Exchanged For a Game: Capítulo 11

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P.O.V’s Lua Blanco
  O vento frio soprava nas ruas de Los Angeles, fazendo meus cabelos taparem meu rosto e folhas de jornais não lidos, voarem pelos asfaltos lisos.
-Acho que vou congelar. –Sophia  falou enquanto se abraçava com os braços, e os cabelos soltos na tentativa de aquecer seu pescoço.
-Essa rua é muito vazia. Não tem medo de ser sequestrada, assaltada entre outras coisas? –perguntei com os lábios batendo contra o outro, por conta da temperatura.
  -Não. Vivo aqui desde pequena, e nunca aconteceu algo grave comigo ou alguém próximo. –ela disse quase em um sussurro.
  Escutei um alto barulho de freadas bruscas de carros. Sem me deixar raciocinar, Sophia  me puxou para um beco escuro entre dois prédios de paredes pichadas. Escondemos-nos atrás de barris de lixos.
-São os homens de Arthur. –ela disse se abaixando ao meu lado.
  Segundos depois, ali daquele beco pude ver carros pretos voarem por aquela rua.
-Querem nos fazer companhia, gatinhas? –um loiro de cabelos lisos perguntou se aproximando por trás de nós junto de um moreno de cabelo encaracolado, e barba por fazer.
-Não, nós já estávamos de saída. –Sophia  vacilou com sua voz fraca.
  Saímos apressadas dali, mas senti mão fortes me segurando, e o cheiro de droga exalando o ar.
-Me solta! –me remexi na tentativa de me soltar, mas o cara era mais forte do que eu.
-O que acham de nos divertirmos um pouco? Aposto que fazem um boquete dos deuses. Oh, como não reparamos nisso? Olhe a roupinha delas. Aposto que são prostitutas e profissionais no que fazem. –Chupou meu pescoço.
-Me larga, nojento! –Chutei o membro dele, e ele caiu no chão se contorcendo de dor.
  Sophia  se encontrava deitada em um sofá sujo e com a esponja saindo do mesmo, com o moreno a encurralando. Avistei uma garrafa de alguma marca cerveja em cima de um dos barris azuis, e não pensei duas vezes antes de taca-la na cabeça daquele cara, o fazendo desmaiar.
-Voltem aqui vadias! –o loiro grunhiu.
-Corre! –gritei para Sophia  antes que o loiro se recuperasse.
  Corremos três quadras, e paramos para descansar. Sophia  estava com suas mãos apoiadas nos joelhos com a respiração descompensada, enquanto eu me encontrava encostada em um portão de um prédio alto, com a mão no peito, e o mesmo subindo e descendo involuntariamente.
-Não vamos ficar paradas por muito tempo, porque para piorar só faltam os homens de Arthur nos encontrarem. –falei.
-Não fala isso, não quero voltar para aquele inferno. –ela suspirou. -Vamos? –assenti fraco.
  Andamos por mais duas quadras, e havíamos chegado ao prédio onde Sophia  morava. Ele era branco, alto, portões altos e vidraça preta onde ficava o porteiro.
  Entramos e o senhor de cabelos já grisalhos que ficava ali na recepção, levantou de sua cadeira com um enorme sorriso no rosto.
-Sophia ? É você mesmo? –Ele perguntou desacreditado e com expressão surpresa.
-Sim, senhor Peter! –Sophia  foi até o homem e o abraçou. –Que saudades.
-Seus pais estão desesperados procurando por você, eles passaram por aqui, esses dias buscando informações. Por onde você andou menina? –ele disse com os olhos brilhando por ver Sophia  ali.
-Problemas, Peter. –Sophia  disse incomodada por aquela pergunta.
-Tudo bem. Qualquer dia desses desça para tomar café comigo.
-Pode deixar, até logo. –ela acenou e ele retribuiu.
  Entramos no elevador e Sophia  apertou o botão do andar onde morava.
-Esse ai é Peter, ele é porteiro e sempre que eu voltava da faculdade, ele me convidava para tomarmos café. Ele é um senhor muito gentil. –ela disse antes que eu a perguntasse.
  Saímos do elevador e Sophia  pegou uma chave em baixo do tapete de frente para a porta.
  O apartamento era organizado. Paredes brancas, sofás de couro vermelho, em cima da mesinha de centro em vidro havia uma pilha de revistas e logo a frente uma enorme TV de plasma. 
-Seu apartamento é lindo. –falei admirada.
-Obrigada, mas eu não sei que milagre é esse, porque a ogra da minha irmã vive bagunçando. –ela bufou.
-Sophie! Tá em casa? Sophie! –Sophia  gritou. –Acho que ela não está. Vamos para o meu quarto. –Ela trancou a porta de entrada, e seguiu para o corredor.
  O quarto de Sophia  era simples e bonito. Uma cama de casal com lençóis brancos, na frente da mesma um tapete branco e macio, cortinas brancas nas janelas, uma mesa no canto do quarto onde havia um notebook com alguns livros ao lado, e uma TV em cima de um móvel de madeira.
-Fique a vontade, Lu.O banheiro fica ali. –Ela fez um gesto com a cabeça em direção a umas das portas que havia naquele quarto. –Vou pegar uma toalha e roupas para você. –ela disse.
-Sophia ! –a chamei assim que virou as costas. –Você não acha que irão nos procurar aqui? –Ela franziu o cenho. –Digo, já que eles estavam atrás de sua irmã, á algum tempo e acabaram te confundindo com ela, eles poderiam a estarem a seguindo. -ela levou um tempo para raciocinar o que eu havia dito.
-Tem razão, Lu. Vou tomar banho no banheiro da minha irmã, não demore. –ela disse correndo para closet e eu assenti. 
  Entrei no banheiro, e pela primeira vez desde o dia em que eu pisei naquela boate, eu iria tomar um banho de verdade, mesmo que rápido. Despi-me rapidamente e entrei em baixo do chuveiro, a água quente deslizou por meu corpo, relaxando meus músculos tensos e me acalmando. Lavei meu cabelo com os  produtos que havia ali, e sai do banheiro enrolada na toalha branca que estava em cima da pia seca. Sophia  havia a deixado a toalha ali junto de um vestido preto e curto. Era simples e confortável. Coisas assim me agradam. Usei um batom e rímel que havia ali em cima daquela pia de mármore.
  Voltei para o quarto e Sophia  estava vestida em um jeans, uma camisa branca e sapatilhas vermelhas. Ela enfiava roupas de qualquer jeito em uma mochila preta.
-Está pronta? –Sophia  perguntou.
-Sim. Podemos ir se... –fui interrompida pelo barulho do interfone vindo de algum cômodo daquele apartamento.
-Atende pra mim, por favor. –Sophia  pediu. –Fica na cozinha.
  Andei até o cômodo, de onde estava vindo o barulho, e o aparelho tocava irritantemente ao lado da pia de alumínio.
-Alô? –falei com a pessoa do outro lado da linha.
-Menina Sophia , tem homens indo no seu apartamento. Eu juro que não permiti a entrada, eles subiram sem deixarem que eu a avisasse... –não deixei que Peter terminasse, e corri em direção ao quarto.
-Os homens de Arthur invadiram o prédio, vamos logo! Eles estão subindo! –falei rápido e Sophia  largou as roupas que colocaria na mochila, e abriu apenas uma gaveta no fundo do closet, tirando um bolo de dinheiro e jogando na mochila.
-Vem!
  Saímos do apartamento e Sophia  trancou a porta levando a chave junta de si. O elevador fez um barulho indicando que haviam chegado ali. Sophia  me puxou pelo pulso em direção a uma porta, com uma placa escrita em letras de forma: EMERGÊNCIA. Era uma escada, com luzes automáticas, que a cada vez que pisávamos em um andar a luz se acendia.  Chegamos no estacionamento do prédio e havia alguns carros pretos ali, e alguns homens rodando o local. Senti um arrepio na espinha quando vi as armas nas mãos daqueles homens vestidos de preto.
-Merda. –Sophia  grunhiu. –Me siga, venha engatinhando. –assenti.
  Passamos por trás de vários carros, e Sophia  usou uma chave para abrir um carro de pintura prata.
-Entre. –ela cochichou. Entrei no carro, abaixada para que eles não notassem e passei para o banco de trás, ajeitando-me no “piso” do carro com dificuldade.
  Sophia  logo entrou e não bateu a porta do carro, apenas a encostou. Ela passou para trás, deitando-se no banco.
-Vamos ter que esperar eles vazarem. –ela cochichou.
-Iremos pra onde? –perguntei.
-Conheço um hotel, não é luxuoso, mas é longe o suficiente para eles não nos acharem.
-Mas é muito longe?
-Mais ou menos, por quê? –ela justificou.
-Porque quero ver minha irmã. –falei e senti lágrimas se formando no canto dos meus olhos, fazendo-me os sentirem úmidos.
-Amanhã, posso te levar em sua casa para ver ela. Pode ser perigoso, porque lá irá ser o primeiro lugar que os homens de Aguiar irão lhe procurar.
-Julie tem aula de ballet, você pode me levar na academia de dança?
-Levo, sim. Agora, eu quero saber uma coisa sobre você.
-Pergunte.
-Como foi parar lá? Você devia algo pra Aguiar? Eu te falei sobre mim, e queria muito saber sobre você. –Seu par de olhos castanhos brilhavam como se pedissem para que eu confiasse nela.
-Meu pai. –Respirei fundo para prosseguir aquilo. –Ele jogou com Aguiar em algum cassino e me apostou, agora é como se eu pertencesse á ele. –falei.
-Quem é seu pai? –ela perguntou com suas duas mãos juntas, como se formasse um travesseiro.
-Billy Blanco. –falei simples, porque aquilo realmente não importava, ele podia ser famoso e continuar com seu mau-caráter, não me conformo como alguém como ele conquistou tudo que tem.
-Já ouvi falar. –ela disse simples, assim como eu esperava que fosse.
-Quero muito falar com minha amiga, sinto falta dela.
-Nunca tive amigas verdadeiras. Sempre foi, eu e minha irmã na casa de campo da vovó.  –falou com sua voz baixa.
 
-Agora você tem á mim. –Levei minha mão até a dela, e ela estendeu a sua. As apertamos como se tivéssemos feito um juramento. Um juramento de que aquilo durasse pra sempre.
-Você acha que eles já foram? –perguntou depois de alguns minutos silenciosos.
-Deixe-me ver. –ela disse e apoiou seu braço direito no banco, erguendo um pouco os ombros para que pudesse olhar através da janela. –Acho que sim, mas vamos esperar mais alguns minutos, para que não ocorremos o risco de sermos encontradas no portão, caso estejam lá. –assenti.
-Ligue para sua irmã, e a avise como está a sua situação, peça para sumir, ficar longe da cidade e não ocorra o risco de ser pega. 
-Tem razão. –Sophia  disse e enfiou a mão no bolso traseiro de seu jeans.
  Sophia  falava com sua irmã no telefone, sorri ao pensar em Melanie, do jeito que ela é desequilibrada, primeiro tentaria me matar e depois me deixaria lhe explicar o que aconteceu para que eu sumisse.
-Ela está na casa dos nossos pais. –Sophia  disse, sorrindo.
-Contou tudo para ela?
-Sim, pedi para que contasse aos nossos pais, e não os deixassem denunciarem Aguiar, ele é perigoso, sinto medo dele. –Se encolheu no banco estofado.
-Por mais que ele tenha aquele jeito durão, de cafetão, drogado, matador, eu não sinto medo dele, apenas uma certa repulsa. –falei.
-Você é corajosa, eu não. –falou e sorriu de canto. –Acho que já foram. –Sophia  levantou-se e pulou para o banco do motorista.
  Á cada esquina, uma boate com letreiros neons e portas lotadas. Era assim que se encontravam as ruas de Los Angeles naquele momento. A janela de vidro ao meu lado estava entre aberta, deixando o vento denso soprar para dentro do carro e meus cabelos escuros voarem. O carro estava silencioso, era um silêncio agradável, um silêncio que não se podia ao menos escutar nossas respirações, pois a movimentação rápida que passava por um fio lá fora, não deixava.  
-Estou com frio. –comentei com Sophia .
-Acho que coloquei um lençol na mochila. –ela disse, e apontou para a mochila no banco traseiro, sem virar o rosto.
  Puxei a mochila sem sair do banco de passageiro, e tirei de lá, um fino lençol branco. Passei o tecido por trás de minhas costas, e os segurei com as mãos, de forma que ficasse como um casaco.
-Ei, chegamos! –escutei a doce voz de Sophia , enquanto a mesma que chacoalhava.
-Nossa, eu dormi mesmo. –ri fraco, despertando-me.
-Sim, você pegou em um sono profundo. –Saiu do carro.
  Adentramos o pequeno prédio branco, com varandas largas de vidros azulados e uma moça loira e alta nos atendeu.
-Boa noite, alguma reserva? –perguntou gentil atrás do balcão.
-Boa noite, não reservamos quarto algum. –Sophia  respondeu.
-Pois bem, ficarão em suíte norma ou presidencial?
-Normal, por favor.  –a moça loira, assentiu.
-Quarto 409. –ela disse depois de verificar algo no computador e nos entregou a chave do quarto.
-Obrigada, tenha uma boa noite. –Sophia  disse, educada.
-Igualmente. –respondeu.
  Chegamos ao quarto e Sophia  se jogou na cama exausta, ri com aquilo.
-Nem estou mais a fim de dormir. –falei simples.
-Então, aproveite seu tempo acordada, pois vou contar carneirinhos no meu sono. –ri. –Boa noite.
-Boa noite, Sophia . –falei.
  Andei até a varanda e lá fora chovia fraco, garoava. Sentei-me em um divã branco de couro que havia ali no canto daquela varanda.
  Pensei em Julie, eu precisava vê-la imediatamente, a saudade já falava mais alto, eu precisava tocar em seus cabelos loirinhos e cantar uma canção de ninar para ela, precisava escutar sua gargalhada gostosa, e escutar sua voz doce dizer que preferia a mim a sua própria mãe.  Eu precisava de Julie, era como uma necessidade.
  Voltei para o quarto e Sophia dormia, serenamente e sorria involuntariamente, parecia estar em um ótimo sonho. Vasculhei a mochila preta que Sophia  havia trazido e tirei lá uma jaqueta de lavagem azul. Peguei a chave ao lado do móvel do lado cama, e peguei um papel que estava ali e uma caneta dentro de um pote, para escrever um bilhete para Sophia .
   “Sei que me levaria para ver minha irmã, mas a saudade falou mais alto. Peguei seu carro emprestado e tentarei chegar antes do amanhecer. Xx Lua”
  Liguei o GPS do carro, e apareceu o ponto vermelho indicando onde ficava a casa de Billy, realmente estávamos longe.
P.O.V’s Arthur Aguiar
-COMO ASSIM PORRA? COMO DEIXARAM AQUELAS PUTAS, FUGIREM? SE ME DENUNCIAREM, ESTAMOS MUITO FUDIDOS. –Bati minhas mãos na mesa de madeira do meu escritório.
-Elas fugiram Sr. Aguiar, não temos mais como acha... –Kenny continuaria a falar, mas o interrompi.
-Deem a porra do jeito de vocês. Vasculhe cada canto de Los Angeles, eu quero aquelas vadias aqui.
-Dude, ele tá certo. Eles a procuraram até no prédio de Saphira, não sei o nome da vadia, eles não as acharam. –Chay disse sentado no sofá.
-Elas não seriam capazes de nos denunciar, elas sabem do que somos capazes, ela teriam pelo menos um pouco de sanidade ao pensar nisso. –Fábio  se pronunciou tranquilo, enquanto tragava um cigarro e concordei mentalmente com ele.
-Mas não podemos correr o risco. –falei.
-Faremos mais buscas, Sr. Aguiar. –Kenny pronunciou-se.
-Tá, agora vaza daqui e trate de colocar seguranças na frente de todas as salas! –gritei e me joguei em minha poltrona.
-Assim que as acharem, quero as duas nas salas de torturas. Decidam-se quem ficará com a vadia ruiva, agora deixem Lua comigo, ela aprenderá a nunca mais me desafiar dessa forma. –sorri malicioso, ao imaginar ela pelada em minha frente enquanto a castigava de todas as formas possíveis.
-Vai matar ela, cara? –Chay perguntou.
-Não, só a castigarei a ponto de achar que chegou ao seu fim. O imprestável do Kenny reuniu os seguranças para estarem no galpão? –perguntei, mudando de assunto.
-Sim, estão todos prontos. 
-Vou pra casa, descansar porque acordarei cedo pra resolver umas paradas. –Levantei da poltrona.
  Eles levantaram dos sofás e saíram do escritório.
  As paradas que eu teria que resolver era com Lua Blanco, ela se achava espertinha demais, irei fazê-la engolir esse ego. Eu saberia exatamente em que lugares a encontrar.
P.O.V’s Lua Blanco
  Estacionei o carro do outro lado da rua e desci do mesmo, andando tranquilamente até o portão da mansão.
-Livía! Quanto tempo! O que lhe traz aqui á essa hora?  -Michel, o porteiro que fazia a vigia da mansão, perguntou.
-Estou morando com minha mãe, e senti falta de Julie. –menti.
-Ah claro, deixe-me interfonar para o seu pai... –ele falaria algo, mas eu o interrompi.
-Não precisa. Irei lhe fazer uma surpresa.
-A essa hora da madrugada? –perguntou desconfiado.
-Sim, á essa hora. –respondi. Ele estava me irritando com tantas perguntas.
-Tudo bem. –Abriu o portão. –Até logo. –ele disse e acenou, retribui.
  Abri a porta com o máximo de cuidado, para que não fizesse barulho e tirei as sapatilhas para subir as escadas, não queria que elas emitissem algum som.  Passei pelo quarto de Billy e tudo estava silencioso. Abri a porta do quarto de Julie com cuidado, e meu coração bateu mais forte ao ver minha princesa virada de lado e provavelmente abraçando seu ursinho. Deitei-me em seu lado, e ela se mexeu. Julie estava acordada.
-Lu, é você mesmo? –ela perguntou dengosa e esfregou suas pequenas mãozinhas em seus olhos.
-Sim, meu anjo. Vem cá me dar um abraço. –Abri os braços e senti Julie saltar para cima de mim.
  Apesar de estar no escuro, eu reparei que abaixo de seus olhos estavam molhados, ela havia chorado. 
-Você me deixou, Lu. Por quê? –Se acomodou em meu braço.
  Afaguei seus cabelos finos, e beijei to topo de sua cabeça. Eu amava aquele cheiro de bebê que ela tinha.
-Aconteceu algo muito grave comigo, pequena. Você é criança demais pra entender. A irmã vai ficar um tempo afastada de você, mas eu prometo que vou voltar pra te buscar.
-Mas você vem me ver? –Os olhos dela brilhavam.
-Eu acho que não posso, mas prometo tentar. Você tava chorando meu anjo?  -Passei os dedos delicadamente por seu rosto. 
-Eu tava com saudades de você. –falou e colocou suas mãos em meu cabelo e ficou os puxando carinhosamente.
-Eu estava morrendo de saudades de você. –Julie sorriu. –Rachel  está te tratando bem?
-Ela continua normal, Lu. Agora eu tenho uma nova babá, o nome dela é Elisabeth. –ela disse, e me subiu um ódio pior do que o normal de Rachel .
-Ela te trata bem?
-Sim, ela é legal. Blincamos de boneca na beila da piscina, que nem você fazia comigo. –sorri involuntariamente.
-Você lembra-se de quando brincávamos?
-Sim, eu sinto falta. –Julie disse com a face triste e aquilo me deu um aperto no coração.
-Eu não posso demorar muito, anjo. Eu prometo que volto pra te ver. –A abracei forte.
-Fica mais um pouquinho, Lu. –choramingou.
-Vem aqui. –Levantei da pequena cama e a chamei, Julie pulou em meu colo. 
  Caminhei com ela em meu colo até a pequena varanda do seu quarto, que dava uma linda vista do céu estrelado e o jardim da mansão. Estrelas e flores parecem-me ser uma boa combinação. É como se as estrelas reluzissem as flores, as dando vida.  
-Sabe pequena, quando eu tinha sua idade, minha mãe cuidava de mim, assim como eu cuido de você...
-Qual era o nome da sua mãe, Lu? –perguntou interrompendo e passou as mãozinhas em meu rosto, fazendo um carinho ali.
-Ela se chamava Cláudia . Ela me dava muito carinho, brincava comigo, me levava pra passear, me dava broncas uma vez ou outra, -Senti uma mísera lágrimas escorrer e o polegar de Julie passear por ela. -e acima de tudo me amava. Eu quero que saiba que apesar de tudo, que estamos passando agora, eu não posso te explicar minha princesa, mas saiba que eu te amo. Você é a razão pela qual eu continuo forte, e aqui. Eu estou aqui, por você. Só por você. –falei com a voz inaudível, sentindo meus olhos lacrimejarem mais.
-Eu vou ficar tisti se você continuar cholando. –ela disse fazendo-me rir levemente.
-Quando sentir minha falta,olhe para as estrelas e lembre-se nós duas juntas no jardim as admirando, e a mais brilhosa sempre será eu olhando por você, porque você é a pessoa mais importante da minha vida, anjo e todos os meus sorrisos são por você. –Julie chorava serenamente, sem fazer cara feia ou algum barulho de soluço.
-Você não vai voltar mais? –perguntou com a voz falha.
-Eu sempre volto pra você.
  A abracei com toda minha força, como se fosse o último abraço, a última vez que eu tocaria sua pele macia e seus cabelos sedosos. Aquilo tudo era doloroso, meu coração se dilacerava sem o menor pudor e minha alma necessitava dela, como a lua precisa das estrelas durante uma madrugada fria, porque tudo é sombrio, tudo dá medo. Julie era a lua indefesa e eu era sua estrela.
-Me põe pra dormir, por favor. –indagou com a voz doce e dengosa.
-Sim, pequena.
  Voltei com ela para o quarto, ainda em meu colo e seu rosto na curva de meu pescoço, seus soluços eram abafados.
-Alguma história ou música? –perguntei a ajeitando na cama para deitar ao seu lado.
-Não, só me abraça e faz carinho em mim. –falou, encolhendo-se no edredom.
  Deitei-me ao seu lado e coloquei sua cabeça em cima do meu braço. Fazia carinho em seus cabelos e observava cada traço de sua delicada face, seus olhos castanhos reluzentes e a forma que seus lábios rosados formavam um perfeito coração. Julie era a criança mais linda que eu já havia visto.
  Olhei para o pequeno despertador rosa localizado no móvel ao lado da cama e ele marcava, 5:53 a.m. Logo Billy acordaria.
  Olhei para Julie, que respirava serenamente e com a aparência calma.
-Eu te amo, meu amor. –falei mesmo sabendo que ela não poderia me ouvir, e beijei seu rosto.
  Andei até aquela porta e a olhei novamente. Meu coração pedia para que eu ficasse, mas minha mente dizia totalmente o contrário. Era como se eu ficasse ali, e estaria cercada por pessoas odiáveis e eu saísse por aquela porta e pudesse levar um tiro em uma calçada gélida de Los Angeles. O perigo me ronda.
  Tudo que senti há alguns anos atrás, estava a invadir meus pensamentos e minha realidade. Eu estava sendo obrigada a me afastar de alguém que amo, de novo.  
  O coração espremeu assim que passei por aquele enorme portão daquela mansão de papel, falsa. Encostei-me no banco estofado e contei até dez, de trás pra frente e o contrário. Eu precisava ser forte, pela minha vida. Duas pessoas precisam de mim, assim como eu preciso delas.
  Girei a chave em sua entrada, e sai com o carro da frente daquela mansão. Lembrei-me de Melanie, ela devia estar á flor da pele comigo, eu precisava explicar-lhe todo o ocorrido.
  A mansão dos Fronckowiaks estava com as luzes apagadas e em um silêncio sem fim. Abri a porta do quarto de Melanie, ela dormia de boca aberta e alguns fios de seu cabelo moreno em frente ao rosto, ri com aquilo. Avistei seu brinco de pena em cima da mesa de seu notebook, perfeito. Peguei o acessório e passei de leve em sua orelha, ela apenas se remexia incomodada.
-Para Alex. –ALEX? Melanie é uma safada assumida.
-Então, você anda dormindo com o Alex? –perguntei e ela abriu apenas um olho, parecia que havia visto um ET.
  Ela não parecia a Melanie sonolenta. Pulou em cima de mim, derrubando-me no chão e caindo por cima de mim.
-Sua louca. –falei em meio aos risos misturados.
-Como você some desse jeito? Eu pensei que tivesse viajado sem me avisar, fiquei com um puto ódio de você... –falava ligeiramente, enquanto eu digeria o “viajado”, e acabei a interrompendo.
-Viajado? Quem dera... Você não sabe o que eu passei. –Joguei-me na cama.
-Por onde você andou? Seu pai disse que sua viajem pra Massachusetts havia sido adiada, coisa de última hora dizendo ele.
-Tenho muitas coisas pra te contar, MUITAS mesmo. Então, senta aqui porque você vai cansar de ficar em pé.
  Contei á ela, o ocorrido desde a boate em que quase fui estuprada e salva pelo moçinho-vilão até o meu esconderijo que era em um hotel de estrada.
-Eu já havia visto ele na boate, mas não sabia que era dono dela, mas VOCÊ DEU PRA ELE, VOCÊ PERDEU SUA VIRGINIDADE COM AQUELA TENTAÇÃO, VOCÊ FICOU SEM ANDAR, MEU DEUS! SUBIU UM CALOR! ELE DEVE SER UM TOURO! –Suspirou e começou a se abanar, fazendo-me sentir ódio dela por ter se anexado justamente naquela parte e sentir vontade de rir pela forma que ela falava.
-Ele é bom de cama. Mas é uma péssima pessoa, acredite. Só tem aquela cara de anjo, porém é o capiroto em pessoa.
-Nunca mais olho na cara do seu pai, e eu aposto que tem dedo de Rachel .
-Você pensa como eu. Melanie, faz um favor pra mim?
-Depende, gata. –falou, ri fraco. Não dava para levar ela á sério, ela faria.
-Procura nas coisas da sua mãe, em agendas, qualquer coisa, o número da minha mãe. Você sabe, elas eram muito amigas, devem manter contato. Faz esse favor pra mim? –Juntei as mãos de forma que uma pessoa junta para orar.
-Faço. Agora, me dá um abraço descente, porque eu tava morrendo de saudades. –pediu.
  Levantamos da cama, e nos abraçamos forte. Ri quando senti seu tapa estalado em minha bunda, como costumava fazer.
-Pra não perder a mania. –falou e logo retribui o tapa.
-Tenho que ir, já são 6:30 e eu não posso dar bobeira.
-Você vem me ver de novo? –pediu com os olhos azuis brilhando, sorri.
-Eu e Sophia não viveremos como pessoas normais, teremos que viver por algum tempo como fugitivas. Sei que os homens dele não pararão de nos procurar tão cedo. Assim que as coisas acalmarem, eu volto.
-Tudo bem. –Torceu um pouco os lábios, de forma que mostrasse sua decepção. –Mais um abraço. –ri.
-Até logo. –falou triste enquanto abria a porta pra mim.
-Até. –respondi e caminhei piso de pedras que levava até o portão.
  Olhei pra trás e ela ainda me olhava. Eu sorri. Ela sorriu. O medo de ser substituída apareceu.
-Ei Lua! –gritou.  
  Melanie corria em minha direção novamente, e nos abraçamos. De novo. Aquele era um abraço de despedida, sem gracinhas ou coisas do tipo. Ela era importante na minha vida, e no meio-tempo que ficaríamos longe, eu sentiria falta dela.
-Promete não me substituir? Por favor. –pedi enquanto nos abraçávamos.
-Você é insubstituível, Lua Blanco. –Sorri. –Quero te dar uma coisa. Espera-me aqui em baixo, caso meus pais estejam acordados e não corra o risco de ser vista. –Assenti.
  Alguns minutos depois, ela apareceu na porta com um saco transparente, mostrando o par de sapatilhas de ponta, rosa bebê.
-Vou sentir falta de dançar com você. –Melanie disse e entregou-me a sapatilha.
-Igualmente. Até mais, Nunes.
-Até mais, Blanco. –falou.
  Caminhei com a sapatilha fazendo um pequeno barulho contra o piso, e o céu azul aparecendo depois da escuridão.
-EU TE AMO, VADIA! –gritou, fazendo-me rir.
-AMO VOCÊ, CACHORRA! APROVEITE COM SEU ALEX. DEPOIS QUERO SABER DE TUDO! –Curvei-me um pouco para encara-la, e ela apenas ergueu seu dedo do meio.  
  Aquela ali era nossa despedida definitiva.
  Poucos carros transitavam pelas ruas concretas. Todos á caminho do trabalho. Vida normal era tudo o que eu desejava.
  Passava em frente á uma Starbucks, enquanto minha barriga roncava, eu não havia comido algo desde a tarde anterior.  Mexi no porta-luvas e encontrei 20 dólares, dobrado de qualquer de jeito e peguei a sapatilha.
  Havia poucas pessoas ali, apenas um homem lendo um jornal que estava em frente ao rosto, e duas senhoras conversando enquanto bebericavam seus cafés.
-Bom dia, o que deseja? –perguntou a atendente com um sorriso no rosto.
-Apenas um cappucino, por favor. –Anotou no caderno que segurava em mão.
-É pra já. –disse e se retirou, deixando- me sozinha.
  Minha aparência deveria estar horrível, por ter dormido apenas alguns minutos na noite passada.
  O banheiro estava vazio, apenas o barulho do pequeno ar-condicionado predominava no local.  Prendi meu cabelo em um coque e curvei-me na altura da pia, para lavar o rosto. Assim que levantei o rosto, sendo obrigada á me olhar no reflexo do espelho, pude ver ele. Ele estava ali. Ele era o homem com o jornal em frente ao rosto. Arthur estava ali, com o pior sorriso que eu já havia visto até agora.
-Pensou que fugiria de mim por muito tempo, Blanco? –perguntou sínico.

  Pressionou um pano branco em meu nariz e senti tudo ficar escuro. De novo. 
Notas finais: Queria agradecer pelos doze comentários no capítulo anterior. Mas gente, não quero ser grossa ou parecer grossa, eu gostaria muito que vocês comentassem o que acharam do capítulo e até as críticas, isso pra mim é importante. Não precisam comentar "Mais" ou coisas do tipo, eu com certeza irei postar mais. Só espero que vocês comentem as opiniões, o que acharam e tau, pois vejo mais "+++" ou "mais" do que realmente espero comentarem. Obrigada pela atenção, beijão <3 @biscateofdrew

18 comentários:

  1. Já pensou em ser escritora? Sério muito bom!

    Flávia

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  2. Amo essa web,vc deveria postar mais vezes!!!!!

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  3. opaahhh cap pefeitoh como smp haha..uma das melhores web do blog :)...continue assim <33

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  4. Posta mais rapido,ta demorando mt.e Sim a web esta maravilhosa!

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  5. Muito bom o capítulo! Tente fazer com que Arthur se apaixone por Lua , ou Lua pegasse o lugar de Pérola na Boate , algo assim (:

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  6. Seria interesante se Arthur não a levasse Lua para boate a levadia para um casa de campo sei la e mantesse em cárcere privado e mulher dele.

    Só acho viu :)
    Adoreiii o capitulo

    Ass: Chris

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  7. Acho que você deveria fazer com que o arthur se arrependesse do que ele tá a fazer. Coitada da lua poxa, ela tá a sofrer e muito, não merece. Mas ao mesmo tempo não coloca a lua a "cair de amores" logo nos braços dele, pois ele também merece provar do próprio veneno. É só uma ideia mas acho que ficaria legal, ver o poderoso arthur a rastejar pela lua. Ia ser lindoooo

    Bjs soraia

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  8. Bem que a Lu podia pegar o lugar da perola na boate.
    Nn deixa o thur voltar com a Lu e com a Sophia para a boate,por favor!
    Ass:Daniela

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  9. Primeiramende quero dizer q essa web esta muito boa, mais na minha opiniao a lua esta sofrendo muito. nao deixa o arthur levar ela para boate,faz ele se arrepender de todo mal q ele fez e assim ele comece a se apaixonar pela lua e tente de tudo para q a lua se apaixone por ele.nao faz a lua ficar loge da mel e nem de sua irma, isso poderia acontecer no cafe onde a lua contaria tudo q ta sofendo e arthur liberasse do a acordo e ele comesace a procurar a mae dela.
    Laryssa

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  10. Em primeiro lugar quero dizer qua a sua web é PERFEITA.
    E acho que o jogo deveria virar-se contra o feiticeiro, ou seja, a arthur deveria apaixonar-se pela Luh, mas ao mesmo tempo ela não deveria se entregar tão facilmente assim.
    E não deixes que a Luh deixe de ver a sua irmã.

    Ass: Mar

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  11. Não é como se a Lua tivesse sofrendo demais até porque essa é a de muitas mulheres. A Sophia também será pega?

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  12. Fantastico #amando
    Tambm sou belieber <3

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  13. Pode sim maana :D <3
    #belieber

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