Certezas - 2ª Temporada - 9º Capítulo

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POV’s Lua Blanco

   Depois de um dia de trabalho, eu estava caminhando na rua bem distraída até chocar em alguém muito familiar. Deixei a minha bolsa cair inclusive ao chão. Me declinei um pouco para poder segurar a bolsa e ouvi uma voz familiar chamar pelo meu nome. Olhei para os pés da pessoa e conclui que fosse uma mulher por ter um salto alto, seguido de um vestido que chegava pouco mais aos joelhos. Ela tinha as unhas pintadas de vermelho e um batom de igual cor.

- Yasmin. – sorri pra ela – Desculpa. Eu realmente não estava aqui.
- Está tudo bem? Você parece… um pouco perdida.
- Realmente estou. Não estou muito bem.
- O que se passa? Posso ajudar?
- Não… acho que não. foi um dia complicado e…
- Um café ajuda?
- Sempre ajuda. – sorri novamente para ela.

   Caminhamos até o outro lado da rua, até um Starbucks. Fizemos rapidamente os nossos pedidos e fomos para um mesa, esperar que o empregado trouxesse os cafés com dose extra de chocolate.
   Yasmin aos poucos foi ganhando a minha confiança. Talvez eu julguei antes de a ter conhecido. Ela é uma garota, um pouco mais velha que eu, trabalhadora e comprometida. Segundo o que sei, está numa relação faz 7 meses. Eu fui uma boba, quando achei que ela estava dando em cima de Arthur.

- Quer me contar o que se passa?
- Eu fui fazer uns exames novos e…
- Não me diga que a sua situação piorou? Digo… a Hipertensão… ela…?
- Não, não. Graças a deus, não. Há umas semanas atrás, eu fui fazer uns exames para ver se estava tudo bem e se não corria perigo de engravidar e que essa gravidez tivesse riscos e essas coisas. Graças a deus, tudo está certo e caso eu queira engravidar, eu não vou correr riscos nenhuns.
- Ohw, não acredito! – ela colocou as mãos na boca, ficando muito surpreendida – Você quer mesmo engravidar? E o Arthur? Aposto que está ansioso por ser pai. O meu namorado fala muito de ser pai e ele quer muito. Mas a gente nunca trans…
- Não… - eu ri sem graça – Infelizmente, eu não vejo muita animação, por parte do Arthur.
- Mas você já falou pra ele? – demos uma pausa, para o empregado nos servir os cafés.
- Várias vezes. – suspirei
- Ah, vai que… ele anda nervoso com a empresa. Ela teve um pequen abatimento, porque houve poucas compras e além disso, o filho do padrinho dele anda sempre martirizando o juízo do Arthur.
- Como assim?
- O Arthur não te contou?
- Não… - respondi, dando de seguida um gole no meu café
- O Conor está indo lá na empresa todas as semanas dizendo sempre que aquilo é tudo dele e que tudo será dele e blá blá blá. O Arthur acaba se irritando, e com razão. – Yasmin suspirou – A gente já pediu aos seguranças para não o deixarem entrar, mas ele sempre arranja uma maneira.
- A verdade é que… eu e o Arthur… mal temos conversado.
- A vossa relação está ruim?
- Não que esteja ruim. Mas eu trabalho, ele trabalha… só nos vemos à noite, e mesmo assim, tentamos não falar de trabalho em casa. Ou melhor, mal falamos mesmo, porque ou ele está cansado, ou eu levo o trabalho para casa… enfim, é difícil termos um momento só para nós.
- Tudo isso desde quando? – ela se interessou mais, levando o café à boca.
- Desde… a lua de mel, talvez. – disse eu com breves pausas.

   Depois de chegar em casa, decidi que este dia seria dedicado a mim e ao Arthur. Só nós dois, numa sexta-feira depois do trabalho. Merecíamos, ou não? afinal, trabalhos de segunda à sexta, sem nos tocarmos de modo decente. Ele preocupado com o trabalho e eu focada nas palavras certas que tenho de dar aos meus pequenos doentes psicológicos.
   Um jantar à luz das velas, umas palavras românticas e depois uma noite de amor. Era disso que eu e o Arthur tínhamos falta. Muita falta.


   Eu tinha tomado o meu banho e passado todos os meus cremes. O jantar estava no forno e a mesa já estava posta. Faltava só ele chegar e eu me colocar minimamente sensual. Bom, o vestido estava colocado e o cabelo estava solto do jeito que ele gostava, faltava apenas aquele toque especial: o sorriso.
   Arthur sempre me disse que a curva mais bonita que eu tenho é o sorriso. Eu acho que ele leu isso em um lugar qualquer e me diz para ficar bem. Mas, sem querer me gabar, eu tenho um sorriso muito perfeito.
   A porta abriu e eu corri para recebe-lo. Ele se admirou o porquê de eu estar produzida, o jantar e as velas, mas à medida que fomos sentando na mesa, eu acho que a ficha dele foi caindo.

   Depois do jantar, eu ainda conseguia notar ele um pouco tenso. Nem mesmo o vinho o deixou relaxado. Eu descalcei os meus sapatos, colocando-os de lado e fui até a Arthur, massajar levemente as suas costas. Ele realmente estava tenso, muito tenso. Seus músculos estavam duros e ele mal conseguia desapertar.

   Encaminhamo-nos para o quarto. Fui eu quem o puxei. Puxei-o mesmo pela gravata. Acho que dava um ar muito sensual. Sentei-o na cama, fui beijando o seu pescoço enquanto me livrara da sua camisa e da sua gravata. Arthur estava estático. Não me pegava e mal me beijava. Foi preciso eu colocar as suas mãos nas minhas costas, forçando ele a aperta-las. Depois, subi para o colo dele e elevei ligeiramente o meu vestido mostrando um pouco da minha lingerie íntima vermelha provocante. Fiz com que as nossas intimidades ficassem juntas, mesmo sobre o pano das nossas roupas íntimas e rebolei sobre a sua intimidade enquanto sussurrei sacanagens no seu ouvido.
   Arthur finalmente me agarrou e fizemos amor. Selvagem, meu deus.


   Aquele momento tinha chegado. Eu me sentia diferente e pelas minhas contas, algo ali batia errado. Eu estava grávida! Os meus dois testes que eu tinha comprado na farmácia estavam dando positivos!
  Saí do trabalho mais cedo. Queria contar rapidamente a alguém o quanto esta noticia tinha modificado o meu estado humorístico. Eu estava realmente feliz. Que bênção de deus. Que milagre. Que… que sonho!

- Estrela, lembra daquilo que falamos no outro dia? Então, aconteceu. Maninha, eu estou grávida! – eu andava pelas ruas de Londres chocando contra as pessoas. Eu estava radiante. As lágrimas de emoção tomavam conta de mim. Eu conversava ao celular com a minha irmã e realmente não sei quem estava mais feliz.

   Começou a chover. Eu pouco me importei com aquela água que caia dos seus. Eu andei rodando e rodando pelo calçado da rua, elevando as mãos aos céus e agradecendo a Deus esta oportunidade. O meu sonho finalmente estava voltando à realidade.
   Me lembrei logo dos meus tempos de adolescente. Um dos meus sonhos, da lista que fiz com Arthur, era ser mãe e para o concretizar, Arthur tinha me dando um cachorrinho, o Pingo, que agora está com a minha mãe, pois não podemos ter cães nos apartamentos.
   Mas agora eu vou ter um filho de verdade. Alguém que chora, que grita, que vai brincar, comer e talvez me dar muita dor de cabeça. Alguém que vai precisar de roupinhas pra vestir. Alguém que me vai fazer chorar quando disser pela primeira vez “mamãe” ou “papai”. Alguém que me vai fazer ver o mundo de outra forma.

   Eu não resisti. Fui correndo até um shopping comprar coisas de bebé. Gastei um bom dinheiro com coisinhas. Sapatinhos, calcinhas, blusinhas, borrinhos… tudo inhos e inhas.
   Arthur chegou primeiro que eu e se admirou com o número de sacolas.

- Pensou por acaso que o shooping era alguma terapia de apoio?
- O shopping é o lugar que faz as mulheres felizes. Ainda mais quando elas têm um motivo.
- Ah é? E comprou o quê? Lingeries? – ele olhou safado e veio me tirar os sacos das mãos. Abriu o primeiro e se espantou. Tirou de lá um gorro amarelinho claro, colocando a mão dentro dele e me encarando – O que é isso?
- Um gorro. Não é lindo? Quer ver mais? – toda entusiasmada, fui para o sofá e abri todos os sacos, colocando pra fora tudo o que eu havia comprado
- Você por acaso se esqueceu de me contar alguma coisa?
- Pois é amor. Vamos ser pais! – ri da sua expressão

Como será a reação do Arthur?

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