A Promessa - Capítulo 2 Parte 2

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Capítulo 2 Parte 2
 Melanie assumia a gerência quando Felipe não estava por ali, o que ocorria quase sempre, e por isso eu a considerava minha chefe. Ela estava trabalhando no balcão quando entrei, meus braços carregados
com a roupa de Fernando.

- Você é nova aqui, não é? – ela perguntou, sarcástica. – Posso ajudá-la?
- Não tenho jeito – falei.
- Nisso você está certa, querida. Como está Lu?
- Doente, ainda. Fernando está com ela. – Coloquei a roupa sobre o balcão. – Obrigada por me cobrir.
- No hay problema.
  Preenchi um formulário da lavanderia e, como era de costume, comecei a vasculhar os bolsos das roupas de Fernando, procurando canetas ou algum dinheiro.
- Pode deixar – disse Melanie. – Estamos um pouco atrasadas com a passagem das roupas, se não se importa.
- No hay problema– respondi. – já vou.
  E segui até os fundos, para a máquina de passar. 
- Como vai, Lua?
- Bem. E você, Pedro?
- Não posso me queixa. – ele riu.
Sorri.
- Provavelmente não.
Eu gostava de Pedro. Era um homem de meia-idade, careca e de fala mansa, e veterano do vietnã. No primeiro dia de trabalho, Melanie me contou que ele fora um prisioneiro nos últimos cinco messes da guerra, antes que Nixon negociasse a libertação. Trabalhava duro e era simpático, mas costumava ficar na dele. Imaginava como ele seria antes da guerra. Sempre fora gentil comigo, e sempre dava um pirulito para Luana quando eu a trazia comigo. Todas as manhãs me cumprimentava do mesmo modo, e ria com intensidade desde a primeira vez. Sentiria falta disso se ele fizesse diferente.

- Tenha um bom dia – ele disse, desaparecendo atrás do labirinto das roupas.
- Você também Pedro – despedi-me.
  Em minha estação de trabalho, havia três prateleiras cheias de paletós e calças para serem passados. Aproximei uma das prateleiras da presa e comecei a passar, quando Melanie se aproximou de mim. Caminhava rapidamente, balançando a cabeça.
- Querida, má notícia – disse, quando estava perto - , má notícia.
Olhei-a, intrigada
- Que má notícia?
- Achei isso no bolso do terno de Fernando.
E me estendeu um pedaço de papel – um bilhete manuscrito. A caligrafia era graciosa e feminina.

Ei, Gostosão.
 Senti sua falta enquanto você estava fora.
Utah é fria sem você. Brrrr! Você precisa me esquentar! Obrigada pelo presente
de Dia dos Namorados, sabe, nós mulheres somos como pássaros, simplesmente
adoramos coisas reluzentes. Mal posso esperar para agradecer de maneira
apropriada na ensolarada Scottsdale. Levarei algo para vestir, só para você.
                                                            De coração,
                                                                      Gih             

Havia um beijo de batom vermelho na parte inferior do bilhete.
Meu coração, meus pulmões, o mundo inteiro congelou. E então comecei a tremer.
- Ele está me traindo.
- Sinto muito – Melanie falou, empalidecendo. – Talvez seja... – e parou. Não havia outras explicação.
- Ele vai para Scottsdale na terça-feira. – Ergui o olhar vazio para ela. – Nós somos tão felizes. Por que ele... – Meus olhos se encheram de lágrimas.
- Querida – ela disse e me abraçou. – Aquele cafajeste estúpido e desmiolado. Tem uma coisa linda como você em casa, e vai atrás de migalhas por ai.
Minha mente girava, e senti a cabeça perder como se fosse desmaiar.
- Sente-se – disse Melanie, então empurrou uma cadeira em minha direção. – Respire. Pronto, respire, querida.
 Sentei-me no momento em que tudo girava á minha volta. Depois de um tempo, não sei quanto,
disse:
- Preciso ir. Desculpe. Preciso ir.
- Querida, tenha cuidado. Deixa eu levar você.
- Eu preciso ir, só isso. – Levantei-me e caminhei até o carro. Melanie me seguiu.

- Querida, não faça nenhuma besteira. O que vai fazer? Diga o que vai fazer.
- Vou conversar com meu marido. 

                                          Continua....  

Não percam o próximo capítulo!!
Nesse momento, a porta do quarto se abriu.
-          Papai?
-          Agora não, Luana – eu disse.
-          ... eu vomitei.
-          Saia daqui – disse a Fernando.
-   Por favor, Lua. – E mais uma vez deu um passo em minha direção com braços estendidos.
-          Não me toque! – gritei. – Como pode fazer isso comigo?
Luana começou a chorar.
-          Pare de gritar com o papai!

2 comentários:

  1. Fernando cafageste, manda ele pros quintos dos infernos Lua... Porem acho que pela filha ela vai suportar isso :/
    Pena que auem sobre com isso fudo é a Luana :/

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  2. filho da puta, agora só falta a mini projeto de rasgado querer ficar com ele.

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