8 Segundos - Cap. 29

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8 Segundos

Capítulo 29:

Pov. Lua

Pedi... Implorei... Supliquei ao meu pai que não contasse nada ao Arthur. Depois de dizer que minha mãe e o pai do meu namorado eram completamente apaixonados, meu pai me contou algo que me tirou o chão. Uma coisa que com certeza me separaria do Arthur. Antes fôssemos irmãos, pelo menos eu teria o amor dele de alguma forma. Mas o que descobri é doloroso além do limite, algo inexplicável, que me fez sentir vergonha de quem sou ou era. As palavras do meu pai ainda ecoavam em minha cabeça quando o Arthur chegou da cidade.
Ele precisa saber. É um direito do Arthur.
Não! Não! Não! Eu não poderia perdê-lo. Foi isso que disse ao meu pai, e recebi um prazo: duas semanas para lhe dizer a verdade ou ele mesmo contaria. Pensei em todas as maneiras de contar aquele absurdo, aquela monstruosidade. Mas, em todos os cenários que imaginei, o Arthur me deixava no final.
Assim que escutei a caminhonete do Chay estacionando, corri para a porta e me encontrei com a Mel. Letícia estava no quarto, e meu pai, no escritório. Eu havia trocado poucas palavras com minha amiga e ela não estava muito feliz com isso. O que na verdade pouco me importava. Minha única preocupação era não perder o amor que eu tinha acabado de encontrar. Abri meu melhor sorriso, falso como tudo o que eu tinha vivido até então. A vida inteira eu tinha seguido a sombra da minha mãe, imaginando que ser rica e fazer parte da high society me aproximariam dela. Ledo engano. Eu estava tão longe da minha mãe quanto estava da verdade. Eu e Melanie fomos receber os meninos e o novo veterinário. Apesar do péssimo momento, não deixei de prestar atenção na beleza do Leandro. E claro que usei isso para provocar um ciúme de leve no Arthur, que caiu como um patinho.
Adoro provocá-lo!
Quando voltei à sala, meu pai estava em pé com um semblante preocupado, então mais uma vez eu implorei para que não contasse nada.
— Eu o quê, Lua? — A voz do Arthur ressoou atrás de mim e eu tremi. Desejei que o chão se abrisse sob os meus pés para não ter que me virar e encará-lo. Mas sabia que isso não aconteceria, então eu o olhei. Arthur queria respostas, mas eu não conseguia raciocinar de forma lógica.
— Nada, é só... — gaguejei, e ele continuava a me encarar. Olhei instintivamente para o meu pai, implorando por ajuda.
— Não é nada, Arthur. Lua pediu que eu resolvesse a questão com o Rafael e o levasse embora. — meu pai mentiu, e eu voltei a respirar. Arthur ainda me olhou desconfiado e tive medo de que não acreditasse, mas então abriu o sorriso mais lindo e moleque do mundo.
Meu Deus! Como estou apaixonada!
— Acho que o Rafael não vai ser mais problema, sr. Araújo. — disse ele, sério e ao mesmo tempo descontraído. Como fazia aquilo? As palavras contrastavam com o seu olhar. Meu pai fez uma careta e se aproximou de onde o Arthur estava.
— Pode me chamar de Roberto, agora que é meu futuro genro. — Arthur corou. Mordi o lábio inferior, pois estava ansiosa. Arthur era um dos únicos homens que eu tinha visto corar, e ele ficava lindo assim. — Sinto muito pelo que aconteceu. Lua me disse que é passageiro.
— É o que os médicos dizem. — Deu de ombros como se aquilo não fosse importante.
— Sim, é passageiro. — afirmei e me coloquei ao seu lado. Odiava ver Arthur sem confiança em si próprio. — A fisioterapia recomeça amanhã e com certeza em poucas semanas ele já vai estar recuperado. — Meu pai se surpreendeu com o meu comentário. Na verdade, desde que eu tinha contado sobre os meus sentimentos pelo Arthur, ele me olhava de uma forma diferente. Acho que nunca havia acreditado que eu encontraria alguém.
— Claro que vai. — concordou meu pai, gentilmente. — E, se precisar de mais alguma coisa, estou à disposição. — Eu nunca saberei como agradecer ao meu pai.
— Sobre isso... — Arthur abaixou a cabeça. — Não quero ser um transtorno pra vocês. — Eu me agachei ao lado de Arthur e segurei sua mão. Ele parecia uma criança com medo e, mesmo com o pânico que tomava conta do meu coração, eu tive que ser forte. Forte por ele.
— Já falamos sobre isso, meu amor. — Tentei ser gentil e passar todo o carinho que sentia, mas sem constrangê-lo perante o meu pai.
Arthur, você é meu funcionário há alguns anos e, mesmo que não estivesse aguentando essa louquinha que é minha filha, eu daria todo o apoio de que você precisa. — meu pai argumentou. — Fique o tempo que necessitar, porque quero você de volta cuidando dos meus animais.
— Obrigado mesmo, senhor... — Arthur ia dizer “Araújo”, mas, vendo o olhar de repreensão do meu pai, mudou de ideia. — Roberto. Me levantei e conduzi Arthur até a sala de jantar.
— Você deve estar com fome. Vamos lá — eu disse.
— Preciso falar com o Leandro — disse ele, antes de chegarmos à mesa.
— Quer que eu o chame? — perguntei, provocando. Arthur me devolveu uma careta e eu adorei vê-lo com ciúme.
— Eu falo com ele. — meu pai se adiantou. — Vocês podem jantar, estou sem fome. — Sabia que para ele também estava sendo difícil. Meu pai contou que sempre amou minha mãe, e devia ser doloroso para ele ver o filho do rival que ele nunca foi capaz de superar sentado em sua sala e com sua única filha.
— Está tudo bem? — Arthur perguntou preocupado quando ficamos sozinhos. — Estou achando você um pouco nervosa. — Voltei a abrir o sorriso forçado na esperança de convencê-lo do contrário.
— Claro, Perigoso.
— Perigoso? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Ouvi Raquel te chamar assim uma vez... E gostei. — Dei de ombros, mas por dentro estava fervendo de ciúme. Sabia muito bem o que ele havia sentido ao me ver encarando o Leandro, pois era assim que eu me sentia toda vez que ouvia o nome da Raquel. — Se você não se lembrar dela toda vez que eu te chamar assim, esse vai ser o seu novo apelido.
— E o que houve com Garanhão? — Ajeitou a cadeira por baixo da mesa e colocou grosseiramente os cotovelos nela. Revirei os olhos ao ver aquela cena. Alguns hábitos da antiga Lua nunca sumiriam. Ainda de pé, eu bati a mão em seus braços, tirando-os da mesa.
— Eu gosto de Lucas Garanhão Perigoso Ranger Vitor.
— São muitos apelidos. — Sorriu. — Eu te dei apenas um.
— Dois. — Levantei os dedos indicando a quantidade e me sentei ao seu lado.
— Cristal não conta. Já é quase seu segundo nome. Mas Potranca... — Um olhar malicioso transformou seu rosto, e eu senti um arrepio na pele. Será que ele estava preparado para dar aquele passo? Não queria forçá-lo, mas não suportava mais esconder o desejo que sentia.
Jantamos sozinhos. Mel e Chay tinham ido embora, assim como Leandro, que, antes de ir, passou pela sala apenas para se despedir de Arthur e combinar os dias em que estaria na fazenda. Ele foi gentil ao beijar minha mão e piscar, provocando Arthur deliberadamente. Entrei na brincadeira e disse que ele poderia me chamar de patroa sempre que quisesse. Arthur bufou, e Leandro e eu rimos da sua cara de contrariado. Letícia desceu por poucos minutos quando já estávamos terminando o jantar. Disse que queria conversar comigo e eu prometi que falaríamos ainda naquele dia. Então, ela subiu novamente para o meu antigo quarto. Deixei Arthur aos cuidados da enfermeira e fui ao escritório falar com o meu pai. Eu o encontrei lendo uma revista de agronegócios.
— Posso entrar? — perguntei, e meu pai assentiu. Eu me sentei no sofá ao lado da poltrona em que ele estava.
— Desde quando você precisa de permissão para alguma coisa? — perguntou ele, impressionado com minha mudança de comportamento repentina.
— Pai, eu não quero perdê-lo. — Uma lágrima solitária desceu pelo meu rosto, deixando meu pai ainda mais surpreso. Ele se levantou e se sentou ao meu lado, bem próximo a mim. Era estranha aquela proximidade. Não estávamos acostumados, e ficamos desconcertados diante da nova situação.
— Você mudou muito desde a última vez que te vi. — Ele me olhava com as mãos sobre as pernas. — Arthur deve ser especial. Sequei a lágrima que tinha rolado e segurei o choro.
— Não só ele. Aprendi muito com a Melanie, o Santiago e... — parei um pouco e respirei fundo. — com a minha mãe. — Então, meu pai desviou os olhos de mim. — Tenho sonhado muito com ela desde que cheguei. — completei.
— Eu acho que te devo um pedido de desculpas. — Ele se ajeitou na poltrona e segurou minha mão. — Eu não fui o melhor pai do mundo. Estava magoado e sofrendo com a perda da sua mãe. Na verdade, eu não a perdi, pois nunca a tive. — Sorriu forçadamente, mas eu senti sua dor. — Então, achei que você ficaria melhor em um colégio onde pudessem te ensinar tudo o que eu não conseguiria. Mas o tiro saiu pela culatra. Você se tornou uma mulher fútil e materialista, o oposto de sua mãe. Quando eu percebi já era tarde demais. Obrigar você a passar um mês aqui foi a minha última tentativa de mudar algo. — Concordei com cada palavra, pois tudo era verdade. Eu me ressentia por ter passado a vida inteira sozinha, sem a companhia e o amor dele, e tudo que eu fazia era para chamar sua atenção.
— Mas confesso que fiquei surpreso com o que vi até agora. E um pouco preocupado. Não quero que se machuque, mas Arthur precisa saber de tudo.
— Pai... — implorei. — Ele não vai me perdoar.
— Isso só o tempo vai dizer, minha filha. Mas é o certo a se fazer. Muita coisa já foi tirada do Arthur. Não lhe tire a oportunidade de saber a verdade. — Não concordava com o meu pai, mas eu ainda não sabia o que fazer. Me levantei e, antes de sair, ele me chamou novamente.
— Amanhã vou à capital para adquirir alguns animais e devo voltar em uns cinco dias.
Eu me despedi dele e subi as escadas correndo até o quarto da minha amiga. Abri a porta e entrei sem bater. Letícia estava ao telefone:
— Calma, Rafa, eu vou tentar resolver essa bagunça. — disse, me olhando duramente. — Tchau! — Ela se despediu e desligou. — Posso saber que porra é essa? — perguntou diretamente a mim.
— Do que está falando? — Eu estava surpresa com seu acesso de raiva. Letícia caminhou até mim. — Rafael acabou de me contar que seu “namorado” — fez sinal de aspas com as mãos ao pronunciar a palavra — e aquele caipira amigo dele o atacaram no hotel. Sinceramente, Lua, já não basta tudo que você está fazendo com ele? — perguntou. Eu não me contive e sorri. Agora sabia por que Arthur tinha dito que o Rafa não seria mais problema. — Você ficou louca! — minha amiga completou, me dando as costas.
— Letícia, eu já te disse que estou apaixonada. — Queria que ela entendesse que era uma loucura, sim, mas uma loucura que me fazia muito feliz. Ela se virou e a sua raiva era palpável.
— E vai fazer o quê? — perguntou ríspida, alterando o tom de voz. — Vai se mudar para a fazenda e ter um monte de bezerros desmamados como filhos? Vai trocar seu sonho de morar em Paris por um... um...
— Um o quê? Termina! — gritei. Letícia recuou, mas eu não. Ela estava debaixo do meu teto, e eu não admitiria que ninguém falasse mal do Arthur na minha frente. — Meu pai volta em cinco dias e depois disso você vai embora com ele. Quanto ao Rafa, não quero mais saber de nada que se refira a ele. E por favor... — Encarei seus olhos azuis. — Respeita o Arthur, ou nem espero meu pai chegar.
— Está me expulsando? — questionou, incrédula.
— Não. Estou te dando um aviso.
Não esperei ela responder. Desci as escadas e, o mais rápido que pude, entrei no meu quarto. Abri a porta e paralisei ao ver meu namorado já na cama. Ele estava sentado com uma grande almofada apoiando as costas. Com o notebook no colo, ele estava usando óculos. Quando achei que não podia me apaixonar mais por ele, tive essa visão.

Continua...

COMENTEM SOBRE O CAPÍTULO!

N/A: Oi, meninas? Bom, tá tudo bem com a Brenda, não se preocupem. Ela só não está conseguindo postar aqui desde sábado. O navegador dela está com um problema (o primo dela foi hoje ver se consegue ajeitar, mas como ela foi para a faculdade, não sei se ele conseguiu) então ela pediu para que eu postasse para vocês, e cá estou. Era para eu ter postado mais cedo, só que eu estava na aula, e só a mensagem quando cheguei.

PS¹: Aproveitando o embalo... Para quem ler Little Anie, aqui. Eu estou sem tempo, e não deu para atualizar a fanfic no domingo, como o combinado. Eu já comecei a escrevê-la, e pretendo terminar ainda hoje – se isso acontecer, posto amanhã.

Beijos!

13 comentários:

  1. Já estava ficando louca sem nenhum capítulo. Estou curiosa para saber esse segredo que se o Arthur souber vai acabar com tudo, não quero que isso aconteça. Espero que não demore tanto para o próximo capítulo ;)

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  2. Ah meu Deus, o que será que pode fazer ele não quer ela :/ , espero que fiquem juntos !!
    Ela está tão apaixonada ♥

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  3. Lua mudou demais, agora que o pai percebeu essa mudança tomara que ele mude seu comportamento em relação a ela. Quase que o Arthur escuta, espero que eles não terminem quando ela contar o segredo pra ele, afinal eles já estão mais apaixonados que nunca!!
    Helena

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  4. O que o amor n faz em

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  5. Lua Mudou Bastante depois q foi pra fazenda,espero q o Arthur entenda quando a Lua for conta pra ele Sobre a Mãe dela e o Pai Dele,espero q eles não se separe,Anciosa para o Próximo Capítulo *--*

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  6. Que loucura oque será que eles estão escondendo? Lua deveria contar logo antes que seja tarde.
    Fany

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  7. Aaaamo Lua defendendo o Arthur!! Tomara que se resolva logo o problema com o navegador :c Maria Julia

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  8. Tava ficando louca já! O q será q a Lua tá escondendo? :/

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  9. Tava ficando louca já! O q será q a Lua tá escondendo? :/

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  10. o que a Lua ta escondendo? É melhor ela abrir o jogo de uma vez,vai ser bem pior se ele descobrir por terceiros,que no caso é pai da Lua.

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