não é mais sua.
A cara de Arthur é indescritível. Sei que não esperava isso de mim. E, diante do olhar assustado de Björn, explico:
— Vou facilitar para você. Não precisa me expulsar, porque agora quem decidiu ir embora fui eu. Vou juntar minhas coisas e desaparecer da sua casa e da sua vida pra sempre. Estou por aqui contigo. Cansei de ter que esconder as coisas de você. Cansei das suas regrinhas. Cansei! — grito. Mas, antes de sair e com a respiração entrecortada, digo: — Só vou te pedir um último favor: preciso que seu avião me leve pra Madri, junto com minhas coisas e Susto. Não quero colocar o Susto numa gaiola e no compartimento de carga de um avião e...
— Por que não cala a boca? — diz Arthur, furioso.
— Porque não estou a fim.
— Crianças, por favor, acalmem-se — pede Björn. — Acho que vocês estão exagerando e...
— Fiquei calada — prossigo, ignorando Björn e olhando para Arthur — durante quatro dias e você não estava nem aí pro que eu poderia estar pensando ou sentindo. Não se importou com a minha dor, minha raiva ou minha frustração. Então não vem agora me pedir pra calar a boca, porque não vou te obedecer.
Björn nos observa sem saber o que fazer e Arthur murmura:
— Por que está falando tanta bobagem?
— Pra mim não é.
Tensão. Nos encaramos exasperados e meu alemão pergunta:
— Por que você vai levar o Susto?
Fervendo de raiva, me aproximo dele.
— Que foi agora? Vai querer lutar pela guarda do cachorro?
— Nem você nem ele vão embora. Esquece isso!
Depois do seu grito, levanto a cabeça, afasto o cabelo do rosto e esclareço:
— Tudo bem, então. Já vi que você não vai me emprestar seu maldito jatinho particular. Ótimo! Susto fica contigo. Logo, logo, eu encontro um jeito de buscá-lo, porque me recuso a deixá-lo junto com a carga do avião. Mas fique você sabendo que no domingo eu estou de partida.
— Então vai, sua desgraçada! Se manda! — grita descontrolado.
Sem dizer mais nada, saio do escritório sentindo meu coração dilacerado.
À noite durmo no quartinho. Arthur não me procura. Não se preocupa comigo e isso me desanima completamente. Conseguiu o que queria. Facilitei sua vida ao decidir eu mesma ir embora. Deitada no tapete felpudo junto com Susto, fico olhando pela porta de vidro, enquanto me dou conta que minha linda história de amor com esse alemão chegou ao fim.
No dia seguinte, quando Arthur sai para trabalhar, estou morta. O tapete é super macio, mas minhas costas estão doendo à beça. Quando entro na cozinha, Simona, sem saber do meu sofrimento, me dá bom dia. Tomo o café em silêncio, até que lhe peço para sentar ao meu lado. Assim que conto que vou embora, seu rosto se contrai e, pela primeira vez desde que cheguei aqui, vejo a mulher chorar copiosamente. Nos abraçamos.
Passo horas recolhendo minhas coisas pela casa. Guardo fotos, livros, CDs, e cada vez que fecho uma caixa, meu coração fica mais apertado. À tarde, combino de encontrar Sophia no bar de Arthur. Quando conto que estou de partida, ela diz, surpresa:
— Peraí... meu irmão é mesmo idiota?
Sua espontaneidade me faz sorrir. Tento acalmá-la e respondo:
— É melhor assim, Sophia. Está bem claro que eu e seu irmão nos amamos, mas somos completamente incapazes de solucionar nossos problemas.
— Você e meu irmão, não. Meu irmão! — insiste ela. — Conheço esse cabeça-dura.
Se você vai embora, com certeza é porque ele não tem sido nada fácil. Mas te juro pela minha mãe que ele vai me ouvir. Vou dizer umas poucas e boas. Como pode te deixar ir embora? Como?!
Frida também fica triste e conversamos por horas. Consolamos umas às outras, enquanto Daniel aparece para trazer bebidas geladas. Não tem ideia do que está acontecendo. A única coisa que sabe é que passamos do choro ao riso e do riso ao choro com a mesma facilidade.
De repente, me lembro de uma coisa. Olho o relógio. Hoje é sexta e são 19h20.
— Sabem onde fica a Trattoria de Vicenzo?
— Está com fome? — estranha Sophia.
Comento que a esta hora sei que Betta vai estar lá.


Capítulo 137:
— Ah, não! — diz Frida ao captar meu olhar. — Nem pense! Se Arthur souber, vai ficar mais puto ainda contigo e...
— E o quê? — pergunto. — Que diferença faz agora?
Nós três nos entreolhamos e, como umas bruxas, desatamos a rir. Pegamos o carro de Sophia e vinte minutos depois já estamos em frente à trattoria. Bolamos um plano.
Desta vez Betta vai saber quem é Lua Blanco e do que sou capaz.
Entramos no restaurante e dou uma olhada ao redor procurando por ela. Como imaginava, está numa mesa com várias pessoas. Fico observando por um tempo.
Parece animada e feliz.
— Lua, se você quiser, podemos desistir — sussurra Sophia.
Nego com a cabeça. Vou levar a vingança até o fim. Ando com determinação até a mesa, e, quando Betta nos vê, fica pálida. Sorrio e pisco para ela. Não presto! E então Frida diz:
— Betta, você por aqui!
— Caramba, que coincidência! — digo, rindo, e Betta fecha a cara.
As outras pessoas na mesa olham na nossa direção e eu me apresento.
— Meu nome é Lua Blanco e sou espanhola também, como Betta. — Todos acenam e com um sorriso meigo e angelical, digo: — Prazer em conhecê-los.
Eles sorriem e, sem perder tempo, pergunto:
— Um passarinho me contou que hoje alguém ia te fazer uma pergunta importante. É verdade que te pediram em casamento?
Com um sorrisinho sem graça, ela faz que sim e seu noivo, um homem não exatamente jovem, afirma todo alegre:
— Sim, senhorita. E essa mulher linda aceitou. — Pegando a mão dela, continua: — De fato, minha mãe acabou de lhe dar o anel de compromisso da família, uma verdadeira joia.
Os convidados aplaudem. Eu, Sophia e Frida também. Todos sorriem e nos oferecem taças de champanhe. Sorridentes, aceitamos e bebemos. Abrem espaço na mesa. Nos sentamos com eles, e Betta me observa. Eu sorrio e, olhando para seu futuro marido, digo:— Raimon, ela sim é que é uma joia... uma autêntica joia.
O homem concorda, orgulhoso. Achando graça de tudo, me junto às minhas duas cúmplices e incentivamos todo mundo a gritar: “Beija, beija, beija!”
Betta me olha furiosa, enquanto aplaudo curtindo a situação, até que por fim eles se beijam. Faço um sinal de aprovação e digo com voz angelical:
— E quem é o primo Alfred?
Um cara da minha idade ergue a mão e, olhando para ele, solto:
— Contou ao Raimon que você também dorme com a Betta? Acho que ele merece saber, embora esteja tudo em família.
As caras de todos mudam. Raimon, o noivo, se levanta e pergunta:
— O que você disse, moça?
Apoio a mão no ombro do coitado do Raimon, me levanto e sussurro tristemente:
— Vamos, Alfred. Conta pra ele!
Todos olham para o rapaz envergonhado, e Frida insiste:
— Vamos lá, Alfred... é seu primo. É o mínimo que você pode fazer.
Betta está vermelha. Não sabe onde se enfiar, e os seus ex-futuros sogros exigem que ela devolva o anel da família. Radiante, viro para Raimon e observo:
— Sei que essa notícia deve ser um baque, mas com o tempo você vai me agradecer, Raimon. Essa mulher só ia se casar pelo dinheiro. Ela vai pra cama com metade da Alemanha. E, antes que você pergunte, sim, eu posso te provar.
Fora de si, Betta se levanta e grita enquanto a mãe de Raimon puxa seu dedo para recuperar o anel.
— Mentira, isso é mentira! Raimon, não dê ouvidos a ela!
Sophia, que estava calada até agora, sorri com malícia e aponta:
— Betta... Betta... nós te conhecemos. — E, voltando-se para as outras pessoas da mesa, revela: — Meu irmão se chama Arthur Aguiar, saiu com Betta um tempo, mas terminou com ela quando a flagrou com o pai dele na cama. O que acham disso? Coisa feia, né?
Indignados, todos se levantam para pedir explicações. Frida murmura:
— Ai, Betta, quando é que você vai aprender?!
Raimon está furioso. Seus pais e os outros convidados não conseguem acreditar no que escutam. Alfred não sabe onde enfiar a cara. Todos gritam. Todos opinam. Betta não consegue dizer nada e então, sem tocá-la, chego perto dela e digo em espanhol:
— Te avisei. Te disse que comigo ninguém mexe, sua vadia! Volte a se aproximar de Arthur, da família dele, dos amigos ou de mim, e eu juro que te escorraçam da Alemanha.
Em seguida, eu, Frida e Sophia vamos embora do restaurante. Minha vingança está completa. Com a adrenalina a mil, decidimos ir dançar no Guantanamera. Não quero voltar para casa. Não quero ver Arthur, e um pouquinho de salsa cubana vai me fazer bem.

Capítulo 138:


Acordo no dia seguinte com uma ressaca monstruosa, pois a noite foi maravilhosa e só dormi algumas horas na casa de Sophia. Quando chego à casa de Arthur, e ele me vê entrar com os óculos escuros na cara, vem na minha direção e pergunta furioso:
— Posso saber onde você dormiu?
Surpresa, levanto a mão e respondo:
— No meio da rua eu te garanto que não foi.
Ele xinga e resmunga. Dá para perceber o quanto estava preocupado. Não dou bola.
Caminho decidida, enquanto sinto seus passos atrás de mim. Está furioso. Assim que entro no meu quartinho, bato a porta na cara dele. Isso deve tê-lo irritado muito. Fico esperando que ele entre e grite comigo, mas não é o que acontece. Ótimo! Não estou a fim de ouvir seus chiliques. Hoje não.
Tento ser forte enquanto termino de arrumar minhas coisas nas caixas de papelão.
Não vou chorar. Chega de ficar chorando e chorando por causa do Iceman. Se ele não me dá valor, não tenho motivo para sofrer por ele. Preciso acabar de arrumar tudo o quanto antes. Logo que fecho uma caixa de livros, decido subir até meu quarto. Tenho muitas coisas aqui. Por sorte, não encontro Arthur. Quando entro no quarto, suspiro ao ver que ele também não está lá. Deixo algumas caixas e vou atrás de Flyn.
O garoto se alegra ao me ver, mas, quando se dá conta de que estou me despedindo, sua cara muda completamente. Me dirige um olhar duro e diz:
— Você tinha me prometido que não iria embora.
— Eu sei, meu amor. Sei que te prometi, mas às vezes as coisas entre os adultos não saem como o previsto e, no fim, se complicam mais do que você imaginava.
— A culpa é toda minha — diz, com a carinha triste. — Se eu não tivesse pegado o skate, não teria caído, e você e o tio não teriam brigado.
Eu o abraço, aninhando-o. Nunca poderia imaginar que ele choraria por minha causa.
Tentando segurar as lágrimas, garanto:
— Escuta, Flyn. Você não tem culpa de nada, querido. Eu e seu tio...
— Não quero que você vá embora. Eu me divirto contigo, você é... é boa pra mim.
— Ouça, meu amor.
— Por que você tem que ir?
Sorrio com tristeza. Ele não quer me escutar, e eu não consigo lhe explicar por que estou partindo. No fim, enxugo as lágrimas do seu rosto e tento animá-lo:
— Flyn, você sempre me mostrou que é um rapazinho tão forte quanto seu tio.
Agora vai precisar ser assim outra vez, combinado? — O garoto confirma com a cabeça e continuo: — Cuida bem do Calamar. Não se esquece que ele é seu super amigo e super mascote, e dá muito carinho pro Susto, promete?
— Prometo.
Seus olhos vidrados me partem o coração. Dou um beijo na sua bochecha e continuo:
— Escuta, querido. Prometo que venho te visitar logo, combinado? Vou ligar pra Sónia e ela vai ajudar a gente a se encontrar, você quer?
O garoto levanta o polegar, eu levanto o meu, juntamos os dois e batemos uma palma. Isso nos faz rir. Dou-lhe um abraço e um beijo e, com o coração apertado, saio do quarto.
Não consigo respirar direito. Levo a mão ao peito e por fim consigo que me entre um pouco de ar. Por que tudo tem que ser tão triste? Abro o armário e observo todas as coisas lindas que Arthur comprou para mim. Penso um pouco e decido levar apenas o que trouxe de Madri. Ao pegar minhas botas pretas, vejo uma bolsa e, assim que abro, sorrio com melancolia ao encontrar minha fantasia de policial durona. Nem cheguei a estreá-la. Por um motivo ou outro, acabei não vestindo essa roupa para Arthur. Eu a meto numa das caixas, junto com meus jeans e minhas camisetas. Depois entro no banheiro e pego minhas maquiagens e meus cremes. Nada mais ali é meu.
De volta ao quarto, ando até a mesinha de cabeceira. Esvazio uma gaveta e encontro os brinquedos sexuais. Toco na joia anal com a pedra verde. Nos vibradores.
Nos enfeites para os mamilos. Não quero todo esse arsenal, que me faria lembrar dele.
Fecho a gaveta. Deixo os objetos ali dentro. Meus olhos estão cheios d’água. Momento dramático! Tudo por causa do abajur que Arthur me deu de presente há alguns meses na feirinha de Madri e com o qual não sei o que fazer. Fico só olhando, olhando e olhando.

Foi ele que comprou os dois. Por fim, decido levar comigo. É meu.


Capítulo 139:


Me viro e Arthur está me observando da porta. Está lindo com sua calça jeans de cintura baixa e uma blusa preta. Está meio abatido. Preocupado. Mas imagino que estou igual. Não sei há quanto tempo estava ali. O que sei é que seu olhar é frio e impessoal. É como ele fica quando não quer demonstrar o que está sentindo. Não pretendo discutir, não estou com vontade. E, olhando para ele, comento:
— Convenhamos, esses abajures nunca combinaram com a decoração do seu quarto. Se você não se importar, vou levar o meu.
Concorda. Entra no quarto e diz ao tocar no seu abajur:
— Leva. É seu.
Mordo o lábio. Guardo o abajurzinho na caixa e o ouço dizer:
— Foi isso que sempre me chamou a atenção em você, o fato de ser totalmente diferente de tudo que me cerca.
Não respondo. Não consigo. Então, num tom mais calmo, Arthur afirma:
— Lua, sinto muito que tudo acabe assim.
— Eu sinto mais ainda, pode ter certeza — digo.
Ele anda pelo quarto. Está nervoso. Até que finalmente pergunta:
— Podemos conversar um momento como adultos?
Engulo o choro engasgado na minha garganta e respondo que sim. Já não me chama de “pequena”, nem “moreninha”, nem “querida”. Agora fala “Lua” com todas as letras. Cada um de nós está de um lado da cama. Nossa cama. É o lugar onde nos amamos, nos desejamos e nos beijamos. Arthur começa:
— Escuta, Lua. Não quero que você fique sem trabalho por minha causa. Falei com Gerardo, o chefe do RH da Müller em Madri, e você vai poder assumir novamente a função que ocupava quando nos conhecemos. Como não sei quando você vai querer voltar, eu disse a ele que no prazo de um mês você vai entrar em contato pra pegar essa vaga outra vez.
Discordo com a cabeça. Não quero trabalhar de novo na sua empresa. Mas Arthur continua:
— Lua, seja adulta. Uma vez você me disse que seu amigo Miguel precisava do emprego pra pagar as contas, ter o que comer e poder viver. Você tem que fazer a mesma coisa, e com o desemprego e a crise na Espanha vai ser muito difícil pra você conseguir um trabalho decente. Esse departamento está com chefe novo e tenho certeza de que você não terá problema algum com ele. Quanto a mim, não se preocupe. Você não vai precisar me encontrar. Já te aborreci o suficiente.
Essa parte final me dói. Sei que ele disse isso pelo que gritei naquela noite, mas não digo nada. Apenas escuto. Minha cabeça não para, fica remoendo tudo, mas sei que ele está certo. Novamente está certo. Contar com um trabalho hoje em dia não é algo que esteja ao alcance de todo mundo. Não posso me dar ao luxo de recusar a oferta.
— Está bem. Vou falar com Gerardo.
— Espero que você retome sua vida, Lua, porque eu vou retomar a minha. Como você mesma disse quando beijou Björn, não sou mais o dono da sua boca nem você da minha.
— E por que isso agora?
Com o olhar cravado em mim e mudando o tom de voz, ele diz:
— É que agora você pode beijar quem te der na telha.
— Você também. Espero que jogue muito.
— Não tenha dúvida — comenta com um sorriso frio.
Nos olhamos e, quando não estou mais aguentando, saio do quarto sem me despedir. Não consigo. As palavras não saem da minha boca. Desço a escada a todo o vapor e chego ao meu quartinho. Fecho a porta e então, só então, me permito desabafar com um monte de palavrões.
Essa noite, quando já está tudo encaixotado, aviso a Simona que um caminhão passará às seis da manhã para levar as coisas ao aeroporto. Vinte caixas chegaram de Madri. Vinte voltarão. Com tristeza, pego um envelope e uma caneta para fazer a última coisa me resta nessa casa. Escrevo “Arthur”, arranjo um pedaço de papel e, depois de pensar no que escrever, rabisco simplesmente “Adeus e se cuida”. Melhor algo impessoal.
Solto a caneta e olho para minha mão. Está tremendo. Tiro o lindo anel que já lhe havia devolvido outra vez e leio o que está escrito na parte de dentro: “Peça-me o que quiser, agora e sempre.”
Fecho os olhos.
O “agora e sempre” não foi possível para a gente.
Aperto o anel na palma da minha mão e por fim, com o coração partido, ponho no envelope. Meu celular toca. É Sónia. Está preocupada e me espera na sua casa.
Dormirei lá minha última noite em Munique. Não posso nem quero dormir sob o mesmo teto que Arthur. Quando chego à garagem e tiro a moto, Norbert e Simona vêm até mim.
Com um sorriso forçado, eu os abraço e entrego a Simona o envelope com o anel para entregar a Arthur. A mulher soluça e Norbert tenta consolá-la. Minha partida os entristece.
Me acolheram com tanto carinho quanto eu a eles.
— Simona — me esforço para brincar —, daqui a alguns dias eu te ligo e você me conta como anda Loucura Esmeralda, ok?
Ela balança a cabeça e se esforça para sorrir, mas acaba chorando mais ainda.
Dou-lhe um último beijo e me preparo para sair, quando, assim que ergo o olhar, vejo Arthur nos observando da janela do nosso quarto. Olho para ele. Ele me olha. Meu Deus... como amo esse homem! Levanto a mão e dou tchau. Ele faz o mesmo.
Instantes depois, com a frieza que aprendi com ele próprio, me viro, subo na moto e vou embora sem olhar para trás.

Nessa noite não consigo dormir. Fico olhando para o vazio e esperando o despertador tocar.

9 comentários:

  1. Tão lindoo , chorei viu n aguentei .

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  2. Choreiiiiii... N esperava esse termino!!! Arthur como sempre frio, ele nunca vai lutar por lua de verdade.. Tem q ficar com a vaca da betta.. E agora como vai ser??? Posta maisss!!!!!

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  3. Ta certa Luh ! Vá viver sua vida... Mais por favor volte pro nosso Alemão

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  4. Ai que dor, a Lua sempre provoca e se arrepende, pelo menos sei que eles ainda voltam.... Posttaaa maiiis...

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  5. Chorei d++++ ,a lua ta coberta de razao ele proibe ela de tudo e ela nao faz isso cm ele ,fiquei triste por eles terminarem,vai demorar pra eles voltarem?

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  6. chorei esses 2 cabeças duras affs VOLTA logo ´pro teu Iceman e Iceman volta loog pra moreninha

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  7. Chorei e amei o capítulo... Mais ❤️

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  8. Lua ta certa se baixar a guarda pra ele agora ela se perde e vira uma Lua controla pelas vontades dele, amando e querendo uma reconciliação já kkkkk Raquel

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