A Promessa - Penúltimo Capitulo

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                 Penúltimo Capitulo      
                              Dizem que nunca se pode voltar para casa. Mas não é a casa que muda. É o viajante.
                                                                                                                            Diário de Lua Maria Blanco

Hesitante, Arthur segurou a maçaneta, sem saber o que encontraria atrás dela, e ainda mais inseguro de qual seria sua reação. Relembrou a véspera de Natal do ano anterior, quando o casal desconhecido forçou-o a sair do apartamento com um taco de beisebol. A possibilidade de encontrá-los novamente era muito menos assustadora do que a perspectiva de ver Luana na cama, lutando para viver - e testemunhar a sua morte. Ou ela já teria morrido? Olhou para a alameda atrás de si, para quem sabe vislumbrar o carro de Lua, mas ele não estava mais lá.
Girou a maçaneta. Não se surpreendeu de encontrar a porta destrancada, achava que seria assim, pelo menos motivo que deveria estar ali. Abriu lentamente a porta, respirou fundo e deu um passo adiante, atravessando o umbral do tempo e selando o passado atrás de si.
Percorreu os olhos pela sala silenciosa. O apartamento estava exatamente da maneira como se lembrava dele. Sua mobília estava lá. Na parede da sala, sobre o sofá, encontrava-se a foto nupcial de Luana. Ele estava de volta. Dois mil e oito estava de volta. Onde estava Luana? Estaria viva? Precisava vê-la! Voltou-se para a porta aberta do quarto, e caminhou em sua direção lentamente. Em seguida, ouviu uma voz.
- Arthur?
Só então Luana saiu do quarto, seus cabelos jogados de lado enquanto ela punha um brinco. Vestia um suéter natalino de cores vivas, junto o suficiente para acentuar a pequena protuberância em sua barriga, estava mais linda do que nunca.
- Onde você esteve, amor?
Ele apenas fitou Luana e sua barriga, tentando esconder a emoção.
-  Você está bem.
Ela sorriu.
-  Claro que estou. Eu disse que era apenas um pequeno enjoo de fim de tarde. Onde você  esteve?
Ele a fitou.
- Eu... bem... fui dar uma caminhada.
- Sem o casaco?
Ele caminhou até ela e a abraçou com força, emocionado.
- Luana.
Ela riu.
- Cuidado, você vai me desarrumar. Agora vá logo se trocar ou nos atrasaremos para a festa da mamãe.
- Claro.
Ele foi até o quanto se trocar. Algumas coisas estavam iguais, algumas estavam diferentes. Havia roupas novas no armário, misturadas a outras que ele reconhecia. Vestiu calças de veludo e um suéter que nunca tinha visto. Quando saiu, Luana aguardava ao lado da porta, segurando um pequeno embrulho.
Ela olhou para ele.
- Eu adoro esse suéter. Não foi a mamãe que deu de presente de aniversário?
- Não me lembro.
- Acho que foi. Ela ficará feliz de vê-lo usando. Você está com as chaves?
- Não. Onde estão?
- Onde sempre ficam.
Arthur foi até a cozinha e ficou aliviado ao descobrir que as chaves estavam na mesma gaveta onde sempre as colocava.
- Vamos, Arthur, estamos atrasados.
- Estou indo - disse.
Luana deu a mão para ele enquanto saíam do apartamento.
- Foi tão gentil da sua parte, me abraçar daquele jeito. Não sei o que deu em você mas continue assim.
- Só estava pensando que, se algo acontecesse a você, nunca superaria perdê-la, eu amo  Você.
- Por que pensou nisso?
- Não sei - respondeu. Olhou de volta par ela. Luana parecia diferente. Pôde reconhecer na mulher a pequena menina. - Quantos anos você tinha quando foi diagnosticada com doença celíaca?
- Foi por acaso - respondeu. - Não sei. Era bem pequena, acho que tinha seis anos.
Ele assentiu.
- Seis - respondeu. - É claro.
Caía um pouco de neve quando saíram em direção ao carro. Arthur abriu a porta para Luana e depois entrou, ligou o aquecedor e saiu do estacionamento do prédio. As ruas estavam quase todas desertas, e ele virou na primeira travessa que encontraram.
- Para onde estamos indo?
- Pensei que estivéssemos indo para casa da sua mãe.
- A casa de mamãe não é por aqui.
Ele fez um retorno e então encostou no meio-fio.
- Desculpe, estou com muita dor de cabeça. Você se importa de dirigir?
- De modo algum.
Arthur saiu do carro e deu a volta, enquanto Luana deslizava para o banco do motorista. Ele entrou e colocou o cinto de segurança.
- Não sabia que você não estava se sentindo bem - comentou Luana. - Você está bem-disposto para a ceia?
- Ficarei bem.
Luana deu partida no carro, fez meia-volta, e em seguida rumou para o sul, em direção ao grande Cottonwood Canyon. Dez minutos depois, entraram em um condomínio fechado de grandes casas. Na estrada, havia um enorme portão, pintado com faixas amarelas e vermelhas e decorado com luzes natalinas, ao lado de uma guarita. O guarda uniformizado abriu a janela.
- Feliz Natal.
- Um feliz Natal para você - desejou Luana. - vamos á casa da minha mãe, os Montez.
Montez?
- Só um minuto, por favor. - O guarda pegou o interfone, falou com alguém e pediu para prosseguirem no momento em que o portão se abriu. Um minuto depois, Luana adentrou o portão de carros de um casarão feito de pedra, próximo do fim do condomínio.
A casa era imponente e cheia de portas, com uma enorme chaminé de pedra e grandiosas luminárias a gás ao longo da fachada, que tremulavam contra o céu cinzento de inverno. Arthur contemplou espantado tudo aquilo.
- Há quantos anos ela mora aqui?
- Desde que se casou com Diego.
Ele olho-a. Diego.
- Quanto tempo faz... - Luana perguntou a si mesma -, catorze anos? Acho que eu tinha dez ou onze anos.
Arthur examinou a construção.
- Eis ai uma grande casa - disse para si.
Luana estacionou o carro sob o pórtico de pedra que conduzia á entrada da casa.
- Tem certeza de que se sente bem? Caminhou muito no passeio que fez?
Você não faz ideia de quanto, pensou.
- Bastante.
- Bem, se precisar ir embora, apenas me avise. Mamãe irá compreender. A propósito, Diego retirou um tumor do braço e está todo enfaixado, caso você se pergunte.
- Ele está bem?
- Foi por precaução,Você sabe como a mamãe fica quando se trata de câncer.
Saíram do carro e caminharam Sob o comprido pórtico até a porta da frente Luana abriu-a, e revelou um hall de entrada iluminado, com piso de mármore, e ambos mergulharam em uma torrente de calor e luz.
- Mãe, pai, chegamos - falou alto.
Um homem bem-vestido e de aparência elegante adentrou o hall. Tinha um sorriso largo e agradável.
- Luana, Arthur, feliz Natal!
- Feliz Natal, papai! - respondeu Luana, correndo até ele. Abraçaram-se.
- Como vai, Arthur?
- Ótimo - disse. - Feliz Natal. - Apontou para as ataduras no braço de Diego. - Você está bem?
- Não é nada. O tumor era benigno, mas obrigada por perguntar. Você precisa provar um pouco do meu aperitivo. Acho que finalmente acertei a medida.
- Eu adoraria.
Diego disse á Luana:
- Sua mãe ainda está se arrumando. Está lá em cima há quase uma hora. Com vocês aqui, talvez ela finalmente resolva descer.
- Não entendo por que ela faz isso - comentou Luana. - Somos só nós, afinal.
- Foi o que disse a ela. Mas você conhece sua bela mãe. sempre quer estar arrumada. Vou avisar que Vocês estão aqui.
- Caminhou até o pé da escada circular e gritou: - Lu, as crianças chegaram.

                                                                                          Continua....

Queria pedir desculpas se fui mal educada. 
Mas se eu não gosto de uma coisa eu não vou ler.

Sobre Luar: Para amar não precisa estar junto. 

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