8 Segundos - CAP. 35

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8 Segundos


Capítulo 35: 


Pov. Arthur
— Arthur? — Eu queria que o chão me engolisse naquele exato momento para não ter que encarar Lua. — Eu queria me explicar.
— Eu sei que a culpa não é sua. — respondi, tentando me levantar. No momento em que sentei, me arrependi. Um par de olhos verdes me encarava com esperança. Com amor e ternura. Com sentimentos que eu nunca tinha cultivado com tanta intensidade antes de ela aparecer.
— O que houve com o seu pé? — perguntei preocupado, pois ela estava com o pé esquerdo enfaixado.
— Não importa. — Sua voz soou alegre. Lua mancou em minha direção e, quando chegou à cama, se jogou em cima de mim. — O que importa é que você me perdoe e saiba que eu te amo. — Lua levou a boca aos meus lábios e tentou me beijar. Fiquei parado. Vendo que eu não fazia movimento algum, ela abriu os olhos e segurou meu rosto tentando desesperadamente que o beijo fosse retribuído. Lágrimas desceram dos seus olhos e caíram sobre mim.
— Por favor, meu amor. Arthur, por favor — pedia insistentemente, beijando todo o meu rosto. — Por favor, não faz isso comigo. Arthur, você me salvou. Eu te imploro, não me deixa!
— Eu não consigo. — Segurei seus ombros e a afastei. Lua ainda pediu “por favor”, mas sem emitir som. — Não consigo olhar para você sem lembrar o que sua família me fez. Sei que você não tem culpa, mas é uma situação que não consigo superar. — completei, e ela se levantou. Juntou as mãos em sinal de oração e levou à boca.
— Não faz isso comigo, Arthur. Eu te amo. Não posso pagar por algo que meu avô fez. — Ela estava certa, mas tudo aquilo ainda era demais para mim. Além do quê, ela tinha perdido a minha confiança ao descobrir a verdade e escondê-la de mim.
— Acabou, Lua. — dei minha última palavra e não voltaria atrás.
— Arthur... — Seus olhos chorosos e sua voz embargada me imploravam mais uma vez.
— Sai daqui, Lua. — Virei a cabeça para o lado sem conseguir olhá-la novamente. Não poderia fraquejar em minha decisão. — Vai embora! — gritei. Mais uma vez, ouvi sua voz sussurrar, mas me neguei a olhá-la.
— Arthur, eu sempre vou te amar. Você me salvou! — E, com essas palavras, ela partiu. Talvez eu tenha o destino do meu pai: nunca ser feliz com a mulher que ama.
— Eu também te amo, Cristal.

Pov. Lua

Meu coração passou a ser apenas um órgão que bombeia sangue para o resto do meu corpo, me mantendo viva. Parece aula de biologia, mas foi exatamente assim que me senti depois de Arthur me deixar.
Lua, eu sinto muito — Melanie tentava me consolar. — Ele vai cair na real. Você vai ver, meu irmão te ama.
Nem esperei o dia amanhecer para ir à cidade encontrar com o Arthur. Depois que acordei do pesadelo que tive com minha mãe, passei o restante da madrugada acordada. Não conseguia dormir ou pensar. Na verdade, não sabia como ainda respirava. Juntei todas as coisas do Arthur e avisei à enfermeira que ela partiria para a cidade comigo. Ele precisava de cuidados, e, apesar de tudo, eu não deixaria que sua recuperação fosse prejudicada por causa de um mal-entendido. Tinha certeza de que, ao explicar tudo, ele entenderia que eu não tive culpa e que não merecia pagar por erros que não cometi. Mas tive uma grande decepção ao constatar que Arthur entendia, porém não aceitava. Saí do seu quarto destroçada. Como se minhas forças tivessem se esvaído, me sentindo derrotada.
 — Não tenho tanta certeza assim. — Não contive as lágrimas, e Melanie me abraçou. — Dói tanto, Melanie... Acho que não vou suportar. — Ela se afastou e eu percebi que seus olhos também estavam nublados pelas lágrimas.
— Ei. — Segurou minha mão. — Você é Lua Alcântara. Você consegue tudo. — Respirei fundo e abaixei a cabeça.
— Nem tudo. — Olhei para a porta do quarto do Arthur e decidi que precisava sair dali. Era doloroso demais saber que ele estava a poucos metros de mim e eu não poderia me aproximar. — Vou voltar para a fazenda. A enfermeira deve estar chegando, ficou na farmácia comprando algumas coisas — expliquei. — Vou passar o endereço para o fisioterapeuta também. — Vi quando Chay chegou e se colocou ao lado da Melanie, passando um braço pelos seus ombros. Fiquei feliz por eles. Era nítido que nenhum deles deixaria nada atrapalhar o amor que sentiam. Infelizmente, não era o meu caso. Arthur se prendeu ao passado e com isso destruiu o nosso futuro.
Lua, dá um tempo pra ele esfriar a cabeça. — Chay também tentou me consolar. — Arthur é um cabeça-dura, mas tem um coração enorme. — Sequei as lágrimas que escorreram e tentei ficar calma. Olhei para duas das pessoas que Arthur mais amava na vida e pensei quanto tinha aprendido com eles. Com a relação de amizade e respeito que tinham. Aprendi mais do que em todos os anos no colégio interno.
— Pena que nesse coração não há espaço para mim.
Lua... — Mel tentou falar, mas também não sabia o que dizer. Arthur tomou sua decisão e nem ela nem ninguém poderia mudá-la. Dei dois passos para a frente e abracei aquela pequena caipira. Acho que Mel percebeu todo o carinho que eu sentia por ela e chorou muito em meu ombro.
— Não faça isso. Não vá, por favor. Não desista do maninho.
— Vou para a fazenda esperar o meu pai. Não sei o que vou fazer.
— Quando você volta? — Mel perguntou.
— Não sei. — Talvez eu devesse ter dito “nunca”, mas meu coração ainda mantinha as esperanças. Então me agarrei a esse pequeno fio, torcendo para que um dia ele me amarrasse novamente ao Arthur.
Entrei no carro e não sei como consegui dirigir. Chorei por todo o caminho. Por vezes tive que parar para me recuperar e só continuava depois de alguns minutos. Cheguei à fazenda, estacionei em frente à sede, mas não quis entrar. Do banco do motorista, avistei o galpão ao lado da casa. Tanta coisa havia acontecido desde que chegara... Foi ali que vi Arthur pela primeira vez. Foi ali que brigamos. Foi ali que ele me fez subir no Ventania para cavalgar pela fazenda.
— Por que eu não posso ser feliz? — comecei a gritar, batendo as mãos no volante. — Meu Deus! — Coloquei a cabeça no volante, exausta. — Eu só queria uma única chance de ser feliz.
Desci do carro e tentei correr, mas não consegui. Mancando por causa do pé machucado, eu cheguei à plantação de girassóis. Me sentei no chão e abracei os joelhos. Então me permiti chorar sem reservas. Deixei sair tudo o que tinha me atormentado durante toda a vida. Chorei pela minha mãe e por saber o que ela tinha feito. Chorei pelos anos de negligência do meu pai e pela ausência do seu amor. Chorei pela vida que desperdicei atrás de pessoas e coisas que não me traziam nada. Chorei por não ter me dado valor e por ter tratado tantas pessoas como objeto. Chorei pelo Arthur. Pelo amor que tinha descoberto havia tão pouco tempo, mas que com certeza me mudaria para o resto da vida. Chorei de alegria por ter tido a chance de descobrir quem eu era. Chorei pelo que ganhei e pelo que perdi. Enfim, chorei. 
Não sei quanto tempo fiquei sentada, olhando para o campo de girassóis. Nem me toquei de que pingos de chuva haviam começado a cair. Não importava. Só queria ficar ali tentando entender por que eu merecia um castigo tão cruel. Por que Deus colocou Arthur em minha vida se eu não poderia ficar com ele? Por que me fazer conhecer o amor para depois arrancá-lo de mim? Suspirei fundo quando finalmente entendi. No livro da minha vida não haveria o “e eles viveram felizes para sempre”.

— Quer ficar doente, Lua? — Ouvi a voz do meu pai um pouco distante. — Sai da chuva, menina! — gritou. Continuei na mesma posição, olhando para a frente. Senti meu pai se aproximar.
— Ela se matou, não foi? — perguntei, sem conseguir olhar para ele. Alguns minutos de silêncio confirmaram o que eu já sabia.
— Nunca soubemos como, mas ela conseguiu roubar remédios do hospital e ingeriu todos de uma vez. — meu pai confessou. Passei a mão na testa, afastando o cabelo molhado. Pensava no quanto a minha mãe tinha sofrido. Eu pelo menos sabia que Arthur estava vivo e bem. Ela perdeu para a morte o grande amor da sua vida. Uma parte de mim a culpava por ter sido fraca e me deixado, mas a outra se questionava se eu não teria feito o mesmo. Acho que eu não conseguiria viver em um mundo onde Arthur não estivesse.
Arthur já sabe. — contei. Então desviei os olhos para ver a expressão do meu pai. Era isso que ele queria, que eu contasse toda a verdade ao Arthur. Para a minha surpresa, meu pai se sentou ao meu lado, na grama, e me abraçou.
— Eu sei. — Passou a mão pelo meu cabelo, acariciando-o. — Santiago me ligou. Como você está?
— Destruída. — Quando achei que não tinha mais lágrimas, elas voltaram a queimar meus olhos.
Shhh! Shhh! Eu estou aqui — tentou me acalmar. Estava sendo uma experiência única desabafar com meu pai. Contei como tudo aconteceu, pois Santiago havia dito o básico apenas para que meu pai voltasse para a fazenda. Ele me escutou, foi atencioso, carinhoso. Mas não me enganou, não me iludiu dizendo que ficaria tudo bem. Agradeci, pois eu tinha passado a vida inteira vivendo uma mentira e não me atolaria em mais uma.
— Vamos entrar. Está esfriando. — disse ele e esfregou as mãos em meus ombros, tentando me aquecer. Assim que levantei, viu o meu pé. — Mas o que aconteceu? — perguntou, preocupado.
— Só uma torção.
Meu pai passou um dos braços pela minha cintura. Ele me ajudou a caminhar de volta para a sede e praticamente me enfiou no chuveiro quando chegamos lá. Tomei um banho quente e demorado. Vesti uma camiseta que o Arthur tinha deixado e me deitei no seu lado da cama. Queria de alguma forma ainda sentir sua presença. Ouvi uma batida na porta e mandei que entrasse, mesmo sem saber quem era.
— Dona Lua, preparei um café, já que a senhora saiu sem comer nada. — Lúcia disse.
— Não quero nada, Lúcia. Pode levar.
— Menina, saco vazio não para em pé. — Olhei para ela, que sorria para mim com gentileza. Era a primeira vez que me tratava com carinho, e fiquei surpresa. Indiquei a mesa ao meu lado e Lúcia caminhou até ela.
— Pode deixar aí. Mais tarde eu como alguma coisa. — respondi, também gentil. Acho que estava me acostumando a tratar bem as pessoas.
— O dr. Arthur vai voltar, dona Lua. — disse ela, antes de sair.
— Por favor, Lúcia... — pensei em falar sobre Arthur, mas desisti. — ... é só Lua. — Ela arregalou os olhos e sorriu. Saiu e me deixou sozinha. Antes de desabar mais uma vez, peguei o celular e o fone de ouvido. Adormeci ouvindo música.
Quando acordei, incrivelmente, já era o início da tarde. Eu realmente havia apagado de tão exausta. Vi que Lúcia tinha substituído o lanche por outro, pois o suco na bandeja ainda estava gelado. Mesmo sem vontade, eu comi. Troquei de roupa, pois estava na hora de sair e decidir o que fazer. Encontrei meu pai no escritório.
— Pai? — chamei sua atenção, pois ele estava concentrado na leitura de um livro. Ele deixou o livro na mesa e me encarou. Resolvi falar de uma vez antes de perder a coragem. — Quero voltar!
— Filha, deixa o Arthur esfriar a cabeça. Voltar para a cidade agora não vai ajudar em nada.
— Não, pai, você não entendeu. — interrompi. — Quero ir embora para casa. — Não sei de onde tirei forças, mas era o melhor a fazer.
— Filha... — Ele me olhou com ternura. — Sei que está magoada, mas talvez seja melhor esperar. Não toma nenhuma decisão de cabeça quente. — advertiu. Apesar de todas as suas tentativas de me convencer do contrário, eu me mantive firme. Tentei, expliquei, implorei, mas Arthur não me queria ao seu lado. Eu poderia lutar, mas acredito que a luta só vale a pena quando há chance de vitória. Caso contrário, é uma batalha perdida. E eu já tinha me dado por vencida.
— Quero partir hoje, pai. — Ele me encarou como se procurasse por certeza. — É isso o que eu quero. Sem despedidas, sem mais explicações ou conversas. Quero ir embora, talvez um dia eu volte, não sei, mas, neste momento, aqui não é o meu lugar.
— E qual é o seu lugar? — ele me perguntou, levantando da cadeira e se aproximando de mim.
— Eu ainda não sei, — respondi com sinceridade. mas estou pronta para descobrir. Sua expressão se tornou séria. Não consegui decifrá-lo. Não sabia se era orgulho, apreensão, medo ou vergonha. Sorri por dentro. Eu mal entendia o que sentia, como iria entender os sentimentos do meu pai?
— Dessa vez eu vou estar com você. — disse ele, carinhoso. Uma lágrima deslizou pelo meu rosto, e meu coração se encheu de esperança com a promessa. Eu poderia não ter Arthur, mas nunca esqueceria o que ele tinha trazido para a minha vida.
— Obrigada, pai. — Fui até ele, que me envolveu em um abraço.

N/A: Ok, estou sem estruturas depois desse capítulo... Só tenho algo a dizer, segurem o choro o próximo capítulo é bem choroso e triste :( Vamos ter muitas emoções ainda... 


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo. 

Ps: Sejam interativas, amorecos. Anônimos coloquem nomes, gosto de saber quem está comentando. Beeeijo!  

18 comentários:

  1. Meu Deus que capitulo! Fiquei triste por eles! Tô chorando até agora! Esta muito bom! Posta mais estou ansiosa! Quero chorar mais haha.

    Lydiane!

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  2. Assim vc acaba cmg , tadinha da lu gente

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  3. Esses caps acabam comigo. Lua não pode ir embora, Arthur tem que perdoar ela e impedir ela de ir porque se ela for, ele vai se arrepender depois e ir atrás dela. Tadinha da Lua, ainda bem que agora ela tem o pai pra ajudar ela e não deixar ela sofrer como a mãe dela sofreu. To até imaginando o próximo :/
    Helena

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  4. Que capitulo mais triste, tadinha da Lua fiquei com uma pena dela. O Arthur não pode deixar ela ir embora

    Beatriz

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  5. Arthur não pode deixar a Lua ir embora ela tá sofrendo demais, ela não tem culpa de nada! Posta mais

    Gabriella

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  6. Brenda tenta postar 2 por dia pleaaase.. que lindos lua e o pai estão se entendendo tomara que o resto tbm se resolva.
    Fany

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    1. Hey, Fany!
      Pra eu postar 2 por dia, só depende de vocês amores. Gosto de comentários.

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  7. Ahhhh mdssss... Como assimm, lua não pode ir embora.. Chorandoooo !!! Sem estrutura pra esses capítulos!! Postar o mais rápido possivellll!! Ass : Flávia

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  8. Não Acredito q ela vai embora,ela não Pode,espero q o Arthur fique sabendo e vai atraz dela e convença ela fica e ele perdoa ela logo,Anciosa para o Próximo Capítulo
    *--*

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  9. Ain </3 :'( estou morrida... Q bom q a Lua e o pai dela se resolveram, pelo menos isso ):)

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  10. Ain </3 :'( estou morrida... Q bom q a Lua e o pai dela se resolveram, pelo menos isso ):)

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  11. Q merda,caralho,sabia que ela ia embora.Tadinhaaa,😢😢.Quero só ver como o Arthur vai reagir quando descobrir que ela foi embora.Espero que aí ele se toque da burrada que fez.

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  12. Poxa... Assim não vale. Não é você que vai ter que comprar remédio para dor de cabeça para mim.
    Eu queria muito que tudo se acertasse logo... Mais na vida não é assim né. Vai ser bom ver o Arthur sofrendo um pouquinho ao saber que a Lua foi embora, mais com toda certeza vou aguardar ansiosamente pelo dia em que ele vai se tocar e deixar o passado no passado e ir atrás dela para serem felizes.

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    1. Oie Anônimo hahaha Se identifiquem por favor, gosto de me interagir com vocês!
      Então, toda história é bom com um friozinho na barriga né?! Tenho certeza que vocês vão amar o que está por vim, vai valer a pena.

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  13. Amo tanto essa essa história... A cada capítulo eu me surpreendo de uma maneira...
    Diante de toda essa confusão pelo menos uma coisa boa está acontecendo né. Me responde uma coisa? O Arthur fico paralítico ou cego? Quando é que ele vai deixar de ser idiota e ver que está fazendo uma burrada. Estou mega, super ansiosa para o próximo capítulo, espero que não demore.

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    1. Fico muito feliz que esteja gostando da história anônimo hahaha Eu acho que ele ta mais pra cego, Arthur é cabeça dura e orgulhoso demais. Mas enfim, tenho certeza que você vão se surpreende muito ainda, vale a pena esperar pra ver. Beeijo

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