Little Anie - Cap. 73 | 2ª Parte

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Little Anie | 2ª Parte

Pov Arthur

– Nós vamos que horas?
– Oi?
– Pegar o voo, Arthur. – Lua repetiu.
– Uma hora, Luh. – Respondi chegando na frente de casa. Apertei o botão para abri o portão, e esperei para entrar com o carro na garagem. – Você já arrumou as malas?
– A sua também, você quer dizer, não é? – Perguntou erguendo as sobrancelhas. Ri baixo.
– Também. – Confirmei.
– Arrumei. – Me disse saindo do carro, e logo indo tirar Anie da cadeirinha.
– Eu quelo muito comer doce. – Anie desceu do colo de Lua, e segurou minha mão.
– Você vive querendo comer doces, filha. – Ri.
– Hum... Para quem será que ela puxou, hein? – Lua ironizou, abrindo a porta de casa.
– Hum... Para quem será? – Perguntei divertido, e a pequena apontou para mim, rindo alto. – Para mim? – Perguntei duvidoso.
– É, pai. – Respondeu convicta.
– Mas a sua mãe também gosta de doces. – Me defendi.
– Só que eu não sou viciada. – Rebateu e Anie correu até onde Mel estava.
– Tiiitiiiaaa! – Exclamou alto.
– Oi, meu anjo. E como foi lá? Quero ver sua roupa, tá? – Pediu ao ver a empolgação da pequena.
– Tá bom. Minha mamãe vai me ajudar a vestir a roupa de novo, aí você vê, tia. – Respondeu sorrindo. E depois andou até onde Lua estava e segurou na mão da mãe. – Vamos mãe? – Lua riu assentindo. E as duas subiram a escada até o quarto de Anie.
– Como você está? – Perguntei me sentando no sofá, Mel fez o mesmo.
– Eu estou bem, Arthur. – Respondeu respirando fundo.
– Sei que evitamos falar sobre esse assunto. E sei também que não está sendo nada fácil para você encarar essa gravidez sem ele. – Comentei, frisando a última palavra. Era a primeira vez, depois de todo aquele alvoroço, que falávamos sobre Chay.
– Eu procurei por isso. Não era como se ele também planejasse ter esse filho. – Me disse soltando o ar pausadamente. – Eu sabia.
– Mas ele continua sendo o pai dessa criança de qualquer jeito. – Lhe disse. E ela concordou.
– Ele nem se importa, Arthur. Não vou atrás dele.
– Nem eu acho que tenha que ir. Só que quando essa criança nascer, ela vai precisar de um pai.
– Eu sei... Mas não vou contar agora. – Murmurou. – Quando a Lua me contou. E eu o esperei chegar em casa, a gente discutiu. Eu estava com raiva. E jurei que não contaria a ele. Mas Chay me ligou uma semana depois, disse que tudo aquilo era mentira, e pediu para que eu voltasse. Eu ainda estava muito magoada, pensei em contar, mas fiquei com medo. Em vez disso, cogitei termos um filho. Queria saber sua reação. Ele ficou mudo por alguns minutos. E depois disse que precisava pensar. Como você acha que eu me senti? Ele nem ao menos concordou em ter um filho, e eu me iludi achando que ele gostaria da surpresa quando eu lhe contasse. – Me disse baixo, e vi quando uma lágrima escapou de seus olhos.
– Você não acha que ele vai negar esse filho para sempre? Chay leva jeito com crianças, Mel. – Tentei explicar.
– Crianças que não são filhas dele. E há uma grande diferença. Você sabe. – Retrucou.
– Então, por isso acredito que ele virá sim atrás de você. Atrás do filho dele também.
– Eu não acredito muito Arthur. Vai fazer um mês. E ele nem dar as caras. Não vou esperar a vida toda.
– Mel...
– Ele não queria um filho. Ele não quer esse filho. Eu já entendi. Meu filho não precisará de um pai. Eu vou dar conta. – Garantiu. – Claro que vou. – Repetiu baixo.
– Você não está sozinha, Mel. Sabe que sempre vai poder contar comigo, com a Luh, com as meninas aqui. Com o seu irmão, a Soph. Eu sei que você sabe. – Falei sério, ela me encarou.
– Não quero ficar dando trabalho para todos, Arthur. – Revirou os olhos. Por que mulheres tem essa mania?
– Ninguém aqui tá falando que está. – Retruquei.
– Você já falou com ele? – Perguntou curiosa.
– Sim. Na viagem que fizemos a Liverpool. Bom, seria meio impossível não ter falado com ele.
– O que conversaram?
– Ele me chamou para conversar, Mel. Eu não fui atrás dele. Mika chegou a pensar que brigaríamos. Não tenho raiva do Chay, embora não ache certo o que ele fez com você, mas como eu disse a Lua, prefiro não me meter em assuntos que não me diz respeito. A gente conversou sem grandes alterações de voz, ele me pediu desculpas, disse que perdeu a cabeça aquele dia, que tinha bebido além da conta. Que não queria ter causado confusão, e muito menos ter levantando a mão para a Lua, ele me pediu repetidas desculpas por isso. Falei que não cabia a mim, desculpa-lo. Que ele teria que conversar com ela, e procurar se entenderem. Ele disse que se sentia envergonhado por tudo que disse aqui, que se pudesse voltar atrás, não faria nada disso...
– Agora é fácil para ele dizer que não faria. – Bufou irritada.
– Eu o desculpei pelo que ele causou aqui, pelas ofensas, mas é uma coisa que a gente não esquece. Caramba, nós somos amigos há mais de quinze anos, nunca tivemos discussões como a daquele dia. Eu nunca tinha me imaginado ameaçando bater de verdade, em um dos meus melhores amigos. Você me entende também? Não estou dizendo que concordo com as atitudes dele, eu só coloquei um fim na discussão que eu e ele tivemos. Quanto a história de vocês e a briga dele com a Lua, eu não posso fazer nada. – Tentei explicar, a essa altura, eu não tinha mais nenhuma desavença com Chay. O problema a ser resolvido, não cabia mais a mim. Lua não queria vê-lo. Mel não iria atrás dele. E eu não podia fazer nada quanto a isso.
– Eu entendo a situação de vocês, Arthur. Não precisa se explicar. Não estou pedindo isso. – Me disse baixo, enquanto passava as mãos pelo rosto.
– Uma hora ou outra, vocês terão que conversar, e falo isso pela Lua também. Porque sei que não irão viver a vida toda se ignorando. Ainda mais no seu caso, com uma criança no meio. É bem complicado. – Completei suspirando.
– Eu não pretendo viver a vida toda aqui, Arthur. – A ouvi falar. Levantei o olhar para encarar seu rosto. Eu estava um tanto confuso.
– Do que você tá falando? – Perguntei.
– Que eu não serei um problema. Que quando as coisas se ajeitarem mais, eu sairei daqui. – Explicou.
– Eu não estou pedido ou mandando você ir embora. E me desculpe se dei a entender isso, Mel. Só quero ajuda-la e você sabe muito bem disso. – Alterei o tom de voz, falando um tanto irritado.
– Eu preferi deixar claro.
– Vou relevar e entender que são os hormônios. – Retruquei.
– Não são os hormônios. Eu estou falando sério. – Insistiu.
– A é? E vai passar a vida toda em um apartamento sozinha, cuidando de uma criança que vai chorar dia e noite, e que vai chegar uma hora que você vai pedir para Deus mandar alguém para ajudá-la. Eu não estou querendo assusta-la. Você sabe que um recém-nascido dá bastante trabalho para uma pessoa só. Anie acordava de uma em uma hora. As duas semanas foram cheias de descobertas e muita exaustão. Às vezes eu só queria fechar os olhos e dormir por uma noite inteirinha, e eu sabia que Lua queria fazer o mesmo também. Porém, ao mesmo tempo que desejávamos uma boa noite de sono, a gente sentia a necessidade de estar perto daquele pequeno ser, e observá-la dormir, e isso é bem confuso. Aqui não era só uma pessoa, Mel. Éramos quatro e tinha a Sophia que estava quase morando aqui. Você via, tinha o Harry, que vinha um dia sim e um dia não. – Ri. – Porque segundo ele: Ela é minha afilhada, é meu dever cuidar dela também. Uma coisa que eu concordo, eu farei isso pelo meu afilhado também. Mas nem todo esse sufoco, a correria, me fizeram perder a vontade de ter mais um filho. Só que eu não podia fazer uma criança sozinho e como se a vida estivesse se divertindo as minhas custas, ela me deu um filho e tirou o quê?! Três semanas depois. – Finalizei suspirando. – Eu nem sabia que ele estava ali... – Lamentei por fim.
Ar..thur... – A voz dela falhou.
– E aqui você tem a todos nós. Sabe que também vai poder contar com a Carla e Carol. E que não vai precisar se preocupar com mais nada, nenhum gasto quanto a isso. O que eu puder fazer pelo seu filho, meu afilhado, pode ter certeza que eu irei fazer. – Garanti. – Você não precisa ir embora, ninguém aqui está mandando você ir. – Finalizei. E Mel começou a chorar. – Não... Não chora, Mel. – Pedi me aproximando dela. – Por favor, não chora. – Pendi a cabeça para o lado, tentando encarar seus olhos, uma vez que ela permaneceu com a cabeça baixa.
– Desculpa...
– Não precisa se desculpar. – Acariciei seus cabelos.

Logo o barulho da risada de Anie foi ouvido. Ela descia os degraus segurando na mão da mãe. Estava parecendo um boneca com aquele vestido, e aquela sapatilha delicada de bailarina. O cabelo estava preso em um coque. Lua levantou a cabeça e me olhou confusa ao notar que Mel limpava as lágrimas. Abri a boca falando um ”depois”, bem baixinho. Ela apenas assentiu.

– Olha tia, e... – A pequena parou de falar ao ver que Mel chorava. – O que foi, tia Mel? – Perguntou baixo. Mel apenas negou com a cabeça. – Meu papai bigou com você?
– Eu? – Perguntei alto. – Por que você acha que eu brigaria com a sua tia? – Indaguei.
– Não sei. – Ela encolheu os ombros, como se pedisse desculpas. – Só tá você aqui com ela. – Justificou.
– Não briguei com ninguém. – Esclareci.
– Ele não estava brigando comigo, linda. – Mel falou depois de um tempo. – Eu só tive vontade de chorar... Logo passa. – Finalizou.
– Tá bom então...
– Nossa, que linda, linda você está, meu amor. – Mel mudou de assunto. Elogiando a pequena que estava toda empolgada dando voltinhas para mostrar o vestido, a sapatilha e o penteado.
– É lindo, não é tia?
– É sim, muito lindo. – Mel assegurou.
– Mãe? Chama a Carla e a Carol, pra vim me ver. – Ri do seu jeito de falar e Anie me encarou. – O que foi, papai? – Ela pôs as mãozinhas na cintura.
– O que foi? Pergunto eu. Não vai me perguntar o que eu achei da sua roupa? – Falei fazendo um bico, dando a entender que havia ficado triste. A menina andou até mim.
– Você disse que era linda. – Me lembrou.
– E eu não estava mentindo. – Segurei em sua mão e lhe puxei para meu colo, beijando o topo de sua cabeça. – Você está linda. A boneca do papai, tá? – Perguntei e ela assentiu sorrindo e me dando um beijo na bochecha.
– Tá. – Me abraçou apertado, descansando a cabeça em meu ombro. Passei a mão pela suas costas, num leve carinho. – Amo você, papai. – Sussurrou. Sorri.
Eu também amo você, filha. – Sussurrei de volta, beijando sua testa.
– Ei, Anie? – Carol a chamou. E logo a menina se afastou, indo até a babá. – Nossa, você está uma princesa, meu anjo. – Sorriu elogiando a menina. Lua sentou-se ao meu lado.
– Quase ninguém mima essa menina, não é? – Lua ironizou rindo baixinho.
– Quase... – Ri, colocando o braço por trás de suas costas, e comecei a acariciar sua cintura. – Ela tem que almoçar. – Lembrei.
– Ainda tem tempo, amor. – Lua me olhou rapidamente e depois voltou a observar a filha.
– E eu vou ver você arrasar lá na escola? – Carol perguntou e Anie assentiu freneticamente, para só depois falar.
– Vai. Você, a Carla, a tia Mel, o meu titio Harry, a tia Soph, o tio Mika, o meu papai. – Ela me olhou e depois olhou para a Lua. – E minha mamãe. – Comecei a rir e logo depois, todos ali riram, até Anie, mesmo confusa por não saber o motivo das nossas risadas.
– Todo mundo vai, filha? – Perguntei.
– Claro, papai. – Afirmou. – Não é, mãe?
– Sim, amor. Todos irão. Falando nisso, tenho que avisar seus convidados. – Ressaltou divertida. – Tenho que falar o número certo de entradas e os nome das pessoas.
– Cadê a Carla? Ela nem veio me ver. – Anie olhou pela sala e depois na direção da cozinha.
– Eu estou aqui, pequena. – A mulher andou até Anie. E se abaixou para lhe dar um beijo na bochecha. – Você está tão linda, Anie. – Lhe disse.
– Obrigada! – A pequena agradeceu envergonhada.
– Eu também vou ver você na apresentação?
– Vai sim, Carla. – Respondeu.
– Tá bom, então. – Ela apertou levemente o nariz da menina, e se levantou. – O almoço está pronto.
– Eu estou sem fome. – Mel disse.
–Vou banhar, Anie primeiro. – Lua disse indo segurar a mão de Anie.
– Nem vem, Mel. Você vai sim almoçar. Sabe, eu estava até pensando que você poderia ir com a gente para Manchester. – Falei.
– Não, Arthur. Estou muito enjoada. Não quero viajar. – Respondeu séria.
– Não é uma má ideia. – Lua comentou. – Vem com a gente, amiga. Vai ser melhor, você vai respirar outros ares. – Tentou convencê-la.
– Tenho trabalho na segunda, Luh. – Justificou.
– Vamos voltar na segunda à noite. Se você for, só faltará um dia. – Lua insistiu outra vez.
– Não. Aproveitem vocês. Vou ficar bem, garanto.
– Vou acreditar. – Lua subiu a escada e eu subi atrás dela, indo para o nosso quarto, tomar um banho, enquanto ela banhava Anie.

*

– O que você disse para a Mel? – Lua perguntou assim que saiu do banheiro. Eu estava acabando de calçar meus sapatos.
– Bom, eu quero falar sobre isso com você, antes de irmos para Manchester. – Falei.
– Pode falar. – Disse se aproximando da cama, para pegar as roupas.
– Você não quer se vestir primeiro? Porque com você assim, eu não consigo me concentrar direito, você sabe. – Dei de ombros e Lua revirou os olhos. – Estou bem, não estou? – Perguntei ficando de pé e Lua me analisou.
– Muito bem por sinal. – Ressaltou rindo, dando uma leve mordida no lábio inferior.

Pura provocação!

Eu vestia uma calça jeans, uma camisa branca, com uma escrita em preto na frente, e calçava um tênis que tendia ao azul, e usava um relógio de coro preto.


– Já avisei para não brincar com fogo. – Lembrei. – E não provoque! – Pedi. – Quero estar um Arthur bem sério para que possamos conversar. – Comentei.
– Essa conversa pode atrapalhar nossa viagem?
– Creio que não, amor. – Respondi.
– Eu espero que não mesmo. – Disse tirando a toalha. Suspirei.
– Mas sua falta de roupa pode. – Falei um pouco alto, Lua riu. – A gente pode perder o voo, e consequentemente, isso atrapalhará a nossa viagem. – Finalizei.
– Não estou mais nua. – Falou rindo, ao terminar de vestir a calcinha. Bom, pelo menos não era aquelas pequenas e fio dental para completar. Era uma calcinha short, porém preta e de renda, não deixava de ser sexy do mesmo jeito. – Fecha aqui. – Disse virando de costas para mim, para que eu fechasse o fecho do sutiã. – Obrigado.

Agradeceu indo vestir a saia preta, com bolinhas de paetê branco e preto. A blusa era jeans, manga comprida. Que ela colocou por dentro da saia, e deixou os dois primeiros botões abertos. Sentou-se na cama e calçou o sapatênis estampado de oncinha, na cor branco, azul e preto.


– O que foi, Arthur? – Ela riu ao ver que eu ainda a fitava.
– Ora, nada. – Respondi simplesmente. – Não posso mais olhar?
– Não estou dizendo isso, querido. – Me jogou um beijo ao passar por mim, e ir até o espelho, prendendo o cabelo em um coque devidamente bagunçado, deixando alguns fios soltos. Passou um batom nude nos lábios, e rímel nos cílios.
– Era para você só vestir a roupa, amor. – Reclamei indo me sentar na cama novamente.
– Já estou quase pronta. – Ela passou perfume e caminhou em minha direção, sentando-se ao meu lado. – Pode falar. – Disse relaxando os ombros.
– Em primeiro lugar eu queria deixar bem claro que eu e Mel, não brigamos. – Falei e Lua assentiu.
– Eu sei, Arthur.
– Que bom! Então, eu estava falando com ela sobre Chay. – Comecei. Lua fez um barulho com a boca e virou o rosto. – Lua? – Chamei.
– Pode continuar, Arthur.
– Ele veio falar comigo, me chamou para um conversa na viagem que fizemos a Liverpool, naquela semana. Eu fui, não discutimos e eu o escutei. Conversamos civilizadamente. Micael até ficou com receio de que podíamos discutir, pelo que tinha acontecido aqui, enfim... Não aconteceu nada disso. E... Lua, bom, eu o desculpei. – Lua virou o rosto rapidamente e seus olhos encontraram os meus. Ela não disse nada. – Eu o desculpei pelas palavras dirigidas a mim, pelas ofensas, pela confusão aqui em casa. Ele me pediu desculpas por quase ter lhe dado um tapa também. Só que eu disse a ele, que esse pedido de desculpas não cabia a mim. Eu não podia desculpá-lo por isso. Que esse assunto ele teria resolver com você.
– Eu não quero falar com ele, Arthur. – Falou seca.
– Ok, isso você resolve quando. Eu não estou te forçando a ir falar com ele. Que isso fique bem claro, amor. Óbvio que Chay sabe que eu fiquei com muita raiva, e que se ele tivesse tocado em você, eu não sei o que teria acontecido. Ele estava bêbado e eu ia perder o controle. Falei que desculpava, mas que a gente não ia esquecer isso, que sendo um problema que ele resolveria com a esposa dele, todo mundo acabou envolvido nisso de um jeito ou de outro, e deu no que deu. Você está me entendendo? – Perguntei.
– Continua... – Foi o que ela me respondeu.
– Não falei com você sobre isso antes, porque bem, foi aquela maldita semana. – Soquei o colchão. –             Eu não podia falar por celular e quando cheguei aqui, esse assunto era o que menos importava para a gente. Eu voltei, e você ficou mal aqui, quando nos encontramos em Bibury, eu só queria aproveitar cada segundo com você e com a Anie. Eu só queria saber e ver que vocês estavam bem, nada mais me importava. Então eu fui deixando para depois, e acabei contando para a Mel, porque ela me perguntou. Mas esse não foi o motivo de seu choro. Acredita que ela disse que iria embora?
– O quê? – Lua perguntou um pouco alto.
– Foi por isso. Eu não mandei ela ir, ela só acabou achando que estava atrapalhando. Então eu comecei a falar o quão difícil seria se ela saísse daqui e fosse criar essa criança sozinha, quando tem a gente aqui para ajudá-la. Foi isso Lua, eu disse que iria fazer tudo que pudesse para ajudá-la, que eu não queria que ela saísse daqui, se fosse para ficar sozinha. Eu estou errado? – Resolvi perguntar quando percebi que ela me encarava tanto, que fiquei com medo de sua reação.
– Não. Você não está errado. Eu também não deixarei ela ir, se for para ficar sozinha com uma criança. – Me disse e se levantou.
– Você ficou chateada por eu ter desculpado o Chay? Eu o conheço há mais de quinze anos, Lua. Nós jamais tivemos uma discussão que quase me levou a batê-lo, caso ele tivesse tocado em você. Na hora eu fiquei com muita raiva, não vou negar, e você sabe. Só que, a gente conversou...
– Eu sei, Arthur.
– Você não respondeu a minha pergunta. – Cobrei.
– Eu entendi, seu problema com ele já está resolvido. Só que eu não quero resolver o meu problema com ele. E espero que você entenda. – Pediu se levantando e indo pegar a sua bolsa.
– Lua?
– O que você quer que eu diga?
– Em nenhum momento eu pedi para que você fosse atrás dele, ou tentei te convencer a deixar ele vim aqui. Eu só te disse que eu já o desculpei e que não cabe a mim, resolver os outros problemas que ele causou. Você tá me entendendo?
– Perfeitamente. Vamos? Ou a gente vai acabar perdendo o voo. – Lembrou.
– Está tudo bem mesmo, Luh? – Insisti.
– Está Arthur. Já disse, não quero mais falar sobre esse assunto. Tá bom? Não quero que fique um clima chato nessa viagem por conta disso.
– Ok. – Me aproximei beijando seus lábios rapidamente. – Você vai almoçar?
– Não. Eu estou sem fome e você?
– Também. – Saímos do quarto.

Pov Lua

Eu entendia Arthur perfeitamente. E não fiquei chateada em nenhum momento. Ele foi bem sincero, e eu não podia esperar outra coisa vindo dele. Isso me deixa bem aliviada, saber que existe toda essa sinceridade e confiança entre a gente. E quanto ao Chay, eu ainda não queria vê-lo. Não estava em um bom momento para encarar um conversa longa e séria. Quero aproveitar minhas férias, minha família, meu marido. Quero ir com Anie ao parque, estou sentindo até falta das bagunças, gritarias e correrias dela. Ao cinema – mesmo que eu não goste muito de ficar 2h na frente de uma tela – por ela eu vou, sempre acabo cedendo no final, bom não tão facilmente quanto Arthur, que só um bico fofo de Anie já faz ele mudar de ideia e ceder aos pedidos da filha.

– Mãããee... – Me chamou. – Você demolou. – Ela pegou um óculos escuro, que encontrou em algum canto, que é meu por sinal, e colocou no rosto. Arthur começou a rir, enquanto Anie andava fazendo pose.
– Onde você estava mexendo, hein mocinha? – Perguntei ao me aproximar dela.
– Alí... – Apontou para o corredor do escritório. – Eu tô linda, mãe.
– Está, está uma mocinha.

Ajeitei o cinto dourado que ficava na cintura de Anie. Ela vestia uma blusa jeans, manga comprida, estilo vestido, com bolinhas brancas e calçava uma bota cano longo, marrom. Os cabelos estavam soltos. Lhe dei um beijo na bochecha.


– Você tá me achando linda também, papai?
– Eu acho você linda sempre, filha. – Falou jogando um beijo para a pequena.
– É. – Anie concordou saindo na frente.
– Você se despediu da sua tia, Mel?
– Sim, ela falou que ia tomar banho.
– Carla, qualquer coisa você liga tá? Não importa a hora, fica de olho na Mel, se ela passar mal ou alguma coisa assim, você liga para a Soph, ela tá mais perto e depois para mim ou para o Arthur tá?
– LUH, O TÁXI CHEGOU. – Ouvi Arthur gritar.
– Diz a ela que eu deixei um beijo. Bom, já vou indo. – Lhe dei um abraço e ela desejou boa viagem.
– Tchau, Anie! – Exclamou dando tchau para a pequena, que acenou de volta, jogando um beijo em seguida.

Caminhei até o táxi e entrei, logo fechando a porta. Anie estava no colo do pai, com a cabeça encostada no peito dele.

– Estou com medo. – Ela nos disse baixinho.
– Não precisa ter medo, filha. A gente já conversou sobre isso. – Arthur lhe depositou um beijo na testa. – Eu vou estar do seu lado, junto com a sua mãe. – Completou.
– Tá bom. – Foi só o que ela disse, e se acomodou no colo do pai, segurei sua mãozinha, o trajeto todo até o aeroporto.

12h30 – Aeroporto Inter. de Heathrow.

Não demorou muito para que embarcássemos. Quando nos aproximamos do avião, Anie diminuiu os passos e segurou a mão de Arthur, que logo a carregou.

– Não fique com medo, meu anjo. – Arthur pediu e Anie o abraçou pelo pescoço, descansando a cabeça no ombro do pai.

Logo chegamos a nossas poltronas, e sentei do lado da janela, Anie no meio e Arthur ao lado dela. O motivo de Anie está sentindo tanto medo, é pelo fato do avião voar. Era a primeira vez que viajaríamos de avião com ela. Nossas viagens com Anie, nunca foram longas, então sempre preferimos fazê-las de carro.

– Mamãe? – Ela sussurrou.
– Oi, meu amor.
– Posso ficar aí no seu colo? – Pediu baixo e Arthur sorriu de lado.
– Claro que pode. – Segurei em seus braços e a trouxe para meu colo.
– Você está sentindo alguma coisa? – Preferi me certificar. Afinal, era uma criança e podia sentir enjoos.
– Se eu soubesse que ia ser tão perturbador assim para ela, eu teria vindo dirigindo, Luh.
– Shh... – Tentei acalma-lo. Arthur não podia ver a filha com medo, ou alguma outra coisa que a deixava quieta demais, que ele se sentia culpado. – Eu trouxe um remedinho, se você se sentir enjoadinha, e só me falar tá?
– Tá.
– Você vai dar um sonífero para ela? – Arthur me perguntou um pouco incrédulo.
– Claro que não. Que pergunta idiota, Arthur. – Respondi negando com a cabeça.
– É o quê?
– Remédio para enjoo, já falei. É infantil, Arthur. Ou você acha que eu sou que tipo de mãe? – Arqueei as sobrancelhas. Ele não disse nada. – Quer ler?
– Não. Eu confio em você. – Me disse.

Anie estava de olhos fechados, com a cabeça encostada em meu peito. Suas mãozinhas estavam gelados e logo depois, anunciaram que o avião iria decolar. Coloquei Anie de volta na poltrona do meio, e coloquei o cinto de segurança. Fiz o mesmo com o meu, e Arthur com o dele. A menina nos olhou e Arthur lhe sussurrou um “fica calma, meu anjinho” então ela sorriu. E quando o avião começou a correr pela pista, Anie me pediu o remédio. Arthur me entregou a minha bolsa, e eu peguei o remédio, colocando o número de gotinhas para a idade dela. Ele a faria dormir, e isso eu não contei a Arthur.

Uns 20 minutos depois, coloquei Anie em meu colo, ela estava sonolenta e não demorou a dormir. Arthur me entregou a manta que eu tinha trago, já prevendo que Anie dormiria. E eu a cobri até a cintura.

– Ela vai dormir por muito tempo? – Perguntou preocupado.
– Arthur, pode parar. Ela só está dormindo. Olha, não é sonífero. – Eu ri e ele bufou.
– Falta umas três horas ainda. – Comentou.
– Aproveita e descansa. – Sugeri.
– Tô com fome. – Ele riu.

16h45 – Aeroporto Inter. de Manchester

– Ela não acordou, Luh. – Arthur me disse.
– Você acha? – Virei o rosto de Anie para que ele visse. Ela estava acordada, porém, estava quieta.
– Aah! – Exclamou aliviado.
– Às vezes eu acho que você não pensa. – Neguei e ele a pegou dos meus braços.
– Que soneca boa, hum... – Ele lhe deu um cheiro, e a menina se acomodou em seu colo.
– A sua mãe já está aqui?
– Provavelmente. – Respondeu, e nos saímos do avião.

Fizemos uma pequena caminha até o saguão. E caminhamos em direção as malas. Ainda bem que não houve atrasos quanto a isso.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

N/A: Boa noite! :P

Bom, eu espero mais uma vez, que gostem do capítulo.

MeLar </3 espero que ninguém tenha achado muito confuso a conversa de ambos, pelo fato de Arthur ter citado o pedido de desculpas do Chay. Mas se houver dúvidas, não hesitem, podem perguntar que eu irei responde-los. Mas fazendo uma breve explicação: Arthur não contou a Lua, porque foi na semana que ele viajou e que aconteceu tudo aquilo com ela. E no a ver dele, esse assunto seria um dos menores problemas, comparado com o que tinha acontecido na vida dele e de Lua. Certo?

* O que acharam dos look? Eu amei, amei, amei <3 kkkk Comentem, gente! Se entrosem mais, ok?

Anie é uma fofura só <3 morro de amores por ela :D

E nosso casal, hein? Cada dia mais love, love, love <3

Boa semana a todos! Um beijo, tchau...

20 comentários:

  1. Não canso de dizer que amo essa família... Que lindos... Se não fosse essas coisas ruins que aconteceram eu acharia que era um conto de fadas.

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  2. Por que demora tantos dias para postar? Voto numa maratona... Entendo o Arthur.. Mais a Lua e a Mel estão super certas.

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    1. Porque eu estudo de segunda à sábado. E uma vez no mês, domingo também. Então, fica difícil. Eu só pego no not aos domingos e quando eu passo o dia escrevendo. – Fiz até um post e um N/A explicando isso. E dizendo que só conseguirei postar aos domingos.

      Sem condições de uma maratona, amore.

      Beijos!

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  3. A Anie é a coisa mais fofa... Amo a relação que ela tem com os pais. É tão engraçado o contato que ela tem com o Arthur mais que tem horas que só a Lua consegue a acalmar.

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    1. Anie é a criança literária mais fofa do mundo das fics ♡ haha

      Amo escrever essa relação dela com o Arthur. Os diálogos cheios de amor e fofura. As curiosidades da little.

      Sim, e chega um hora que ela só quer o colo da mãe. Lua ama ♡ haha

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  4. É você mesmo que criou essa web ou é baseado em alguma história? Por que se for PARABÉNS é PERFEITA.

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    1. Sim. Fui eu que criei. A história é minha ♡

      Não é baseada em nenhuma outra história!

      Muito obrigada, amore ♡

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  5. Tá ótima web anie cada vez mais fofa kkk.. continua.
    Fany

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  6. Qual é o capítulo que o Chay quase bate na lua ?

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    1. Tbm quero saber :( MILLYYYYY ajuda akie?

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    2. No capítulo 52, quando ele foi tomar satisfações com a Lua, por ela ter contado a Mel, que ele a traia.

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  7. milly sua web está cada dia melhor,sem comentários,dispensa elogios!!!
    Familia linda,Anie é a coisa mais fofa,sou apaixona por ela *____*
    Carol

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    1. Muito obrigada, Carol <3 Fico feliz demais em saber disso!

      Anie dispensa comentários, é tão fofa que chega dá vontade de apertá-la haha Também sou apaixonada por essa little...

      Beijos!

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  8. Owm senhor quanta fofura pra uma criança só *--* Quero Anie pra mim ♡♥♡
    Mel ta tão fragil :'( mais vai sair dessa bem. \O/
    Adorannndooooo Milly ;*

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  9. Você merece muito ser reconhecida por causa dessa web, tô achando que você é profissional hein, é muito perfeita, mais gente inteligente como vice que nosso Brasil precisa, você é uma escritora fodaaaaaaa, merece todo sucesso do mundo, você vai longe beeeeeeeeeeeeijos!!!
    By Silvia

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    1. Oow, Silvia <3 Muito, mas muito obrigada mesmo! Eu fico muito feliz quando vocês comentam isso. Sério, tenho vontade de abraçar cada pessoa que me faz esses elogios. Porque foram e são vocês que acrdeita em mim. Obrigada mais uma vez!

      "Você vai longe beeeeeeeeeeeeijos!!!" Amém!

      kkkkk Não. Ainda não sou uma profissional, mas cada vez me esforço mais para conseguir ser melhor a cada capítulo.

      Beijos!

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  10. Cheguei "agora" mas ja li todos os capítulos anteriores e to acompanhando a fic é completamente apaixonada! Você escreve muito bem Milly! A Annie é a coisa mais linda! E sobre o cap, eu entendo o Arthur, deve ser mega ruim ficar guardando magoa de um amigo de tanto tempo, e tão próximo a ele.. Tomara que o Chay se arrependa e peça perdão a Mel, que eles se acertem pra cuidar do bebê.. Maria Julia

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    1. Seja muito bem-vinda, Julia ♡ Que bom, fico muito feliz em saber disso! Obrigada, muito obrigada.

      Anie é um amor. Além de ser a criança mais fofa haha ♡

      Sim, Chay é um dos melhores amigos do Arthur. Não podiam brigar para sempre.

      Quando a ChaMel... Aguarde os próximos capítulos kkkkkk

      Beijos!

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