Foi apenas obra do destino - 9º Capítulo

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POV ARTHUR

Com a ajuda da minha irmã, escolhi o restaurante ideal, a comida ideal, a sobremesa ideal, a roupa ideal e ainda o presente ideal. Ia ser a noite mais inesquecível de sempre, espero eu.
Me vesti adequadamente, coloquei o melhor perfume que eu tinha e o anel pra ela no bolso. Faltavam 20 minutos para eu sair de casa, da minha irmã e ir para o restaurante.

- Mas por que é que você não foi buscar ela a casa? Era muito mais romântico. Ai você abria a porta pra ela, dava um beijo na mão dela e ainda fechava a porta delicadamente pra ela. 
- Mas se eu for buscar ela a casa, a irmã dela vê agente juntos e baba o jantar.
- Tá certo!
- Mas você está nervosinho de mais, hein – disse o meu cunhado, Jorge
- Ahh, até parece que quando foi com a minha irmã, você não estava assim
- Lógico que não! – disse ele, rindo
- Não mesmo – a Natacha riu
- Então como foi?
- Nós estávamos numa festa. Nessa semana estávamos ficando muito. Viemos cá pra casa, bêbados, e ele me pediu em namoro. Me lembro de ter aceitado e depois de ver ele a cair do sofá e só acordar no dia seguinte – Natacha ia se lembrando e rindo ainda mais
- Mas vocês são loucos! – eu ri junto – Eu quero que o pedido de namoro à Lua seja especial, bem romântico e de preferência que nos lembremos para sempre
- Ahh, mas esse meu irmão não sai mesmo a mim. Eu sou mais relaxada, sem romantismo. 
- E eu sou o oposto de você – olhei pró relógio – Eu vou andando. Vai que ela chega mais cedo
- E nós não queremos isso, né? – disse bem irónico, o Jorge
- Não mesmo – eu ri

Depois deles me desejarem uma boa sorte e uma boa noite, saí de casa indo até ao restaurante. Pedi as mesas, que antes eu tinha reservado, e me senti, ficando lá a esperar. Vários casais chegaram, entre carinhos, mãos dadas beijos e abraços e nada da minha futura namorada chegar. 
Se passaram 23 minutos e nada dela chegar. Resolvi lhe ligar, mas tinha o celular no carro. Então, tive de o ir buscar.
Quando peguei o celular, tinha cinco chamadas não atendidas e doze mensagens, tudo da Lua.

“Arthur, atende por favor”
“Ficou chateado?”
“Poxa, eu não tive culpa”
“Eu não posso ir ao jantar”
“A Isabel está bem doente!”
“Arthur, por favor, me responde”

Entre outras mensagens. Então é isso? Ela não vem? Me deixou na mão? Tudo bem! Acostumado a decepções, estou eu.

(…)

Quando cheguei a casa, pouco passava das 23horas. Andei vagueando com o carro pelas ruas, algumas iluminadas, outras não, até achar um local calmo para pensar: o mar.
Mas quando cheguei em casa, fui direto para o meu quarto. A casa estava calma, sem barulho algum. Haviam várias medicamentos na mesa da cozinha, e até termómetros na sala. Subi para o meu quarto, trancando a porta.

POV LUA

Quando acordei, na manhã seguinte, fui bem cedo ao quarto do Arthur. A nossa sorte, é que era feriado e a Isabel não acordava cedo pra ir para a escola. Mas mesmo que não fosse feriado, ela não ia para a escola, devido à gripe que apanhou. 
Me levantei, indo rápido do quarto do Arthur, mas a porta estava fechada. Na verdade, estava trancada. Bem que tentei abrir, mas não dava. Talvez ele estava chateado comigo, bem chateado. 
Fui para a cozinha, fiz o café para mim e fui ver tv. Na verdade, fui ver desenhos animados: bob esponja.

- Bom dia. – ele deu, enquanto descia as escadas
- Arthur! – me levantei, indo até ele, à cozinha – Fiquei preocupada com você. Não me respondeu às mensagens
- Fiquei sem bateria no celular – disse, enquanto arranjava os seus cereais pra comer
- E ficou chateado?
- Não. Nem um pouco. Primeiro está a sua irmã, não é mesmo? – ele esforçou o sorriso, notei isso
- É… eu juro que eu queria, mas não dava. Mas poderíamos ir hoje, que tal?
- Não, melhor não. É melhor a sua irmã melhorar, não é mesmo?
- Sim, é bem melhor. – sorri – Mas o jantar de ontem tinha algum motivo especial?
- Não. Era só um jantar, simples jantar
- Ainda bem. – suspirei de alivio – Ao menos isso. Bom, me ajuda no almoço?
- Claro. – ele pegou a taça dos cereais e sentou na mesa da cozinha – Vou só terminar de comer
- Claro. Mas antes, o meu beijo? – sorri
- Vem. – ele estendeu a mão, eu peguei, sentando no colo dele e demos um selinho longo. Depois ele continuou a comer, enquanto eu permanecia no colo dele, contando tudo o que tinha acontecido ontem
- Ela estava com 40 de febre. Ela tomou um banho, com o efeito dos medicamentos e mesmo assim a febre não baixou. Ela estava sem voz, devido às dores de garganta, cheia de dor de cabeça e ouvido também. Já para não dizer que não sentia o corpo, mas é normal. Espero que hoje ela esteja melhor que ontem
- Esperemos, sim. 

Pouco depois, eu comecei e arranjar as coisas para o almoço, enquanto a Isabel desceu até à cozinha. Ela mal conseguia ainda falar. Arranjou o seu leite e sentou na cozinha, para beber. 

- Está tudo tão parado… - ela disse baixinho – Arthur, o que vê nessa taça? – quando olhei pra ele, vi que estava encarando a taça vazia dos cereais
- Ele deve se estar lembrando da otima noite que teve ontem, certo?
- Sim… - disse ele, enquanto colocava a taça na pia
- A minha noite foi péssima. A pior de todas. A pior de sempre e pra sempre. Necessito de carinhos. – ela olhou para Arthur – Você está mesmo muito calado. Está de ressaca?
- Pra quem está doente, está falando muito. – disse eu, provocando-a – Arthur, você pode olhar o forno? Não quero que a lasanha queime. Enquanto isso, vou por umas roupas a lavar. Posso passar nos vossos quartos?
- Sim – disseram os dois em coro
- Pronto.

Subi para os quartos, pegando toda a roupa jogada no chão. Passei no meu primeiro, depois do na Isabel e por fim no quarto do Arthur. Peguei a camisa dele, que estava jogada no chão, aquela que provavelmente ele usou ontem. Estava bem perfumada. Fiquei uns bons minutos sentindo aquele seu cheiro. Depois, peguei a calça e por fim o casaco. Verifiquei se tinha alguma coisa dentro dos bolsos e achei uma caixinha, vermelha de veludo, no casaco. Fiquei bem curiosa. 
Enquanto colocava a roupa do avesso, fiquei olhando para aquela caixinha. Será que eu poderia abrir?

- Lua… - Arthur vinha todo agitado em direção ao seu quarto. Ele olhou para todo o lado, e tirou o casaco das minhas mãos – Cadê a…
- A caixinha? Está ali. – apontei para a mesa de cabeceira. Ele pegou ela bem rápido, se virou de costas para mim e abriu ela, fechando logo de seguida
- Você abriu ela?
- Não. Mas estava curiosa. Do que se trata?
- Nada de mais. – ele guardou na gaveta
- Você tem a certeza? Você está estranho.
- Tenho. Não se preocupa. – ele nem sorriu
- Arthur, você está diferente. Me conta. O que é essa caixa? – comecei a fazer as minhas próprias conclusões – Não… Não me diga que isso era… era pra ontem? – meus olhos se encheram de lágrimas e ele baixou o rosto – Arthur, droga! Eu não sabia lindo… eu não diz de propósito. Poxa, você deve estar desiludido comigo. Desculpa, eu não sabia, eu não sabia. – abracei ele forte e nem fui retribuída – Meu deus, que desgraçada de futura namorada sou eu?! Agora entendo a razão de você estar meio distante. Ficou desiludido, né? – ele não dizia nada – Arthur…
- Deixa pra lá Lua. eu estou acostumado a ficar pendurado mesmo.
- Não, mas…
- Não Lua, não fala nada. – ele me interrompeu – Não fala nada, é pior.
- Se eu pudesse voltar atrás, eu…
- Mas não pode. Agora está feito. – ele sorriu de leve e saiu do quarto

Agora eu entendia toda aquela distancia entre nós. Eu senti. De manhã, quando ele chegou na cozinha, nem me beijou como costuma fazer. Não me colocou junto da bancada, com os nossos corpos bem colados, beijando o meu pescoço, como quase todas as manhãs ele faz. As suas respostas curtas e aqueles pensamentos distantes seus, indicavam que algo estava errado. E a razão de tudo isso, fui eu.

Amanhã tem mais!

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