8 Segundos - CAP. 33

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8 Segundos


Capítulo 33: 


Pov. Lua
Passamos uma manhã muito agradável. Com a ajuda da enfermeira, coloquei Arthur na piscina. Ficamos um tempo na água enquanto o sol estava fraco. Pratiquei com Arthur alguns exercícios da fisioterapia e o senti bem mais animado. Ele disse que sua sensibilidade estava mais apurada a cada dia e que pela primeira vez tinha esperança de voltar a andar. Meus olhos se encheram de lágrimas com a confissão. 
Estava quase na hora do almoço quando deixei Arthur no quarto. Na verdade, ele me expulsou quando a enfermeira entrou para trocar a sonda. Ainda bem que Arthur não a usava o tempo todo. Era uma das coisas que mais o deixavam constrangido. Aproveitei que ele não estava sozinho e fui para a sala. Liguei a TV e fiquei zapeando até que a voz da Letícia chamou minha atenção.

— Vou embora com o Rafa hoje. — avisou, e eu me virei.
— O Rafa já vai tarde. — murmurei.
— Sabe, Lua, — parou em frente à TV, me encarando. — às vezes eu acho que você ficou louca ou que fizeram lavagem cerebral em você. Olha para esse lugar, você merece coisa melhor do que um veterinário deficiente. — Meu corpo inteiro tremeu diante daquela frase. — Tá, ele é gostoso, eu confesso, mas não serve pra você, pelo menos não serve mais.
— Cala a boca. Você não sabe de nada. — eu tentava falar baixo para Arthur não escutar, mas a raiva me impedia. — Acabei de ficar feliz por sua partida também. — Me levantei para sair dali, mas Letícia se moveu mais rápido, passando por mim e parando na minha frente.
— E seu sonho de morar em Paris? As festas, seu apartamento, suas roupas de grife? O que vai fazer sem tudo isso? Você vai se cansar rápido daqui. — Letícia sacudia meu corpo com as mãos. Tentava me convencer, mas aquilo não me importava mais. Quando fiz amor com Arthur pela primeira vez, na chuva, algo mudou em mim. Eu sempre soube que tudo o que fazia antes era errado, mas até então não me importava, não precisava de ninguém. Só que agora eu tinha o Arthur e ele nunca amaria a antiga Lua. E eu tinha mudado por ele, para ele, pelo amor que descobri sentir e também por mim mesma. Eu sabia que, se não mudasse, seria infeliz.
— Eu amo o Arthur. — Tirei as mãos dos meus ombros. — Eu amo ele como nunca amei ninguém. Não espero que você entenda. Eu não entendia até o dia em que ele caiu daquele touro e o medo de perdê-lo foi maior do que qualquer coisa que eu já senti.
— Não! Você não ama ele. — respondeu seca. — Quem ama não engana. Quem ama não mente. Eu sei o que é o amor. Eu amava o Rafa no dia em que você abriu suas pernas para ele e tirou ele de mim. — Recuei com suas palavras, mas Letícia continuou. — Você só pensa em você. Não mudou nada. Continua a mesma garota fútil, mimada e egoísta. — Letícia olhou por cima do meu ombro e eu não entendi seu gesto, até que suas palavras mataram minha esperança de um dia ser feliz. — O que vai acontecer quando seu namorado descobrir que seu avô mandou matar os pais dele? Quando descobrir que você mentiu esse tempo todo e escondeu a verdade? Que sua família destruiu tudo o que ele tinha? — Imediatamente, eu entrei em pânico.
— Mentira! — Ouvi um grito e não precisei me virar para saber quem era. Abaixei a cabeça e as lágrimas começaram a cair.
Arthur, meu amor. — Eu me virei e vi o horror em seu rosto. — Eu posso explicar. Não é verdade! A Letícia inventou isso. Não acredita nela.
— Cala a porra da boca. Arthur continuou gritando. — Pelo menos uma vez na vida fala a verdade, Lua. Fala a verdade, pelo amor de Deus! — implorou, e eu não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Sacudi a cabeça, confirmando, e ele se contorceu.
— Mas eu posso explicar. — Tentei alcançá-lo, mas Arthur fez um sinal negativo com a cabeça.
— Fica longe de mim — ele me pediu com a voz embargada, e meu coração rachou ao meio. Fiquei na frente dele e não notei que Melanie tinha entrado na sala. — O que eu fui para você? Uma aposta? Uma brincadeira de mau gosto? — Meu coração palpitava com cada palavra que Arthur proferia. — Me diz, porra! — gritou com todas as forças.
— Eu te amo. — Consegui falar, com o intuito de fazê-lo perceber quanto ele era importante para mim.
— Não, você só ama a si mesma — rebateu, e eu detectei o desprezo em suas palavras. — A vida inteira eu batalhei para pôr na cadeia os assassinos dos meus pais. Lutei com unhas e dentes para descobrir quem mataria um vendedor e uma dona de casa. E olha só que ironia do destino: estou trepando com a neta do assassino. Com a neta daquele que praticamente fodeu com a minha vida. Por quê? — Não respondi, e ele gritou outra vez: — Por quê?
— Minha mãe estava se divorciando para ir embora com seu pai. Vitor sempre foi o grande amor da vida dela. — Engoli em seco, pois era doloroso demais até para mim. — Meu avô descobriu e não aceitou que a única filha se casasse com um simples vendedor. Então... — lágrimas e mais lágrimas desciam pelo meu rosto, me fazendo suspirar — ele forjou um assalto, e o resto você já sabe. — contei a história que meu pai tinha me contado havia pouco tempo.
— Meu Deus! — ele exclamou, levando as mãos à garganta, como se a dor o sufocasse.
— Mas não era para sua mãe estar com ele. — soltei, e Arthur me olhou furioso. — Não era para ela ter morrido.
— Quer dizer que ela estava no lugar errado, na hora errada? — Assenti, e Arthur moveu a cadeira um pouco para a frente, mais próximo a mim. — Você sabe quanto isso é ridículo? Saber disso tudo pela piranha da sua amiga? — Escutamos um grito. Viramos e vimos Melanie agarrada aos cabelos da Letícia.
— Você fez de propósito, sua vadia! — Mel puxava brutalmente as mechas ruivas da minha até então amiga. Ela socou o rosto da Letícia duas vezes até derrubá-la. Melanie subiu em cima da Letícia e não parou o ataque.
— Sua caipira idiota! — Letícia gritava, enquanto tentava em vão se livrar da Mel. Um. Dois. Três. Quatro tapas. Melanie não parava.
— Sua puta! Acha que eu não vi você transando com aquele mauricinho no galpão? O mesmo que chegou aqui dizendo que era namorado da Lua? — Mel sacudia os ombros da Letícia, batendo as costas dela no chão. Levantou-se e posicionou a perna para trás, pronta para chutá-la. Letícia encolheu o corpo, já esperando a pancada, mas Chay, que entrou na sala naquele momento, impediu que Melanie continuasse.
— Me deixa chutar essa desgraçada! — Mel disse, tentando se livrar de Chay, mas ele não a soltava. — Você mexeu com a família errada, sua vaca! — Mel literalmente cuspiu as palavras no rosto da Letícia. Fiquei passada com o que ouvia. Letícia e Rafael juntos, na fazenda? Ela passou a mão limpando onde Mel havia cuspido e sorriu com sarcasmo.
— Para uma roceira, você é bem esperta. Levou dois dias para descobrir o que Lua não descobriu em anos. Trouxa! — Ela se levantou, apontando para mim. — Eu nunca larguei o Rafael. Usávamos você e o seu dinheiro. — Fiquei atônita. Como pude ser tão burra? — Enquanto você estava aqui brincando de fazendeira, nós transávamos na sua cama. Ele me fodia enquanto eu usava suas roupas! — Letícia gritou, descontrolada. Andei até ela e dei mais um tapa em sua cara, já vermelha pelo ataque da Melanie.
— Sai da minha casa, sua vadia!
— Com o maior prazer. — Letícia passou a mão pelo rosto. — Você já deu o que tinha que dar. Não serve mais para nós. — Letícia saiu pela porta, e pelo menos parte do pesadelo estava resolvido, mas o pior ainda estava por vir. Eu me virei e vi Chay conduzindo a cadeira do Arthur pela sala.
— Meu amor, por favor, me deixa te explicar. — Parei na sua frente e apoiei as mãos em seus joelhos. — Eu não sabia. Por favor, acredita em mim. Arthur, eu te amo.
— Sai da minha frente — disse ele com a cabeça baixa, sem me olhar.
— Pelo amor de Deus! — implorei, com o desespero tomando conta da minha voz e do meu coração.
Lua, eu sou um cara inválido. Não tenho como sair dessa casa com minhas próprias pernas, elas estão mortas. — Levantou os olhos brilhando pelas lágrimas e me fitou. — Se você me ama, me respeita e sai da minha frente. Não consigo mais nem olhar para você. — Eu não sabia o que fazer, mas Arthur falou com tanta autoridade que eu apenas dei dois passos e deixei que Chay o levasse para fora. Meu peito doía, ardia, queimava. Uma dor insuportável me lembrava de que a minha vida sempre fora um vazio. Tinha começado a viver de verdade depois que conheci o Arthur, e naquele momento ele estava partindo, me deixando como antes.
— Não! Não! Não! — gritei. — Arthur! Saí correndo e, ao pisar no primeiro degrau na saída da casa, eu tropecei e rolei os seguintes. Atrás de mim, Lúcia chamava meu nome, mas eu não consegui parar. Eu me levantei e saí correndo atrás da caminhonete, que já ganhava a estrada. — Lucaaaaaaaaaaaaaaaaas!
Gritei por ele. Pedi a Deus que o fizesse voltar. Mas, quanto mais eu corria, mais ele se afastava de mim. Senti minha perna puxar e, quando olhei para baixo, vi que a calça estava rasgada. Uma dor se instalava em meu tornozelo e me fazia mancar. Caí de joelhos na terra. Gritei até meus pulmões ficarem fracos. Em vão. A caminhonete do Chay sumiu diante dos meus olhos, levando o único homem que havia sido capaz de transformar meu coração. Arthur não ia me perdoar e eu morreria sem ele.
— Por favor! — implorei, mais uma vez. Sozinha e sem ninguém. Senti uma mão tocar meu ombro. E logo braços fortes me levantaram do chão.
— Vamos lá, patroa, vamos cuidar desse pé. — Sabia que a voz era do Leandro, mas não conseguia nem sequer levantar a cabeça para olhá-lo. Passei as mãos pelo seu pescoço, e as lágrimas continuavam a descer pelo meu rosto. Comecei a soluçar, tamanha era a dor que sentia no peito.
— Ele se foi. Ele se foi e me deixou. — eu repetia sem querer acreditar.
— Calma, patroa. Arthur é um homem bom, justo e íntegro. Pelo jeito ele ama você, como eu nunca vi amar outra mulher, e olha que eu conheço o Ranger há muitos anos. — Leandro tentava me acalmar, mas a única coisa que me confortaria naquele momento seria o perdão do homem que eu amava.
— Foi apenas uma torção. Toma esse remédio, vai te fazer bem. — Leandro me colocou na cama e saiu do quarto. A enfermeira enfaixou meu pé e me deu dois comprimidos. Tomei-os e logo soube que um deles deveria ser calmante, pois o sono me dominou. Por mais que a cabeça tentasse lutar contra o corpo, não consegui. Minha vontade era de partir para a cidade o mais rápido possível e dizer ao Arthur quanto eu o amava, quanto eu precisava dele em minha vida. 
Adormeci.

Vem aqui, Lua. 
Você está doente, mamãe? 
Sim, e a mamãe também vai fazer uma longa viagem. 
Para onde a senhora vai? 
A mamãe vai se encontrar com uma pessoa que ela ama muito. 
Essa pessoa sou eu, mamãe? Não precisa ir, eu estou aqui. 
Oh, minha bonequinha. É outra pessoa, mas a mamãe também te ama muito, e agora você vai ser a mocinha da casa e cuidar do papai. 
Tudo bem, mamãe. Prometo ser uma mocinha. 
Agora, vai ficar com o papai lá fora. 
Tchau, mamãe. 
Adeus, Lua. E lembre-se: uma mocinha. 

— Dona Lua, dona Lua. — Acordei sobressaltada com Lúcia sentada ao meu lado e sacudindo meus ombros para que eu despertasse. Eu estava suada, cansada, mentalmente exausta e, acima de tudo, sofrendo. Abracei Lúcia, que ficou sem graça com a minha reação, mas me aconchegou em seu colo.
— O que minha mãe fez? — fiz a pergunta, cuja resposta era óbvia, mas dolorosa.

N/A: Letícia conseguiu mesmo ferrar a vida da Lua, como uma amiga dessa ninguém precisa de inimigo. Mas ela teve o que merece, Mel deu uma surra bem dada nela hahaha. 
Sobre o capítulo nada a declarar, preparem os lencinhos e corações porque vai ter muita sofrência ainda :/ O "Segredo" vai ser explicado melhor no próximo capítulo. 


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.

18 comentários:

  1. Nossa :( tadinha da lua nao tem culpa do que aconteceu no passado.. não me deixa nessa agonia dona Brenda posta logoooo.
    Fany

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  2. Meu Deus que capítulo triste! Tadinha da Lua! Posta mais ainda hj!

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  3. Foi realmente tudo revelado nesse capítulo. Essa Letícia não vale nada, Lua devia ter percebido isso. Ela viu que o Arthur tava chegando e falou tudo!! Mel deu uma bela surra nela, mais do que merecida. Espero que Mel não deixe a Lua sozinha nessa situação e ajude ela a conversar com o Arthur.
    Helena

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  4. Não acreditoooo.. Como Arthur pode ser tão egoísta e culpa lua por uma atitude do avô dela.. Nada haver tadinhaa, tomara q ele reconheça o q fez e perdoe lua!!

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  5. Que capítulo tristee,lua não merece ser tratada assim por Arthur!! Postar maisssss!!

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  6. Naooooooooooo,eles têm Q ficar juntos

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  7. Aiiiiiii que raiva dessa vagabunda da Letícia... Que nojo... Por que o Arthur tem que ser tão idiota e deixar de levar por isso... A Lua ama ele é isso é óbvio... Que raiva que raiva que raiva... Quero mais um capítulo pelo o amor de Deus.

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  8. Não acreditoooo como assim Brasil!?! Ele nem deixou ela falar, ela tbm perdeu a mãe, n é só ele q sofre!! Querendo o próximoooo!

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  9. O Arthur é um otário... Poxa vida ele diz amar a Lua e faz isso. Ela mudou de vida completamente por conta dele é é assim que ele a trata.

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  10. A Lua não tem nada a ver com isso!! Posta mais

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  11. Que ódioo dessa Letícia,sabia que ela era uma vaca,uma escrotiane e que essa Rafael n valia uma pipoca,mas n que chegaria a tal ponto.O Arthur está sendo um babaca,ela n tem culpa,estou com medo dela voltar pra cidade e eles n se verem nunca mais,porque ela só esta na fazenda por causa dele.Aii tomara que eles se acertem e que ela n precise apelar.

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  12. Essa Leticia e uma vaca!!
    Logo agora que as coisas estavam indo tão bem.....tadinha da Lua não merecia nada disso, ela mudou de verdade e se entregou a uma nova vida. O Arthur está sendo imaturo, como ele pôde dizer que a amava e agora nem a escuta!
    Tadinha da Lua nessa sofrencia toda!!
    So espero que eles fiquem juntos novamente.

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  13. Ai mds :'( tadinha da Lú... Tomara q essa Letícia morra -.- e tomara q o Arthur entenda a Lua..

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  14. Que dor no meu coração coitada da lua ♡♥

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  15. A lua poderia ficar mal um pouquinho aí precisariam chamar o Arthur para que ela melhorasse e com o passar dos dias cuidando dela ele percebesse que ela não tem culpa de nada

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  16. Boas Sabia q essa Cobra ia apronta,ela conseguiu acaba com o Romance dos Dois,q ódio Mortal dessa Letícia,Tadinha Da Lua ela não teve culpa do q aconteceu no Passado...Ânciosa para o Próximo Capítulo *--*

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