Mini web: "O pai da minha amiga" - parte 2

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POV LUA

Engraçado! Eu sempre amei homens mais velhos, quem me conhece sabe bem disso. Mas namorar com o pai da minha melhor amiga, Luísa, não estava realmente nos meus planos.
O Arthur tem idade pra ser meu pai, mas nem por isso eu vou deixar de ama-lo. Bom, amar é forte de mais. Se bem que ele já disse que me amava, no momento em que me apresentou à Luísa. 

Os dias passaram, e aos poucos Luísa foi se acostumando com a ideia de que eu vou ser a madrasta dela. bom, nem é bem assim. Eu não quero ser a sua madrasta. Eu sou amiga dela, melhor amiga. Ela é como uma irmã para mim. Nunca teria a coragem de me torna má e arrogante, para com ela, visto que as madrastas são caracterizadas assim.

- Pára Arthur, a Luísa pode aparecer. – parei com  aquele beijo. Ele adorava quando agente ficava sozinhos, na casa dele. Ele levava sempre as coisas mais além. E desta vez estávamos na sala… - Imagina a Luísa nos pegar aqui.
- E o que tem? Vai me dizer que tá com vergonha?
- Claro! – eu endireitei a minha roupa
- Jura? – ele me encarou, super sério. Talvez teria percebido mal o que eu quis dizer
- Vergonha de ela nos apanhar aqui, assim, não pelo facto de ser você. Bobo! – dei um selinho nele
- Pensei que tinha vergonha de mim, por eu ser bem mais velho que você
- Você sabe bem que isso não é problema.
- E por falar em problema… amanhã temos um jantar
- Temos? – perguntei
- Sim. É um jantar pra comemorar 20 anos da empresa. E todos vão, vão levar filhos e mulheres ou namoradas e como você é minha namorada, você vai comigo.
- Você quer já assumir tudo assim de uma vez? 
- Começo a achar que você não quer…
- Não é isso, lindo. Mas é que as pessoas agora vão começar a comentar. Está pronto para isso?
- Prontíssimo! – ele me abraçou pela cintura – Você não?
- Não sei. Mas acho que sim. – retribui o abraço – Eu adoro quando estou assim com você. Me sinto tão mais segura. – beijei o pescoço dele 
- Boba! – ele segurou o meu queixo, subiu e me beijou
- Mas tem uma coisa… - me afastei novamente
- O quê?
- Os meus pais não podem saber. É que eu não sei se eles vão gostar. Quando eu namorei com um cara mais velho que eu, ele tinha 12 anos a mais que eu, o meu pai falou ‘seu pai sou eu, e não esse cara’. Ele detestou…
- Não quer então que os seus pais saibam?
- Não… tudo bem com isso?
- Tudo…

Para o jantar da empresa, eu caprichei no vestido, no salto alto, na maquilhagem e ainda na bolsa linda que eu levei. Queria dar a entender que era mais velha, para que a indiferença não fosse notada. Mas falhou um pouco!
Entramos dentro de um grande salão, todo ele decorado com flores, luzes enormes e tantas outras coisas, e fomos logo captados pelos fotógrafos. A empresa para que o Arthur trabalha é de grande porte, bem conhecida e a presença dos fotógrafos seria inevitável. 

- Está todo o mundo a olhar ou é impressão minha? – continuei sorrindo, enquanto dava o braço a Arthur
- Devem se ter dado conta de que eu me separei e que tenho outra
- Você não tinha contado pra eles?
- Eu sou apenas um advogado que trabalha para essa empresa. O meu nome é o máximo que eles precisam de saber.
- Bobo! – ri e logo de seguida fomos indicados para uma mesa
- Nossa, até o lugar da mesa está combinado! – disse Luísa, ela tinha vindo com agente. Se bem que ela não queria. Preferia sair com umas amigas. Amigas tais que eu nem conheço.
- Isto não é qualquer merda ai
- Respeito Arthur
- Brincadeira. – ele riu e me beijou – Você tá linda hoje! – me deu outro selinho
- Você é que está! – endireitei a camisa dele
- Mãe?! – Luísa disse bem alto. Olhei para o mesmo local que ela e pude ver a mãe dela, segurando a mão de um cara qualquer.
- Não acredito! – disse Arthur – Desde quando aquelas dois andam?
- O que tem eles andarem? – senti ciúmes
- Não é o facto de andarem ou não… é que, ela consegue tudo o que quer.
- Ela só quer dinheiro pai. – Luísa se mostrava irritada – Ela me falou que vinha a uma festa, só não disse qual. 
- Vamos esquecer ela, por favor. – tentamos nos distrair, se bem que foi quase impossível.

A mãe dela, ex-mulher do Arthur, Letícia Faria, passou pela nossa mesa com um sorriso idiota no rosto. Ela tinha a cabeça bem levantada, enquanto passava de braço dado com um cara de gravata bem apertada. Ele devia ser rico.

- Mas muito boa noite. Que surpresa ver-vos cá. Então Aguiar, arranjou mais uma filha é? Ahh, peço desculpa. É namorada mesmo!
- Mãe, vai embora.
- Olha como você fala comigo mocinha.
- Não discutam aqui, por favor. Letícia, vai embora pra sua mesa, vai. – Arthur pediu, tentando ser educado

Ela deu um risada falsa e foi embora. Arthur ficou irritado o jantar inteiro, sem pronunciar uma única palavra. 

- O jantar foi uma grande porcaria.
- Nem foi… a mãe é que passou lá e estragou tudo. – comentavam, enquanto íamos no carro, em direção à minha casa
- Vamos esquecer isso, por favor.
- Você podia dormir lá em casa – ele colocou uma mão na minha perna, enquanto dirigia
- Melhor não, até porque eu vou dormir lá – disse Luísa
- Boba! – ri

Mais 10 minutos e chegamos na minha casa. Me despedi de Arthur com um beijo e senti que ele ainda não estava bem. Continuava chateado com alguma coisa.
Na manhã seguinte, quando acordei, como sempre, o meu pai tinha ido comprar o jornal. Dentro do jornal, vinha uma revista informativa, em que falavam do jantar de ontem. Em uma foto, aparecia Letícia e atrás dela, a mesa em que eu estava. Estava eu e o Arthur nos beijando. Parecia que ela tinha feito de propósito, em enquadrar a nossa mesa, com a pose dela na porra daquela foto. Tentei esconder a revista, mas infelizmente o meu pai já tinha visto primeiro.

- Eu nunca tive nada a ver com os seus namoros, mas não acha que ele é muito velho pra você, dessa vez? E esta aqui ao lado, não é a sua amiga? Não me diga que isso é o pai dela?
- O quê? O pai dela? Lua, me diz que isso é mentira! – dizia a minha mãe
- Mãe… eu estou realmente namorando com ele. – os rostos dos meus pais se alteraram – Mas não pensem que ele é algum aproveitador ou algo do género. Ele é legal. Nos conhecemos numa festa e fomos falando…
- Oh meu deus! – a minha mãe colocou a mão na cabeça – E de onde é ele? Ele é casado? Trabalha?
- Sim, ele trabalha e vive a uns 20 minutos daqui, de carro. Ele é divorciado. 
- Ao menos isso – ela suspirou de alívio

Aos poucos, os meus pais foram encarando a noticia melhor. Conheceram Arthur quando se deu o encerramento da faculdade para mim. Acharam ele um homem educado, com princípios e super trabalhador, até porque já tinha ouvido falar do seu trabalho.

Passaram-se três meses. Nesses três meses, andei como uma louca procurando trabalho que acabei me esquecendo de tudo e de todos. Queria algo relacionado com o meu curso, mas estava difícil. Acabei encontrando trabalho numa escolinha para crianças, dos 2 aos 5 anos. Era um infantário. 
Trabalhava, normalmente, das 8h da manhã até às 16horas da tarde, ou até às 16:30, quando tinha de ficar a trabalhar em novas actividades para as crianças, do dia seguinte. Acabava me esquecendo que tinha amigos, pais e namorado. Tanto, que isso acabou dando encrenca.

LIGAÇÃO ON

- Mas e hoje, é sexta feira, podemos bem ir sair, né?
- Estou cansada, lindo. 
- E amanhã?
- Tenho um jantar na casa dos meus tios
- E domingo?
- Tenho de preparar as atividades para segunda.
- E quando afinal nos vemos?
- Eu realmente não sei. Ando muito atarefada
- Tanto, que nem tempo para o namorado se tem. Mas cafés com as amigas, você arranjar tempo.
- Nada disso. Eu fui ao café com a Luísa, porque ela passou no meu trabalho
- Eu já disse mil vezes que eu posso bem te ir buscar depois do trabalho, para agente ficar um pouco juntos, mas você nunca quer
- Para o seu bem, apenas
- Meu bem? Como assim?
- Eu não quero que se prejudique no trabalho por mim. Além disso, eu fico mega cansada depois do trabalho e a maioria das vezes, com dor de cabeça. Ficar com crianças pequenas dá trabalho, sabia?
- Se você viesse pra mim casa, morar comigo, não precisava de trabalhar.
- Eu quero viver a minha vida, não quero depender de ninguém
- Eu apenas queria ajudar
- Então ajuda, em não me dar lições de moral ou ordens, que eu detesto isso!
- Não são ordens… são apenas…
- Ahh Arthur, esquece essa conversa. Tenho que desligar, até mais!

LIGAÇAO OFF

As conversas acabavam sempre dando merda. Mas quando eu dizia que estava sem tempo, é porque realmente eu estava sem tempo.
Uma outra vez que fomos sair, Arthur me propôs a ideia de eu ir viver com ele. Eu ainda não tinha dito nada, pois não sabia se isso ia resultar. Ir viver junto é um grande passo e ainda agora eu me senti à vontade para lhe dizer um “eu te amo”, bem verdadeiro.

- Então, já sabe quando vem morar comigo? – Luísa perguntou bem na hora que a minha mãe se sentou na mesa. Vínhamos almoçar à minha casa, numa terça-feira, pela tarde
- Como? – minha mãe quase se engasgou com o que comia
- É… seria legal, né tia? Eu adorava! – Luísa deu palminhas – Se bem que eu nem sempre fico com o meu pai. Eu fico uma semana com o meu pai e outra com a minha mãe.
- Eu ainda não falei com os meus pais. Não posso dizer nada
- Filha, a vida é sua. Embora que eu ache cedo para você ir morar com um homem assim. Mas como a Luísa está lá, eu até fico menos preocupada. Alias, o Arthur também parece ser um homem de confiança
- Logico, é o meu pai! – Luísa riu
- Quer dizer que você deixa, mãe?
- Claro, desde que seja com juízo.

Na mesma noite, depois de eu fazer as minhas malas, Arthur chegou na minha casa pronto para me levar. Mas antes disso, teve de ouvir umas quantas coisas do meu pai. 

- Espere que não brinque com a minha filha, caso contrário, irá haver problemas! – meu pai encarou Arthur, que quase engoliu seco
- Bom, tchau pai! Eu vou dando notícias, vou ligando e passando por aqui sempre que eu puder
- E qualquer dia combinamos um jantar – propôs Arthur
- Esperemos. Juízo filha, muito juízo!

Nesta semana, Luísa não ficava com Arthur, ficava com a mãe. Por isso, assim que entramos em casa, Arthur jogou as malas para um canto e me agarrou. Me beijou intensamente contra a parede, passando as mãos pelas minhas laterais e depois permaneceu as mãos no meu bumbum, onde apertou. 
Saltei para o colo dele e fui guiada para o quarto, mais precisamente para a cama dele. Continuamos os beijos lá, provocando gemidos baixos um no outro, até que ele pára.

- Vou buscar uma coisa. – ele me deu um chupão no pescoço e foi ao banheiro. Eu sabia bem o que ele ia buscar. 

Enquanto isso, me virei para o lado da cama e comecei a tirar o meu vestido. Havia um ziper médio as costas que eu tirei e Arthur se encarregou do resto logo quando chegou por trás. Desceu as mangas do vestido, colocou o meu cabelo para o lado e beijou o meu pescoço, enquanto as suas mãos apertaram os meus seios. Ele adorava fazer aquilo. Desde que não magoasse, eu não me importava, até porque eu retribuía depois nele.
Depois das nossas roupas terem ganho um lugar no chão, ele investiu em mim de trás, fazendo eu ficar de quatro, em cima da cama. A cama balançou de um lado para o outro, tanto forte que eram aquelas investidas dele. Gemíamos conforte o prazer e quando gozamos juntos, caímos na cama. Eu, sobre o peito dele.

- Você é de mais! – Arthur pegou a minha mão e beijou
- Amo você! – dei um beijo no peito dele

(…)

Luísa começou a chegar tarde em casa. Ela nunca me contava para onde ia. Eu sei que ela não me deve explicações nenhumas, mas não somos melhores amigas, acho que não devíamos ter esses segredos.
A verdade é que desde que eu vim morar para cá e tive mais afinidade com o Arthur, ela começou a ficar distante. Era disso que eu tinha medo: que o meu namoro com o pai dela, destruísse a nossa amizade.

- Moçinha, você não tem nada para me dizer? – perguntou Arthur, nem sábado de manhã. Luísa tinha saído no dia anterior, antes do jantar e chegou pelas 6horas da manhã
- Eu estive com uns amigos
- Até altas horas, não? – encarou ele – Por que não arranja um trabalho, como as suas amigas fizeram? Você não pode só andar por ai a vaguear.
- Eu não tenho de seguir todos os exemplos das minhas amigas, se não, o mundo estava perdido! – senti que aquilo foi um indireta para mim. Parei de comer e saí da mesa, indo para o quarto
- Viu o que fez? – eles gritavam na cozinha – Vocês não eram amigas? O que raio mudou?
- Acha que é fácil para mim ver uma amiga minha ser comida pelo meu próprio pai? Eu sinto nojo por vezes. Eu pensei que ia ser mais fácil, mas não é!
- Olha como fala! – ouvi o barulho das cadeiras a serem arrastadas e provavelmente o Arthur bateu com a mão na mesa – Se você não queria a Lua aqui em casa, por que raio foi pedir à mãe dela pra deixar ela vir?
- Porque pensei que ia ser legal ter ela aqui em casa. Mas não. Ela vai trabalhar, chega tarde e fica o dia inteiro no quarto com você. Sabe quando eu ouço a voz dela? Quando ela geme o seu nome! - Luísa estava chorando. Senti a voz dela falhar
- Chega disso! Acabou! Estou ficando farto da sua rebeldia, você não era assim. – Arthur gritou com ela – Vai para o teu quarto e não pense em sair de lá tão cedo. 
- EU TE ODEIO! – foi o que eu ouvi bem a Luísa dizer

Me sentia a mais naquela casa. Mas o problema nem era esse. Problema mesmo, era o que vinha pela frente. À duas semanas que andava com um atraso. Sentia enjoos pela manhã e desejos extravagantes quando via uma montra de bolos. Fui fazer o teste…

- Eu estou grávida, Arthur… - chorava, quando, depois da discussão com Luísa, ele veio ter ao quarto
- O quê? – ele sorriu todo bobo. Veio até mim e me abraçou, super feliz com a notícia. Ele colocou a mão na minha barriga e ficou olhando como um maluquinho – Isso é serio mesmo?
- Claro que é… eu não ia brincar com uma coisa dessas. É desta que a Luísa me odeia.
- Ela não vai te odiar
- Eu ouvi a discussão Arthur. – levantei da cama, ainda chorando – Eu ouvi ela dizer aquelas coisas e agora eu me arrependo muito de ter vindo morar com você. Poxa, você sabe que eu te amo de montão, mas fica difícil ouvir estas coisas. 
- Ela é uma criança, ela não entende e…
- Ela não é criança Arthur. Eu tenho a idade dela.
- Mas tem pessoas que crescem mais rápido
- Talvez a criança da historia tenha sido eu, e não ela. Ela é que está certa. Ela não se envolveu com o pai de nenhuma colega nem ficou grávida dele. 
- Você se arrepende de tudo então? Tudo bem que a nossa historia de amor não é a mais linda. Não houve muitos ciúmes, não houve gente louca tentando matar um ou outro, mas agente se ama… lutamos contra uma diferença de idades enorme e uma sociedade que critica isso e apesar de tudo ainda estamos juntos… você não acha que isso vale a pena?
- Eu não estou falando disso. A nossa historia vale muito a pena, mas…
- Mas nada. – ele se levantou e me abraçou – Vamos deixar a poeira baixar. Talvez amanhã ela peça desculpas e tudo fique bem. Então ai, agente conta tudo para ela.

As semanas foram passando. Luísa, por momento nenhum, veio falar comigo, me pedindo desculpas por aquilo que ela disse. Eu também não dirigir a palavra a ela. Ela é que errou. O meu orgulho é bem maior, ainda por cima estando grávida, do jeito que estou. 
A barriga ainda não se nota muito. Mas não falta muito para que todo o mundo dê de conta. Os meus pais já sabem da novidade. No inicio encheram a minha cabeça, falando que eu sou nova e tals, mas acho que no fundo eles adoraram a ideia.

- Eu, você, dois filhos e um cachorro, numa tarde fria de Agosto, vendo desenhos animados, comendo pipocas e ainda nos beijando. – ele sonhava de mais
- Dois filhos?
- É… você não quer?
- Não sei – eu ri
- E casar? Você quer?
- Isso eu adorava. Mas acho que hoje em dia o casamento já não vale de muito. Eu prefiro saber que tenho um compromisso sério com você e ter algo forte, do que nós precipitarmo-nos e casarmos logo na igreja e em pouco tempos nos separarmos.
- Eu sou da mesma opinião que você. Um dia, vamos fazer um casamento à nossa maneira. – ele beijou o meu pescoço
- E como seria isso?
- Algo romântico… algo que eu ainda tenho que planear. – ele me beijou
- Mas voltando ao assunto de antes, não esquece que você já tem uma filha
- Impossível esquecer! A Luísa é muito importante para mim. Mas ela anda muito diferente. Não é mais a garota que eu conheço
- E tudo por minha causa – suspirei e coloquei na boca mais uma colher de sorvete
- Não é não! – ele me deu um beijo – Ela está assim, numa fase meia revoltada, mas depois tudo passa. Acredita em mim!

Não adiantava. Por mais que o tempo passasse, cada vez mais a Luísa ia ficando longe da gente. 
Aos quatro meses, a barriga começou a se notar e eu comecei a usar roupas mais largas. Mas aos cinco meses, não tinha como esconder.

- Agente tem de contar a verdade para ela.
- E que tal se fosse de surpresa? – perguntou ele
- Eu acho que o facto de ela ter mais um irmão, ou irmã, já será uma grande surpresa
- Mas como agente vai ver o sexo amanhã, agente podia depois dar pra ela as eco grafias, pra ela ver e concluir o que quiser.
- Eu não sei Arthur…
- Confia em mim, vai dar tudo certo. 

Luísa passava por mim, em casa, e mal falava. Dava “bom dia, boa tarde, boa noite” ou dizia “obrigada, de nada” e nada mais. Falava apenas o essencial. Agora sim eu tenho a certeza que a nossa amizade acabou.

- Ela está namorando e nem me contou – tinha visto a noticia no facebook
- Deixa pra lá. Você sabe como ela é… - Arthur me abraçou

Nestes últimos dias, eu só consigo chorar. Tudo bem, uma grávida fica bem mais sensível quando está grávida, mas não acho que seja por causa disso. Eu acho que é pela saudade que eu tenho da Luísa. Tenho saudade das nossas maluqueiras juntas, das festas que agente dia, das vodkas seguidas que agente bebia e ainda a pegação com os caras mais velhos. Ela era essencial na minha vida.

(…)

- Pronta? Eu vou passar um gel meio frio na sua barriga, depois vou passar a maquina e ver como o vosso bebé está. É a primeira vez que são pais?
- Eu não. Ela sim – Arthur sorriu. Eu tinha a mão bem pegada à dele, eu apertava devido ao nervosismo

A médica colocou a máquina e foi passando na minha barriga, de um lado para o outro. Ouvíamos o coração do bebé bater, normalmente. Claro que me emocionei. Arthur limpou as minhas lágrimas, mas os seus próprios olhos marejavam. 

- É um menino. Parabéns! – a médica sorriu enquanto eu abraçava Arthur, chorando de emoção.

Antes de ir para casa, passamos pelo shopping onde compramos algumas coisas para o bebé. Coisas simples, peças de roupa bem simples. Colocamos tudo numa caixa, junto com as eco grafias e quando a Luísa chegou em casa, entregamos a ela.

- O que é isso? – ela abriu a caixa e tirou as ecografias que estava no inicio. Ela olhou bem. Seus olhos estavam bem arregalados. Eu tinha a mão dada ao Arthur, pronta para já ouvir uma discussão.
- Olhe bem… tem mais, dentro da caixa. – disse Arthur
- Pretendiam me esconder isso até quando? – ela tirou a roupa da caixa – É um menino?
- Sim, é – respondi
- Agente não estava te escondendo. Estávamos apenas esperando a altura certa para te contarmos tudo.
- Eu precisava mesmo de uma boa notícia. – ela suspirou
- E então… gostou?
- Gostei. Sejam felizes, com esse bebé que ai vem. – ela quase deu de ombros 
- Filha, você também vai ser feliz. Ele vai ser seu… irmão. Vamos fazer todos, parte de uma família.
- Acha mesmo? Vocês passam o tempo todo me ignorando. Passando o tempo todo trocando beijos e abraços e ficam o dia inteiro no quarto. Onde eu entro nisso? Ahh sim, na parte do jantar, em que eu lavo sempre a louça. – disse irónica
- Não me venha de novo com essa historia. Você é que se afastou. Você é que ficou rebelde, começou a faltar ao respeito e principalmente a ignorar a Lua.
- Eu é que ignorei ela? Ela que não agarrasse o meu pai! – Luísa gritou

Saí da sala mais uma vez, chorando. Acho que devo passar metade dos meus dias a chorar, do que a sorrir e a aproveitar essa gravidez. 
Fui para o quarto, deitei na cama e fiquei lá chorando até ser interrompida. Era ela, Luísa.

- Eu não queria dizer aquilo. Mas foi mais forte que eu. Mas você sabe… eu sempre fui muito grudada com o meu pai e desde que você chegou agente nunca mais teve um momento nosso. Ele chega em casa, pergunta se você já chegou do trabalho… caso sim, ele vai com você, se não, fica vendo tv na sala e pouco conversa comigo. Eu sinto falta dele. A situação que eu estou passando não é a melhor. – Luísa baixou um pouco, ao lado da cama, à minha frente e me deu a mão – Não fica assim. Eu não quero que o meu maninho sofra – ela sorriu e colocou uma mão na minha barriga – Eu sei que sou a causa de todo o sofrimento que ele deve estar passando, mais isso vai mudar. Eu estava numa fase de revolta, mas eu prometo que vou mudar. Amigas como de antes?
- Que saudade sua idiota! – nós duas nos abraçamos. Caímos na cama, grudadas e ela teve todo o cuidado com a minha barriga. Arthur entrou e ficou na porta sorrindo, vendo nós duas. 

Digamos que a partir daquele momento, a minha gravidez foi mais bem calma. Quero dizer, tirando a parte em que eu morria de ciúmes por conta de umas coleguinhas do Arthur e mandava depois ele ir dormir no sofá. Mas durante a noite, eu ia lá dar beijos a ele, para que me fosse comprar algo que eu tanta desejava. Eu adorava todos os tipos de fruta, até quase os inexistentes. Ele andava no mercado perdido e que nem atrevesse-se de chegar a casa sem o que eu queria. 

(…)

As minhas águas rebentaram bem na hora que briguei com o Arthur. Ele estava me irritando. Ele não me deixava ver um filme de romance, porque queria assistir à partida de futebol do flamengo. Ele saiu de casa, eu coloquei o filme e comecei a sentir umas dores na barriga. Algo terrível. Coloco a mão no sofá e dou com aquilo tudo molhado.

- LUÍSA, CHAMA O SEU PAI! O CAÍQUE VAI NASCER!

Só me lembro de ver o Arthur chegando em casa, super branco, me pedindo um monte de desculpas. Me levou para o hospital de carro, a uma velocidade para lá do permitido, e entrou lá dentro comigo ao colo. Ele estava tão impaciente, nervoso, bem mais que eu, que sou quem vai sofrer devido às dores do parto.
Demorou 6horas para o meu pequeno nascer. As médicas e enfermeiras só queriam que eu fizesse força, força e mais força, mas estava difícil porque eu estava dando o meu máximo. Eu forçava, gritava, apertava a mão do médico, quase partindo ela e só descansei quando ouvi o chorinho dele.

- CADÊ ELE, CADÊ? – Arthur entrou pelo meu quarto, com a maior agitação. Trazia mais roupas, balões, ursinhos e todos os bonequinhos imaginários que ele conseguiu comprar naquela hora. Além disso, um ramo de flores para mim.
- Calma Arthur, as enfermeiras levaram ele. Daqui a pouco ele volta. – ri, bem cansada
- E você meu amor, minha vida, como você tá? Obrigado por esse filho maravilhoso que você colocou no mundo! Eu te amo de montão viu? Obrigado mesmo! – ele me beijou, fazendo-me chorar de emoção mais uma vez.

A Isabel entrou pouco depois e junto com ela vinha a enfermeira com o meu Caíque e todos os dados sobre ele: o peso, a altura, o dia e a hora em que ele nasceu.
Mimamos de mais o pequeno. Carinho, lágrimas de emoção e muitos beijos foi o que não faltou.

- São os seus olhos amor – disse Arthur
- Sua boca! – disse eu
- Mas ele é lindo, que nem a maninha, né garanhão? – Luísa tirou ele do meu colo – Eu vou te ensinar o que é realmente ser um vida louca, sim? Vou te ensinar a pegar as gatinhas e vou te ensinar a como elas devem ser tratadas. Tudo com muito romance, muito amor. Você vai ser o Caíque Garanhão de Aguiar.
- Respeito Luísa, ele ainda é pequeno. Mas vai ser que nem o pai, quando crescer. – Arthur deu um beijo no topo da cabeça do nosso bebé

Luísa ficou entretida com ele, enquanto Arthur sentou na beira da cama, do hospital, onde eu estava deitada.

- Lembra quando falamos de um casamento improvisado? Algo nosso, bem romântico?
- Lembro…
- Então… - ele pegou uma caixinha pequena do saco que trazia todas as coisas para o Caíque e abriu, diante de mim – Lua Maria Blanco de Aguiar, aceita ser minha para sempre?
- ACEITA, ACEITA, ACEITA! – Luísa fez o maior barulho no quarto de hospital, enquanto estava com Caíque ao colo
- É claro que aceito amor! – beijei o Arthur e logo de seguida ele colocou as alianças nos nossos dedos, selando assim, mais uma vez, o nosso amor com outro beijo

E então, quantos comentários mereço? Fiz isso para não compensar o facto de nao ter postado ontem e também porque pediram muito para fazer a continuação. Mas agora sim, acabou a mini web :)


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