Milagres do Amor - Cap. 84º | Últimos Capítulos

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Milagres do Amor | Últimos Capítulos
Meu rei da Califórnia | Parte 1

Pov Narrador

A cada doloroso minuto o coração de Lua se apertava mais. Não podia acreditar que seu marido e sua filha estavam correndo perigo. Nicole, tão pequena nas mãos de pessoas asquerosas, sem nenhuma proteção. Lua rezava que não fosse mesmo Billy que a levou, não sabia do que ele era capaz pela vingança. A rancorosa vingança.

Ajoelhada do lado da cama de Brandon, acariciando seus cabelos ralos e absurdamente loiros, observava seu rosto sereno dormindo tranquilamente. Ainda não tendo plena noção do inferno lançado sobre as cabeças de sua família. Melhor assim, ele não merecia mais um sofrimento, é apenas um garoto esperto e mais inteligente e perspicaz que os outros de sua idade. Porém, não deixa de ser apenas uma criança indefesa tratada com crueldade e aspereza.

Lua se levantou vagarosamente, definitivamente seu estado de espírito não combinava em nada com o quarto fantasioso e alegre de Brandon.

Não aguentava mais essa falta de notícias, estava tão preocupada. Desceu as escadas, parando ao ouvir uma reportagem ao vivo na televisão.

Então como pode, quando estico os meus dedos…
Sinto que há mais do que distância entre nós
Nessa cama do Rei da Califórnia
Nós estamos há dez mil milhas de distância
Eu aposto que a Califórnia está pedindo ás estrelas o seu coração pra mim.
Meu rei da Califórnia.

– Não sabemos ao certo o que aconteceu aqui, mas ouvimos uma explosão ensurdecedora, e logo vários cacos de vidros e pedaços do prédio vieram abaixo. Uma certeza temos: Arthur Aguiar e Bernardo Falcone se encontravam lá dentro…

Lua arfou, não podia acreditar nisso. Não, seu marido, não, não e não. Sua respiração estava suspensa, sua visão estava ficando cada vez mais turva, um barulho alto tomava conta de seu ouvido. A imagem de Mel sendo consolada por Ricardo era torturante. Suas pernas não tinham forças, estava prestes a desabar da escada quando sentiu mãos fortes lhe segurarem e lhe erguer rapidamente.

Olho com olho
Bochecha com bochecha
Lado a lado
Você estava dormindo ao meu lado
Braço com braço
Do anoitecer ao amanhecer
Com as cortinas torcidas
E um pouco da noite passada nesses lençóis…

– Lua, fala comigo. – reconheceu a voz potente de Chay. – Talvez eles tenham conseguido sair. – sua voz estava agoniada, mal acreditando em suas próprias palavras.
– Ruth, pegue uma jarra de água. – ouviu Ricardo gritar.

Ricardo tentava manter Mel acordada, enquanto Tyler consolava Rita e Ricardo dava um pouco de água para Lua. A casa estava com uma luz negra sobre as cabeças ali presentes, até Luke podia senti-la pairando no coração de cada um.

Com a ajuda de Chay, Lua se levantou. Finalmente parando de escutar um zumbido agudo em seus ouvidos, sua visão melhorou permitindo ver a tristeza que cada um mantinha na face.

Até difícil dizer quem estava sofrendo mais, talvez Ricardo e Rita por perder um filho, um genro e uma sobrinha? Mel por perder o futuro marido e irmão, pois Alana não fazia a menor falta, não para Tyler que se mantinha calado com sua dor. Chay por perder um irmão ou Lua?

Sem falar em Nicole.

A dor de todos estava impregnada no outro, sendo sentida da mesma forma e intensidade.

E quando eu pensei em desistir de nós
Você se virou e me deu um último toque
Que fez tudo parecer melhor
E, ainda assim, meus olhos ficaram mais úmidos
Tão confusa, quero te perguntar se você me ama…
Mas não quero parecer tão fraca
Talvez eu esteja tendo um sonho californiano…

Lua se levantou com um pouco de dificuldade e começou a andar para as escadas novamente.

– Aonde vai? – perguntou Chay segurando seu braço.
– Preciso ficar sozinha. – respondeu em um sussurro.

Subiu as escadas rapidamente, quando chegou ao quarto bateu a porta e se jogou na cama. Apertou o travesseiro de Arthur contra o rosto, sentindo seu cheiro tão característico impregnado ali.

Ela não queria acreditar que em um passe de mágica sua vida perfeita e feliz tinha virado cinzas. Foi tudo tão rápido e trágico. Sua filha, tão meiga e frágil desaparecida. As lágrimas não puderam mais ser contidas, o cheirinho de bebê que ela tinha se acostumado. Nas manhãs, o jeitinho que ela sugava seu seio matando sua fome.

Nessa cama do Rei da Califórnia
Nós estamos há dez mil milhas de distância
Eu aposto que a Califórnia está pedindo ás estrelas o seu coração pra mim
Meu rei da Califórnia.

Lua virou na cama e deu de cara com uma foto dela e Arthur sem dúvidas eles eram tão diferentes. Ela tão inferior a ele, em todos os sentidos possíveis.

Ela se arrastou na cama e alcançou outra porta retrato, uma foto tirada em sua lua de mel ele estava tão lindo, como sempre foi na verdade. O seu homem perfeito.

Devolveu a foto para seu devido lugar e se enrolou com uma bola na cama. Sentia-se assustada, fraca e despedaçada.

As lembranças corriam por sua cabeça, sem sinal que iriam ter fim. Ela queria que tivesse um fim, que essa realidade apenas fosse o mais terrível dos pesadelos existentes. Queria apenas acordar e encontrar seu marido dormindo tranquilamente agarrada a sua cintura, sua filha no outro quarto chorando pedindo seu alimento. Brandon, assistindo Bob Esponja em seu quarto. Queria sua vida de volta. Não é pedir muito. Deus não poderia permitir isso, lhe mostrar a felicidade e lhe arrancar tão violentamente assim. É a sua vida, a sua longa e modesta vida, que conseguiu em tão pouco tempo encontrar seu eixo.

Lua queria gritar, socar… Respirar, estava tão difícil aguentar tudo. Parecia que seus pulmões estavam se fechando, não permitindo a entrada do oxigênio, seu coração sangrava e as lágrimas, as tão desgraçadas lágrimas não paravam de descer de seu rosto, encharcando o travesseiro. A dor tomando conta de cada poro de seu corpo.

Sentou-se na cama, abraçando seus joelhos. Talvez assim o oxigênio voltasse a encher seus pulmões. Porém isso só permitiu que flashes de sua vida passassem por sua cabeça, os momentos tristes, felizes, as loucuras… Maravilhosas lembranças espalhadas por todo chão.

Nessa cama do Rei da Califórnia
Nós estamos há dez mil milhas de distância
Eu aposto que a Califórnia está pedindo ás estrelas o seu coração pra mim
Meu rei da Califórnia

As enrascadas que se enfiou, mas ele sempre esteve lá para salva-la e acalmá-la. Ele estava em toda parte. Contudo, agora ela queria que ele estivesse aqui, com ela. Faria tudo para tê-lo com ela novamente. Sua família inteira, e não aos pedaços.

Tinha que ser forte por Brandon, mas nunca iria perder as esperanças. Encontraria Nicole nem que isso fosse à última coisa que fizesse na sua droga de vida, assim como o pai fez. A verdade é que ela queria jogar a toalha e se deixar engolir pela dor e a depressão que cada vez chegava mais perto. Talvez se Brandon não existisse, ela se mataria, talvez não… Isso era uma certeza.

Doentio? Não para quem já amou alguém e em um segundo é tirado sem pena de você. O amor machuca sendo bom o ruim. Não tinha forças para lutar mais, nada estava sobre o seu controle agora. Não saberia como sobreviver daqui pra frente.

Olhou para a porta, desejando que ele entrasse arrebatadoramente como sempre fazia. Ganhando a atenção de qualquer pessoa em qualquer lugar no mundo, enchendo o ambiente com seu cheiro viciante.

Pessoas frias e calculistas sem dúvidas eram as que menos sofriam, não permitindo que seu coração se abrisse e abrigasse alguém pelo qual pensasse em cada minuto, ser o motivo de estar vivo e respirando. Contudo eram os que mais perdiam, pois sem o amor… Ninguém consegue viver realmente. É só uma casca superficial que ao menor toque se quebrava mostrando sua verdadeira face.

Lua tentou se levantar, mas estava um pouco tonta. Desequilibrou-se e bateu na mesinha de cabeceira fazendo com que ela balançasse e deixasse um dos porta-retratos cair. Justo o com a foto de Arthur… cacos de vidro se espalharam, ela se agachou e começou a limpar, colocando delicadamente em sua mão.

Ao olhar para foto não prendeu um soluço forte, permaneceu alguns minutos olhando-a quando sentiu algo quente escorrer por sua mão. Percebeu assustada que estava apertando os cacos e consequentemente eles se enfiaram em sua mão, machucando-a.

Ela correu para o banheiro, jogando os cacos no lixo. Um continuou fincado em sua mão, Lua gemeu e o arrancou, fazendo o corte pingar sangue. A dor aguda se intensificou, mas não era nada comparado com a dor de seu coração.

Ela entrou no Box, tirando as roupas desajeitadamente com uma mão apenas. Abriu o chuveiro e deixou a água quente cair sobre sua cabeça. Relaxando seus músculos calmamente, não tendo o mesmo efeito com sua cabeça que fervilhava. Deixou seu corpo escorregar pela parede gelada, juntou as pernas e repousou a cabeça em seus joelhos.

Só queria gritar, seu coração pedia por isso. Soltar tudo que estava aprisionado em seu interior. Fincou as unhas em seu couro cabeludo, sentindo os soluços chacoalharem violentamente seu corpo. Era como se as lágrimas fossem sangue, assim como escorria de sua mão. Fechou os olhos fortemente, até ver pontos brancos, apenas queria não se lembrar como, nem o porquê, não queria se lembrar de nada… Apenas o nada. Claro que seu desejo não foi atendido.

Não tinha como nem pra onde fugir, o mundo continuava a girar, enquanto ela sentia sumir ao poucos. Ser engalfinhada pelo cansaço da vida. Caindo em um precipício sem fim, ela não queria começar de novo.

Ela não poderia suportar a dor, não podia mandá-la embora, não sozinha…

Continua...

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Caramba! Que capítulo hein? Coitada da Lua, tá sofrendo muito, como se não bastasse o sofrimento de uma vida inteira, ela tinha que sofrer mais um pouco :( Será que Arthur entrará pela porta daquele banheiro para salva-la? Será que ele se salvou?

PS: Não deu para postar ontem, aqui tá chovendo muito. A net não carrega nada, é uma luta. Tá lenta demais.

Sem: Maaais. Continua. Posta mais. +++++++++.

Obrigada!

Beijos.

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