"Certezas" - 40º Capítulo

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No capítulo anterior…

POV NARRADOR

- Mas é de risco?
- Sim. Visto que ela tem problemas cardíacos. Mas a probabilidade de acontecer alguma coisa errada é de 30%. Enfim… vamos lhe explicar tudo agora.

Os médicos e enfermeiros explicaram tudo a dona Blanco durante, mais ou menos, uma hora. Ela ouvia tudo com a atenção e depois de ouvir os problemas que a cirurgia podia causar em Lua, ficou mesmo em duvida!

- Mas se lembre… são só 30% de chances que as coisas têm de dar errado
- Mas com o azar que ultimamente tenho andando, 30% é muito!
- Me ouça… - uma enfermeira pegou na mão de dona Blanco – A Lua precisa mesmo desse transplante. Ela já era frágil por causa da Hipertensão, mas este problema no rim diminui muito mais a esperança média de vida dela. eu sei que para uma mãe deve ser difícil tomar estas decisões, visto que se alguma coisa der errado você será “a culpada”. – ela fez mesmo aspas com os dedos – Mas já pensou se der certo? Já pensou se isto der mesmo um novo rumo à vida da sua filha?
- É… - dona Blanco respirou fundo – Eu tenho quanto tempo para pensar?
- Alguns dias. Mas era bom que respondesse o mais rápido possível.

Dona Blanco estava meia confusa com tudo isso. Era uma decisão muito importante e perigosa. Estava tudo nas mãos delas. Ela foi ao quarto de Lua para a visitar. A sua ultima visita tinha sido a de Arthur, que depois saiu para ir trabalhar. Blanco não ia dizer nada à filha, por enquanto.

- Então mãe, o que a enfermeira queria?
- Nada de mais linda.
- Como assim nada de mais? Ela parecia estar desesperada por falar com você. É sobre mim né? Eu vou morrer? Mãe, me fala à verdade.
- Não filha, você não vai morrer. – ela passou as mãos pelo cabelo da Lua
- Mãe, eu estive pensando. Eu já pedi ao Arthur que se afastasse de mim, porque quando eu morrer, tudo será mais fácil pra ele. Eu lhe amo tanto e não quero que ele sofra.
- Você fez o quê? – dona Blanco não sabia de nada
- Eu terminei com o Arthur.
- Quando? Filha, porque você fez isso?
- Há uns dias… porém, ele fica vindo aqui e se declarando como se nada fosse.
- Lua, ele te ama tanto!
- Eu também lhe amo tanto. E não quero que ele sofra. Mãe, convence ele a voltar com os pais dele. Será melhor assim. – Lua era pessimista
- Que raio de pensamentos são esses? Você não vai morrer. Você é tão nova e tem uma vida pela frente
- Tenho também uma porra de uma doença crónica que me faz ficar presa a essa cama e ainda tenho um problema grave nos rins. Mãe, às vezes é melhor encarar a realidade.
- Um dia todos vamos morrer. Mas o seu dia está longe, muito longe. – dona Blanco sorriu – E não trate mal o Arthur. Ele é… um homem de sonho. Parece aqueles de antigamente sabe? Que ainda pede a mão da garota aos pais para namorar? – ela sorriu – Ele está trabalhando agora. Inclusive comprou um cão que você vai gostar muito.
- Eu sei, ele me mostrou. Mas mãe, eu só não quero ver ele sofrer. – os olhos de Lua se encheram de lágrimas
- Ele não vai sofrer se você estiver sempre do lado dele. Acredite!

Os conselhos das mães são sábios. Lua agora parecia ver as coisas de outra forma. Talvez não devesse ter tratado o Arthur daquela forma. Talvez ela não morra assim tão cedo. Quem sabe daqui a um ano ou dois.

Dona Blanco agora tinha a certeza de uma coisa…

- A Lua vai ser operada! A operação tem 30% de risco, mas acredito que deus está do nosso lado e ela vai recuperar bem. encontramos um doar.
- MENTIRA? – Estrela e Arthur perguntaram ao mesmo tempo
- A Lua deve estar radiante. Eu tenho de lhe ligar…
- Não, espere Arthur. Eu não quero que ela saiba… não por agora. É que o doador, ou melhor, a doadora é a mãe de uma criança que ela costumava muito brincar.
- O Miguel? – perguntou Estrela
- Sim, um menino que tinha câncer. Ele morreu e em seguida a mãe se suicidou. Mas ela sabia do problema de Lua, por isso deixou uma carta aos médicos com tudo o que queria que acontecesse. Foi realmente uma ação… muito bondosa.
- Mas a Lua tem que saber disso! – disse Arthur – Ela vai adorar saber que…
- Eu tenho medo que ela não queria ser operada por saber de quem é o órgão. Por isso fazemos assim: não lhe vamos contar nada. Talvez um dia. Mas por agora não.
- E quando ela será operada?
- Ainda não tem data certa. Mas será o mais rápido possível.
- Eu tenho que ir contar isso às minhas amigas e publicar nas páginas das campanhas de apoio à Lua.
- Sim, faz isso Estrela.

Estrela subiu para o quarto e deixou Arthur um pouco pensativo. Ele se sentou, na cadeira da mesa da cozinha, enquanto dona Blanco fazia o jantar.

- Que consequências ruins pode ter essa cirurgia?
- Ah, são apenas 30% Arthur…
- Mas me diga, por favor.
- Bom… - ela sentou numa cadeira ao lado – Ela pode morrer durante a cirurgia, ainda por cima ela tem problemas de coração. Mas a enfermeira me garantiu que lhe ia dar anestesia geral, o que faz com que ela durma a cirurgia inteira e não sinta nada.
- Ela… - ele engoliu seco – Ela pode morrer?
- É… mas vamos ter fé Arthur. Ela não vai morrer. Ela é forte, né? – ele assentou – E o seu trabalho, como foi hoje?
- Cansativo. Muito cansativo. Tudo bem que é um papel de secretário, mas é preciso estar muito tempo olhando o computador e organizando ficheiros e reuniões. É um trabalho muito chato.
- Eu estou muito orgulhosa de você. Você é um exemplo de garoto.


Arthur não dormiu a noite pensando apenas no que dona Blanco lhe tinha dito. Ele sabia perfeitamente que Lua era forte e que ia recuperar bem dessa cirurgia, mas sempre fica aquele pressentimento ruim né? Arthur tinha de partir para mais um desejo da lista de Lua. Nem é um desejo, é mesmo um sonho. Um sonho de qualquer mulher.
Arthur já tinha trabalho pelo menos durante 15 dias e pedia perfeitamente pedir o dinheiro desses dias porque “preciso de pagar a renda da casa”. A verdade é que essa foi a desculpa que Arthur usou para o patrão dele lhe pagar adiantado.

“E o que ele fez com o dinheiro?” – perguntam vocês.


Já sabiam a data da cirurgia de Lua. Estava marcada para a manhã de quinta-feira às 11:20 da manhã. Nesse dia, ela terá de ficar em jejum até à hora da cirurgia e terá de respeitar outras regras também. Após a cirurgia, ela não se irá lembrar de nada e só poderá beber água e se alimentar com o soro fisiológico.

Na terça feira, após o trabalho, Arthur foi para casa, de dona Blanco onde ainda vive, tomou um banho e digamos que se produziu mais que o habitual. Enquanto ele tomava banho, pensou em mil declarações que podia fazer a Lua. Pensou até em como abrir a caixa das alianças e mostrar pra ela. Pensou em como a sua voz deveria ser a mais calma e apaixonante de sempre. pensou inclusive em como se ajoelhar diante de Lua. Mas… para quê pensar? Deixemos acontecer…

Cinco comentários e eu posto mais um hoje! 
Ele vai pedir ela em casamento? É isso produção?

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