Peça-me o que quiser (Adaptada)- Capítulos 72 e 73

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Capítulo 72:


Na sexta-feira, assim que acordo, olho para o relógio digital na mesinha de cabeceira.

São 13h07. Dormi várias horas direto.

Como minha irmã não sabe que estou de volta, ela não apareceu aqui em casa e, por alguns segundos, isso me deixa feliz. Não quero dar explicações.

Quando saio do quarto, a primeira coisa que procuro é o celular. Está na minha bolsa, e no silencioso. Há duas chamadas perdidas da minha irmã, duas de Fernando e doze de Arthur. Caramba!

Não respondo a nenhuma. Não quero falar com ninguém.

Minha raiva toma conta de mim outra vez e eu decido fazer uma limpeza geral.

Quando estou de mau humor, faço uma faxina que é uma maravilha.

Às três da tarde, minha casa está uma bagunça.

Roupa de um lado, água sanitária de outro, móveis fora do lugar... mas não estou nem aí. Sou a rainha desta casa e quem manda aqui sou eu. De repente, sinto vontade de passar roupa. Inacreditável, mas é verdade. Pego a tábua, ligo o ferro na tomada e separo várias peças de roupa. Cantarolando a música que toca no rádio, acabo esquecendo o que me atormentava: Arthur.

Passo um vestido, uma saia, duas blusas e, quando estou passando uma camisa polo, meus olhos se detêm numa bolinha vermelha que está no chão. Logo me lembro de Trampo, meu Trampo, e meus olhos se enchem de lágrimas até que solto um grito.

Acabo de me queimar com o ferro no antebraço e está doendo à beça.

Olho nervosa para a queimadura.

Meu antebraço está vermelho como a camisa da seleção espanhola e consigo até ver o contorno e os furinhos do ferro na minha pele. Está doendo... está doendo... está

doendo... Doendo muito! Fico na dúvida entre lavar com água ou botar pasta de dentes, enquanto caminho dando pulinhos pela casa. Sempre ouvi falar desses remédios, mas não sei se funcionam. Por fim, morrendo de dor, decido correr para o hospital.

Às sete da noite eu finalmente sou atendida.

Viva a rapidez dos prontos-socorros!

Minha dor é tanta que chego a ver estrelas. Uma médica adorável passa com delicadeza um líquido na queimadura e faz um curativo no meu braço. Me receita analgésicos e me manda para casa.

Com uma dor insuportável e o braço enfaixado, procuro uma farmácia.

Como sempre nesses casos, a mais próxima fica a mil quarteirões de onde estou. Após comprar o que preciso, volto para casa. Estou exausta, irritada e cheia de dor. Mas, quando chego ao portão da frente, ouço uma voz atrás de mim.

— Não vá embora de novo sem me avisar.

Sua voz me paralisa.

Me irrita mas também me conforta. Eu precisava ouvi-la.

Me viro e vejo que o homem que me tira dos eixos está a apenas um metro de mim.

Sua expressão é séria e, sem saber por quê, levanto o braço e digo, com os olhos cheios de lágrimas:

— Me queimei com o ferro de passar e está doendo pra caramba.

Sua cara muda.

Olha o curativo no meu braço. Depois olha para mim e eu noto que ele perdeu toda a seriedade. Iceman acaba de ir embora para dar lugar a Arthur. O Arthur que eu adoro.

— Meu Deus, pequena, vem cá.

Chega perto dele e sinto que me abraça com cuidado para não encostar na queimadura. Meu nariz fica impregnado de seu cheiro e me sinto a mulher mais feliz do mundo. Durante alguns minutos, permanecemos nessa posição até que eu me mexo e então ele aproxima sua boca dos meus lábios e me dá um beijo rápido mas doce e carinhoso.

Nunca me beijou assim, e isso me deixa completamente boba.

— O que houve? — pergunta.

Volto a mim e sorrio.

Me beijou com ternura!

Entrego as chaves da minha casa para que ele próprio abra.

— A fechadura do portão está quebrada... tem que puxar a porta.

Desvio os olhos de mim e faz o que peço. Depois pega minha mão e subimos juntos o elevador. Ao abrir a porta de casa, vejo que olha ao redor e murmura:

— Mas... o que aconteceu aqui?

Sorrio. Sorrio como uma idiota, como uma boba.

— Limpeza geral — respondo, olhando o caos que nos cerca. — Quando estou de mau humor, isso me relaxa.

Ele ri baixinho e depois eu ouço a porta se fechar. Quando deixo a bolsa no sofá, me esqueço da dor e me viro para ele.



Capítulo 73:



— O que você veio fazer aqui?

— Eu estava preocupado. Você foi embora sem avisar e...

Te deixei um bilhete e, o mais importante, em boa companhia.

Arthur olha para mim. Sinto seu rosto ficando tenso de novo.

— Não quero ouvir outra vez esse seu comentário humilhante de que você é minha puta. Porque é claro que você não é, Lu. Pelo amor de Deus! Nunca te vi nem vou te ver

dessa forma, ok? — Vou concordando com a cabeça, e ele continua: — Mas, Lu, você ainda não entendeu que sexo pra mim é um jogo e que você é minha peça mais importante?

— Você disse: sua peça!

— Quando digo “peça”... quero dizer que você é a mulher que mais me importa neste momento. Sem você, o jogo perde a graça. Que coisa, Lu, pensei que eu já tivesse deixado isso claro.

Por alguns minutos, ficamos em silêncio. A tensão no ambiente é tão concreta que tenho a sensação de poder cortá-la com uma faca.

— Olha, Arthur, isso não vai funcionar. É melhor sermos só amigos. Acho que, em termos profissionais, podemos trabalhar juntos, mas...

— Lu, eu nunca menti pra você.

— Eu sei — admito. — O problema aqui sou eu, não você. É que eu não estou me reconhecendo. Não sou a garota que você manipula como uma peça. Não... me recuso!

Não quero. Não quero saber nada sobre seu mundo, seus joguinhos, nem nada disso.

Acho... acho que o melhor é cada um voltar pra sua vida e...

— Tudo bem — diz.

Sua resposta me paralisa.

De repente quero discutir o assunto outra vez. Não quero que ele me leve a sério. Será que estou ficando louca?

Vejo a dor e a raiva em seus olhos, mas tento manter de pé o que acabo de dizer e me seguro para não abraçá-lo. Minha força de vontade desaparece quando estou perto dele, e preciso me manter firme, embora eu mesma me contradiga.

Sinto uma pontada no antebraço que me faz contrair o rosto, e dou um pulo.

— Meu Deeeeeus! Que dor! Porra! Poooooorra!

Ele enruga a testa e se levanta. Não sabe o que fazer enquanto eu continuo com minha sinfonia de gritos e palavrões. O braço está me matando.

— Está doendo muito?

— Sim. Vou tomar um analgésico senão te juro que vou ter um troço.

Meu braço lateja e a dor fica insuportável. Ando como uma louca pela sala até que Arthur me detém.

— Senta — ordena. — Vou chamar um amigo.

— Quem você vai chamar?

— Um amigo meu que é médico, pra ele dar uma olhada no seu braço.

— Mas já me examinaram no hospital...

— Mesmo assim. Vou ficar mais tranquilo se o Andrés te olhar.

Estou com tanta dor que nem consigo falar direito. Vinte minutos mais tarde, o interfone toca. Arthur atende e um minuto depois aparece o amigo dele. Cumprimentam-se e o recém-chegado fica observando o estado da casa. Em meio a risadas, Arthur cochicha:

— Lua estava fazendo uma faxina.

Eles se olham e sorriem. E, nesse momento, irritada com a dor no braço, murmuro:

— Venham, não façam cerimônia. Se acham que está tudo bagunçado, dou permissão para vocês arrumarem. A escova e o esfregão estão à inteira disposição de vocês.

Minha cara emburrada os faz sorrir.

Que gracinhas, os dois!

Por fim, o recém-chegado se aproxima:

— Oi, Lua, meu nome é Andrés Villa. Então, o que houve?

— Me queimei com o ferro de passar e estou morrendo de dor.

Faz que sim com a cabeça e pega uma tesoura.

— Me dá o braço.

Arthur senta ao meu lado.

Sinto sua mão protetora nas minhas costas e isso me reconforta. O médico abre o curativo com cuidado. Observa-o por um momento, pega uma espécie de soro e o despeja sobre minha ferida. Um alívio momentâneo me faz suspirar. Depois coloca umas gazes molhadas com esse líquido e fecha o curativo.

— Dói muito, né?

Balanço a cabeça concordando.

Não choro porque estou com vergonha, e ele percebe. Arthur também.

— Vou te dar uma injeção de analgésico. É a melhor forma de acabar com a dor. Esse tipo de ferida é chato mesmo. Mas fique calma, vai passar logo.

Não dou nem um pio.

Que ele injete em mim o que quiser, desde que acabe com essa dor horrível de uma vez por todas.

Enquanto ele me dá a injeção, eu o observo. Ele me olha e pisca um dos olhos com cumplicidade. Deve ter uns 30 anos. Alto, moreno e dono de um sorriso lindo. Quando acaba, fecha sua maleta, tira um cartão e me entrega enquanto nos levantamos.

— Para qualquer coisa, à hora que for, me ligue.

Olho para o cartão e leio “Doutor Andrés Villa” e um número de celular. Balanço a cabeça como uma idiota e enfio o cartão no armário da copa.

— Tudo bem, pode deixar.

Nesse momento, Arthur passa a mão pela minha cintura numa atitude que me parece possessiva, em seguida põe a mão no ombro de seu amigo e diz:

— Se ela precisar, eu te ligo.

Andrés sorri, Arthur me solta e os dois se dirigem à porta. Por alguns minutos, eu os ouço murmurar algo, mas não consigo entender o que é. Quero que a dor vá embora e essa é a única coisa que me interessa agora.

Me atiro de novo no sofá. A dor do meu braço começa a diminuir e sinto que volto a ser uma pessoa. Arthur retorna à sala e fala com alguém pelo celular enquanto olha pela janela. Fecho os olhos. Preciso relaxar.

Não sei quanto tempo fico nessa posição, até que ouço a campainha. É Tomás, motorista de Arthur, que veio entregar várias sacolas. Quando a porta se fecha, Arthur olha para mim.

10 comentários:

  1. Coitada da Lu,ainda bem que o Arthur foi atras dela,curiosaaa,maaais por favor

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  2. Posta mais hj ou amanha cedinho posta3,que perfeito assim que eu gosto do arthur td carinhoso

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  3. Mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais please

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  4. Posta mais , to viciada nessa web, se det, posta mais hoje e coloca 4 capitilos juntos pffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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  5. O Arthur vai casar com a lua em algum momento ou pelo menos namorarem *---* pvf responde estou drogada nessa fic

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  6. Esse Arthur tem duas faces, pq você é possível

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  7. Kkkkk Lua tenta dar um fora mais nem ela mesma quer se distanciar de Arthur kkkkkkk
    hmmm Arthur cuidadoso u.u
    adorandooooo

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