O tempo cura tudo - 16º Capítulo

|



POV NARRADOR

Arthur continuava fazendo o seu trabalho como sempre lhe foi pedido. Nunca mais se envolveu em problemas nenhuns e tem feito tudo o que lhe mandam.
A vida em casa, com a Lua, tem melhorado um pouco. Mas ainda não estão juntos, namorando. Vivem apenas se pegando, devido às carências de cada um. Um dia Lua está carente por estar gravida e os seus hormônios incontroláveis darem cabo de si. Outro dia é o Arthur que está carente pois teve um dia exaustivo na empresa. Sempre existem desculpas para fazerem amor…

- Tocaram à campainha… - disse Arthur. Ele estava comendo na cozinha, então a Lua foi abrir a porta. Pouco depois, veio até à cozinha…
- Outra carta do tribunal? O que você fez?
- Eu não fiz nada… - ele se levantou curioso para saber do que se tratava aquela carta
- Era uma carta registada, precisava ser assinada. Eu assinei e sou eu quem vai ler
- Mas a carta vem no meu nome… - Arthur tirou a carta da mão dela
- Mas eu já falei que sou eu que vou ler! – ela tirou a carta da mão dele e antes que ele pudesse fazer ou dizer alguma coisa ela correu para o banheiro e se trancou lá.
- Lua, não faz isso! Abre a porta por favor.
- Fica calado! – ela gritou do banheiro

Arthur não queria irrita-la, então permaneceu em silêncio. Ele não sabia do que se tratava aquela carta, não sabia o que vinha lá dizendo e isso o deixava preocupado. Fosse o que fosse, Lua ia ler e isso podia prejudicar a sua saúde.
Ele se lembra bem do aviso que a médica deu na ultima consulta que os dois foram.

FLASH BACK

- O bebé continua com um tamanho pequeno para o tempo que tem. A sua tensão também tem variado um pouco. Você tem sentido tonturas?
- Não… - Lua disse
- E tem feito esforços?
- Não!
- Eu não deixo ela fazer nada – disse Arthur
- Mas a verdade é que desde da ultima consulta até agora, não houve muitos progressos. Peço que continue fazendo o que lhe pedi. Repouso absoluto e nada de mexer com os hormônios de uma mulher gravida – disse a medica, encarando Arthur – Nada de más noticias, nada de surpresas exuberantes, pois pode mexer com o bem estar dela e principalmente com a sua tensão.

FLASH BACK OFF

A gravidez de Lua continuava a ser de risco. Nada iria mudar isso, nem mesmo aquelas injeções todas que ela tomou para fortalecer o pulmão do bebé, que por sinal, poderá nascer prematuro ou morrer durante o parto.

Passamos uns 10 minutos, Lua  saiu do banheiro pegando a ponta daquela folha que veio no correio. Ela tinha o rosto vermelho e os seus olhos ainda brilhavam. De vez em quando, rolava uma lagrima sobre o seu rosto.

- Eu não acredito… como você foi capaz? – ela olhava os meus olhos com raiva. Embrulhou a carta e jogou na minha cara
- Lua eu…
- Você o que? Foi um canalha? Quase matou a pessoa que mais me ajudou enquanto você ficava num bêbado louco drogado? Ainda por cima ameaçou dele… - ela ria sínica – Você pensa o que? Que era fazendo aquilo que todos os problemas da sua vida iam melhorar? Arthur… você espancou o homem. Ele te colocou um processo no tribunal e foi por isso que você andou naqueles trabalhos comunitários! Porque me mentiu? Porque? Você não presta! – ela deu um tapa no rosto dele. Arthur fechou os olhos, respirou fundo e engoliu o choro – Mas você está com sorte… o babaca conseguiu retirar o processo de cima de você. Está livre! Comemore, vá comprar uma garrafinha e comemore! – Lua empurrou ele e foi para o quarto

Ela se trancou lá o resto do dia. Não comeu, não falou e não saiu de lá se não na hora do jantar. Mas enquanto isso, Arthur ficou na varanda do seu apartamento, chorando, pensando no traste que ele era.
Por um lado, ele fez bem em ter mentido para ela, pois assim a poupou de desaforos e preocupações. Mas a verdade é que saber deste jeito não foi nada bom para Lua e para a sua gravidez.

Passaram-se mais três dias. O casal continuou sem trocar uma palavra. Arthur fazia o almoço, jantar e até lanche e deixava na mesa para Lua comer. Nem “bom dia” eles diziam um ao outro. Logico que Arthur queria lhe dizer, mas tinha medo da reação dela.

Hoje ele ia receber o salario do mês. Por sorte, foi recompensado por ter feito horas extras e foi aumentado um pouco. Aproveitou esse dinheiro para completar os ajustes no quarto do pequeno que vem ai.
Mandou pintar a parede de laranja, comprou conjuntos de lençóis e cobertas para o berço, comprou mais e mais roupas e ainda brinquedos. O quarto estava finalmente pronto…

Depois do quarto ficar totalmente pronto, Arthur chamou Lua para ver. Ela viu, adorou e até se emocionou. Mas a posição dela não se desmanchava.

- Não pense que é por isto que vou te desculpar! – ela saiu do quarto

Arthur ficou desolado. Teve tanto trabalho, se esforçou tanto e nem um sorriso recebeu. Mas não é por isso que iria desistir.
Felizmente, no trabalho, ele tinha um amigo que lhe dava uns conselhos até bons. No início, eles não falavam muito. Mas Caio, o tal colega de trabalho de Arthur, entendia que ele estava em baixo e pedia para conversarem.

- Você tem de entender que essa coisa de tribunal não é fácil para ninguém. Muito menos para uma gravida. São sempre elas que têm razão. Mesmo que você esteja certo, para elas, você será sempre o errado.
- Eu juro que tento entender o lado dela… mas a verdade é que começo a ficar cansado de levar patada.
- Um dia você vai ser recompensado. Você vai ver…  
- Espero que esse dia esteja para breve.

Arthur foi para casa pensando nas poucas e boas palavras que Caio lhe transmitiu. Ele estava certo. As gravidas, estando ou não certas, sempre têm razão. Mas a verdade, é que existe limites.

- Cheguei… - disse entrando em casa. Ele não ouviu barulho nenhum e foi até à cozinha procurar Lua – Lua? uê, será que ela saiu?

Andou pela casa até chegar ao quarto e levar um susto. Lua estava deitada sobre o chão, desacordada. Ele começou a se desesperar, chorar e não teve nenhuma outra reação além de chamar a ambulância e correr para o hospital.
Lua entrou de urgência para dentro das salas e Arthur teve de ficar do lado de fora, mesmo contra a vontade dele. Ele andava de um lado para o outro super desesperado. A sua vontade era invadir as salas e ver com os seus próprios olhos o que lá dentro se passava.
Na sala em que Lua se encontrava, o pânico reinava o ambiente.

- Os ritmos cardíacos estão baixando – dizia uma enfermeira, assustada
- A pressão dela caiu
- Não temos mais o que fazer. A vida dela é prioridade… - disse o medico – Esse bebe tem de nascer hoje!

Será que o bebé sobrevive? 

6 comentários: