Little Anie | 6ª Parte – Final
Não quero um
relacionamento perfeito... mas quero noites bem dormidas sabendo que amanhã
quando eu acordar nós ainda seremos um casal unido. Quero poder ter minhas
crises sem ver nos seus olhos um sentimento de ‘onde fui me meter’. Quero que você também sinta isso, que nos seus piores dias eu vou tentar te fazer rir
ao invés de simplesmente desistir. Podemos ter ciúmes sim e ficar de burro por
motivos idiotas, mas que isso dure pouco [...] Quero ter liberdade para dizer: ‘Não
estou nos meus melhores dias’. E quero respeitar também os seus piores dias sem
aquela sensação de que você pode confundir as coisas e achar que o problema
está na nossa relação. Nunca quis o relacionamento perfeito, se eu buscasse
isso, não estaria junto de você que por vezes é tão impulsiva. Seus mistérios me
encantaram e nós nunca precisamos fingir ser o que não éramos. Eu gosto das
nossas imperfeições e as vezes me pego pensando: ‘Agora ela faria isso e diria
isso’. No fim acho ser isso o que a maioria das pessoas buscam: a sensação de
que quanto mais o outro nos descobrir mais ele pense em ficar. – Felipe Sandrin
Pov Arthur
– Vamos para o quarto. – Lua falou depois de um tempo que
estávamos em silêncio.
– Uhum... – Murmurei. – Agora você quer ir para o quarto? –
Levantei um pouco a minha cabeça para fita-la.
– Sim. Você disse, de novo e de novo duas vezes. – Lua me
lembrou e isso me fez rir. – Falta uma. – Acrescentou.
– Uhum... mas lembro de ter dito quantas vezes você
aguentasse. – Pontuei.
– Eu aguento de novo e de novo e de novo... – Lua respondeu
e aproximou os lábios dos meus.
– E de novo e de novo...? – Indaguei e ela apenas assentiu
antes de me beijar. Cessamos o beijo e eu sorri quando Lua passou as unhas
pelas minhas costas. – Desse jeito o segundo round vai acontecer aqui mesmo, de
novo. – Enfatizei dando uma mordidinha em seu pescoço.
– Não vai não. Demos foi sorte de não aparecer ninguém aqui.
– Comentou. – Vamos para o quarto.
– Ninguém ia aparecer aqui. Estão todos dormindo. – Afirmei
e me levantei. Lua escolheu as pernas e permaneceu deitada. Peguei minha cueca
que estava no chão e vesti. Depois terminei de recolher as minhas roupas e as dela
também; que na hora do strip-tease, jogou para todo lado, e lembrar disso me
fez rir.
– Do que você tá rindo? – Lua indagou curiosa e eu não
conseguir disfarçar. – Você é idiota, Arthur. – Disse revirando os olhos.
– Toma a sua roupa. – Falei colocando as roupas dela sobre o
sofá. – E vamos subir. Ou vão te pegar nua aí... e não vai ser eu. – Concluí me
abaixando para beijar seu pescoço e Lua se encolheu.
– Engraçadinho... – Retrucou baixo.
– Gostosa. – Falei apertando uma de suas coxas.
– Me leva no colo. – Ela me pediu baixo. E eu levantei o
olhar para observa-la.
– Você é muito dengosa quando quer me pedir alguma coisa. –
Contei e Lua sorriu concordando.
– Por favor, meu amor... – Insistiu.
– Você sabe que eu levo. Por que eu não consigo te dizer
não? Hein, Blanco? – Indaguei e Lua acariciou a minha nuca.
– Porque você me ama. – Respondeu baixo, me puxando pelo
pescoço.
– Huuum... não é só por isso, sua convencida. – Lhe dei um
tapa nu bumbum.
– Eu vou gritar. – Lua me avisou.
– Vai mesmo. Mas não aqui, e sim lá no quarto. – Pontuei e
Lua riu alto, me fazendo colocar a mão sobre a boca dela. – Shiiiiu... Você
precisa aprender a se controlar. – Falei e a peguei no colo.
– Você falou engraçado... – Ela continuou rindo, só que mais
baixo.
– Eu estava tentando te seduzir e não ser engraçado. – Falei
baixo enquanto subia a escada com Lua em meu colo.
– Hahaha você já foi melhor nisso, meu amor. – Disse ainda
entre risos.
– Para de rir, Lua. – Pedi. Porque ela estava rindo sem
parar e eu já estava quase caindo com ela. – A gente vai cair e eu vou te
deixar no chão. – Avisei.
– Até parece que deixa...
– Então faz a gente cair pra você ver. – Ameacei.
– Eu começo a gritar se você fizer isso. – Ela retrucou.
– Mais? – Ironizei.
– Eu não tô gritando. – Lua afirmou. – Já chegamos. – Ela
disse abrindo a porta. – Vai me jogar no chão agora? – Me provocou.
– Não, Lua. Vou jogar na cama e aqui você vai gritar. –
Respondi e ela riu alto outra vez.
– Você não disse pra eu calar a boca?
– Mas dessa vez eu calo, com beijos e outras coisas se você
quiser. – Falei deitando-a na cama.
– AI! Você é muito sem-vergonha, Arthur. – Disse me dando
tapas. – Você me deixa constrangida.
– Hahaha – Agora foi a minha vez de rir. – Olha pra mim. –
Pedi pegando em seu queixo. – Eu sei que você gosta dessas safadezas, loira. E
comigo esse tipo de coisa não te deixa constrangida coisa nenhuma. – Finalizei.
– Estou mentindo?
– Nããããoo... – Lua respondeu. – Me beija. Você tá sendo mau.
– Mau é? Eu ainda nem recomecei, Blanco.
– Paaaaraaa, Aaarthuuur... – Pediu tentando segurar o riso.
– Se eu parar, você vai reclamar. Eu te conheço. – Falei
mordendo seu lábio inferior. Lua empurrou minha cueca para baixo e eu rir baixinho
distribuindo beijos pelo seu pescoço. – Calma. Que agora é a minha vez. –
Avisei. – E eu não vou deixar para te beijar inteira depois. – Acrescentei.
– Só beijar? – Lua provocou, se ajeitando embaixo de mim.
– Uuuhm... isso você vai descobrir quando eu chegar lá... – Respondi baixo, descendo os
beijos para os seios dela, depois para a barriga e passei para as coxas e desci
mais até chegar nos pés e depois subi, parando onde eu queria e sabia que ela
estava imaginando.
Sábado, 21 de novembro de 2015 – Oito e vinte e dois.
– Lua... Lua... Lua...
– Comecei a chama-la. Lua se mexeu um pouco. Era cedo e ontem fomos dormir
tarde. Com certeza ela acordaria irritada, mas eu não conseguia ficar dormindo
até tarde.
– Arthur para, pelo amor de Deus! Me deixa dormir, por
favor. – Me pediu baixo, com o rosto contra o travesseiro.
– Acorda sua dorminhoca! – Continuei tentando irrita-la. Mas
eu queria que Lua acordasse e viesse tomar café comigo.
– Eu vou te matar, sério. Se for menos de dez horas, eu vou
te matar. – Disse num tom ameaçador. Ela já estava começando a se irritar.
– Vai ficar viúva então... não passa nem das nove ainda. –
Respondi.
– EU NÃO ACREDITO, ARTHUR! – Ela gritou tentando me bater.
– Aai... ei, para. Oow, Lua. – Tentei me desvencilhar.
– Você tá louco? – Ela me perguntou. – Porque é o que
parece. Que saco! – Reclamou.
– Eu só quero que você acorde, meu amorzinho. – Sussurrei
beijando as costas desnuda dela.
– Nem vem... te conheço! Amanheceu doido pra me irritar. Paaaaraaaa...
Arthur. Eu vou chorar é sério. – Me disse baixo e apertei a cintura dela.
– Você sabe que não precisa disso, Luh. Vem, vamos tomar
café. – Tentei beijar sua bochecha, mas ela virou o rosto; ainda estava de
bruços. Então apertei sua coxa e Lua mexeu a perna.
– Toma café sozinho! Que droga, Arthur! Não acredito que
você me acordou cedo.
– Você é uma dorminhoca, mas é uma dorminhoca linda. –
Contei e beijei outra vez suas costas.
– Você tem algum fetiche em me ver irritada? Porque é o que
parece. Saí! – Lua me empurrou.
– Nããããooo... é que você é linda irritada. Fica toda
vermelha. Tenho vontade de morder. Você gosta, né?
– Não. Quando você não me deixa dormir, eu não gosto de mais
nada. – Respondeu seca.
– Você dorme a noite, linda. – Comecei a mexer no braço
dela, depois aperte sua bunda e Lua me deu um tapa.
– Arthur, você já beijou o meu pé, já mordeu a minha coxa,
já mordeu a minha cintura, as minhas costas. Já beijou o meu pescoço e depois
mordeu, já mordeu a minha orelha, já apertou a minha bunda, já bateu nela
também, já tentou fazer cócegas na minha barriga, já apertou o meu seio... –
Enumerou e se virou para me olhar. Lua estava muito irritada. Meu Deus! Era a coisa mais linda do mundo.
– Eu não apertei. – Me defendi e me afastei um pouco porque
achei que ela ia me bater.
– Apertou sim. Que eu senti. Eu vou te bater, tô falando
sério. – Lua me avisou em seguida.
– Bate nada... você me ama, não ia me agredir.
– Você não me deixa dormir! Que droga! O que deu em você?
– Não consigo dormir até tarde... – Respondi sincero. Lua sabe
disso.
– Mas eu consigo. Me deixa! – Pediu. – Você tá me irritando.
Ontem dormimos tarde. Me deixa dormir mais um pouco. – Quase implorou.
– Tem tanta hora pra dormir, linda. Vamos tomar banho e depois
tomar café da manhã hein? – Perguntei lhe dando vários beijos molhados nas
costas. – Anie já vai se acordar. Você não vai passar o sábado todo na cama.
– Eu só queria dormir mais um pouco... caramba! Vou ficar
muito mal-humorada. Você vai ter que me aguentar. Eu estou te avisando. – Me
disse e sentou-se na cama.
– Eu aguento, Lua. Você sabe, querida. Te amo. – Rocei meus
lábios em seu pescoço.
– Não vem com te amo pra cá não. Estou irritada. – Falou
passando as mãos no rosto.
– Você não me ama? – Perguntei.
– Você não me deixa dormir. Que saco, Arthur! Parece aqueles
adolescentes irritantes.
– E você aquelas adolescentes irritadas! – Exclamei
divertido lhe dando um cheiro. – Você tá cheirosa, neném...
– Você me irrita. Quer que eu esteja como? – Me perguntou
sem paciência. – Você vai ficar em cima de mim o dia inteiro?
– Posso ficar embaixo também se você quiser. – Provoquei.
– Para, Arthur... – Lua bocejou.
– Vamos tomar banho... – Me levantei e estendi a mão para
Lua segurar. – Sério. Sem gracinhas, eu te prometo, loira. – Afirmei e Lua me
olhou desconfiada.
– Pode ir na frente.
– Não. Se eu for, você vai voltar a dormir. – Contei.
Conhecia muito bem a mulher que eu tinha.
– Eu não vou dormir, Arthur.
– Eu te conheço, Lua. Você acha que me engana? – Indaguei e
ela revirou os olhos e ergueu os braços em minha direção. Os puxei com cuidado
para que ela levantasse.
– O que você tem de lindo, você tem de irritante. – Pontuou
levantando da cama.
– Então eu sou muito irritante. Porque eu sou um absurdo de
lindo. – Respondi dando de ombros e Lua riu alto, ironicamente é claro.
– Modesto demais, só que não.
– Você devia concordar comigo. Você é minha mulher. Se você
não achar, quem vai achar?
– Para de drama, Arthur. Ou você acha que eu sou idiota?
– Eu nem pensei nisso. – Afirmei.
– Acho bom mesmo. – Lua soltou a minha mão e foi escovar os
dentes enquanto eu fui tomar meu banho; eu já tinha escovado meus dentes. – Até
porque se eu não acho, tem muitas quem acham. Mas você sabe que eu tenho
opinião forte, né? – Me perguntou olhando por cima dos ombros.
– É claro. Você deixa isso bem marcado, principalmente no
meu braço ou na minha coxa quando me belisca.
– Pois bem. – Lua pontuou e voltou a escovar os dentes.
Londres | Sábado, 21 de novembro de 2015 – Três horas da
tarde.
Meu Deus! Eu estava deitado no sofá e a televisão estava ligada em um
canal qualquer que eu nem sabia que programa estava passando. E estava pensando
na noite que tive com Lua. Confesso que a segunda melhor coisa depois de fazer
as pazes com ela, é fazer amor com ela. Porque a primeira coisa é conversarmos
e ficarmos bem.
Lua sempre acaba me surpreendendo. Quando ela quer, ela sabe
ser cheia de atitude na hora H, essas vezes não acontece com tanta frequência. Eu
conheço a mulher que tenho e ela adora fazer joguinho de: hoje estou indisposta, Arthur. Às vezes ela até está mesmo, mas são
poucas. Ela gosta que eu fique falando várias coisas quando sei que ela não
está falando sério.
Mas ontem eu definitivamente não esperava que ela viesse pra
cima de mim como aconteceu. Eu achei que eu que fosse para cima dela e que ela
acabaria dizendo que teve um dia cansativo. Lua é muito tímida quanto a
brincadeiras relacionadas a sexo, e eu acho isso engraçado e ela quer me matar
sempre que eu digo isso a ela. Não é insegurança. Lua não tem motivos para se
sentir insegura e eu sei que ela sabe disso. Ela acaba sentindo vergonha de
fazer algumas coisas e eu jamais forcei ou cheguei a pensar em fazer isso.
Quando ela toma inciativa, sei que vai acabar me surpreendendo, e Lua raramente
faz strip-tease. Eu poderia pedir que ela fizesse isso mais vezes, porque
adoro. Ela é linda mais; e gostosa também. Agora eu só conseguia pensar naquela
cena, dela tirando as roupas e me provocando. Me provocar ela faz isso
diariamente e brincando. Lua sabe me fazer perder o controle. E eu adoro que
ela saiba disso.
Comecei o dia irritando-a, fomos dormir um pouco mais de
meia noite. E eu estava ciente de que ela gostaria de ter dormido até as dez
horas da manhã ou mais. Mas eu acabei me acordando sete e meia, não consigo
ficar dormindo até tarde. Me levantei da cama depois de dar um beijo na ponta
do nariz dela. Lua tem o sono leve, mas como estava cansada, nem se mexeu. Fui
até o banheiro, fiz xixi, escovei os dentes, lavei meu rosto e voltei para a cama
e tive a ideia de acorda-la. Não foi fácil tirá-la da cama antes das nove. E
Lua ficou muito irritada a manhã inteira. Almoçamos e ela foi deitar com Anie.
Eu adoro irrita-la, mas depois só eu tenho que aguentar as consequências,
porque ela fala na boa com todo mundo, menos comigo.
Já devia ser umas três horas da tarde, me virei para a
televisão e resolvi prestar a atenção ao que estava passando. Quando senti um
tapa nos meus pés. Levantei o olhar e era a Lua. Arrumada, vale ressaltar. Ela
estava vestindo um vestido que vinha até a metade das coxas, de cor cinza bem
claro, de manga e gola polo e calçava um sapatênis cinza com glitter.
– Nossa! Que sexy. – Comentei.
– Uhm... e você ainda nem viu a parte de baixo. – Lua
sussurrou e piscou um olho.
– Onde você vai assim hein? – Perguntei me sentando, achando
que ela ia sentar ao meu lado no sofá. Mas ela permaneceu em pé me olhando.
– Eu não, nós. – Respondeu e eu franzi o cenho.
– Nós? E pra onde você vai me levar? – Perguntei divertido.
– Eu não vou te levar pra nenhum canto. Mas você vai me
levar pra sair e pode pensar em qualquer lugar.
– Qualquer um é? – Perguntei maroto e Lua ergueu as
sobrancelhas.
– Sim. Desde que entre crianças. Anie vai com a gente. Hoje
você não me deixou dormir e eu não vou te deixar a tarde inteira de preguiça nesse
sofá. – Me disse séria.
– Aah, você tá de brincadeira, Lua. – Eu ri.
– Nunca falei tão sério hoje. – Ela afirmou e eu levantei
desconfiado.
– A gente sai mais tarde, loira.
– Agora. Quero sair agora. Não foi assim que você me
acordou?
– Eu fui mais carinhoso. – Comentei vagamente abraçando-a
pela cintura.
– Não brinca comigo, Arthur... – Me avisou enquanto eu
cheirava o pescoço dela.
– Você tá muito cheirosa, sério. – Falei e voltei a enterrar
o meu rosto no pescoço dela. – Você tá falando sério mesmo, Luh? – Murmurei.
– Estou, querido. – Ela respondeu.
– Aaaaaah! Eu tenho muita vontade de te morder, sério. –
Falei me afastando e Lua riu.
– Eu hein... vai logo trocar de roupa. Vou chamar a Anie.
– Ela não estava com você?
– Já acordamos faz tempo, Arthur. Anie está brincando.
– Eu não acredito que você vai fazer eu sair agora de casa.
Você podia estar dormindo. – Comentei.
– Quando eu queria dormir, você não deixou. – Lua deu de
ombros.
– Você é muito vingativa. – Retruquei.
– Hahaha se eu estivesse me vingando, você acha que você
estaria falando?! – Lua ironizou.
– Provavelmente eu estaria gemendo. – Sussurrei no ouvido
dela quando a abracei por trás. – Igual a você agora. – Mordi o lóbulo de sua
orelha.
– Aaaaii... – Lua encolheu os ombros. E nós paramos em
frente a porta do quarto da Anie. Eu acabei soltando-a e indo para o nosso
quarto trocar de roupa.
Peguei uma calça de moletom cinza, uma camisa cinza com
preto, de manga. E um sapatênis cinza. Me passei perfume e depois peguei a
minha carteira e caminhei até o quarto da Anie.
– Ainda não? –
Indaguei quando entrei. Anie estava vestindo apenas uma calça de moletom rosa.
– Eu não sei o que fizeram com a nossa filha, mas hoje ela
quer usar rosa.
– Olha esse tênis, mamãe. – Anie mostrou o tênis rosa com
detalhes de flores para a Lua. – E quelo usar a blusa que a tia Soph me deu. –
A garotinha opinou.
– Eu vou te mooordeeeer... – Falei e Anie abraçou as pernas
da mãe que agora tinha ido procurar a blusa que Anie tinha pedido.
– Essa, meu amor?
– É, mamãe. – Anie afirmou e pegou a blusa e trouxe para que
eu a ajudasse a vestir.
– Que bebê mais linda da minha vida. – Falei e Anie me
abraçou apertado. Lua veio calçar o tênis da pequena.
– Quero a minha filha de volta. – Lua riu apertando as
bochechas da Anie. – Assim eu vou malinar de você. – Disse cutucando a barriga
da pequena que tentou se desvencilhar das cócegas.
– Nããããoo, maaamããee... – Anie ria.
– Vem, vamos. – Falei me virando com Anie no colo e Lua
seguiu atrás da gente tentando puxar as pernas da filha.
– Aonde vocês vão? – Mel nos perguntou. Ela ia saindo do
quarto. – Que coisa mais fofa. – Ela comentou apertando as bochechas de Anie
que depois escondeu o rosto no meu ombro.
– Vamos sair, vem com a gente. – Lua a convidou. – Nós duas
ainda precisamos conversar. Vem, vai ser legal.
– Onde é?
– A gente só vai... – Respondi divertido e as duas riram.
– Tá bom, vou trocar de roupa. – Mel aceitou e entrou
novamente no quarto.
– Vamos esperar a tia Mel lá embaixo. – Falei e desci a
escada com Anie. Lua nos seguiu.
– Mamãe? – Anie chamou Lua colocando o queixo em cima do meu
ombro.
– Oi, meu anjo.
– Eu posso levar meu patinete da flozen? – A garotinha
pediu.
– Quem foi que te deu esse patinete mesmo?
– Hahaha... – Ri e coloquei Anie no chão.
– Meu papai. – Anie respondeu. Eu havia dado esse patinete
quando ela completou três anos. E Anie quase nem usava. Lua morria de medo que
ela se machucasse.
– Pois é, então ele vai reparar você com esse brinquedo. Não
é, querido? – Lua perguntou e me olhou.
– Você não existe, Lua. Sério mesmo. – Comentei. – Vai lá
pegar, meu amor.
– Obligada. – Anie agradeceu e saiu correndo toda serelepe
para pegar o patinete.
– Você não tá chateada. Nem adianta fingir, que eu te
conheço. – Falei puxando-a pelo braço.
– Te amo. – Lua disse me abraçando de volta.
– Aaah... repete de novo. – Pedi lhe dando um beijo na
bochecha. – É a primeira vez que você diz que me ama hoje. – Falei baixinho.
– É que você me irrita, Arthur. Olha como você me acordou
hoje?! Poxa, eu estava com muito sono, de verdade. – Assegurou com o rosto
encostado no meu pescoço.
– Você sabe que você e a Anie são as duas mulheres que eu
mais amo irritar na vida. Mas eu irrito mais você, porque Anie ainda é bebê. –
Contei e beijei a testa dela.
– Eu sei disso. Não precisa lembrar que você me irrita mais.
– Lua levantou o olhar e depois deu um tapa na minha bunda. – Onde você vai nos
levar?
– Não muito longe.
– Preguiçoso. Depois fala de mim. – Retrucou.
– Vamos dar uma volta
e eu compro o que vocês quiserem de comida.
– Uhum! Assim eu
gosto mais.
– Eu sei que gosta,
sua danada.
– Ah, e eu quero conversar com você quando a gente voltar,
tá?
– Viiiish... tenho até medo dessas conversas. – Falei e Lua
se afastou.
– É sério, Arthur.
– Eu sei e é por isso que estou te dizendo.
– Quero muito esclarecer as coisas que faltam. Mas não quero
que a gente brigue. – Me disse. – Não vamos brigar né?
– Não, Lua. Eu prometo se você prometer também.
– Prometo. – Lua me abraçou outra vez.
– O senhor vai me insinar a andar? – Anie perguntou assim
que pintou na sala empurrando o patinete.
– Claro que irei te ensinar, meu anjo. – Afirmei e Anie se
aproximou mais da gente. – Vamos esperar sua tia lá fora? Aí a gente já vai
treinando.
– Tá bom, papai. – Saí com Anie de casa e Lua deu um berro
para Mel antes de seguir a gente.
– ESTAMOS TE ESPERANDO AQUI FORA, MEL. – Ela disse nos
seguiu para fora de casa.
– Você tem que tomar cuidado, mas nem é tão difícil, filha.
Você coloca um pé aqui – Apontei para o brinquedo. – e deixa o outro no chão,
que vai impulsionar você. Só não vou fazer isso, porque é capaz desse brinquedo
quebrar.
– Ainda bem que tu sabe. – Lua comentou distraidamente. –
Mas achei que você ia demonstrar.
– Hahaha engraçadinha... – Ironizei e Lua me mostrou língua.
Pov Lua
Arthur saiu com Anie no quarteirão rumo ao parque e eu
fiquei esperando, Mel que não demorou tanto. Eles iam devagar porque Anie ainda
não sabia andar naquele brinquedo e Arthur ficava segurando-o para ela.
Provavelmente mais tarde ele reclamaria de dor nas costas, de tanto ficar
curvado. Agora Anie estava com os dois pezinhos no brinquedo e ele estava
empurrando ela o caminho todo.
– Nossa, que gata. – Elogiei Mel que vestia um macacão rosa
pink e calçava uma sandália num tom meio rose.
– Obrigada. Você também está uma gata. – Ela piscou um olho
e nós acabamos rindo.
– O que você queria conversar comigo ontem? Arthur disse que
você ficou me esperando. Mas eu fui jantar com o Harry. – Expliquei.
– Fiquei sabendo. Arthur me contou, mas eu também vi a foto
que você postou. – Me disse e sorriu de lado. – Conversei com o Chay, como
tinha falado com você no domingo.
– Ontem? – Perguntei surpresa e bastante ansiosa.
– Sim. E foi estranho... mas não fiquei desapontada. – Me
contou enquanto andávamos. E eu perdi de vista Arthur e Anie.
– O que ele disse? Não foi mais idiota com você né?
– Ele ficou nervoso com a notícia, disse que eu sempre soube
que ele não queria filhos.
– Então foi bastante idiota! – Exclamei irritada, mas mesmo
assim tentei manter o controle.
– Disse que isso não poderia ter acontecido, que ele não
esperava que o assunto fosse esse... tentou explicar sobre a traição, mas
cortei logo. Eu não queria entrar nesse assunto. Ainda não estou preparada e
nem posso passar estresse. Ele disse que no momento não pode ajudar com algo
que não seja dinheiro.
– Eu não acredito que ele te disse isso, Melanie! – Exclamei
surpresa. De tudo que eu pensei a respeito dele, isso nunca passou pela minha
cabeça. – Eu não consigo entender como você me diz isso calma, nem foi comigo e
eu já estou irritada, amiga. Eu nunca mais procuraria ele. Ponto. Entendo que
cada pessoa é diferente e os relacionamentos seguem essa mesma linha. Mas se
fosse comigo, eu não deixaria algo para ser tratado depois. E eu compreendo que
vocês ainda têm muitos pingos para porem nos i’s. Mas ter deixado para depois,
talvez tenha sido um erro. Eu não estou falando do assunto do bebê, estou
falando do casamento de vocês. Sei que não é da minha conta e ainda bem que
Arthur não está escutando nada disso, provavelmente ele chamaria a minha
atenção por eu estar me metendo outra vez. Mas eu não consigo apenas ficar
olhando você passando por tudo isso e precisando de alguém que eu, e nenhum
outro amigo seu, pode ser. Entende?
– Eu entendo, Luh. E eu não estou chateada. Mas eu
definitivamente, sou diferente de você. Quem é igual a você, Lua? Eu comecei a
chorar e jogar as coisas nele, eu fiquei nervosa e já sabia que estava grávida.
Eu gritei, mas não disse tudo o que tinha de dizer e nem quis escutar também.
– Eu também costumo gritar bastante quando discuto com o
Arthur. Mas na hora da briga a gente pode não se desculpar, mas a gente acaba
falando tudo o que está nos incomodando. Eu não posso dizer o mesmo, de coisas
que eu quero contar a ele, sem brigar. Há uma grande diferença, você deve me
entender até melhor que eu mesma. E talvez a sua profissão te ajude a ser assim
tão calma. Eu jamais conseguiria me controlar numa situação dessas. – Contei. –
Brigamos semana passada porque aquela vadia disse que tinha enviado uma foto
pra ele. E pra minha raiva, era verdade.
– Você não disse isso pra gente. – Mel pontuou.
– Não, eu estava tão irritada que só consigo me lembrar de
vim o caminho todo pedindo que fosse mentira dela. Mas até o Harry confirmou. Arthur
não negou, mas pra ele não foi nada demais. Queria que eu entendesse isso, mas
pra mim era demais à beça. Não consegui achar natural ou deixar pra lá,
brigamos umas duas vezes. Ele disse que jogou fora na mesma hora. Harry também confirmou,
mas nem isso me fez entender. Eu quero essa mulher bem longe do Arthur e ele
sabe muito bem disso.
– Talvez você tenha razão, minha profissão deve me ajudar
bastante mesmo. Eu costumo pensar muito a respeito das coisas que pretendo
fazer e dos passos que quero dar.
– Eu também penso bastante, a diferença é que no meio do
caminho eu costumo perder a calma. E você consegue seguir calma.
– Uma baita diferença, amiga.
– Eu sei. – Sorri meio de lado e avistei Arthur e Anie perto
do lago que tinha no parque.
– Mas agora ele já sabe sobre o bebê e esconder isso dele
não me atormenta mais. Eu achei que seria bem pior a reação em si... mas
palavras foram bem vagas... pra eu avisar qualquer coisa sobre o bebê ou quando
quiser falar sobre a gente. Esse último, não será por agora. – Mel deixou
claro.
– Ainda vejo como se Chay fizesse pouco caso, se ele
demonstrasse arrependimento, ia insistir com você e não se acomodar como ele
está fazendo. – Expus meu ponto de vista. – Eu não se aonde vocês se perderam,
mas creio que as respostas só vocês podem encontrar. Pra quem está de fora, as
coisas não têm a mesma dimensão do que para quem está no meio disso tudo. –
Acrescentei. – Embora você me conte e eu fique sabendo de tudo, nossas reações
não serão a mesma. Já não é, amiga. – Finalizei e finalmente chagamos a um
banco e nos sentamos. O vento estava agradável.
– Você daria uma boa psicóloga. Já pensou nisso?
– Definitivamente não pensei e nem daria. – Afirmei e rimos
juntas. – Eu provavelmente me estressaria com a maioria dos meus pacientes.
Isso não é jeito de psicólogo. Se Arthur ouvisse isso, ia rir. Com certeza. –
Pontuei.
– Você aprenderia manter a calma em certas ocasiões.
– Eu não teria tanta certeza se fosse você e você me
conhece, Mel. Eu não consigo manter a calma em certas ocasiões. – Comentei. –
Eu me estresso bem fácil. Parece automático. Isso é desde criança. Meu pai vive
falando... se algo me incomoda, eu vou falar. E geralmente eu brigo. Nem é por
mal. – Me defendi. – Mas você nem sabe... Ryan está passando de todos os limites
comigo. Ele veio com uma conversa pra cima de mim, sem nenhum respeito. Me
cobrando coisas que nem o meu marido me cobra. Eu fiquei muito irritada.
Ameacei até me demitir.
– O quê? – Mel indagou surpresa. – Como assim? Quando isso?
– Essa semana... Fui com Arthur para Liverpool, coisa de
trabalho mesmo. Um assunto dele, ele foi no escritório e solicitou que eu o
ajudasse. Tudo certo mesmo, como qualquer cliente. Quando Ryan ficou sabendo da
viagem, ele ficou extremamente fora de si. Como se fosse meu dono. Óbvio que eu
não fiquei calada. Ele tentou me intimidar de várias formas, até hoje deve tá
pensando em como conseguir isso. Contei para o Arthur, ele ficou muito
irritado. Disse que ainda vai encontrar o Ryan e na verdade, nem quero que isso
aconteça. Eu conheço o Arthur. E eles dois juntos não dá certo. Eles já se
alfinetavam mesmo quando Ryan ainda não tinha tomado essa atitude ridícula,
imagine agora? – Contei preocupada.
– Isso é sério, Lua. Ele sempre ficou de conversinha pra
cima de você.
– Eu sempre ignorei. Ele nunca tinha vindo com uma dessa. Eu
não fiquei com medo. Fiquei sem acreditar no que estava ouvindo. – Falei
sincera. – Ontem foi a segunda vez... eu estava falando com o Harry e ele
estava escutando a minha conversa... achou que podia me chantagear ou algo do tipo,
porque foi o que pareceu quando ele começou a falar que se perguntava o que o
Arthur acharia do que ele tinha acabado de escutar. Como se o Arthur não
soubesse da amizade que eu tenho com o Harry e do jeito que a gente se trata.
Ryan acaba se irritando quando vê que não consegue me desestabilizar. Não faço
as coisas escondida. Por isso as ameaças dele não me atingem.
– O clima deve ficar pesado.
– Nooossa! Eu estou evitando o que posso olhar na cara dele.
– Afirmei.
– Só porque eu sou legal. – Arthur colocou duas batatas
recheadas na nossa frente. E eu nem vi de onde ele tinha vindo. Anie parou do
lado da Mel com um saco de pipoca doce nas mãos. – Comprei pipoca pra Anie. –
Ele avisou.
– Tudo bem. – Respondi. – Como você adivinhou que eu estava
com fome? – Indaguei pegando a batata. – Obrigada. – Agradeci e Arthur sorriu
me jogando um beijo no ar.
– Você disse que gostava da ideia de sair para comer. – Ele
comentou.
– Muito. – Afirmei. E Mel pegou a batata dela.
– Obrigada, Arthur. Nossa! Quanto tempo que não como batata
recheada. – Ela nos contou e deu uma mordida.
– Só espero que não enjoe. – Arthur sorriu e sentou-se do
meu lado e Anie logo veio para perto dele. – Meu grudinho... – Ele disse abraçando
a filha que lhe ofereceu pipoca. Arthur acabou aceitando. Depois Anie se virou
para mim com uma das mãozinhas cheias de pipoca.
– Quer, mamãe? – Me ofereceu.
– Não, meu amor. Obrigada. – Sorri lhe jogando um beijo.
– O que vocês acham de irmos naquele cisne? – Arthur nos
perguntou e apontou para o brinquedo no lago.
– Eu quelo ir muito.
– Se você pedalar, a gente vai. – Respondi e Arthur me
empurrou de leve pelo ombro e Mel deu uma gargalhada.
– Apoio. – Ela concordou.
– Espertinhas vocês né? – Ele nos perguntou e sorriu.
– Claro, meu amor. – Afirmei.
– Mamãe?
– Oi, filha. – Dei atenção para Anie.
– Meu papai me insinou de andar de patinete e eu tô quaaase
aplendendo. E é muito legal. – A garotinha sorriu toda empolgada e eu tive que
apertar aquelas bochechas rosadas de tanto que ela já tinha corrido.
– Que bom meu bebê, você já é um bebê grande então. – Falei
e Anie concordou. – Não entendo porque o tempo insiste em passar tão rápido
assim. Parece que foi ontem que segurei nos braços e daqui há quatro meses, ela
já vai fazer quatro anos. Eu quero o meu bebê de volta. Acho que estou um pouco
emotiva. – Admiti e Arthur me encarou.
– Um pouco é? Já te pedi pra fazermos outro bebê. – Comentou
como quem não quer nada.
– Uhm... se eu fosse você aceitava. – Mel incentivou.
– Eu já vou ganhar um afilhado ou afilhada e um sobrinho ou
uma sobrinha. – Respondi.
– Eu não quelo outo bebê, papai. Só eu de bebê. O senhor
disse que ia ser pla semple só eu.
– Mas é só você, filha. – Arthur garantiu e Anie o abraçou.
– Uma bebê bastante ciumenta por sinal. – Arthur enfatizou dando um beijo na
cabeça da filha.
Pov Arthur
Cheguei no quarto e Lua estava sentada na cama só de
lingerie e com o vestido de hoje a tarde sobre as pernas. Ela parecia bem
distante daquele quarto. E eu lembrei que Lua me disse que queria conversar
comigo.
– Um beijo na loira mais linda de Londres. – Falei beijando
seu pescoço e Lua pareceu despertar. Ela encolheu os ombros e eu apoiei minhas
mãos no colchão.
– Achei que fosse do mundo. – Lua comentou baixo.
– Do universo. – Falei e Lua sorriu.
– Senta aqui pra gente conversar. – Ela pediu e eu comecei a
ficar ansioso.
– Mas assim eu me desconcentro... – Contei passando a ponta
do dedo indicador por uma das alças do sutiã dela.
– É sério, Arthur. – Lua enfatizou calmamente. E eu afastei
minha mão.
– Parece ser sério mesmo. – Respirei fundo. Agora além de
ansioso, eu estava nervoso.
– E é. Eu te disse mais cedo. E você lembra do que me
prometeu?
– Que não íamos brigar. Pode falar, querida. – Respondi.
– Eu estou rezando para que você me entenda, meu amor.
– É só você falar, eu sempre tento te entender. Isso não faz
a gente brigar, Lua. Você sabe. – A lembrei. E Lua assentiu.
– Estou um pouco nervosa. – Admitiu e eu segurei suas duas
mãos. – Eu chamei o Harry para jantar... porque... eu queria falar pra ele, o que
estou tentando te falar. Eu queria ouvir o que ele podia me dizer sobre tudo
isso que eu tô sentindo. E eu não quero que você fique chateado.
– Tá, eu acabei lendo que ele é o seu melhor amigo. Você não
precisa explicar. – Tentei soar descontraído e no fundo, tinha uma pontinha de
ciúmes desse titulo que eu pensei ser meu também. Porque Lua é a minha melhor
amiga.
– Paaara, Arthur... – Lua pediu fazendo bico.
– Pode continuar, linda. Estou ficando nervoso e preocupado.
– E ele acabou me dizendo algumas coisas que eu já sabia e
me encorajou a te contar sim, tudo isso que está me incomodando, porque estou
escondendo de você e eu não queria. Mas é difícil. Fico me sentindo egoísta,
pensando só em mim. Olho pra você e sinto vontade de te pedir desculpas o tempo
inteiro. – Contou e meu coração acalerou de uma maneira que eu pensei que fosse
desmaiar.
– Pelo amor de Deus... o que tá acontecendo, Lua? –
Perguntei com a voz quase falhando.
– Arthur... eu não fui fazer aqueles exames... porque... eu
não queria saber o resultado final de nada. Eu não quero saber se posso ter
mais filhos. Eu não quero mais. – Me disse sincera e completamente emocionada.
Eu não sabia se poderia continuar escutando o que ela ainda iria falar. Tenho
certeza que minhas mãos estavam muito geladas.
– Não quer mais o quê? Filhos ou saber o resultado?
– Filhos. Me desculpa. Eu não suporto a ideia de ficar me
atormentando pedindo para que nada dê errado... eu não suportaria perder outro
bebê e eu sei que você também não. Eu não quero que você fique magoado comigo.
Eu me sinto tão culpada por não conseguir realizar esse seu outro sonho. Depois
que tudo aconteceu, eu nunca mais parei de pensar nisso. Eu queria, mas eu
queria tanto, meu amor. Você acredita em mim? Quando eu decidi que te faria uma
surpresa, pra mim foi a segunda melhor decisão na vida, depois de termos
casado, porque a primeira foi a Anie. Você sabe disso, Arthur. Eu sei que sabe.
Eu queria muito e nunca, em hipótese alguma passou pela minha cabeça que isso
pudesse acontecer com a gente. Eu não achei que engravidaria tão rápido, e
muito menos que perderia antes de saber que estava esperando. Essa foi a pior
parte... – Lua começou a chorar e a única reação que tive, foi puxa-la para o
meu colo. Eu nem sabia o que falar... na verdade, minha voz tinha sumido. –
Você precisa me dizer alguma coisa... alguma coisa, Arthur. Que me odeia, que
está com raiva... qualquer coisa... esse seu silêncio está me matando. – Pediu
puxando a gola da minha camisa e batendo com a outra mão em meu peito.
– Por que você acha que eu te odiaria por isso? – Perguntei,
mesmo sem escutar o tom da minha voz.
– Porque... porque é sempre tão difícil, Arthur. Eu
complico... mas é que tá sendo difícil pra mim também... eu te amo tanto e eu
quero que você nunca duvide disso. Me sinto culpada. E odeio ver você triste e
não adianta disfarçar, sei que isso vai mexer com você. Porque é a minha
decisão. E eu sinto tanto por não querer o mesmo que você nas mesmas horas.
– É a sua decisão? – Insistir. No momento eu não conseguia
decifrar o que eu estava sentindo. Mas raiva passava longe... decepção talvez
estivesse mais perto.
– Sim... Arthur... me desculpa. – Lua pediu outra vez
soluçando.
– Eu nunca ficaria com raiva de você por conta disso, Lua.
Você tá sendo sincera. – Falei tentando controlar a minha Voz.
– Me desculpa. Queria que fosse diferente. Mas não
consigo... – Lua continuava chorando e eu não suportava vê-la assim.
– Para de pedir desculpas. Não tem o que se culpar, querida.
Você me disse o que estava te deixando inquieta. Assim a gente não se machuca
mais, Luh. Você tá entendendo o que eu quero dizer? Não preciso mais pedir para
termos um filho e você não precisa mais mudar de assunto. Você já devia ter me
dito isso antes. – Falei e senti meus
lábios molhados e só então me dei conta de que eu também chorava. Lua passou o
polegar pela minha bochecha.
– Eu te amo tanto, querido.
– Eu também te amo, Lua. Amo muito. – Assegurei e Lua me
abraçou. Continuamos chorando, só que agora, abraçados. – Mas sobre os exames,
ainda quero que faça, mas só pra saber da sua saúde mesmo. Estou preocupado. – Contei.
– Eu vou fazer, Arthur. Também quero saber se está tudo bem,
fora isso. – Lua concordou.
– Eu não sei o que te falar nesse momento... se você estiver
esperando alguma coisa, não sei o que te dizer mais... eu fiquei surpreso, mas
não sinto raiva. Eu estou triste, como pode ver... mas... – Lua me interrompeu.
– Meu coração doí tanto...
– O meu também... mas vai passar, Lua. Você sabe que passa. –
Sussurrei. – Eu te entendo e jamais vou te forçar a fazer alguma coisa contra a
sua vontade. Eu gostei de saber disso, porque assim não vou mais falar desse
assunto e o clima não vai ficar estranho... hoje falei do bebê, mas não foi pra
te pressionar nem nada. Foi brincadeira... Você estava toda emotiva lembrando
da Anie bebê....
– Sim... eu entendi, amor... – Lua afirmou. – Sinto tanta
saudade dela menor... ela está crescendo tão rápido. Isso me assusta. –
Confessou.
– Os filhos crescem, querida. Mas eu também me assusto. Anie
será a minha bebê para sempre. O melhor presente que você poderia me dar.
– Foi a decisão mais linda que você me fez tomar. Porque
você sempre soube que eu tinha tanto medo...
– Eu sempre soube que você seria uma mãe maravilhosa. Agora
talvez eu tenha ficado decepcionado, porque poxa... Você sabe que era meu
sonho, outro sonho... mas... – Suspirei. – Mas você já tomou a sua decisão, e
eu acho que a gente pode encerrar esse assunto então. Eu não quero ficar
prolongando... Porque não estou legal. – Admiti e Lua assentiu.
– Eu te entendo... e eu não consigo te ver assim... me sinto
ainda pior.
– Shhh... já pedi para não se culpar. – Acariciei seu rosto.
– A decisão de ter um filho é muito melhor juntos. E eu sempre te disse isso.
Só quero se você quiser. Eu jamais suportaria ou aceitaria que você fizesse
isso só por mim. Sem levar em conta como seria pra você. Já conversamos sobre
isso também. Já conversamos muito sobre isso, Lua. – Respirei fundo e ela concordou maneando a
cabeça. – Agora... – Me afastei dela. – preciso tomar um ar... ficar sozinho...
preciso disso. Espero que entenda. Não estou com raiava... nem magoado. Essa
conversa foi boa para esclarecer as coisas.
– Contando que você volte... – Lua fungou o nariz.
– Vou só tomar um ar na varanda, Lua. – Sorri de lado. – É
claro que eu volto, boba. – Pincelei seu nariz.
– Te amo, Arthur.
– E eu ainda dou a minha vida por você, Lua. – Deixei claro
e Lua me segurou pela nuca e acabamos nos beijando.
Amo a Lua, e saber disso me deixa completamente sem saber o
que fazer. Quero ficar sozinho porque sei que ela vai se sentir ainda pior me
olhando depois disso. Precisávamos falar sobre esse assunto mesmo, não estava
mais dando para deixar para depois. Porque não é qualquer coisa. Era um sonho e
uma responsabilidade para a vida inteira. Conheço Lua o suficiente para saber
que o tempo que ela demorou a me contar isso, foi o tempo que ela demorou a
aceitar essa decisão que já tinha tomado.
– Te amo, Lua... não precisa ficar com medo de nada. –
Assegurei depois do beijo.
– Não queria te decepcionar... você faz tanto por mim. Me sinto
egoísta não conseguindo dar o que falta pra você.
– Nunca me faltou nada. Queria somar... porque sempre quis
mais com você. Mas não porque tenho pouco. E quero que você entenda isso de uma
vez. – Beijei sua testa e depois segurei o seu rosto com as duas mãos. – Eu
nunca fiz nada pra você com a intenção de te cobrar depois. Então você nem deveria
pensar que eu faria uma coisa dessas. – Deixei claro. – Está me entendendo? –
Insisti e Lua assentiu balançando a cabeça.
Jamais forçaria Lua a termos um filho. Mas é um sonho que
ficará pelo caminho. Eu nem pensava mais que seria um menino, porque eu sempre
quis. Mas se tentássemos, eu ficaria tão grato com o que viesse. Lua talvez não
entenda essa bipolaridade, mas em toda a minha vida, sempre sonhei com mais
filhos. E disso ela sabe, porque confesso, eu falei disso durante esses quase
seis anos, que é o tempo que estamos casados. Nunca toquei nesse assunto
durante o nosso namoro ou até mesmo, quando estávamos noivos. Eu tinha medo que
ela desistisse de tudo. Porque Lua nunca pensou em ser mãe, apesar de ser uma
ótima mãe; e disso eu tinha certeza que ela seria. Nós dois sabemos o quanto
foi difícil fazer ela deixar esse medo de lado na primeira vez que tomamos essa
decisão que nos mudou tanto.
Eu tenho certeza porque conheço a mulher que tenho, que Lua
jamais se arrependeu ou arrependeria de ter engravidado. Foi a melhor coisa que
aconteceu com a gente, foram os meses mais encantadores – tirando os enjoes e
os hormônios em ebulição dela e claro, o dia que eu não estive com ela – eu sempre
soube que íamos crescer tanto como casal e amadurecer como pessoas. Hoje responsabilidades
é o que não nos falta. Mas não trocaríamos isso por nada. E tenho segurança
para falar isso por nós dois.
– Se você quiser conversar mais tarde de novo...
– É claro que sim, loira. Fica calma.
– Todas as vezes que você me pede calma, eu fico mais nervosa.
– Lua confessou e eu sorri de lado.
– Vou descer. – Avisei. – Veste uma roupa. – Pedi.
– Vou banhar a Anie.
– Tudo bem... depois a gente se fala então. Certo?
– Certo. – Lua respirou fundo.
Levantei da cama e Lua tirou a mão que segurava o meu braço.
Saí do quarto e caminhei até a varanda. Queria ficar sozinho para pensar nisso
tudo que tinha acabado de acabar e Lua me entendia. Nos conhecíamos muito bem
para sabermos quando um ou outro precisava de tempo, nem que fosse algumas
horas. O tempo pra gente não precisava ser longe de casa.
Continua...
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Boa tarde, leitores. Já
vou começar agradecendo os comentários do post anterior. Obrigada mesmo! Vocês são uns
amores.
Espero que gostem do capítulo e vão desculpando a demora.
O que acharam dessa implicância deles logo no começo do
capítulo? Arthur adora irritar a Lua. (Mas ninguém merece acordar cedo em um sábado
depois do que eles fizeram na sexta né? Haha safadheenhos!)
Mel é bem controlada mesmo (Mas financeiramente, Mel com
certeza não precisa de uma libra do Chay. E foi só isso que ele tinha a
oferecer naquela hora) Quem aí concorda que se fosse a Lua ela teria até
gritado sim, e que provavelmente agora não teria mais nada para conversarem
porque ela já tinha dito tudo?
C H O R E I escrevendo essa conversa da Lua e do Arthur. Não
vou mentir. Meu Deus!
Podem comentar, sei que esperaram tanto por ela.
Vocês gostam desses textos e trechos de músicas que estou colocando
agora no começo do capítulo?
Abriram os links? Haha digam aí.
Um beijo e até a próxima
atualização (só tenho uma semana de férias búúaa)

Posta outro hoje
ResponderExcluirCuriosa para ver como o Arthur vai agir agora? Bem que poderia vir um milagre agora é Lua engravidar naturalmente.
ResponderExcluirConversa emocionante da lua e Arthur, anciosa pra saber como Arthur irá reagir Aparti de agora.
ResponderExcluirEsperando ansiosamente pelo proxpró capítulo
Eu amo a cumplicidade dos dois, eu gostei da atitude do Arthur em relação a Lua, confesso que fiquei com dó dele, e aquilo foi tenso rsrsrs amando muitoo e já tô aqui na expectativa do proximo capitulo
ResponderExcluirMilly vc se superou nesse capítulo, que emocionante *___*
ResponderExcluirImpressionante como a gente sente quando se entra na história, eu me emocionei demais lendo.
Parabéns por conseguir passar tanto sentimento na sua escrita *___*
Sou cada dia mais sua fã!!! Sobre o restante do capítulo eu adorei tudo, os links, a conversa da Lua e da Mel,adoro a sinceridade da Lua nessa conversa com a Mel. Estou igual a Lua com a Anie kk como ela esta crescendo rápido kkk
Arrasou como sempre!!
Caroline
Sou como a lua, ñ gosto nada de dormir tarde e acorda cedo e forçada ainda mais, mesmo q seja de um jeito todo carinhoso como o Aguiar faz. Mel toda paciente, enquanto a lua solta os cachorros para cima do chay kkkkkkk mais estou do lado da lua mesmo, chay ñ esta se importando em fazer um esforço e reconquistar a Mel. Anie toda inspirada na sophia rsrsrs só no rosa, um amorzinho. G-zuis essa conversa acaba com mei psicológico, tadinho do meu casal, espero q o arthur realmente entenda o lado da lua. Todos os looks estavam lindos de arrasar. Muito obrigada milly por mais um capitulo topadoo de bom, vc arrasa. Xx adaline
ResponderExcluirFaz um capítulo com flashback da Anie bebe e como eles eram.Capitulo incrível!
ResponderExcluirnossaa super apoio
ExcluirArrasou mais uma vez Milly! Que bom que o Arthur entendeu a Lua, mas confesso que fiquei com dó dele. Anie usando Rosa? Coisa mais Linda! Mel é muito calma mesmo, mas a Lua ninguém pode com ela kkk. Amei o capítulo.❤
ResponderExcluirLily
O Arthur é um amor!
ResponderExcluirTay
Eu não sei se sou muito sensível ou se você é uma escritora maravilhosa porque eu chorei durante toda a conversa deles, talvez os dois sejam verdadeiros ne?
ResponderExcluirParabéns por mais um capitulo MARAVILHOSO
NECESSITO DO PRÓXIMO CAPÍTULOOOO
ResponderExcluirPLEASE
Conversa emocionante.
ResponderExcluirBy Sofia c
Millyy, não faz assim comigo, fiquei triste pelo Arthur, mas feliz por ele ter compreendido a Lua! Anie de Rosa é novidade, mas é mui fofaa.
ResponderExcluirEu gostaria de ter só um pouco da calma que a Mel tem, mas to mais pra ser igual a Lua kkkkkk
Feh