8 Segundos
Capítulo 37:
Um mês depois
Pov. Arthur
— Ei, preparado para mais um dia? — Fábio me
perguntou, e eu não movi nenhum músculo para responder. Vendo meu desânimo, ele
se adiantou. — Que isso, camarada? Que baixoastral é esse? Isso não é bom para
o tratamento.
— Eu sei que não. — respondi, um pouco ríspido. Fazia
exatamente um mês que Lua tinha ido embora. E eu ainda sofria pela sua partida.
— Então? — Fábio ficou estático à minha frente,
esperando uma resposta, mas ela não veio.
O olhar de Lua ao deixar o meu quarto me assombrava praticamente todas as
noites. E por isso era inevitável acordar assim, mal-humorado, chateado e
desanimado, ou seja, um verdadeiro pé no saco. Havia semanas eu tentava
esquecer os sentimentos e me concentrar na minha recuperação, porém, a cada
conquista, cada pequeno movimento que conseguia fazer, a vontade de ir atrás
dela transbordava em meu peito. Eu me virei para o lado e encarei meu celular.
Já havia pensado mil vezes em ligar, mas para oferecer o quê? Alguém que
precisava de sua ajuda para tomar banho, se vestir e até se alimentar? Não
mesmo! Lua merecia mais. Merecia alguém como ela: linda, divertida e cheia de
vida, que pudesse seguir o mesmo caminho que ela.
— Planeta Terra chamando... — escutei a voz da Mel. Ela estava ao lado do Fábio. Vestida com uma saia
curta — muito curta, aliás — e uma blusa soltinha. Tão menina, tão ela... A não
ser pela carranca que ultimamente tomava conta do seu belo rosto.
— Arthur Vitor. Posso saber o motivo de ainda estar nessa
cama? — Abri a boca para responder, mas minha pequena disparou: — Mexe essa
bunda. Acha que todo mundo tem o dia inteiro para ficar a sua disposição?
Francamente! — Olhei para o Fábio procurando por socorro, mas o filho
da mãe sorriu dando de ombros e abandonando o barco.
— Já fez o alongamento? — Melanie perguntou. Fiz que não com a cabeça, e ela se
aproximou. Segurou uma das minhas pernas e passou a movimentá-las. O traidor do
meu fisioterapeuta contou a Mel sobre meu desânimo.
— Faz uns dez minutos que ele saiu do ar.
— Minha
prima parou o movimento no ar, praticamente jogando a minha perna na cama.
— Ela merece alguém melhor — me adiantei antes que Mel começasse a tentar me convencer.
— Você está certo. Ela merece alguém como o Rafael,
por exemplo. Já pensou que ela pode ter voltado para a antiga vida? Festas,
compras e garotos de programa? — Cada palavra batia fundo em meu coração. Já havia
pensado na possibilidade centenas de vezes, e a imagem do pangaré sempre
voltava a minha cabeça. Mas eu acreditava em sua mudança, e Lua não voltaria
para aquela vida vazia.
— Talvez Lua também deseje algo melhor para você. — Sua voz se
tornou gentil. — Ela se culpa por estar ligada ao seu sofrimento, mas deseja
ser para você o mesmo que você deseja ser para ela. Duas almas iguais,
carregadas de sofrimento, que se encontraram e transformaram nossa vida. Já
parou para pensar que se hoje eu e Chay vivemos nosso amor é em parte graças a
você e a Cristal?
— Iria acontecer de qualquer forma. Chay sempre foi louco por você.
— Pode até ser, maninho. Mas a sua vida é a mesma
depois da passagem da patricinha por aqui? — Abaixei a cabeça, sorrindo. Não mesmo. Mel se
aproximou e eu a puxei para os meus braços e dei um beijo no topo da sua
cabeça. E me peguei imaginando quando foi que ela cresceu.
— Agora chega de chororô. Fábio está esperando para
começar a fisioterapia. — Tinha até me esquecido do Fábio. Ainda bem que ele era
discreto e ficava alheio a dramas de família. — Vou voltar para os meus
estudos. Se cuida.
— Bons estudos. — Melanie saiu, e eu me preparei para me sentar. Já tinha
recuperado alguns movimentos, e isso facilitava muito a locomoção. Eu me joguei
na cadeira de rodas e fui para a sala.
— Eita, a baixinha é porreta. — Fábio disse sorrindo
quando me viu.
— Eu que o diga, cara. Coitado do Chay. Vai cortar um dobrado com aquela ali.
Nós rimos juntos. Fábio no inicio era bem sério, mas
depois passou a ser um grande amigo, além de um dos principais responsáveis
pela minha recuperação.
— Vamos lá! Hoje é apenas mais um dia na sua luta. —
Concordei e saí em direção à garagem. Chay e o tio
tinham feito um grande trabalho ao transformar aquela parte da casa em um local
para as sessões de fisioterapia. — Vamos fortalecer seu tronco hoje, tentar dar
mais alguns passos. Você foi muito bem da última vez. — Bufei, frustrado.
— Claro! Dois passos — falei, decepcionado. Sabia que
era uma vitória, reconhecia isso, porém não aguentava mais viver preso. Fábio
me lançou um olhar de repreensão, e eu me encolhi. Sabia que deveria ser grato.
Acho que a Mel tinha razão: eu estava virando um rabugento. Levei a cadeira até
chegar próximo ao aparelho que o fisioterapeuta tinha levado. Era como uma
passarela com uma barra de ferro em cada lado, parecida com uma esteira ergométrica.
A intenção era que eu me mantivesse de pé e caminhasse apoiado nas barras.
Forcei o corpo e, com a ajuda de Fábio, tentei ficar em pé. Por mais que meus
braços reclamassem do peso, eu os ignorava. Eu tentava fazer com que as pernas
obedecessem aos meus comandos e se mexessem. Meu corpo inteiro sabia o que
deveria fazer. Eram apenas alguns passos. Mas eu não me movia. Tudo era inútil.
Todos os meus esforços eram em vão. De repente, voltei a me lembrar dela. Da
noite em que dançamos. Do piquenique, da chuva. Tudo voltou claramente, e eu
revivi todas as emoções em apenas alguns segundos.
— Arthur... — Fábio me chamou.
— Me deixa! — gritei de volta. A dor nos braços não
era nada perto do que o meu coração sentia. Se a raiva me ajudasse a andar,
naquele momento eu estaria correndo. E sabia muito bem em que direção seguir.
Iria atrás da minha Cristal.
— Droga! Porra! — xinguei ao cair. Lágrimas se
formaram em meus olhos, não sei se pelo fracasso ou se pelo fato de saber que
eu era o único culpado por ter afastado a Cristal. Eu era um idiota. Sabia
disso. E por isso tinha perdido a única pessoa que já havia amado.
Pov. Lua
Você é tão linda, Cecília, minha Ceci...
Um anjo de vestido e botas.
Uma menina com olhar de mulher.
Um pedaço de mim.
Meu coração!
Sempre seu.
Vitor.
Eram muitos os bilhetes do Vitor para minha mãe. Era
incrível como eu podia sentir o amor nas cartas que encontrara. Levei a caixa
de mamãe comigo, e havia um mês eu estava tentando entendê-la, conhecê-la
melhor. Minha mãe e o pai do Arthur se apaixonaram à primeira vista. Um amor
puro que eu passei a conhecer muito bem.
Amo tanto o Arthur que sinto um buraco no coração. Levei um tempo para me
recuperar. Achei que não conseguiria, mas, para não cair em depressão, me apeguei
às coisas boas que aprendi na Girassol. Tentei me aproximar mais do meu pai,
inclusive na semana anterior tinha ido visitá-lo no escritório. Todos os
funcionários me olharam como se eu fosse um E.T. Ninguém me conhecia
pessoalmente, só das colunas sociais e revistas de fofoca. E minha fama não era
muito boa. Tentei aprender um pouco mais sobre a empresa, mas confesso que
sentia falta da fazenda. Aquilo ali não era pra mim.
Ouvi a campainha tocar e me apressei para guardar tudo na caixa. Sabia quem
era. E meu pai não precisava ser torturado ainda mais com as lembranças de amor
da minha mãe.
— Oi, pai. — Beijei seu rosto assim que abri a porta.
— Como está, filha? Trouxe comida. — Levantou uma
caixa de pizza, e eu sorri. Vínhamos fazendo isso com muita frequência. Ou meu
pai passava os fins de semana comigo, ou eu ia até a sua casa. Assistíamos a
filmes e até fomos ao teatro. No começo foi difícil, a distância era grande e
os muros entre nós maiores ainda, porém aos poucos estávamos nos acertando.
— Estou bem. Fiz a inscrição hoje. — falei sobre o
vestibular, e meu pai me olhou preocupado.
— Tem certeza? — Ele ainda questionava minha decisão.
— É o que mais tenho. — Sorri.
— Então terá o meu apoio. — Abracei meu pai e agradeci. Era muito importante sua
aprovação.
Tive uma noite agradável e conversamos muito sobre a
faculdade. Meu pai interagia e se mostrava atento a tudo o que eu dizia, e cada
vez mais eu sentia vontade de conversar com ele. A única coisa que ainda me
angustiava era a saudade que eu sentia do Arthur.
— Você deveria ligar. Talvez ele esteja melhor. — meu
pai disse assim que notou minha mudança repentina. Me levantei do sofá e
caminhei até ele, recolhendo o prato em sua mão. No caminho até a cozinha
fiquei pensando no assunto. Várias vezes eu pensei em ligar para o Arthur, ou
mesmo em ir até a fazenda, mas a amargura em suas palavras e o desprezo em seus
olhos quando eu parti me impediram. Arthur me queria longe. E era assim que eu
me manteria.
— Arthur tomou sua decisão, pai. E cabe a mim respeitá-la.
N/A: Hello Hello, amorecos!
Fiquei muito feliz com a participação de vocês no capítulo anterior, e até respondi todos os comentários rs.
Se passaram um mês já e eles continuam sendo cabeças duras e orgulhosos demais, assim meu coração não aguenta :(
O que vocês estão achando???
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Será que Arthur vai voltar a andar loogo? :( quero os dois junto a novamente é difícil ler e ver que eles estão separados..
ResponderExcluirFany
Aff dois orgulhosos... Mais se eu fosse a Lua fazeria o mesmo... O Arthur que tem que ir atrás dela.
ResponderExcluirAaaaaaaaa quero os dois juntos logo... Chega de sofrimento.
ResponderExcluirAo mesmo tempo que eu acho que a Lua está super certa até por que foi ele que a mandou embora... Eu quero tanto que ela volte para fazenda e acabe se encontrando com ele... Ou que a Mel vá visita-la <3
ResponderExcluirArthur tem que parar de ser orgulhoso e ligar para lua, já to com saudade dos dois juntos
ResponderExcluirAí q dor no coração vê esses dois assim separados,tmb dois orgulhosos,Arthur é mais ainda,espero q eles voltem logo e q algum dos dois de o primeiro passo ....
ResponderExcluirAnciosa para o Próximo Capítulo *--*
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO amor e o orgulho são duas coisas que não combinam.
ResponderExcluirDuas pessoas difíceis hein, ao invés de ligar um para o outro, mesmo a distância e o tempo sendo bons remediadores de feridas amorosas, a saudade e o amor poderiam falar mais alto.
Mesmo com esses capítulos tristonho, estou amando me aventurar nesta história maravilhosa!♥ Parabéns, muito boa mesmo;)
Amando a cada dia mas é mas :)
ResponderExcluirBy' anninnhak
Amo essa web cada dia que passa!
ResponderExcluirDuas cabeças duras nunca vi , não vejo a hora deles tarem juntos . Pensei que ela ia ficar com suspeita dr gravidez daquela vez que esqueceram a camisinha , mesmo ela tomando remédio kkk
ResponderExcluirArthur tem que ir atrás da Lua o mais rápido possível!! Posta mais
ResponderExcluirGabriella
Dois orgulhosos, se nenhum deles for atrás vão passar mais 1 mês assim, sofrendo. Que bom que o Arthur ta se recuperando!! Tomara que ele consiga andar logo e vá atrás da Lua, tem que deixar de ser cabeça dura e assumir que ta sofrendo!!
ResponderExcluirHelena
O amor e o orgulho são duas coisas que não combinam.
ResponderExcluirDuas pessoas difíceis hein, ao invés de ligar um para o outro, mesmo a distância e o tempo sendo bons remediadores de feridas amorosas, a saudade e o amor poderiam falar mais alto.
Mesmo com esses capítulos tristonho, estou amando me aventurar nesta história maravilhosa!♥ Parabéns, muito boa mesmo;)
Ai mds! Sera que ainda vai demorar mt pra eles jogarem esse orgulho fora? :c
ResponderExcluirMaria Júlia
Posta mais logooooo
ResponderExcluir
ResponderExcluirAcho que agora o Arthur ta caindo na real,começou a perceber quão trouxa foi.Amei