Belo Desastre
Capítulo 42 : Fumaça
As semanas se passaram, e foi uma surpresa para mim como a semana do saco cheio
chegou rápido. O esperado fluxo de fofocas e pessoas nos encarando havia
sumido, e a vida tinha voltado ao normal. Os porões da Universidade Eastern não
eram palco de lutas havia semanas. Adam tinha feito questão de manter a
discrição depois que algumas prisões levaram a perguntas sobre o que exatamente
havia acontecido naquela noite, e Arthur estava cada vez mais ansioso esperando
pelo telefonema que o convocaria para a última luta do ano, aquela que pagaria
a maior parte de suas contas no verão e grande parte do outono.
A neve ainda estava espessa no chão, e, na sexta-feira
antes do recesso, teve a última guerra de bolas de neve no gramado cristalino.
Arthur e eu serpenteávamos em meio ao gelo voador a caminho do refeitório, e
agarrei forte o braço dele, tentando evitar as bolas de neve e um tombo.
— Eles não vão te acenar, Flor. Eles sabem que é
melhor não fazer isso. — disse Arthur, mantendo o nariz frio e vermelho próximo
do meu rosto.
— A mira deles não tem nada a ver com o medo que eles
têm do seu temperamento, Thur.
Ele me manteve grudada na lateral de seu corpo,
esfregando a manga do meu casaco com a mão enquanto me guiava em meio ao caos.
Tivemos que parar de repente quando um bando de garotas passou aos gritos,
vitimas da terrível mira da equipe de beisebol. Assim que elas saíram do
caminho, Arthur me conduziu com segurança até a porta.
— Viu? Falei que a gente ia conseguir. — ele disse com um sorriso.
Seu ar divertido se esvaneceu quando uma bola de neve
bateu com força na porta, entre o meu rosto e o dele. O olhar fulminante de
Arthur perscrutou o gramado, mas o grande número de alunos que jogavam bolas em
todas as direções diminuiu a premência de retaliação. Ele abriu a porta,
observando a neve que escorria pelo metal pintado até o chão.
— Vamos entrar.
— Boa ideia. — assenti.
Ele me levou pela mão até a fila do bufê, colocando
porções de comidas diferentes e fumegantes em uma única bandeja. A moça do
caixa já tinha desistido de sua previsível expressão confusa semanas antes,
acostumada com a nossa rotina.
— Lua. —
Brazil assentiu para mim e piscou para Arthur. — Vocês têm planos para a semana
que vem?
— Vamos ficar aqui. Meus irmãos vão vir. — disse
Arthur, distraído enquanto organizava nosso almoço, distribuindo os pequenos
pratos de isopor à nossa frente na mesa.
— Vou matar o David Lapinski! — anunciou Melanie,
balançando a cabeça para tirar a neve dos cabelos enquanto se aproximava.
— Que mira perfeita. — Chay riu.
Melanie o fuzilou com o olhar, e a risada dele deu
lugar a um risinho.
— Quer dizer… que babaca!
Demos risada com a expressão de arrependimento de Chay
enquanto ele observava Melanie seguir como um raio até a fila do bufê, indo
imediatamente atrás dela.
— Esse está completamente domado. — disse Brazil, com
cara de desprezo.
— A Melanie está um pouco tensa. — Arthur explicou. —
Ela vai conhecer os pais dele essa semana.
Brazil assentiu, erguendo as sobrancelhas.
— Então eles estão…
— Naquela fase. — falei, concordando com ele. — É definitivo.
— Uau! —
disse Brazil.
A expressão de choque não saiu de seu rosto enquanto
ele remexia a comida no prato, e pude ver a confusão rondando-o. Todos nós
éramos jovens, e ele não conseguia entender aquele tipo de compromisso.
— Quando você tiver alguma coisa assim, Brazil… você
vai entender. — disse
Arthur, sorrindo para mim.
O salão estava alvoroçado, tanto por causa do
espetáculo lá fora quanto pela proximidade do recesso. À medida que as pessoas
se sentavam, o fluxo de conversa foi ficando mais alto até virar um som
ensurdecedor.
Na hora em que Chay e Melanie voltaram com suas
bandejas, já tinham feito às pazes. Ela se sentou feliz na cadeira ao lado da
minha, tagarelando sobre o iminente momento de conhecer os pais de Chay. Os
dois partiriam naquela noite para a casa deles, a desculpa perfeita para um dos
infames ataques de fúria de Melanie. Fiquei observando-a enquanto ela pegava o
pão e falava sobre o que deveria colocar na mala e quanta bagagem poderia levar
sem parecer pretensiosa, mas ela parecia estar aguentando firme.
— Eu já te disse, baby. Eles vão te amar. Vão te amar
como eu te amo. — disse Chay, enfiando os cabelos dela atrás da orelha.
Melanie inspirou e sorriu, como sempre acontecia
quando ele fazia com que ela se acalmasse. O celular de Arthur vibrou,
deslizando alguns centímetros pela mesa. Ele o ignorou, contando a Brazil a
história do nosso primeiro jogo de pôquer com os irmãos dele. Olhei de relance
para o mostrador e bati de leve no ombro dele quando li o nome.
— Thur?
Sem pedir desculpa, ele parou de conversar com Brazil
e me deu total atenção.
— Que foi, Beija-Flor?
— Acho que você vai querer atender essa ligação.
Ele olhou para o celular e suspirou.
— Ou não.
— Pode ser importante.
Ele franziu os lábios antes de levar o celular ao
ouvido.
— E aí, Adam? — Os olhos dele examinavam atentamente o
salão enquanto ele ouvia o que Adam tinha a dizer, assentindo de vez em quando.
— Essa é minha última luta, Adam. Não tenho certeza
ainda. Não vou sem ela, e o Chay vai viajar. Eu sei… já entendi. Hum… não é uma
má ideia, pra falar a verdade.
Minhas sobrancelhas se retraíram, vendo os olhos dele
brilharem com qualquer que fosse a ideia que Adam tinha lhe dado. Quando Arthur
desligou o celular, encarei-o com expectativa.
— Vai dar pra pagar o aluguel dos próximos oito meses.
O Adam conseguiu o John Savage. Ele está tentando deixar a coisa mais
profissional.
— Eu nunca vi esse cara lutar, e você? — Chay quis
saber, inclinando-se para frente.
Arthur assentiu.
— Só uma vez, em Springfield. Ele é bom.
— Não o bastante. — falei. Ele se inclinou e beijou
minha testa em agradecimento. — Eu posso ficar em casa, Thur.
— Não. — ele disse, balançando a cabeça.
— Não quero ver você levar porrada como da última vez
porque ficou preocupado comigo.
— Não, Flor.
— Eu fico te esperando acordada. — falei, tentando soar mais feliz com a ideia do que
eu realmente me sentia.
— Vou pedir pro Trent ir junto. Ele é o único em quem
confio pra poder me concentrar na luta.
— Valeu, babaca. — Chay resmungou.
— Ei, você teve sua chance. — disse Arthur, não
completamente de brincadeira.
Chay retorceu um pouco a boca, contrariado. Ele ainda
se sentia em falta pela noite no Hellerton. Ele havia me pedido desculpa todos
os dias durante semanas, mas o sentimento de culpa enfim se tornara controlável
o bastante a ponto de ele sofrer em silêncio. Melanie e eu tentamos convencê-lo
de que a culpa não era dele, mas Arthur sempre o consideraria responsável.
— Chay, não foi sua culpa. Você arrancou o cara de
cima de mim lembra? — falei, esticando o braço na frente de Melanie para dar um
tapinha de leve no braço dele.
Eu me virei para Arthur e perguntei:
— Quando é a luta?
— Em algum momento da semana que vem. — ele deu de ombros. — Mas quero você lá. Preciso de
você lá.
Sorri, descansando o queixo no ombro dele.
— Então eu vou.
Ele me acompanhou até a aula, segurando-me mais firme
algumas vezes quando meus pés deslizavam no gelo.
— Você devia tomar mais cuidado. — ele me provocou.
— Estou fazendo isso de propósito, seu mala.
— Se você quer que eu te abrace é só me pedir. — ele
disse e me puxou para junto do peito.
Ignoramos os alunos que passavam e as bolas de neve
que voavam por cima da nossa cabeça enquanto ele pressionava os lábios nos
meus. Meus pés saíram do chão e ele continuou a me beijar, me carregando com
facilidade pelo campus. Quando por fim me pôs no chão, na porta da sala de
aula, balançou a cabeça.
— Quando a gente for fazer nosso horário para o
próximo semestre, seria melhor ter mais aulas juntos.
— Vou dar um jeito nisso. — falei, dando nele um último beijo antes de entrar e
me sentar.
Ergui o olhar, e Arthur me deu um último sorriso antes
de seguir para a aula no prédio ao lado. Os alunos à minha volta estavam
acostumados com nossas demonstrações públicas de afeto, assim como os da classe
dele estavam acostumados com o fato de que ele sempre chegava alguns minutos
atrasado.
Fiquei surpresa que o tempo tivesse passado tão
rápido. Entreguei a última prova do dia e flui caminhando até o Morgan Hall.
Kara estava sentada no lugar de costume, na cama, enquanto eu remexia minhas
gavetas, à procura de alguns objetos.
— Você vai viajar? — ela quis saber.
— Não, só preciso de algumas coisas. Vou até o prédio
de ciências pra pegar o Arthur, depois vou passar a semana no apartamento dele.
— Eu imaginei. — ela respondeu, sem tirar os olhos do livro.
— Bom descanso, Kara.
— Hum-hum.
O campus estava quase vazio, com apenas algumas
pessoas que ficaram para trás. Quando virei à esquina, vi Arthur parado do lado
de fora do prédio, terminando de fumar. Ele usava um gorro na cabeça raspada e
tinha uma das mãos enfiada no bolso da jaqueta surrada de couro marrom escuro.
A fumaça saía pelas narinas enquanto ele olhava para o chão perdido em
pensamentos. Só quando cheguei bem perto notei como ele estava distraído.
— Em que você esta pensando, baby? — perguntei. Ele
não ergueu o olhar. — Arthur?
Ele piscou quando notou minha voz, e a expressão
preocupada foi substituída por um sorriso forçado.
— Oi, Beija-Pior.
— Está tudo bem?
— Agora está. — ele disse, me puxando de encontro a
ele.
— Tudo bem, o que está acontecendo? — perguntei com a
sobrancelha erguida e a testa franzida, demonstrando meu ceticismo.
— Eu só estou com a cabeça cheia. — ele suspirou.
Quando esperei, ele continuou:
— Essa semana, a luta, você estar lá…
— Eu te disse que posso ficar em casa.
— Preciso de você lá, Flor. — ele jogou o cigarro no
chão.
Ficou olhando enquanto a bituca sumia debaixo de uma
profunda pegada na neve e então colocou a mão em volta da minha, me puxando em
direção ao estacionamento.
— Você conversou com o Trent? — eu quis saber.
Ele fez que não.
— Estou esperando ele retornar a minha ligação.
Melanie abaixou a janela e enfiou a cabeça para fora
do Charger de Chay.
— Andem logo! Está frio pra caramba!
Arthur sorriu e apressou o passo, abrindo a porta para
que eu entrasse. Chay e Melanie repetiram a mesma conversa que já haviam tido
inúmeras vezes desde que ela ficara sabendo que conheceria os pais dele
enquanto eu observava Arthur olhando pela janela. Assim que paramos o carro no
estacionamento do prédio, o celular dele tocou.
— Que merda, Trent — ele atendeu. — Eu te liguei faz
quatro horas, e não vem me falar que você estava trabalhando. Tá. Escuta,
preciso de um favor. Tenho uma luta na semana que vem e preciso que você vá.
Não sei exatamente quando, mas, quando eu te ligar, preciso que você esteja lá
em uma hora. Você pode fazer isso por mim? Pode ou não, seu babaca? Porque eu
preciso que você fique de olho na Beija-Flor. Teve um otário que passou a mão
nela da última vez e… é — Arthur baixou o tom de voz, tornando-se ameaçador. —
Eu cuidei do assunto. Então, se eu te ligar…? Valeu, Trent.
Ele desligou o celular e encostou a cabeça no banco do
carro.
— Aliviado? — Chay perguntou, observando-o pelo espelho
retrovisor.
— É. Eu não sabia como ia fazer sem ele lá.
— Eu falei pra você... — comecei.
— Flor, quantas vezes eu tenho que te dizer? — ele
franziu a testa.
Balancei a cabeça com seu tom de impaciência.
— Mas eu não entendo. Você não precisava de mim antes.
Ele passou de leve os dedos no meu rosto.
— Antes eu não te conhecia. Mas hoje, quando você não
está lá, não consigo me concentrar. Fico me perguntando onde você está, o que
está fazendo… Se você está lá e posso te ver, daí eu consigo me concentrar. Eu
sei que é loucura, mas é assim que funciona.
— Eu gosto de loucura. — falei, me inclinando para beijar seus lábios.
— É óbvio. — Melanie murmurou baixinho.
*
Nas sombras do Keaton Hall, Arthur me apertou forte
contra a lateral de seu corpo. O vapor que saia da minha boca se entranhava ao
dele no ar frio da noite, e eu conseguia ouvir as conversas baixas das pessoas
que passavam por uma porta lateral a poucos metros de distância, sem se dar
conta da nossa presença.
O Keaton era o prédio mais antigo da Eastern, e,
embora o Círculo já tivesse sido realizado lá antes, eu me sentia inquieta em
relação ao lugar. Adam esperava que a casa ficasse cheia, e o porão do Keaton
não era o mais espaçoso do campus. Vigas formavam uma grade ao longo das
paredes de tijolo envelhecidas, apenas um sinal dos reparos que estavam sendo
realizados lá dentro.
— Essa é uma das piores ideias que o Adam já teve. —
Arthur resmungou.
— É tarde demais para mudar agora. — falei, erguendo o
olhar para os andaimes próximos
à parede.
O celular de Arthur acendeu e ele o abriu. Seu rosto
se tingiu com a luz azul do mostrador, e finalmente pude ver as duas linhas de
preocupação entre suas sobrancelhas, que eu já sabia que estavam lá. Ele clicou
em alguns botões e fechou rapidamente o celular, me apertando com mais força.
— Você parece nervoso hoje.
— Vou me sentir melhor quando aquele delinquente do
Trent chegar.
— Estou aqui, sua garotinha chorona. — disse Trent com a voz abafada. Eu mal conseguia
distinguir seu vulto na escuridão, mas seu sorriso reluzia ao luar.
— E aí, mana? — ele me abraçou com um dos braços e
empurrou Arthur com o outro.
— Tudo bem, Trent.
Arthur relaxou de imediato e me conduziu pela mão até
os fundos do prédio.
— Se os policiais aparecerem e a gente se separar, me
encontre no Morgan Hall, tá? — ele disse ao irmão.
Paramos ao lado de uma janela aberta perto do chão,
sinal de que Adam já estava lá dentro, esperando.
Eu amo essa preocupação toda que o Arthur tem com a Lua <3
N/A: Meninas, como vocês podem ver a web está na reta final (sim, ela é pequena). Quando eu comecei a postar ela, eu disse que era uma trilogia. Só que eu vou postar só Belo Desastre e Belo Casamento. (Mais, trilogia é 3 Brenda, falta uma). Sim, eu sei disso. Só que o segundo livro que no caso chama, Desastre Iminente é a mesma coisa de BD, a única coisa que muda é que seria narrado pelo Arthur. Por isso, achei melhor cortar. Então assim que acabar, essa fic eu irei postar o Belo Casamento. É isso, espero que entendam.
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Arthur muito fofo com a Lua. Tomara que dê tudo certo na luta!! Pode postar mais já kkkk
ResponderExcluirby: Naat
Que fofo o Arthur preocupado com a Lua se Deus quiser essa Luta vai dar certo e não vai acontecer nada de ruim
ResponderExcluirAwwwwn thur é tão fofo
ResponderExcluirAmei o capitulo maissssssssssssssssssssssssssssssssssssss
ResponderExcluirMt fofinhos eles! Quero mais
ResponderExcluirAwwn q fofo o Thur!!! Tomara q dê tudo certo
ResponderExcluirClaro que entendemos adorando ♥♥♥♥
ResponderExcluirSuper protetor o thur
Luta vai da os fala
ResponderExcluirMaravilhosoooo
ResponderExcluirIncrível!!! Que Thur mais fofoo mds
ResponderExcluirmt bom,o Arthur é um namorado super protetor,acho tão lindo isso.<3
ResponderExcluirMuito Fofo o Arthur Protetor,Protegendo a Lu Muito Lindo,Tomara q ele ganhe essa Luta.e q ele naum se distraia,Anciosa para o Próximo *--*
ResponderExcluirArthur todo fofo se preocupando com a Lua, tomara que não aconteça nada
ResponderExcluirHelena