O tempo cura tudo - 35º Capitulo

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POV NARRADOR

Agora oficialmente namorando, Arthur e Lua pensam no passo seguinte a dar. Não, ainda não é o casamento, mas sim ainda o facto de quererem mudar de casa. 
Arthur diz que Guilherme está a crescer a não poderá ficar eternamente a viver num apê, sem lugar pra correr à vontade e se divertir com futuros amiguinhos que ele possa arranjar.
Lua concorda com Arthur, mas custa deixar aquele apê. Aquele apê conta uma história de vida. Sim, tem as suas más recordações, mas também tem boas recordações. 

Naquela manhã, depois de tomarem o café da manhã, Lua, Arthur e Guilherme foram dar uma volta para espairecer. Passearam perto da praia e depois andaram pelo calçadão. Arthur quis modificar um pouco a rotina e passearam de bicicleta. Arthur levava Guilherme consigo, que estava adorando a sua nova experiência.

- Ainda temos de passar pelo supermercado
- Mas de novo? Passamos ontem!
- Acontece que o Guilherme usa fraldas todos os dias. E você sabe o que ele fez ontem com várias delas…
- É… molhou todas!
- E por causa de quem?
- De mim. – Arthur suspirou, já farto de ouvir Lua dizer o mesmo
- Porque adormeceu, mesmo sabendo que tinha um filho pequeno acordado
- Eu estava cansado Lu.
- Eu entendo… - ele olhou pra ela – Só que não!
- Chata! – ele riu
- Chato! – ela respondeu. Andaram mais um pouco em frente até encontrarem uma amiga de Lua, Clara. A garota que trabalhava com ela na empresa do Lucas.
- Meu deus menina, que saudade!
- Saudade? Não passaram nem duas semanas que eu estou de férias
- Mas você sabe como é né? – Clara riu. Lua desceu da bicicleta e cumprimentou a colega de trabalho – Aquela empresa está um tédio. Nada é animado sem você. O Lucas chega com um mau humor todos os dias que nem dá vontade de ficar lá
- Aii, mas eu não tenho saudade nenhumas dele! Não mesmo!
- Guilherme, você está tão crescido! – ela olhou pró lado e viu Guilherme segurando a mão do pai pra pegar o relógio – Arthur, tudo bem?
- Tudo otimo! – ele sorriu simpático
- Vocês têm tempo pra tomar café?
- Bom… não sei. – Lua olhou para Arthur
- Pode ficar com ela. Eu vou dar uma volta por ai com o Guilherme e depois eu volto cá.
- Tá. Cuidado sim?
- Lógico! – Lua deixou a sua bicicleta de lado e deu um selinho em Arthur e Guilherme para se despedir. Os meninos foram andar de bicicleta antes que Guilherme resmungasse enquanto Lua e Clara foram tomar café.
- Como vão as coisas entre vocês?
- Cada dia melhor. – Lua esboçava um sorrisão. Sentaram na esplanada e esperaram o empregado chegar
- Imagino! – Clara sorriu, colocando as mãos pra segurar o rosto – O namoro vai bem mesmo?
- Vai otimo Clara. Eu acho que nunca estivemos assim, sabe? Foi muito boa ideia mesmo eu tirar estas férias. Deu pra conhecer este novo Arthur e…
- Novo? Porquê? Ele mudou assim tanto depois de estar em Itália?
- Não… quero dizer, mudou um pouco o estilo e manias. Tipo, ele antes só bebia suco de laranja ao café da manhã, tanto que agora só toma leite. – Lua riu – Ele tem outras meninas estranhas. Voltou mais… - Lua sorriu safada, Clara entendeu logo o que ela queria dizer – Mais apaixonado, mais… - Lua suspirou – Mais Arthur pra eu amar. Amo tanto ele!
- Fico tão feliz por vocês. Ele é o cara ideal pra você. – ela sorriu – E o que conta de mais?
- Queremos mudar de casa. Ou melhor, ele quer. Mas não sei. Aquele apê sempre foi tudo pra mim. Foi pago com o suor do meu trabalho
- É… entendo você.
- Por outro lado, antes do Arthur chegar, eu pensei em ir pró Brasil. Mas ele não se agrada dessa ideia…
- Mas lá vocês têm a vossas famílias, não é mesmo?
- Sim. É mais a minha família, porque a família do Arthur nunca gostou do nosso namoro. É quando viemos para cá, eles quase deixaram de falar com o Arthur. Trocam uma mensagem assim tipo, de 5 em 5 meses, tá vendo? – ela riu, fazendo a amiga rir também
- Mas quem sabe com o Guilherme eles aceitem vocês dois. Seria bom vocês irem para o Brasil. Vocês nasceram lá e devem estar a morrer de saudades. Eu penso em fazer o mesmo. Quero ir para França o mais rápido possível.
- Eu vou pensar melhor… é algo que tem de ser pensado com cabeça! – Lua ficou pensativa

Depois de chegarem em casa, Lua continuava pensando no mesmo que Clara lhe havia dito antes. 
Arthur tratou do almoço e colocou desenhos animados na sala para Guilherme ver, enquanto foi pró quarto, ver o que se passava com a Lua.

- Por que está assim? – ele entrou no quarto tirando a sua blusa e consequentemente as calças
- Assim como? – ela despertou e sentou na cama, olhando pra ele
- Assim… pensativa. Veio o caminho todo calada e quando chegou a casa nem me ajudou com as compras e o almoço.
- É que estive pensando
- Sobre o que? – Arthur sentou ao lado dela na cama, só de cueca boxer
- Sobre a mudança de casa. Agente já procurou em tantos sites da internet e nada nos agradou. Você acha que existe uma casa suficientemente boa aqui?
- Claro que existe Lu – ele riu – Estamos em Inglaterra meu amor
- E eu não sei? – ela o encarou – Mas… por que é que tem de ser aqui em Inglaterra? Por que não vamos embora?
- Como assim? – ele deitou a cabeça no colo dela e pegou a mão pra brincar
- Mudar de país…
- E quer ir pra onde? Itália?
- Não… queria ir pró Brasil. – falou pausadamente, sem olhar diretamente pra ele
- Pro Brasil? Por quê essa constante ideia agora?
- Ahh Arthur, você sabe que é lá que agente nasceu, cresceu e tem a nossa família lá. Aqui o que é que agente tem? Apenas amigos! – Lua suspirou – Além do mais, eu acho que não me vou sentir bem em outra casa que não essa. 
- É mesmo ir para o Brasil que você quer?
- É! – ela sorriu – Mas tem um problema…
- O que?
- É que eu sei que você não quer
- Não é que eu não queria Lua… - ele se sentou de novo na cama – É que agente saiu de lá pra ter a nossa independência, a nossa vida… e agora vamos voltar pra lá de novo?
- Mas agente vai continuar a ter a mesma independência que agente tem aqui. Vamos ter a nossa casa, as nossas coisas e não vamos depender de ninguém. – Arthur suspirou e pensou por breves segundos
- É. Você tem razão. – ele sorriu e pegou a mão dela – Mas como vamos fazer pra ir pra lá agora? Eu tenho uns contactos e posso tentar arranjar emprego para nós e posso também começar a ver as casas e… - ele dizia tudo muito rápido. Apesar de tudo, parecia estar animado com a ideia de voltar ao Brasil. Lua calou ele com um beijo, pois não é preciso tanta preocupação. Não agora.
- Você pensa de mais! – ela olhou nos olhos dele, sorrindo e passando o dedo sobre o nariz dele. Ele riu – Vamos com calma. Eu vou falar com os meus pais, porque já é mais do que tempo de lhes dizer que estamos juntos.
- Como será que eles vão reagir? – perguntou Arthur receoso

Depois do jantar, resolveram fazer uma ligação via Skype para o Brasil. Felizmente a dona Rita, mãe de Lua, tinha aprendido a mexer no computador nos últimos meses por causa do trabalho.
Lua começou a conversa falando de Guilherme, mas depois do pequeno fazer birra, colocou ele pra dormir. Depois, veio o assunto mais serio.

- Eu tenho algo para vos contar… - disse insegura
- O quê filha? – perguntou o senhor José, pai de Lua, todo animado – Vai finalmente vir para o Brasil?
- Bom, eu queria. – ela riu – Mas é outra coisa…
- O que filha?
- É que nestas ultimas semanas aconteceu uma coisa. – Lua puxou a mão do Arthur e fez ele aparecer na webcam. Os pais ficaram espantados, em especial o senhor José que não parece ter gostado nem um pouco
- O que esse cara faz ai?
- Filha, vocês voltaram?
- É mãe – Lua sorria – Agente voltou! E está muito feliz!
- Eu não acredito nisso! – dizia o pai dela, todo irritado – Depois de tudo você ainda aceita esse filho da mãe na sua casa?
- Pai, ele voltou. Voltou bem melhor do que antes e ele é o pai do meu filho, como é que eu não ia aceitar ele? Apesar de tudo, eu amo ele!
- Eu nem quero ouvir mais nada! – o pai dela saiu
- Mãe…
- Filha, eu realmente também não esperava tal coisa. Mas se vocês estão felizes, é o que conta. Mas não foi a melhor noticia que eu esperava receber.
- Mas ainda nem contei tudo… eu vou pró Brasil, ou melhor – Lua sorriu pra Arthur – Agente vai pró Brasil. Pra sempre.
- Que bom filha! Vamos falar melhor disso em outro dia tá bom? 

Depois de desligada a ligação, Arthur suspirou e baixou o rosto. 

- Eles nunca me vão aceitar. E eu sei que eles têm razão.
- Eles nem sabem do pior… eles estão sendo injustos.
- Como assim?
- Eles não souberam do que aconteceu no passado. Você bebia, se drogava, roubava e me batia. Isso sim é razão para eles te rejeitarem. 
- Não estou entendendo Lua. – Arthur levantou o sobrolho
- Eu quero dizer que eles não têm razão pra fazer o que estão a fazer. Você voltou, está comigo, me ama e ama o nosso filho, é o que conta. – Lua pegou a mão dele – Não quero que você fique inseguro. Nós vamos seguir a nossa vida, quer os meus pais gostem ou não. Tá bom?
- Tá bom. – ele suspirou e abraçou ela, deitando a cabeça no ombro dela

Faltam apenas 5 capitulos para a web acabar. Vão sentir saudades?

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