Foi apenas obra do destino - 18º Capítulo

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POV ARTHUR

Tínhamos já arrumado as últimas coisas na mala de cada um. Roupas quentes, acessórios de inverno, botas, prendas e de mais utensílios precisos estavam bem arrumados lá.
Havia sido um dia cansativo. Lua passou de manhã na clínica pra deixar tudo certo com os “novos” responsáveis e ainda foi, de novo, no shopping, comprar algo que tinha faltado.
Por estranho que pareça, eu próprio fiz o almoço, assim como o jantar também. A minha mala era mais simples que a dela, bem fácil de arrumar.

- Vamos dormir? – perguntei. Lua estava deitada no sofá, com a cabeça no meu colo. Assistíamos a sua novela preferida da noite. Ela estava cansada e quase dormindo…
- Não… deixa terminar
- Mas Lu, amanhã temos de acordar cedo. Você precisa de descansar
- Você tem razão! – ela suspirou e levantou, sentando no sofá e passando a mão pelo rosto. Olhou para mim e sorriu – Amanhã será a nossa primeira viagem juntos, dá pra acreditar? – ela parecia tão animada quanto eu
- Será também o nosso primeiro natal e fim de ano. Eu confesso, estou muito ansioso pra tudo. Mas receio o seu pai e a sua mãe
- Eu também… mas não quero pensar nisso, não agora.

Depois de deu verificar as portas e as janelas, de mãos dadas, eu e a Lua subimos para os quartos. Como sempre, deixei ela na porta do seu quarto, pra de seguida dar um beijo de boa noite.
Havíamos nos beijado desde as escadas até à porta do seu quarto, de mãos dadas. Paramos o beijo com vários selinhos. Respirei bem fundo, querendo ar novo nos meus pulmões, pois bem precisava depois desse beijo. Olhei-a, sorrindo, passando a minha mão direita sobre o seu rosto. Ficava tão linda com aquele rosto desejando uma cama pra dormir nas próximas 24horas. 
Ela chegava os olhos quando eu passava a mão pelo seu rosto. Quando pegou a minha mão e beijou, senti que era hora de nos despedirmos por essa noite.

- Melhor você ir pró seu quarto. Quero dormir
- Porque não dormimos juntos? – fiz bico
- Não Arthur, melhor não. Sei perfeitamente que se você deitar ao meu lado, na cama, nós não vamos dormir
- Eu juro que não faço nada, além de beijos
- Mesmo assim… - ela olhou para os lados, tentando fugir daquela situação – É cedo para a gente se juntar assim, me entende? A gente já vive junto, já trabalha junto… eu quero espaço.
- Estou sendo chato com você? – fiz um rosto de admiração e insegurança
- Não, não é isso. Mas é que eu acho que é cedo para começarmos a fazer uma vida de casal oficial
- Mas nós somos um casal… não somos?
- Somos Arthur… você entende o que eu quero dizer?
- Entendo… - suspirei. Dei mais um selinho nela. Ultimo selinho de hoje – Até amanhã!
- Não vai ficar bravo, né?
- Não… eu entendo mesmo você. – sorri de volta

Sim, por um lado eu entendia. Ela não queria pressas. Queria viver a vida conforme o tempo levava. 

(…)

A agitação de acordar às 5horas da manhã, para pegar um voo para Portugal, é enorme. Acordamos com a pressa de nos vestirmos, comermos, pegarmos a mala e corrermos para o aeroporto. Mas com todo aquele nervosismo, eu nem consegui comer.
Era a primeira vez que viajava para um lugar tão longe como Portugal. Para dizer a verdade… era a primeira vez que eu andava de avião. Como sabem, eu não nado num mar com ondas feitas de notas. Ainda! 

- Você devia ter comigo. A comida do avião é péssima, aviso já!
- Eu estou bem! – havíamos entrado no avião a pouco mais de 10 minutos. 

A aeromoça passava de um lado para o outro, vendo se todos os passageiros estavam bem. Na hora de colocar o cinto, coloquei a apertei bem forte. 
Ouvi os motores do avião serem ligados e num instante o avião começou a dar a volta à pista. Felizmente, eu tinha ficado num lugar perto da janela, podendo olhar tudo pela primeira vez.
Quando o avião descolou, senti uma coisa estranha. Parece que metade de mim tinha ficado na pista e a outra metade ia agora a caminho das nuvens. Aos poucos, as pessoas foram se tornando num tamanho de formiga, quase impossível de ver, assim como as casas e os grandes prédios. 
Lua deitou a cabeça no meu ombro, adormecida. Colocou a mão junto com a minha e apertou. 
O meu nervosismo havia passado. Mas eu ainda não estava descansado. Aquela sensação de estar no meio das nuvens era nova para mim. Devo confessar, eu parecia uma criança.


Acordei com os beijos de Lua pelo meu rosto. Ela estava com um sorrisão nos lábios, toda empolgada com a nossa viagem. Eu abri os olhos sem saber onde estava exatamente. Pensava que tudo tinha feito parte de um sonho.
A aeromoça passou por nós com uma bandeja servindo sucos, águas e cafés. Pedi água e bebi toda de uma vez. Afastei a cortininha da mini janela do avião e não vi nada além de nuvens cinzentas. Aos poucos, o vidro ia sendo coberta por pingos de chuva.

- Dentro de 30 minutos, estamos na Ilha! – dizia ela
- O quê? E Lisboa? Já passamos por Lisboa? Por quando tempo eu dormi? – estava realmente assustado. Estava planeado da gente parar em Lisboa, que é uma grande cidade e capital de Portugal. Só depois íamos para a Ilha da Madeira, onde os pais da Lua estão



- Calma Arthur! – ela começou a rir de mim – Você estava com um sono pesado hein?! – ela ainda se ria e eu estava sem entender nada – Você não ouviu a aeromoça dizer que não íamos passar por Lisboa devido ao mau tempo?
- Mau tempo?
- Esqueceu que aqui faz frio? Estamos no inverno! – ela riu de novo – Esqueça Brasil, sol, praia e altas temperaturas, ok?
- Ok… - eu continuava um pouco confuso. Enquanto ela lia o seu livro, eu continuava olhando para a janela.

Pouco mais de 20 minutos, começamos a ver umas pequenas terras, Ilhas, neste caso. As ilhas desertas, onde ninguém mesmo mora lá, apenas animais e visitantes curiosos que por lá passam, depois a Ilha dourada, ou melhor, Ilha do Porto Santo e finalmente a Ilha da Madeira, muito cobiçada pelos turistas.

A chegada ao aeroporto foi otima. O avião aterrou bem, apesar o vento forte que se fazia em Santa Cruz (local do aeroporto). 



(as terras atrás, são as Ilhas Desertas)



A primeira coisa de que me dei de conta, foi o sotaque destes Portugas. Mas gente, por que é que eles falam tão rápido? Confesso que não entendi nada, à primeira vez que escutei.
O aeroporto era pequeno, nada comparado com o de Brasil, mas mesmo assim era confuso, pois estava cheio de pessoas.
Depois de pegarmos as nossas malas, fomos pra a área das chegadas. Pegamos um carrinho, onde colocamos as malas, e de mãos dadas fomos ao encontro dos pais da Lua.

- Sorria sempre! – disse ela – Os meus pais podem ser desagradáveis, no inicio, mas relaxa. Vai ficar tudo bem!
- Ainda estou um pouco surdo – passei as mãos pelas minhas orelhas, que ainda estava estranhas, depois da viagem – Você está bem?
- Sim, estou acostumada a viajar. Já você, parece ser a primeira vez
- Tenho realmente que confessar… - fiquei meio envergonhado
- Ohw, que lindo!! Mas especial ainda, né? – paramos o carrinho das malas na porta automática e demos um selinho. Lua olhou em frente e soltou um sorriso. Andamos mais um pouco até eu realmente entender quem era a mãe da Lua.

Apesar de todas as confusões, o reencontro entre mãe e filha foi bem emocionante. Atrás, estava supostamente o pai da Lua, com outros dois garotos que eram os irmãos, acho, e dei por falta da Isabel. 

- Mãe, que saudade! – se abraçaram forte
- Lua, você está tão magra. Não tem mesmo se alimentado bem
- Quié isso mãe, tenho sim! – ela riu – Pai! – se abraçaram. Logo depois, ela abraçou os dois irmãos – Cadê a Isabel?
- Ficou em casa, esperando vocês.
- Mãe, pai, esse é o Arthur! – finalmente me apresentou. Começava a ficar incomodado, me sentindo a mais naquele momento especial de família. Os dois, pais da Lua, me olharam de cima a baixo. A mãe dela sorriu, fraco e o pai ficou normal. 

Nós cumprimentamos, com cara de poucos amigos, mesmo assim, e fomos para o carro. Lua conversava e abraçava os irmãos, que não os via à tanto tempo. Miguel e Diogo, pareciam ser dois ou três anos mais novos que nós. 
Fomos até ao parque de estacionamento, onde fomos de van até à casa dos pais da Lua. Se situava no centro da cidade do Funchal. Do aeroporto até lá, andamos 20 minutos de carro.



As vias eram mais pequenas, os carros eram parecidos e o relevo bem acentuado. Haviam túneis de nos levavam de um lado para o outro, sempre vendo o mar. por todo o lado que nós fossemos, dava sempre pra ver o mar. Em umas regiões, haviam ondas fortes, em outras, mais baixas. Dependia da zona.
Quando saímos da “via rápida” (não sei se chamam assim no Brasil), passamos por ruas estreitas, com moradias na berma da estrada. Algumas essas ruas eram inclinadas, coisa estranha de se ver.

- Ainda é 6horas da tarde, como é que já está de noite? – olhei para o céu, quando saímos do carro
- Na verdade, são 9horas da noite. – disse o irmão da Lua
- Poxa, esqueci o fuso horário! – tratei de acertar o meu relógio
- Mas em dias de inverno, 6:30 ou 7horas já está mesmo de noite. – ele continuou 

Pegamos as nossas malas e levamos para a casa dos pais da Lua. Haviam um quintal enorme, com uma garagem enorme e a casa era igualmente enorme. 
Segundo o que sei, os pais da Lua também são médicos e os irmãos dela são advogados e arquitectos. Todos com empregos de sonho.

 A casa estava decorada da melhor maneira possível. Tudo pronto para o natal, que vem ai. Podia contar os dias com as minhas próprias mãos. 
Coloquei a mala no quarto de hospedes, onde vou dormir, e fui até à varanda do quarto, onde podia ver as ruas todas iluminadas para o natal. Coisa linda de se ver.



Eu estava preparado para viver um dos melhores Natais da minha vida.

Bom, que tal o capítulo? É bom ou não, conhecer um pouco da minha Ilha? Ahaha!!
Amanhã tem mais :)


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