"Certezas" - 38º Capítulo

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No capítulo anterior…

POV NARRADOR

- Será que ele se cansou de mim? – Lua pensava – Bom… caso eu morrer agora, ele não terá então com que se preocupar. – Lua deixou uma lágrima cair.


As buscas de um doador de rim para a Lua não tinham parado. As redes sociais, os blogs, até na rádio e na tv divulgavam todos os detalhes e informações precisas e necessárias para alguém de alma nobre e humilde doasse o órgão a uma jovem lutadora e sonhadora, portadora de uma doença crónica como a Hipertensão Arterial. Eles não davam todas as informações de Lua, pois muitas doações são feitas em anonimato.
Mesmo com todo este trabalho, nunca chegava numa notícia que agradasse. Ninguém se disponibilizava a doar um órgão tão importante num corpo humano.

Dona Blanco, a cada dia que passava, via a sua esperança indo por um tubo a baixo. Ela sabia que se ninguém doasse o órgão a Lua, ela provavelmente não ia aguentar muito mais um sofrimento idêntico ao que estava sofrendo. Nem mesmo com tantas injecções e remédios com um sabor pior que mau.

Estrela não queria ficar filha única e fazia de tudo para que a irmã pudesse apenas ser uma pessoa normal, jovem e com sonhos. Lua tem tantos sonhos. Tantos que se começássemos a ordena-los hoje, só acabávamos no ano que vem, se não no próximo ainda.

Arthur via a sua também lhe escapar entre as mãos. Sempre que vai ao hospital é com correria pois quer fazer de tudo para que os últimos momentos da vida de Lua sejam especiais. Ele anda procurando trabalho e casa, pois não quer viver às custas de dona Blanco para o resto da vida, sendo que ela já tem problemas suficientes com que se preocupar.

Era quinta-feira. A terceira quinta-feira que Lua estava naquela clínica. Nessa mesma manhã, ela tinha acabado de ler o seu livro “Viver depois de ti” (PS: nome aqui em Portugal) de Jojo Moyes. Ela tinha chegado ao fim do livro e não acreditava nas palavras descritas pela autora.
O jovem Will havia mesmo se suicidado e deixado para trás a mulher que tanto lhe amava. Ele disse que o amor que  a garota sentia por ele não era o suficiente para o fazer viver. Ele era um homem louco pelo trabalho, louco por viagens e por sexo também. agora que estava tetraplégico, nunca ia conseguir fazer nada do que antes fazia. Will acabou com o seu sofrimento e com o sofrimento dos pais.
Lua penso que se morresse também ia deixar muita gente melhor. Em especial a sua mãe, que trabalha que se farta para comprar os remédios caros que permitem Lua viver. Se ela morresse, Arthur também ia poder viver melhor a sua vida. Com certeza que ia de novo para Manchester voltar a estudar, visto que só está em Londres por causa de Lua.

Para parar de pensar em besteiras, Lua foi dar uma volta pela clínica. Ela queria ir visitar o seu amiguinho Mi, Miguel, que sofria de câncer. Quando chegou no quarto dele, viu a cama do pequeno vazia.

- Desculpe, mas cadê a criança que estava nesta cama?
- Você não sabe? – perguntou a enfermeira – Ele morreu esta noite. A mãe dele entrou em depressão. Pobre mulher…

Lua sentiu uma dor constante no peito e teve mesmo de se sentar para não cair no chão. Pobre Miguel. Tão jovem. Tão lindo… coitado.

Lua foi de novo para o quarto mas desta vez ainda mais triste do que antes já estava. Quando chegou, viu que tinha alguém lhe esperando lá.

- Arthur? – ele estava sentado na cama dela olhando para a janela e nem lhe viu entrar
- Amor! – ele tinha trazido uma nova flor pra ela, desta vez branca. Ele se levantou e veio a abraçar e beijar – Estava morrendo de saudade! – ele deu um beijo no pescoço dela – Como você está?
- À beira da morte.
- Não diz isso… - Arthur engoliu seco
- É verdade… - Lua sentou na beira da cama – O Miguel morreu. Morreu. – Lua começou a chorar – Ainda ontem eu fui ao quarto dele Arthur. Ele estava caladinho, como sempre, muito quieto e olhando fixamente para o teto. A mãe dele estava muito pálida. Dizem que ela entrou em depressão…
- Perder um filho não deve ser nada fácil.
- Perder uma namorada também não. – Lua olhou para ele – Por isso, eu estive pensando e…
- O quê? – Perguntou Arthur
- Eu acho melhor a gente terminar. Vamos terminar Arthur! Acabou! Eu estou definitivamente terminando e acabando com tudo o que tem entre a gente. – Arthur abanava a cabeça negativamente sem conseguir dizer alguma coisa e tentava pegar a mão dela, porém, Lua não deixava – Lembra quando você ultrapassou aquela geada por minha conta e depois me perguntou o que havia entre nós? então, faça de conta que eu não disse nada e que só respondi agora. Acabou Arthur!
- Você não pode fazer isso comigo, não pode Lua. – Arthur se ajoelhou no chão diante dela e deitou a cabeça no colo dela segurando as suas mãos – Você não pode simplesmente acabar tudo comigo… eu pensei que você me tinha perdoado.
- E perdoei. Acontece que eu vou morrer mais tarde ou mais cedo e se você não estiver próximo de mim, tudo será mais fácil. Então, acabou. Você vai à sua vida, arranja amigos novos, namorada nova e me esquece. E quando eu morrer, eu vou pedir que ninguém te conte e que…
- Você não sabe o que está dizendo! – Arthur gritou mas foi chamado à atenção da enfermeira – Você está sendo ingrata. Eu te ajudo em tudo, eu estou do seu lado sempre e é assim que eu vou continuar independentemente de que você queira ou não.
- Você disse que se eu não quisesse nada com você, você ia embora! Então cumpra as suas promessas!
- Nós somos para sempre. Sempre mesmo! Eu não te vou abandonar nunca, nem pense nisso! – Arthur abraçou Lua forte mas ela se debatia contra ele.


No dia seguinte, Arthur fez de conta que nada aconteceu e foi ter novamente ao hospital. Ele pretendia realizar mais um desejo de Lua, para ver se a garota realmente se alegrava um pouco.

- Bom dia! – disse ele chegando ao quarto dela. Assim que ela viu que era ele entrando, virou a cabeça. Lua estava deitada na cama. – Tenho uma surpresa pra você.
- Arthur, porque é que você insiste?
- Porque eu te amo, serve? – ele sorriu pra ela. – E eu sei que no fundo você me ama também. Tenho novidades. – ele sentou na beira da cama dela – Eu arranjei um trabalho. Agora vou trabalhar muito, poupar um bom dinheiro e investir num apê para nós dois. Sei que somos muito jovens, mas o nosso amor é forte e eu sei que será bem duradouro.

Lua negava com a cabeça e começou novamente a chorar. Ela tinha medo de um dia ser uma desilusão para Arthur. Um dia ela vai morrer e vai deixar ele “irrealizado”.

- Mas bom, nem era isso que eu queria te dizer. Eu quis te dizer que eu, meio que, realizei mais um desejo seu… - ele sorriu de lado. Arthur tirou uma foto do bolso e mostrou a Lua – Olha.



- Gosta? Eu adoraria trazer ele para aqui, mas você está numa clínica né? Eu sempre soube que você adora cães e somos tão novos para sermos pais de verdade. Acho que um cão pequeno como esse está bom para nós, ou não? – Lua sorria com lágrimas nos olhos
- Ele é lindo…
- Pode dar o nome que quiser – Arthur sorriu
- Eu vou chamar ele de…

Vocês decidem o nome do cão! Que nome querem?

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