Web de capítulo único - O voto do primeiro beijo, parte 2!

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Prefácio

Lua, você já contou a sua história, mas seria justo eu contar o meu lado da história, como foi que esse voto mudou toda a minha vida. Afinal, eu te amo mais do que você imagina. 

Capítulo 1

Estava andando pelo shopping com o meu amigo Pedro, viemos pra cá não porque tem um filme legal no cinema ou porque tem algo interessante pra fazer, eu e Pedro viemos simplesmente pegar mulher. O Pedro com o score de cinco a três comigo.
- Cara, a última você roubou de mim - falei indignado. 
- Deu mole pow! - ele disse rindo e ajeitando a camisa.
- Até desanimei depois dessa. 
- Relaxa, cara, vamos comer alguma coisa antes de partir pro segundo round, beleza? - ele falou apontando para uma mesa vazia na praça de alimentação.
- Você quem sabe.

Já tínhamos comprado o nosso combo Mc Donald's, e já tínhamos terminado de comer, mas perdemos a hora conversando, duas meninas se sentaram à mesa ao lado e Pedro ficou trocando olhares com uma delas, e eu percebi a outra, ela tinha cabelos castanhos jogado sobre os ombros e muito atraente, ela parecia mesmo desconfortável com a situação, mas meu coração disparou quando ela deu uma olhada rápida em mim e desviou o olhar com pressa.
- Por que vocês não sentam com a gente? - perguntou Pedro, começando o ataque e chamando minha atenção.
- Ah... Não sei - falou a menina sem tirar os olhos dele.
- Ah vem, vocês estão aí sozinhas. - falou Pedro sorrindo.
- Tá bom então. - Ela falou enquanto se sentava ao lado dele.
A outra menina parecia nervosa em ter que sentar ao meu lado e nem olhou pra mim.
- Meu nome é Pedro - ele falou apontando pra si mesmo - e ele é o Arthur - falou apontando pra mim quando percebeu que eu estava sem palavras.
- Rayana - respondeu a menina que estava sentada no lado dele.
A menina do meu lado não respondeu e eu senti uma urgência em saber o nome dela, em saber alguma coisa sobre ela.
- E você? – perguntei.
- Lua - ela respondeu e sua voz cantou no meu ouvido.
Nós dois ficamos em silêncio alguns segundos observando Pedro e Rayana conversarem a sós, mesmo estando na mesma mesa que nós dois.
- Então... - eu precisava puxar assunto - você tem namorado? - era a pergunta que martelava na minha cabeça e ela pareceu estressada.
- Não - ela respondeu e eu senti um alivio quase completo.
- Hm... Eu também não - falei pro caso de ela estar interessada.
- Legal - ela pareceu NÃO estar interessada, mas eu não costumo desistir fácil.
- Tá ficando com alguém? - perguntei, pensando ser isso o motivo da indiferença dela.
- Não.
- É que você... - comecei a falar quando ela pareceu explodir.
- O que?
- Tá meio distante - falei tentando escolher as palavras e assustado com a reação dela.
- Ah.
Ela cruzou os braços e ficou balançando a perna, com certeza estava nervosa.
- Então... - eu disse que eu não desisto fácil - Me surpreende você não ter namorado - hora da xavecagem.
- É - fiquei esperando ela perguntar, "por quê?", mas ela não falou.
- Você é muito linda pra ficar sozinha - disse sorrindo e me ajeitando na cadeira pra observar a reação dela enquanto eu falava.
- Obrigada - ela disse com a voz trêmula e desviando o olhar.
- Você não vai me dar uma chance? - por favor, por favor, eu estava quase implorando.
- Desculpa, mas eu não posso - O que?! Não acredito, meu coração acelerou e eu comecei a entrar em desespero, por incrível que pareça.
- Por quê? Você não tem namorado né? - comecei a me repetir, tentando achar um motivo.
- É, mas eu... - ela começou a falar devagar como quem escolhe as palavras, e isso me deixou nervoso.
- Não tá interessada.
- Não, me deixa falar! - ela quase gritou.
- Tá fala! - respondi e fiquei quieto.
- Eu não posso, é complicado - comecei a pensar o pior.
- Você tem alguma doença? 
- Vira essa boca pra lá menino! - ela pareceu indignada.
- Tá legal então... - disse olhando para Pedro e Rayana se agarrarem em um canto e desejando estar no lugar dele, com ela.
- Desculpa mesmo - ela falou e eu decidi naquela hora que eu ia me agarrar em uma segunda chance.
- Pelo menos eu posso ficar com seu telefone?
- Tudo bem - Eu quase explodi enquanto passava meu celular para ela salvar o número.
- Valeu.

Quando Pedro e Rayana voltaram, elas se despediram Lua apenas apertou minha mão, quando eu fui beijá-la na bochecha, isso me deixou meio frustrado, sai sem nada, e foram embora.
- Cara, essa garota beija muito bem! - ele falou observando Rayana ir embora.
- Uhn... seis a três - falei lembrando do placar.
- Três? Não conseguiu ela não? - ele falou levantando uma sobrancelha e achando graça.
- Cara você não reparou? Você estava aqui?!
- Mas eu tava meio ocupado - ele disse rindo. 

Capítulo 2

- Morra desgraçada! - gritou Pedro enquanto lutava com o controle do videogame.
Eu não conseguia jogar com ele desde ontem no shopping, não sério, eu ficava lendo o nome dela no visor do meu celular, pensando se eu ligava ou não, eu precisava saber o que era tão complicado, minha cabeça ficava martelando em tudo que ela disse ontem, em tudo, eu não conseguia esquecer.
- Vou ligar pra ela - falei olhando pro celular.
- Pra quem? - perguntou Pedro.
- Lua - falei sentindo meu peito queimar quando disse o nome dela, mas Pedro fez uma cara de desentendido - do shopping ontem - ele continuou com a cara - da praça de alimentação, amiga da Rayana.
- Ahhh... É, por quê?
- Não consigo esquecer o que ela me disse, preciso falar com ela.
- Tá gamadinho, Arthur? - ele disse fazendo um beicinho, mas eu o ignorei, indo pra outro cômodo poder ligar sem ele me perturbar.

Disquei o número, e chamou, meu coração disparava mais a cada chamada.
- Alô - falou uma voz feminina, mas não era a voz dela.
- A Lua está aí? 
- Ah! Oi... Espera um pouco que eu vou chamar ela. - Esperei alguns segundos no telefone.
- Oi - era ela, senti que ia explodir.
- O... Oi .Lua - mal conseguia dizer um simples "oi".
- Quem é?
- Sou eu. Arthur! De ontem no shopping.
- Ah! Oi Arthur, tudo bem? - senti de repente uma alegria diferente quando ouvi ela dizer meu nome.
- Tudo... É que eu não consigo esquecer ontem, eu preciso que você me explique o que é tão complicado.
- É uma longa história.
- Eu tenho todo tempo do mundo.
- Tudo bem então, eu tenho um voto.
- Um voto? Tipo pra um político?
- Não! Um voto de não me relacionar tipo de forma amorosa com ninguém. 
- Ah... - Não, sério, eu não entendi.
- Não posso beijar ninguém até eu me casar.
- Que?! - Senti meu chão sumir, como assim? Então eu estou vendo todas as minhas chances sendo tiradas de mim assim?
- É... É isso.
- Tipo Jonas Brothers? - Tentei falar parecendo normal.
- Não! Não tem nada a ver! Esquece eles... Por favor.- Isso devia incomodar ela.
- Nossa... Bem, eu entendo, eu acho, desculpa tentar atrapalhar seu voto... - eu estava me sentindo um idiota.
- Tá tudo bem.
- Eu te ligo amanhã então pra gente conversar - falei nem me dando conta do que estava dizendo e desliguei na cara dela, corri para o quarto e vi Pedro sentado como quem espera as notícias de última hora.
- Então... - ele falou.
- Nada, vou ligar de novo depois.
- Tá bom, eu fiquei pensando em ligar pra Rayana também.
- Você que sabe - falei me jogando na cama.
- Encontro duplo? - ele falou rindo.
- Não, deixa pra próxima... - falei olhando pro teto.
- Beleza então - ele falou, puxando o celular e discando o número dela.

Capítulo 3

Já faz um ano desde que eu esbarrei com a Lua no shopping, mas nós ainda mantemos contato, na verdade, eu ligo pra ela duas vezes por semana, só. O Pedro me convenceu a ligar só duas vezes depois que eu liguei sete vezes no mesmo dia, daí ele disse que eu ia acabar assustando ela. Mas na verdade, eu só queria poder ouvir a voz dela. Ás vezes, nós marcávamos de sair, nunca sozinhos por causa do voto dela, então geralmente a gente saia junto como casalzinho de namorados Pedro e Rayana.
- Acho que você precisa de um babador - falou Lua rindo do molho rosé espalhado pela minha cara.
- É que tá tããão bão! - falei imitando um sotaque caipira e dando outra mordida no meu sanduíche.
- Deixa eu limpar... - ela disse passando o dedo pelo meu queixo e sorrindo, o toque dela me causou um arrepio<.BR> - É... É...
- Obrigada é a palavra que você está procurando - ela falou enquanto limpava o dedo em um guardanapo.
- É, valeu.

Era o último sábado do mês, normalmente esse dia eu e Pedro fazíamos a rotina de ir pro shopping pegar mulher, mas desde que o Pedro começou a namorar a Rayana e eu, bem, eu estou completamente apaixonado pela Lua, isso já virou parte do passado.
- Cara, tô sentindo falta dos velhos tempos - falou Pedro deitado na minha cama.
- Como assim?
- De ir no sábado pro shopping e pegar geral - ele falou com uma cara de flashback.
Joguei uma almofada nele antes de continuar.
- Pode esquecendo, você é um homem comprometido agora.
- E daí? 
- Como assim e daí? a Rayana é doida por você.
- Isso não me impediu de manter meu score bem alto - ele disse rindo, mas eu não achei a mínima graça.
- Você tá errado - falei sério.
- Ah pará! Nem tô te reconhecendo, falando nisso, eu vou retomar a minha rotina de sábado! - ele disse se levantando e pegando seu casaco. 
- Você é um idiota!
- Eu sei.
- Não pode fazer isso com a Rayana.
- Já fiz - ele disse indo em direção a porta - Tudo bem - ele falou bufando - eu vou terminar com ela, se isso ajuda.
- Você vai terminar com a Rayana? - já podia ver a menina em prantos.
- Vou, avisa a Lua - ele disse antes de fechar a porta atrás dele.
Peguei o telefone e disquei os números que eu já sabia de cor.
- Quem morreu? - perguntou Lua ofegante do outro lado. 
- Eu - não podia evitar brincar com ela.
- Que?!
- De saudade de você - comecei a rir. 
- Eu estava tomando banho, Arthur!
- Desculpa, mas o assunto é sério - eu disse me lembrando do porquê eu liguei.
- Fala rápido que o shampoo tá caindo no meu olho - eu ri. 
- O Pedro me disse que vai terminar com a Rayana - ficou um silêncio.
- Não! Ele não pode.
- Ele vai... - ela desligou na minha cara, deve estar correndo pra avisar ou tirar o tal shampoo do olho.

Pedro apareceu na minha casa pela noite e sentado na porta da frente.
- Então como foi? - perguntei me sentando perto dele no chão.
- Não foi - ele falou com o olhar distante.
- Não conseguiu?
- Ela não deixou. 
- Como assim?
- Eu disse que o namoro já tinha dado o que tinha que dar e ela começou a chorar - ele olhou pra mim, mas eu não falei nada - eu disse que não queria magoar ela e que era melhor acabar agora, daí ela pediu um último beijo e eu dei - ele parou olhando pro chão como quem escolhe as palavras - ai começou a esquentar.
- Não acredito que você fez isso com ela - eu disse chocado.
- Não ia fazer, mas ela disse que se a gente fizesse seria pra sempre.
- Então você não terminou com ela só porque ela disse que a partir de agora ia transar com você?! - estava começando a gritar.
- A carne é fraca!
- Não! Você que é um babaca! - ele me encarou um tempo sem acreditar.
- E você? Se você estivesse no meu lugar?
- Não teria feito isso... - disse olhando para o anel no meu dedo e ele percebeu.
- Tem alguma coisa que eu não sei? - eu não respondi - que anel é esse?
- Olha, você sabe o que eu sinto pela Lua, então eu resolvi fazer o tal voto dela e esse anel é pra me lembrar que eu tenho um compromisso!
- Você é ridículo! - ele disse segurando o riso.
- Tem certeza que sou eu o ridículo aqui?! 
- Não apela, Arthur!
- Pelo menos não vou acabar com a vida dela que nem você fez com a Rayana! - disse me levantando e entrando em casa.

Capítulo 4

- Ela não quer mais falar comigo - Lua me contou sobre a briga que ela teve com Rayana.
- Não chora, você sabe que ela não consegue ficar longe de você - eu estava tentando consolar ela.
Era a primeira vez que nós saímos sozinhos, claro que pra um lugar público,ela me trouxe pra uma igreja.
- Eu queria ajudar ela... 
- O Pedro é um idiota, ela vai perceber isso.
- O amor é cego.
- É... - eu disse e a abracei - vamos mudar de assunto, tentar esquecer isso.
- Tudo bem, o que você sugere? - ela disse enxugando as lágrimas e se ajeitando no banco pra ficar de frente pra mim.
- Então... Você tá com dezessete anos - comecei a tentar falar o que estava engasgado na minha garganta.
- Mês que vem dezoito - ela falou. 
- Sim, sim - eu falei olhando pro banco. 
- Tô até me sentindo velha já... 
- E aquele estágio que você tava fazendo?
- Agora já é emprego com carteira assinada! - ela disse sorrindo - e você? Dezenove hein?
Eu ri - e trabalhando! - eu completei.
- Trabalhando? caraca! Que bom! - ela me abraçou.
- É, consegui uma vaga numa firma de advogados.
- E o salário é bom? - ela perguntou levantando uma sobrancelha.
- É ótimo! - eu arregalei os olhos e ri - mas... - agora eu estava sério.
- O que?
- Eu estava pensando, você tá ai com quase dezoito e esse seu voto - falei tentando controlar meu nervosismo.
- O que tem?
- Como você vai fazer sabe... Pra achar a pessoa certa?
Eu fiz esse propósito de voto só porque eu queria ter uma chance de conseguir ela, eu não conseguia mais imaginar a minha vida sem ela, entende?
Muito menos ver algum futuro sem ela, eu tinha certeza que ela era o meu futuro.
- Eu não sei, Arthur. Vai acontecer, eu sei - ela respondeu e ela tinha razão, aconteceu. Comigo.
- Por que... Você deve ter percebido que desde que a gente se conhece eu nunca fiquei com ninguém - eu disse engolindo seco, muito nervoso.
- Agora que você falou... É verdade. 
- É meio engraçado, mas eu resolvi fazer esse voto aí, já faz um tempo - eu sorri.
- Sério? Por quê?
- Eu queria sentir o que você sente sabe, toda a pressão, eu queria entender mesmo o porquê desse voto - eu tava muito nervoso.
- Ah. E então?
- Foi bem difícil, mas eu aguentei esse tempo todo não é? - eu sorri.
- Que bom - ela sorriu de volta.
- E agora eu estava pensando se você não tá afim de...
- Hm?
- Eu não sei como falar nessa situação, é diferente - eu ri um pouco, essa situação toda de nervosismo tá acabando comigo, preciso de respostas.
- Acho que eu entendi - ela sorriu.
- Você quer ser minha namorada-sem-beijo? - eu ri com o trocadilho bobo e ela sorriu.
- Eu quero – ela disse me abraçando e fazendo-me sentir que meu mundo estava completo.

Eu tinha levado ela na minha casa, apresentei meus pais, passei vergonha como meu tio Euclides e a uva assassina, agora eu estava na casa dela, o pai dela me fez um interrogatório e a mãe dela me mostrou a casa, no quarto dela tinha um papelzinho colorido colado na parede, cheios de corações e escrito "Lua Aguiar", e eu me senti muito feliz quando vi aquilo, percebi que ela também via em mim um futuro. Mais tarde, eu resolvi sentar no chão perto da porta da casa dela pra pensar um pouco, ou só curtir a presença dela quando ela se juntou a mim.
- Muito legal aqueles pufs que tem no seu quarto - eu disse segurando a mão dela.
- Você foi ao meu quarto?!
- Sua mãe quis me mostrar a casa... - eu ri - adorei o papelzinho na parede...
- Que papel? - ela disse se fazendo de desentendida.
- Aquele que tá escrito "Lua Aguiar " cheio de corações em volta - eu cai na gargalhada.
- Tudo bem, eu vou tacar fogo naquele papel agora - ela começou a se levantar quando eu a puxei.
- Não vai não, porque eu adorei ver como meu sobrenome fica bem com o seu nome - eu sorri.
- Sério? 
- Claro! Falando dos pufs de novo, quando a gente casar pode colocar uns daqueles pros convidados sentarem na festa.
- Casar? - ela sorriu.
- É claro! Tá achando que eu vou deixar você fugir de mim tão fácil assim? - eu disse rindo.
- E quem disse que eu quero fugir de você?
- Não quer não? - ela era perfeita.
- Claro que não! Eu te amo seu bobo! - eu sorri e a abracei.
- Eu te amo mais do que você imagina tá? - se ela soubesse o quanto, desde o início de tudo.
- Eu sei - ela disse se afastando um pouco.

Capítulo 5

Já fazem oito meses que eu noivei com a Lua, ela resolveu marcar o casamento pra daqui a dois anos, sabe, pra dar tempo de arrumar uma casa e organizar tudo.

- Essa casa tem uma suíte nos fundos, a copa com um quartinho pra empregada e tinha uma garagem, mas o antigo dono adaptou ela pra uma espécie de porão, se vocês quiserem poder transformar em garagem de novo - falou a corretora, apresentando a casa.
- Parece uma boa casa - Lua disse - será que eu poderia ver esse porão? 
- Claro! Fica ali - disse a corretora apontando pra uma porta branca atrás da copa.
Lua foi até lá e fechou a porta atrás de si, eu fiquei um tempo acertando alguns detalhes com a corretora, quando ela foi buscar uns documentos no carro. Eu fiquei sozinho, comecei a analisar a casa, quando de repente, Lua me sai pálida correndo de dentro do tal porão e se joga em cima de mim.
- Meu Deus! O que aconteceu?! - perguntei perplexo.
- Você não vai acreditar, eu achei umas fotos e assoprei porque estavam cheias de poeira, daí a luz desligou e eu ouvi um barulho - ela disse ofegante e atropelando as palavras - essa casa é mal-assombrada! - ela disse quase gritando no final.
Eu cai na gargalhada e ela fez uma cara emburrada tentando esconder o próprio riso.
- Desculpa amor - eu falei tentando parar de rir - eu te protejo.
- Pode esquecer essa casa - ela falou indo em direção a saída - vamos ver outra.

Depois que compramos a casa, estávamos pintando a sala juntos.
- Pintar é tão chato - eu falei sentado no chão e pintando o mesmo pedaço há meia hora.
- Não é não! - Lua disse ligando uma rádio em uma música agitada - tudo pode ser mais divertido - ela disse sorrindo e me puxando pra dançar.
Nós dois ficamos dançando na sala e tentando cantar junto com a música sem sucesso, depois de um tempo nós dois nos jogamos no chão, cansados.
Eu comecei a rir e ela sorriu olhando pra mim.
- Do que você tá rindo? - ela perguntou se sentando e olhando pra mim.
- Acabou que a gente não pintou nada! - eu disse apontando pra três paredes brancas pedindo uma cor. 
Ela olhou pra mim com os olhos estreitos e caiu na gargalhada.

Estávamos trazendo os móveis e os homens da mudança estavam passando os móveis muito perto da parede, isso estava me deixando muito nervoso, eu tinha certeza de que a qualquer momento eles iam raspar a pintura da parede.
- Toma cuidado, por favor - falei quando os dois passaram com uma mesinha e não me deram atenção.
Um deles tropeçou no próprio pé e esbarrou na parede. EU NÃO AVISEI!
- Caraca! Vocês são um bando de surdos! - eu explodi. 
- Desculpa moço - falou um dos homens afastando a mesa da parede pra ver o estrago, que era só um arranhãozinho branco.
- Desculpa?! Desculpa?! Eu te avisei cinquenta trilhões de vezes que isso ia acontecer! - eu gritei nervoso.
Nessa hora Lua apareceu com um pincel e passou a tinta no arranhão, deixando a parede como era antes, me deu um beijo na bochecha e falou:
- Pronto amor, sem stress - e foi embora, me deixando boquiaberto na frente dos dois caras.
- Foi mal ai gente, vamos continuar a trazer os móveis? - falei sorrindo e ajudando a levantar a mesa.

Com a casa pronta, Lua resolveu dar um jantar, chamamos a família e os amigos, percebi depois de um tempo Rayana entrar junto com os pais da Lu, e ela correu pra receber a amiga, o problema é que o Pedro estava lá, quando viu Rayana ele me puxou para um canto parecendo estar nervoso.
- Por que você não me avisou que ela estaria aqui?!
- Eu não sabia - respondi observando as duas fazendo as pazes.
- Cara, desde que a gente terminou eu evito estar em lugares que ela esteja, você sabe disso.
- E você sabe que elas duas estavam brigadas, se ela resolveu fazer uma surpresa, não é culpa minha.
- Ok cara, mas eu vou ter que ir embora.
- Para de criancice.
- Eu vou sair pelos fundos - disse se virando para a porta da cozinha - tchau cara, felicidades!
- Tchau! - falei antes de me virar em direção a Lua. 
Me aproximei das duas e Lua estava de costas pra mim, mas não fez muita diferença, Rayana também não me viu chegar.
- Casar? Amiga! Com quem? - ouvi Rayana falando enquanto me aproximava.
- Arthur! - Lua falou e eu já estava perto.
- Oi, chamou? - falei já ao lado de Lua - Rayana! Quanto tempo, você fez falta!
- É, vi que eu perdi muita coisa... - ela falou ainda se recuperando do choque, quando eu beijei a bochecha da Lu e voltei pra festa.

Capítulo 6

Hoje é o casamento, Rayana é madrinha de Lua e Pedro é o meu padrinho, eu sei que rola o risco de confusão, mas poxa se não fosse o Pedro e a Rayana, eu nunca teria conhecido ela, então eu tenho que no mínino ser agradecido pelo resto da minha vida por eles terem dado a maior alegria da minha vida: Ela. 
Eu sinto meu peito queimando toda vez que penso que daqui a poucos minutos, eu vou poder tocar nela sem medo. Eu entrei na igreja decorada e cumprimentei algumas pessoas, fui até o altar onde minha mãe já estava em prantos.
- Filho - ela disse soluçando - ainda bem que você conheceu ela e não uma daquelas piriguetes que você saia antes - meu pai riu e ela deu um tapa leve nele - Ela te tornou um homem decente.
- Isso é porque eu amo ela - eu disse e ela sorriu.
- Eu tenho orgulho de você, meu filho - ela disse passando a mão no meu rosto.
- Eu também - meu pai falou antes de me abraçar.
- Agora vai lá e arrasa - minha mãe disse arrancando gargalhadas minhas e do meu pai.

Vieram me avisar que a noiva tinha chegado, fui pro lado do pastor no altar e de repente eu me senti terrivelmente ansioso, com todos aqueles sentimentos de mão suada, embrulho no estômago e tremedeira, sentindo que poderia gaguejar se alguém falasse comigo. Uma música calma começou a tocar, mas isso só me deixou mais ansioso, quando abriram a porta principal, eu a vi. 
Ela estava linda, mais linda do que ela já é. Parecia um anjo e eu tive que travar as minhas pernas pra não correr até ela, ela sorriu pra mim e era inevitável não rir de volta, a alegria de estar ali estava explodindo tanto dentro de mim quanto dela. Ela ficou do meu lado, e eu me controlava a vontade de tocar nela, nós ficávamos nos olhando pelo canto do olho, sem conseguir disfarçar.
- Lua Blanco, você aceita Arthur Aguiar como esposo? - perguntou o pastor.
- Aceito - ela disse quase gritando e olhando pra mim.
- Arthur Aguiar, você aceita Lua Blanco como esposa? 
- Aceito - eu disse olhando pra ela e sorrindo. 
De repente eu percebi que ela estava nervosa, será que ela esqueceu os votos? Isso seria muito engraçado, mas ver ela assim, também me deixou nervoso e eu senti que eu ia esquecer os votos. Ai meu Deus! Esqueci meus votos! O que era pra falar?
- Então, podem trocar os votos e alianças.
- Eu prometo te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe - eu falei devagar, encarando a aliança tentando lembrar os votos, e consegui - Eu te amo mais do que você imagina - olhei pra ela e ri e ela riu de volta.
Ela repetiu os votos e completou - Eu amo mais do que você acha que eu imagino - as pessoas riram, mas eu achei lindo a forma que ela se enrolou com as palavras e me deixou mais apaixonado.
- Eu os declaro marido e mulher - Era agora e ela estava tremendo - Pode beijar a noiva.

Eu podia ver nos olhos dela que esse era o momento mais esperado de toda sua vida, de repente eu senti como se o mundo estivesse em câmera lenta, só senti por alguns segundos as palavras marido e mulher cantarem nos meus pensamentos e olhei sorrindo para ela, sabendo que estávamos pensando a mesma coisa, afinal ambos estamos em um voto, sendo que ela me inspirou a isso, e a me tornar o que eu sou hoje. Um homem incrivelmente apaixonado. Fico me perguntando se algum dia eu vou conseguir olhar ela e não sentir meu coração acelerar, sem sentir que eu vou explodir de alegria por ter ela ao meu lado. Ela sorriu de volta e olhou nos meus olhos, me aproximei enquanto ela permanecia parada (e linda!), toquei o rosto dela e a olhei somente pra ver uma última vez o sorriso dela antes de tornar tudo real, e então toquei de leve seus lábios, sentindo seu cheiro e sua mão tocar minha nuca.Eu só sentia uma sensação de paz e podia sentir uma onda de alegria e amor passar por dentro de mim inexplicavelmente.

Pósfácio

Bem, foi assim o meu ponto de vista, você sabe que eu sempre vou te amar não é mesmo? Afinal de contas, todas as coisas que eu abri mão só pra poder ouvir sua voz ou ver seu sorriso, não fazem falta nenhuma quando eu acordo de manhã e te vejo. Lua, você vai ser sempre a estrela que me guia e se até hoje com quatro anos de casados eu não canso de comprar flores ou presentes pra você, não duvide se daqui a cinquenta anos, quando a gente tiver velhinho, vai continuar sendo assim. Te amo mais do que você imagina. Muito mais. 

Pronto! Segunda parte >< 
Jája tem PB! Dps eu explico o porquê de eu só postar agora :/ 

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