A Promessa - Capítulo 2 Parte 3

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Capítulo 2 Parte 3 

 O caminho para casa foi um borrão. Aquele bilhete estúpido jazia aberto no banco ao meu lado. Sempre que olhava para ele, a marca de batom parecia saltar do pape,
impetuoso como um tapa. Sentia-me tão humilhada. Tão pequena. Tão burra.
  Quando um semáforo fechou, desabei completamente, soluçando, até que o carro atrás de mim deu uma buzinada. Cinco minutos depois, estacionei na garagem. Tremendo, entrei em casa. Talvez essas coisas precisem ser ensaiadas, não fazia ideia do que iria dizer. Fernando estava sentado no sofá ao lado de Luana, lendo um livro para ela. Ele ergueu os olhos para mim
quando entrei na sala.
- Ei, você chegou cedo – disse, sorrindo. Sua expressão se alterou quando viu meu rosto coberto de lágrimas. – Qual é o problema?
- Quem é ela?
- O que...?
Mostrei o bilhete.
- Quem é ela? Ele parecia chocado, como um daqueles sujeitos em um episódio de uma câmera escondida, flagrado em frente ás câmeras. Olhou Luana de esguelha, olhou-me de novo e se levantou.
- Venha – disse. – Luana não precisa ouvir isso.
- Onde você está indo, papai? – perguntou ela.
- Papai e mamãe precisam conversar – respondeu. Segui-o até
nosso quarto. Eu estava tremendo, com todos os meus sentimentos fluindo dentro
de mim.
- Quem é ela? Suspirou profundamente.
- Ela trabalha em Ogden. É uma gerente de abastecimento
do St. Jude...
- O currículo dela não me interessa! Quem é ela? –
gritei. Ele coçou a nuca.
- É uma mulher que conheci há algum tempo. Estamos...
nos vendo.
- Quanto tempo faz que está dormindo com ela?
- Não tenho certeza. Seis meses, talvez.
- Você não tem certeza. – Tentei manter a compostura. – Por quê? Por que faria isso? Continuou parado, sem dizer nada.
- Você tem que ir embora. Você tem que sair dessa casa.
- Lua. – Aproximou-se de mim. – Querida...
- Não me toque. Não me chame de querida. Não diga meu nome. Você tem que ir embora.
- Ela não significa nada para mim. Comecei a
chorar mais uma vez.
- Bem, ela significa muito para mim. Nesse
momento, a porta do quarto se abriu.
- Papai?
- Agora não, Luana – eu disse.
- ... eu vomitei.
- Saia daqui – disse a Fernando.

- Por favor, Lua. – E mais uma vez deu um passo em minha direção com braços estendidos.
- Não me toque! – gritei. – Como pode fazer isso comigo?

Luana começou a chorar.
- Pare de gritar com o papai!
- Luana – falou Diego. – já estou indo. Volte para a sala e assista á TV.
 Luana se afastou alguns passos da porta e, em seguida, se deteve, assustada, mas muito hesitante para sair.
 Cobri meus olhos com a mãos. Eu queria morrer. De todo o coração, eu queria morrer. Quando voltei a abrir os olhos, falei:
- Pensei que tínhamos um bom casamento. – Minha voz falhou. – Pesei que me amava.
- Lua, eu te amo. Não é...
Olhei para ele.
- Não é o quê?
- Não tão ruim quanto você imagina. Fitei-o
totalmente espantada.
- Como poderia ser pior?
- Ela é apenas uma amiga.
- É isso que você faz com seus amigos? 
- Por favor, não piore as coisas. Eu ia contar para você. Estou tentando terminar.
- Você tem que ir. Vá para a sua namorada, a sua... Gih, ou seja lá qual for o nome idiota dela.
- Eu não a amo, Lua. Eu amo você.
Dei um tapa nele.
- Como ousa dizer isso! Como ousa? – e recomecei a soluçar.
- Papai! – disse Luana. – Não bata no papai!
- Luana – disse Fernando. – Vá para seu quarto agora! Minha pernas
fraquejaram, como se fossem sucumbir.
- Vá embora, por favor – implorei. – Por favor, apenas saia daqui.
Ele expirou profundamente.
- Está bem. – Deus alguns passos em direção á porta e, em seguida, se virou. – Não é culpa sua – disse.
- Como você tem coragem de dizer uma coisa dessa? 
- Porque eu conheço você. Sei que irá se culpar mais tarde. Mas não faça isso.
Saiu do quarto, mas permaneceu em meu campo de visão.
- Venha, lulu – disse. – Papai terá de viajar de novo.
- Não quero que você vá embora – ela disse, com a voz débil. – Por favor, não vá embora.
- Desculpe, querida, eu preciso. Eu ligo. Prometo.
Ela agarrou as pernas de Fernando e começou a chorar.
- É por que a mamãe bateu em você?
Ele se agachou, e a abraçou.
- Eu preciso ir. E mamãe não fez nada de ruim. Papai foi mau. E mamãe estará aqui com você. Ela vai cuidar de você.
 Eu não sabia se Fernando estava falando com Luana ou comigo. Ele beijou sua cabeça.
- Voltarei o mais cedo que puder. Não sei bem o porquê, mas ele se voltou para
mim. Virei o rosto. Fernando a beijou novamente, e se levantou.
- Seja corajosa, agora. Vá para sua mãe.
Ela enxugou as lagrimas.
- Está bem.  Fernando se afastou. Luana entrou no quarto, enlaçou os braços ao redor de minhas penas. Eu sabia que precisava ser forte, por Luana, mas fracamente. Irrompi em lágrimas assim que ouvi a porta da frente de fechar. Não pude evitar. Era como se o chão se abrisse sob os meus pés e eu caísse de joelhos e chorasse. Continuava perguntando  a mim mesma: Como ele pode fazer isso conosco? Eu o amava. Eu o teria amado para sempre. Teria ficado com ele para 
sempre. Nosso romance de conto de fadas se esfacelara.                                                        
                                                                    Contínua....

2 comentários:

  1. Esse fernando não vale nada mesmo ¬¬
    Ainda bem que ele resolveu sair da vida dela de boa. Só quem mais sofre é a Luana :/
    Adorei *-*

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