Belo Desastre
Capítulo 39 : Hellerton (Parte 2)
Eu mal tinha conseguido avançar em meio à multidão
quando Ethan afundou os dedos na parte de trás da minha calça jeans e me puxou.
Minhas costas bateram com tudo na parede mais uma vez.
— Eu ainda estou conversando com você. — ele disse,
olhando para minha blusa molhada com intenções lascivas. Arranquei sua mão da
minha calça, afundando as unhas nele.
— Me solta! — gritei, quando ele apresentou
resistência.
Ele riu e me puxou para junto de si.
— Eu não quero te soltar.
Procurei entre a multidão por um rosto familiar, ao
mesmo tempo em que tentei empurrá-lo para longe. Os braços dele eram pesados, e
sua pegada, firme. Em pânico, eu não conseguia distinguir os alunos da Estadual
dos da Eastern. Ninguém parecia notar minha briga com Ethan, e o barulho estava
tão alto que ninguém conseguia me ouvir protestar também. Ele se inclinou para
frente e agarrou meu bumbum.
— Eu sempre achei que você era uma gostosa. — disse,
exalando um bafo nojento de cerveja no meu rosto.
— Cai fora! — gritei, empurrando-o.
Procurei por Chay e vi que Arthur tinha finalmente me
avistado em meio à multidão. Ele foi imediatamente empurrando os corpos
amontoados que o cercavam.
— Arthur! — chamei, mas meu grito foi abafado pela
torcida.
Empurrei Ethan com uma das mãos e estiquei a outra em
direção a Arthur, que fez pouco progresso antes de ser empurrado de volta para
dentro do Círculo. Brady se aproveitou da distração e o golpeou na lateral da
cabeça com o cotovelo. A galera se aquietou um pouco quando Arthur socou alguém
no meio da plateia, tentando mais uma vez chegar até mim.
— Larga a garota, porra! — ele gritou.
Em uma fileira entre o lugar onde eu estava e a
tentativa desesperada de Arthur de chegar até mim, todos se voltaram na minha
direção. Ethan ignorava o que acontecia à nossa volta, tentando me manter
parada por tempo suficiente para me beijar. Ele passou o nariz pelo meu rosto e
desceu até o pescoço.
— Seu cheiro é muito bom. — disse, com sua fala
arrastada de bêbado. Empurrei o rosto dele para longe, mas ele me agarrou pelo
pulso inabalável. Com olhos arregalados, procurei por Arthur de novo, que,
aflito, olhava para Chay e apontava na minha direção.
— Vai até ela, Chay! Pega a Lua! — ele gritou,
tentando empurrar pessoas para abrir caminho. Brady o puxou de volta para
dentro do Círculo e o socou novamente.
— Você é uma puta de uma gostosa, sabia? — disse
Ethan. Fechei os olhos com nojo quando senti a boca dele em meu pescoço raiva
se acumulou dentro de mim e o empurrei mais uma vez.
— Eu disse para cair fora! — gritei, golpeando a
virilha dele com o joelho. Ele se curvou para frente, levando uma das mãos até a
fonte da dor e com a outra ainda segurando minha blusa, recusando-se a me
soltar.
— Sua vagabunda! — ele gritou.
No momento seguinte, eu estava livre, o olhar de Chay
era agressivo encarando Ethan enquanto o agarrava pelo colarinho. Chay o
prensou contra a parede enquanto o esmurrava repetidas vezes na cara, parando
apenas quando o sangue começou a jorrar do nariz e da boca de Ethan. Chay me
puxou até a escada, empurrando todos que estavam no caminho. Ele me ajudou a
passar por uma janela aberta e depois a descer por uma saída de incêndio, me
segurando quando pulei a curta distância que havia até o chão.
— Está tudo bem, Lua? Ele te machucou? — ele me
perguntou.
Uma das mangas do meu suéter branco pendia apenas por
alguns fios, mas tirando isso eu tinha escapado ilesa. Balancei a cabeça, ainda
chocada. Ele pegou gentilmente meu rosto nas mãos e me olhou nos olhos.
— Lua, me responde. Está tudo bem?
Assenti. À medida que o nervoso foi passando, as
lágrimas começaram a cair.
— Sim, estou bem.
Ele me abraçou, pressionando o rosto na minha testa, e
depois ficou rígido.
— Aqui, Arthur!
Arthur veio correndo até nós, diminuindo apenas quando
me pegou nos braços. Ele estava coberto de sangue, seu olho gotejava e sua boca
estava toda vermelha.
— Meu Deus do céu… ela está machucada? — ele quis
saber.
A mão de Chay ainda estava nas minhas costas.
— Ela disse que está bem.
Arthur me segurou pelos ombros para olhar para mim e
franziu a testa.
— Você está machucada, Flor?
No momento em que balancei a cabeça em negativa, vi os
primeiros espectadores saindo do porão e descendo pela saída de incêndio.
Arthur me manteve apertada em seus braços, analisando os rostos em silêncio. Um
homem baixo pulou da escada e ficou imóvel quando nos viu ali parados na
calçada.
— Você! — Arthur rosnou.
Então me soltou, correndo pelo gramado e lançando o
homem ao chão. Olhei para Chay, confusa e horrorizada.
— Foi aquele cara que ficou empurrando o Arthur de
volta para o Círculo. — ele disse.
Uma pequena multidão se reuniu em torno deles enquanto
brigavam no chão. Arthur socou o rosto do homem várias vezes. Chay me puxou
para junto de seu peito, que ainda arfava. O homem parou de contra-atacar, e
Arthur o deixou no chão em uma poça de sangue. Os que estavam ali reunidos se
espalharam, mantendo uma boa distância de Arthur ao ver a ira em seus olhos.
— Arthur! — Chay gritou, apontando para o outro lado do
prédio. Ethan se arrastava nas sombras, usando a parede de tijolos do Hellerton
para se manter em pé. Quando ouviu o grito de Chay para Arthur, ele se virou
apenas a tempo de ver seu atacante em ação. Ethan foi mancando pelo gramado,
jogando no chão a garrafa de cerveja que tinha nas mãos e se movendo o mais
rápido possível. Assim que chegou a seu carro, Arthur o agarrou e o arremessou
com tudo de encontro ao capô. Ethan implorou quando Arthur agarrou sua camiseta
e golpeou sua cabeça na porta do carro. A súplica foi interrompida pelo barulho
alto do baque do crânio contra o para-brisa. Depois, Arthur o puxou para frente
do carro e estilhaçou o farol com a cara de Ethan. Então o lançou sobre o capô,
pressionando o rosto dele na lataria enquanto gritava obscenidades.
— Merda! — disse Chay.
Eu me virei e vi o Hellerton reluzir com o azul e o
vermelho de uma viatura policial que se aproximava com rapidez. Rodas de pessoas começaram a pular do patamar da
escada, formando uma cascata humana pela saída de incêndio, e um alvoroço de
alunos correndo irrompeu e todas as direções.
— Arthur! — gritei.
Ele deixou o corpo desfalecido de Ethan no capô e veio
correndo a nós. Chay me puxou até o estacionamento, abrindo rapidamente a porta
do carro. Pulei no banco traseiro, esperando, ansiosa, que os dois entrassem.
Os carros arrancavam a toda velocidade, com os pneus cantando, quando uma
segunda viatura bloqueou uma das saídas. Arthur e Chay entraram no Charger, e
Chay xingou quando viu o engarrafamento que se formava na única saída. Ele
ligou o carro e acelerou, subindo pela calçada e cortando caminho por cima do
gramado. Fomos voando entre dois prédios, até chegarmos à rua de trás da
faculdade. Os pneus cantaram e o motor rosnou quando Chay pisou fundo no
acelerador. Deslizei pelo banco e fui de encontro à lateral do carro quando
dobramos uma esquina, batendo o cotovelo já machucado. As luzes da rua formavam
faixas pela janela enquanto seguíamos até o apartamento em alta velocidade, mas
parecia que havia se passado uma hora quando chegamos ao estacionamento do
prédio. Chay estacionou o Charger e desligou o motor. Os meninos abriram a
porta em silêncio, e Arthur esticou as mãos para mim, me carregando no colo.
— O que houve? Cacete, Arthur, o que aconteceu com seu rosto? — perguntou
Melanie, descendo as escadas correndo.
— Te conto lá dentro. — disse Chay, guiando-a até a
porta. Arthur me carregou escada acima, cruzou em silêncio a sala e o corredor
e me colocou em sua cama. Totó batia com as patinhas nas minhas pernas, pulando
para lamber o meu rosto.
— Agora não, camarada. — disse Arthur com uma voz
sussurrada, levando o filhotinho até o corredor e fechando a porta do quarto.
Ele se ajoelhou na minha frente, encostando-se à manga
esfarrapada do meu suéter. Seu olho estava vermelho e inchado, e a pele acima,
cortada e úmida de sangue. Seus lábios estavam tingidos de vermelho, pele tinha
sido arrancada dos nós de alguns dedos. Sua camiseta, antes branca, agora era
uma combinação de sangue, grama e terra. Pus a mão no olho dele, e ele se
afastou com a dor.
— Desculpa, Beija-Flor. Eu tentei chegar até você. Eu
tentei… — Ele pigarreou para espantar a raiva e a preocupação que o sufocavam.
— Eu não consegui chegar até você.
— Pede pra Melanie me levar de volta para o Morgan? —
falei.
— Você não pode voltar pra lá hoje. O lugar está cheio
de policiais. Fica aqui. Eu durmo no sofá.
Inspirei com dificuldade, tentando segurar as
lágrimas. Ele já se sentia mal o bastante. Arthur se levantou e abriu a porta.
— Aonde você vai? — perguntei.
— Preciso tomar um banho. Eu já volto.
Melanie passou por ele e veio se sentar ao meu lado na
cama, me puxando para junto do peito.
— Me desculpa por não estar lá! — ela disse, chorando.
— Estou bem. — falei, limpando o rosto manchado pelas lágrimas.
Chay bateu na porta quando entrou, me trazendo um copo
de uísque pela metade.
— Toma. —
disse ele, entregando-o à Melanie.
Ela colocou minhas mãos em concha em volta do copo e
me deu um leve cutucão. Inclinei a cabeça para trás, deixando que o líquido
fluísse pela garanta. Meu rosto se comprimiu quando o uísque foi queimando até
o estômago.
— Obrigada. — falei, entregando o copo de volta a Chay.
— Eu devia ter chegado até ela antes, mas nem percebi
que ela tinha sumido. Desculpa, Lua. Eu devia…
— Não é sua culpa, Chay. Não é culpa de ninguém.
— É culpa do Ethan! — disse ele, borbulhando de ódio.
— Aquele canalha nojento estava praticamente comendo a Lua contra a parede
— Baby! — Melanie exclamou, chocada, acolhendo-me ao
lado dela.
— Preciso de outro drinque. — falei, apontando para o copo vazio na mão de Chay.
— Eu também. — ele disse, voltando para a cozinha.
Arthur entrou no quarto com uma toalha em volta da cintura e uma lata gelada de
cerveja encostada no olho. Melanie saiu sem dizer nada enquanto ele vestia a
cueca, depois ele agarrou o travesseiro. Chay trouxe quatro copos dessa vez,
todos cheios até a borda. Viramos o uísque sem hesitar.
— Te vejo pela manhã. — disse Melanie, beijando meu
rosto. Arthur pegou meu copo e o colocou no criado-mudo. Ele ficou me
observando por um instante e depois foi até o armário, pegou uma camiseta e
jogou-a na cama.
— Desculpa por estar assim tão detonado. — ele disse,
segurando a cerveja junto do olho.
— Você está com uma aparência péssima. Vai estar
quebrado amanhã.
Ele balançou a cabeça, indignado.
— Lua, você foi atacada hoje. Não se preocupa comigo.
— É difícil não me preocupar quando seu olho está
fechando de tão inchado. — eu disse, colocando a camiseta no colo.
O maxilar dele ficou tenso.
— Isso não teria acontecido se eu tivesse deixado você
ficar com o Parker. Mas eu sabia que, se te pedisse, você viria. Eu queria
mostrar pra ele que você ainda era minha, e aí você se machucou.
As palavras me pegaram de surpresa, como se eu não as
tivesse ouvido direito.
— Foi por isso que você me pediu para ir lá hoje? Para
provar algo pro Parker?
— Em parte sim. — disse ele, envergonhado.
O sangue sumiu do meu rosto. Pela primeira vez desde
que nos conhecíamos, Arthur tinha me enganado. Eu tinha ido ao Hellerton
achando que ele precisava de mim, pensando que, apesar de tudo, estávamos de
volta ao ponto em que havíamos parado. Mas eu não passava de um hidrante, ele
tinha me marcado como seu território e eu havia permitido que ele fizesse isso.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Sai daqui.
— Beija-Flor... — ele disse, dando um passo na minha direção.
— Sai! — gritei, agarrando o copo do criado-mudo e
jogando nele. Arthur se esquivou, e o copo se estilhaçou na parede em centenas
de cacos reluzentes. — Eu te odeio!
O peito dele subia e descia, como se ele tivesse sido
nocauteado a ponto de ficar sem ar, e, com uma expressão cheia de dor, ele me
deixou sozinha. Arranquei a roupa e vesti a camiseta. O barulho que irrompeu da
minha garganta me pegou de surpresa. Fazia um bom tempo que eu não chorava
descontroladamente. Em poucos instantes, Melanie entrou no quarto correndo. Ela
se enfiou na cama comigo e me envolveu nos braços. Não me fez perguntas nem
tentou me consolar, apenas me abraçou enquanto eu deixava que as lágrimas
ensopassem a fronha do travesseiro.
Ainda bem que o Chay chegou a tempo para salvar a Lua...
Acho sacanagem do Arthur fala isso pra Lua, no final. Ela fica bem chateada.
Com mais 10 comentários, posto próximo capítulo.
Arthur sempre estraga tudo
ResponderExcluirArthur naum tem jeito em,Sempre estragando Tudo,Tadinha Da Lua ...
ResponderExcluirJá Quero Outro Capítulo *--*
Arthur vacilou...Mas poxa, não era pra tanto Lua
ResponderExcluirQuando eles vão voltar a ficar juntos em? Não gosto deles assim.
ResponderExcluirQUERO LUAR JUNTOS :(
ResponderExcluirsobre eu estar super viciada nessa web? Atualizado a página de 5 em 5 minutos para ver se tem mais web, HHAHAHAH!!!! MAGINA
Que casal complicado *-*
ResponderExcluirQue casal complicado *-*
ResponderExcluirArthur sempre tem que quebrar o clima bom que está entre eles. Tadinha da Lua, ter sido atacada assim, no meio da luta
ResponderExcluirHelena
Arthur,meu bem, pq não ficou quietinho? Esses dois são tão complicados!
ResponderExcluirO Arthur tem que da problema né sempre.
ResponderExcluirEle tem que aprende uma lição
O thur não precisava ter falo isso
ResponderExcluirAfinal o arthur ganhou ou perdeu a luta??
ResponderExcluirTadinha da Lu! Eles são tão complicados! Quero eles juntos logo!
ResponderExcluirAi sabia que esse ridiculo do Ethan ia tentar fazer alguma coisa com a Lua.Não acredito que o Arthur disse aquilo pra Lua.
ResponderExcluirThur errou, mas a Lu pegou pesado tbm :/ quero maissss *--*
ResponderExcluirThur errou, mas a Lu pegou pesado tbm :/ quero maissss *--*
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