A Promessa - Capitulo 23

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   Capitulo 23
            Eu chamo isso de Princípio Blanco: a chance de encontrar um band-aid em sua                sopa é diretamente proporcional a quando está gostando dela.

                                                                                         Diário de Lua Maria Blanco

Quando me recordo daquela época, minha vida deveria ter sido um êxtase. Luana estava saudável novamente, eu me apaixonara por um homem doce e belo, que amava tanto a mim quanto a minha filha. Deveria ter sido perfeito. Mas, como Mel sempre diz, ‘’Toda rosa tem seus espinhos’’.
O primeiro dos espinhos chegou em minha caixa de correspondência na quinta – feira seguinte. Havia acabado de chegar do trabalho, e examinava a correspondência quando topei com uma carta sobre a minha hipoteca. Era uma última advertência ao meu atraso nos pagamentos. Tinha dez dias para ficar em dia com as prestações ou o banco iniciaria os procedimentos de execução.
Fiquei aterrorizada. Não tinha dinheiro. O seguro de vida de Fernando tinha acabado havia muito, assim como a minha reserva de emergência. Fernando e eu jamais atrasamos um pagamento, mas agora, com apenas uma fonte de renda, e uma fonte pequena, eu era um navio que naufragava. Fui até o quarto e chorei.          

Arthur apareceu naquele fim de tarde por volta das seis horas. Entrou carregando um saco de plástico branco.
-          Veja o que encontrei – disse animado. – Pão sem glúten. É feito com farinha de arroz. – entregou-me o saco.
-          Obrigada – respondi, a voz ainda fraca pelo choro.
Seu sorriso se desfez.
-          Qual é o problema?
Enxuguei os olhos e levei o pão para a cozinha.
-          Nada.
-          Com certeza há algum problema. Você pode me contar.
Virei me para olhar para ele.
-          Só estou chateada. Recebi uma carta do banco.
Uma ruga brotou entre suas sobrancelhas.
-          Que tipo de carta?
Peguei a carta e a entreguei a ele. Ele a e abaixou, e então a abaixou sem falar nada.
-          É tão constrangedor – falei, - Sinto-me um criminosa, ou algo do tipo.
-          De quanto você precisa?
-          Não aceitarei seu dinheiro.
-          Que tal um empréstimo? Apenas o suficiente para você se recuperar.
-          Não importa. Ainda assim não conseguiria pagar a você. – comecei a chorar. – eu simplesmente acabo ficando para trás, simplesmente não recebo o suficiente.

Ele contornou o balcão e me envolveu em seus braços. Pousei minha cabeça em seu ombro. 

                                                                                 Continua....  

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